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102 Bananicultura irrigada: inovações tecnológicas<br />
zação é muito útil, principalmente porque<br />
facilita a identificação de lotes e de sistemas<br />
de rastreabilidade.<br />
No transporte para o mercado, o horário,<br />
o tipo de carroceria e as condições das<br />
estradas são de grande importância para a<br />
qualidade final do produto. As queimaduras<br />
de sol, a desidratação da fruta, o cozimento<br />
da polpa, a maturação precoce e os danos<br />
por atrito são comuns nesta fase. Um fator<br />
importante na conservação da fruta durante<br />
o transporte é a sua qualidade. Bananas<br />
machucadas, cortadas e quebradas perdem<br />
mais peso, liberam mais etileno e amadurecem<br />
mais rapidamente, devido à maior<br />
atividade metabólica. Um segundo fator<br />
responsável pela maturação e perda da fruta<br />
no transporte é o tempo. Portanto, o transporte<br />
deve ser feito o mais rapidamente<br />
possível. Um terceiro fator é a temperatura.<br />
A ideal para o transporte de <strong>banana</strong>s do<br />
subgrupo Cavendish é entre 13°C e 14°C.<br />
Menores temperaturas causam queima da<br />
cutícula da fruta e posteriores problemas<br />
na maturação. Temperaturas mais altas aumentam<br />
a atividade metabólica da fruta e,<br />
conseqüentemente, os riscos da maturação<br />
precoce. Para <strong>banana</strong>s do subgrupo Prata<br />
esta temperatura é mais baixa (LICHTEM-<br />
BERG et al.,2001), possivelmente entre<br />
10°C e 12ºC. Para cargas não refrigeradas<br />
é recomendável o transporte noturno. Um<br />
quarto fator é a concentração de etileno no<br />
ar. A produção de etileno pela fruta durante<br />
o transporte deve ser a menor possível, pois<br />
este gás ativa o processo de maturação. As<br />
baixas temperaturas reduzem a produção<br />
de etileno. Nas condições dessas temperaturas<br />
citadas, porém, faz-se necessária<br />
a troca do ar da carga por ar atmosférico.<br />
Os caminhões frigoríficos utilizados para<br />
o transporte de <strong>banana</strong> contam com um<br />
sistema de exaustão para este fim.<br />
CONSERVAÇÃO DA FRUTA NA<br />
PÓS-COLHEITA<br />
A <strong>banana</strong> é um fruto climatérico altamente<br />
sensível ao etileno e perecível. Deve<br />
ser colhida verde, desde que matura fisiologicamente,<br />
para que seu amadurecimento<br />
transcorra plenamente na pós-colheita.<br />
Quanto mais precoce e tardiamente é<br />
colhida a <strong>banana</strong>, maior e menor o seu<br />
período pré-climatérico, respectivamente,<br />
considerando-se uma mesma temperatura<br />
de exposição dos frutos.<br />
O pior defeito que pode ocorrer com<br />
a <strong>banana</strong> na pós-colheita é a maturação<br />
durante o transporte para o mercado. Esta<br />
é a razão de colher frutas mais magras para<br />
mercados distantes. A adoção de técnicas<br />
adequadas de conservação é fundamental,<br />
para se prolongar a vida pós-colheita de<br />
<strong>banana</strong>s. Tal prolongamento é alcançado,<br />
basicamente, pela extensão da fase<br />
pré-climatérica de frutos de qualidade.<br />
A refrigeração é a técnica mais comumente<br />
empregada, aliada ou não à modificação<br />
atmosférica.<br />
Redução de inóculo, desinfecção<br />
e proteção dos<br />
ferimentos<br />
A presença de inóculo de doenças na<br />
pós-colheita prejudica a conservação da<br />
fruta e encurta o período de pré-climatério<br />
da <strong>banana</strong>. Práticas culturais e de pós-colheita<br />
podem reduzir a presença de inóculo<br />
no ambiente e nos frutos (LICHTEM-<br />
BERG et al., 2006).<br />
Entre essas práticas culturais estão:<br />
a despistilagem (reduz a ocorrência da<br />
ponta-de-charuto ou podridão do ápice da<br />
fruta; podridões na pós-colheita e antracnose<br />
por redução do inóculo), ensacamento<br />
do cacho (reduz acesso de pragas ao cacho,<br />
ferimentos, abertura e acesso de patógenos<br />
como o Colletotrichum musae e outros),<br />
desfolha (reduz incidência de pragas,<br />
doenças e danos aos frutos), eliminação<br />
do coração e das flores masculinas (reduz<br />
população do tripes da erupção e, com<br />
isso, suas lesões na casca dos frutos, reduz<br />
inóculo de fungos como o Colletotrichum<br />
musae e Pyricularia grisea).<br />
No processo de embalagem da fruta a<br />
seleção e a limpeza dos cachos, a eliminação<br />
prévia de frutos e pencas doentes<br />
ou podres, a qualidade da água utilizada,<br />
a higiene, a assepsia e limpeza do ambiente<br />
e os tratamentos das frutas com<br />
fungicidas contribuem para a redução das<br />
doenças de pós-colheita. Várias podridões<br />
ocorrem na <strong>banana</strong> na pós-colheita,<br />
mas as principais doenças nesta fase são:<br />
antracnose, podridão-do-colo e podridãoda-coroa,<br />
cujas perdas são significativas<br />
e manifestam-se principalmente na fruta<br />
já madura (VENTURA; HINZ, 2002). As<br />
duas primeiras têm como agente causal<br />
o mesmo fungo, Colletotrichum musae<br />
(Gloeosporium musarum). A podridãoda-coroa<br />
é causada por um complexo de<br />
fungos, principalmente por Colletotrichum<br />
musae, Fusarium pallidoroseum, Fusarium<br />
subglutinans e outras espécies de Fusarium.<br />
Além destes, também podem estar<br />
associados com a doença Ceratocystis<br />
paradoxa (Thielaviopsis paradoxa) e Verticillium<br />
theobromae (VENTURA; HINZ,<br />
2002). Cordeiro e Mesquita (2001) citam<br />
como agentes causais Fusarium roseum,<br />
V. theobromae e Gloeosporium musarum<br />
(Colletotrichum musae). A troca freqüente<br />
da água de lavagem dos tanques, a limpeza<br />
da área física da casa de embalagem e<br />
arredores, com remoção de resíduos após<br />
cada turno de trabalho, e a manutenção<br />
das ferramentas usadas na despenca e<br />
na confecção de buquês sempre limpos<br />
e afiados, reduzem a ocorrência dessas<br />
doenças (SOTO BALLESTERO, 1992).<br />
A utilização de embalagens descartáveis e<br />
a assepsia das câmaras de maturação são<br />
outras medidas extremamente importantes<br />
(VENTURA; HINZ, 2002).<br />
A lavagem das frutas com água clorada,<br />
a adição de detergentes nesta água e os<br />
tratamentos com fungicidas orgânicos e<br />
químicos na pós-colheita, ao eliminarem<br />
germes, evitam infecções e contribuem<br />
para a conservação da fruta. O uso de<br />
cicatrizantes, como o sulfato de alumínio<br />
acelera a coagulação do látex e reduz a<br />
possibilidade de novas infecções. O pincelamento<br />
das coroas dos buquês com<br />
calda concentrada de fungicidas prolonga<br />
o efeito destes produtos, prevenindo infecções<br />
mais tardias. A proteção dos cortes<br />
nas coroas com ceras, parafinas e filmes<br />
plásticos isola estas áreas do ambiente<br />
externo, prevenindo novas infecções.<br />
I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 9 , n . 2 4 5 , p . 9 2 - 1 1 0 , j u l . / a g o . 2 0 0 8