os modernistas vão encarar de uma outra maneira as relações com a matriz. Ou seja,declaradamente afinando-se com a Europa e ao mesmo tempo em disjunção com ela.Assim, pregaram e praticaram uma arte que abalou iconoclasticamente as bases de umacademismo que se institucionalizara nas letras pátrias, representado, sobretudo pelosepígonos do naturalismo, do parnasianismo e do simbolismo. Puseram-se em dia com asvanguardas contemporâneas além-fronteiras. E lançaram uma plataforma inédita paralidar com o peculiar paradoxo que sempre inquietara os intelectuais nativos: como afirmarsua personalidade sem cair no pitoresco.A realização de tal projeto cabe a toda a obra, em prosa e verso, do conjunto dosmodernistas. Mas encontrou sua particular explicitação no antropofagismo. Este propõeuma atitude não colonizada, onde a devoração sem culpa dos bens da civilização européiaande a par da rejeição de tudo aquilo que não atenda aos interesses do devorador ou queo ponha na posição subalterna do exibicionismo exótico.O percurso estava cumprido e a literatura brasileira pronta para enfrentar outrasbatalhas. Como aquelas, entabuladas, mas ainda não resolvidas, decorrentes do adventoda indústria cultural e do impacto da influência norte-americana. E isso, após ter passadotanto tempo a definir-se como específica enquanto floração de entrechoques de culturas.O texto é extramente importante e perpassa os vários momentos de nossa literatura.Primeiramente, a autora nos fala sobre a Carta de Pero Vaz de Caminha, nosso primeirocronista e um dos representantes da chamada literatura de informação ou de expansão,que teve ainda como expoentes Pero M. Gândavo, Gabriel Soares de Sousa e José deAnchieta (que se escrevia em Tupi Guarani com vistas à catequização dos índios).Bento Teixeira é um dos nomes que ganha visibilidade logo a seguir. Sua obraProsopopéia é considerada a primeira obra literária legitimamente brasileira e é um marcodo chamado SEISCENTISMO OU BARROCO, cujo maior nome no Brasil foi Gregório deMatos, o conhecido “Boca do inferno”. Matos, soteropolitano de nascimento, tornou-secélebre com sua conhecida irreverência e foi o introdutor da poesia lírica e satírica no Brasil.Atacando todas as classes da sociedade baiana da época, não poupou, com sua línguaferina, o governador, o clero, os mulatos, só para citar alguns. Eis um trecho de um de seuspoemas satíricos mais famosos:Que falta nesta cidade? ................VerdadeQue mais por sua desonra............ HonraFalta mais que se lhe ponha.......... Vergonha.O demo a viver se esponha,por mais que a fama a exalta,numa cidade onde faltaVerdade, Honra, Vergonha.Na prosa podemos destacar nitidamente o Padre Antonio Vieira, famoso por seussermões, conhecido pela oratória veemente. Apesar de sua religiosidade, nunca se prendeuapenas a ela, dedicando grande parte de seus esforços à defesa de causas políticas, comoa dos colonizados por Portugal.Em seguida, Galvão discorre sobre o ARCADISMO. Este movimento terminou porrefletir a condição do intelectual brasileiro da época. Em variados momentos recebiainspiração da literatura e dos ideais iluministas europeus e, em outros tantos, voltava-se àscoisas da terra e se figurava como idealizador da vida no campo. Em Minas, esta tendênciadestacou-se sobremaneira. Nomes como Cláudio Manuel da Costa (poesia lírica), TomásAntônio Gonzaga (sátira), célebre por seus versos Marília de Dirceu:27
Fundamentose Didáticada LínguaPortuguesaEu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,fui honrado pastor da tua aldeia;vestia finas lãs e tinha semprea minha choça do preciso cheia.Tiraram-me o casal e o manso gado,nem tenho a que me encoste um só cajado.Para ter que te dar, é que eu queriade mor rebanho ainda ser o dono;prezava teu semblante, os teus cabelosainda muito mais que um grande trono.Agora que te oferte já não vejo,além de um puro amor, de um são desejo.São ainda expoentes Santa Rita Durão, que escreveu o épico Caramuru, Basílio daGama que escreveu O Uraguai, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto.O ROMANTISMOTem como marco a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves deMagalhães. Seus principais autores são nomes como: Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo,Casimiro de Abreu, Junqueira Freire, Fagundes Varela, Castro Alves, José de Alencar, ManuelAntônio de Almeida Joaquim Manuel de Macedo, Visconde de Taunay, Bernardo Guimarãese Franklin Távora. As características fundamentais do movimento residem na simplicidadeda linguagem, saudosismo, subjetivismo, sentimentalismo, ideal de natureza, nacionalismo,indianismo, religiosidade, byronismo e condoreirismo. Dentre tantos autores como os queforam citados, podemos destacar a presença da voz de Castro Alves que se configuroucomo o poeta marginal ao opor-se ao indianismo, expressão corrente do romantismo, edefender os escravo em poemas como Navio Negreiro e Vozes d'África.Era um sonho dantesco!... o tombadilho ,Que das luzes avermelha o brilho,Em sangue a se banhar.Tinir de ferros...estalar de açoite...Legiões de homens negros como a noite,Horrendos a dançar...(In: Espumas Flutuantes. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s.d.)Panorama Literário: do Realismo ao ModernismoREALISMOSeguindo o rumo dos conhecidos romances urbanos (que, na maioria das vezes,tratavam das peculiaridades da vida da burguesia no século XIX), vários autores sedestacaram, dentre eles: Manuel Antonio de Almeida, autor de Memórias de um Sargentode Milícias, Joaquim Manuel de Macedo, que escreveu a famosa obra A Moreninha e aindaO Moço Loiro, As Vítimas-Algozes, As Mulheres de Mantilha, etc., José de Alencar, autor28