16.12.2015 Views

banana economia

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

54 Bananicultura irrigada: inovações tecnológicas<br />

MAL-DO-PANAMÁ<br />

O mal-do-panamá, causado por Fusarium<br />

oxysporum f. sp. cubense, inclui-se entre os<br />

problemas sanitários mais sérios que afligem<br />

os produtores de <strong>banana</strong>, provocando<br />

mudanças radicais no seu cultivo e nos hábitos<br />

dos consumidores de todo o mundo.<br />

A prova disso é que cultivares suscetíveis<br />

como a ‘Gros Michel’ e a ‘Maçã’ foram necessariamente<br />

substituídas por variedades<br />

resistentes ou tolerantes (CORDEIRO et<br />

al., 2005). Esta doença foi constatada pela<br />

primeira vez em bananeiras, em 1904, na<br />

cidade de Honolulu no Havaí, por Higgens<br />

(apud STOVER;SIMMONDS, 1987). A<br />

partir daí, com a expansão da bananicultura,<br />

a doença espalhou-se sobre a ‘Gros<br />

Michel’, principal variedade de <strong>banana</strong><br />

cultivada para exportação, naquela época,<br />

e altamente suscetível ao patógeno,<br />

causando perdas elevadas na produção e<br />

praticamente dizimando a cultura (MO-<br />

REIRA, 1987).<br />

A primeira constatação do maldo-panamá<br />

no Brasil, data de 1930, no<br />

município de Piracicaba, em São Paulo<br />

(CORDEIRO et al., 2005). A doença está<br />

presente em todos os Estados brasileiros<br />

produtores de <strong>banana</strong>, sendo particularmente<br />

importante sobre as cultivares Maçã,<br />

altamente suscetível, Prata, Pacovan e Prata-<br />

Anã, moderadamente suscetíveis, todas de<br />

grande aceitação popular (CORDEIRO et<br />

al., 2000). Desde sua constatação em território<br />

brasileiro, todas as grandes plantações<br />

comerciais da <strong>banana</strong> ‘Maçã’ do estado de<br />

São Paulo foram dizimadas, acontecendo o<br />

mesmo em todas as regiões produtoras de<br />

Minas Gerais e Goiás. Há alguns anos, o<br />

plantio deslocou-se para os estados do Pará<br />

e Rondônia. Nessas regiões, a destruição<br />

de <strong>banana</strong>is pelo mal-do-panamá vem<br />

ocorrendo rapidamente por causa do uso<br />

de mudas infectadas. O cultivo da <strong>banana</strong><br />

‘Maçã’, no Brasil, ainda é feito em razão da<br />

expansão das fronteiras agrícolas, principalmente<br />

nas regiões Norte e Centro-Oeste,<br />

onde são instalados novos plantios dessa<br />

cultivar (PEREIRA et al., 1999).<br />

Quatro raças são relatadas em Fusarium<br />

oxysporum f. sp. cubense, sendo para a<br />

<strong>banana</strong> as raças 1, 2 e 4 as mais importantes,<br />

variando sua patogenicidade de acordo<br />

com a variedade. As raças 1 e 2 estão<br />

distribuídas no mundo todo e as cultivares<br />

suscetíveis são as dos subgrupos Gros<br />

Michel (AAA), Silk (AAB) e Bluggoe<br />

(ABB). A raça 3 é importante apenas<br />

para Helicônia (GOWEN, 1995). As<br />

cultivares do subgrupo Cavendish (AAA),<br />

como Nanica, Nanicão, Grande Naine e<br />

Williams, são resistentes à raça 1 e usadas<br />

para substituir as cultivares suscetíveis.<br />

Sun et al. (1978) identificaram uma nova<br />

raça, a 4, que ataca cultivares do subgrupo<br />

Cavendish.<br />

Cordeiro et al. (2005) alertam que o<br />

aparecimento da raça 4, capaz de atacar<br />

variedades resistentes do subgrupo Cavendish,<br />

deu novo destaque aos problemas<br />

sanitários, enfatizando a necessidade de<br />

pesquisas na busca de novas alternativas<br />

genéticas ou culturais para o controle da<br />

doença.<br />

O sintoma típico do mal-do-panamá<br />

em bananeira é o amarelecimento progressivo<br />

das folhas mais velhas para as mais<br />

novas, começando pelos bordos foliares e<br />

evoluindo no sentido da nervura principal.<br />

Cordeiro et al. (2005) citam que progressivamente<br />

ao amarelecimento ocorre a<br />

murcha das folhas com posterior quebra<br />

do pecíolo junto ao pseudocaule, que dá à<br />

planta o aspecto típico de um guarda-chuva<br />

fechado (Fig. 6). Também são observados<br />

estreitamento de limbo nas folhas mais<br />

novas, engrossamento das nervuras secundárias<br />

e, ocasionalmente, necrose do<br />

cartucho, além de rachaduras do feixe de<br />

bainhas no pseudocaule próximo ao solo,<br />

cujo tamanho varia com a área afetada do<br />

rizoma. Internamente (Fig. 7), através de<br />

corte transversal ou longitudinal do pseudocaule,<br />

observa-se uma descoloração pardo-avermelhada<br />

provocada pela presença<br />

do patógeno nos vasos (GOWEN, 1995).<br />

Figura 6 - Bananeira ‘Maçã’ com sintomas externos de mal-do-panamá<br />

Mário Sérgio Carvalho Dias<br />

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 9 , n . 2 4 5 , p . 4 7 - 5 8 , j u l . / a g o . 2 0 0 8

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!