You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
42 Bananicultura irrigada: inovações tecnológicas<br />
O método da irrigação localizada, pela<br />
maior eficiência e menor consumo de água<br />
e energia, tem sido o mais recomendado,<br />
principalmente em regiões onde o fator<br />
água é limitante. Comparando os sistemas<br />
de microaspersão e de gotejamento, temse<br />
verificado que o gotejamento propicia<br />
melhores condições de umidade na zona<br />
radicular nos primeiros cinco meses da<br />
cultura, o que é devido, principalmente a<br />
sua distribuição de água junto do sistema<br />
radicular, que nesta fase se encontra próximo<br />
do pseudocaule. A microaspersão,<br />
com um emissor no meio de quatro plantas,<br />
propicia menores níveis de umidade no<br />
entorno do pseudocaule para menores raios<br />
de ação dele. O plantio em fileiras duplas,<br />
com menor espaçamento entre fileiras<br />
simples, favorece a distribuição de água.<br />
Os microaspersores devem ser de vazões<br />
superiores a 45,0 L/h, para quatro plantas,<br />
de forma que os diâmetros molhados sejam<br />
superiores a 5,0 m.<br />
NECESSIDADES HÍDRICAS DA<br />
BANANEIRA<br />
A bananeira requer razoável quantidade<br />
de água, pois apresenta grande área foliar e<br />
massa de água correspondente a 87,5% da<br />
massa total da planta. A deficiência de água<br />
pode afetar tanto a produtividade como a<br />
qualidade dos frutos. A demanda hídrica da<br />
planta é dependente da sua idade.<br />
Nas condições edafoclimáticas do<br />
Norte de Minas Gerais, considerando uma<br />
precipitação total anual de 717 mm e evaporação<br />
do tanque classe A de 2.438 mm,<br />
Costa e Coelho (2003) avaliaram o consumo<br />
de água pela bananeira ‘Prata-Anã’ e<br />
‘Grande Naine’, com espaçamentos de<br />
3,0 x 2,7 m e obtiveram resposta semelhante,<br />
em termos de coeficiente de cultura, isto<br />
é, os valores que resultaram em maiores<br />
produtividades físicas corresponderam a<br />
um acréscimo de 25% aos sugeridos por<br />
Doorembos e Kassan (1979), resultando<br />
em valores de Kc até de 1,43. Deve-se<br />
ressaltar que esses coeficientes de cultura<br />
foram obtidos pelo método inverso, ou<br />
seja, diferentes níveis de irrigação (diferentes<br />
coeficientes de cultura) foram aplicados<br />
à bananeira e, a partir dos resultados de<br />
produtividade, chegou-se aos coeficientes<br />
que maximizaram as produtividades.<br />
Os coeficientes sugeridos por Doorembos<br />
e Pruitt (1977), apesar de resultarem em<br />
produtividades físicas menores que as<br />
obtidas por Costa e Coelho (2003), condicionam<br />
a uma maior eficiência de uso<br />
de água, o que os colocam também como<br />
recomendados nas condições do Norte de<br />
Minas Gerais.<br />
Nas condições edafoclimáticas do Pólo<br />
Juazeiro/Petrolina, o coeficiente de cultura<br />
foi obtido determinando a evapotranspiração<br />
da cultura pelo método da razão de<br />
Bowen e a evapotranspiração potencial por<br />
Penman-Monteith modificado (TEIXEIRA<br />
el al., 2002). Os valores estiveram entre<br />
0,6 e 1,1 e entre 1,1 e 1,3 no primeiro e<br />
segundo ciclos, respectivamente. No Quadro<br />
2, observa-se o consumo médio diário<br />
da bananeira nas condições de Petrolina,<br />
em diferentes períodos de três ciclos da<br />
bananeira (TEIXEIRA el al., 2002).<br />
Os coeficientes de cultura nas condições<br />
tropicais do Brasil não diferem muito<br />
daqueles obtidos em outras condições.<br />
Bhattacharyya e Madhava Rao (1985)<br />
determinaram valores de Kc que variam de<br />
0,68 a 1,28 e um consumo anual de água<br />
de 1.560 mm, com solo sem cobertura,<br />
para a cv. Robusta. Nas Ilhas Canárias,<br />
Santana et al. (1992) obtiveram valores<br />
de Kc entre 0,48 e 1,68 para a bananeira,<br />
com a evapotranspiração da cultura obtida<br />
pelo balanço hídrico em lisímetros<br />
e a evapotranspiração de referência pelo<br />
método de Penman-Monteith. Os valores<br />
de evapotranspiração anuais variaram entre<br />
1,5 e 4,6 mm/dia com um consumo anual<br />
de 1.127 mm. Allen et al. (1998) recomendam,<br />
para climas subúmidos, valores de Kc<br />
que variam de 0,5 a 1,1 no primeiro ano<br />
e de 1,0 a 1,2, no segundo ano de cultivo<br />
da bananeira.<br />
MANEJO DA IRRIGAÇÃO<br />
O correto gerenciamento da irrigação<br />
é aspecto determinante para a competitividade<br />
do bananicultor irrigante. Este<br />
procedimento envolve diversas atividades,<br />
como operação dos sistemas, manutenção,<br />
estratégia da irrigação (horário e ajuste<br />
em diferentes fases), acompanhamento<br />
de custos e tarifas, bem como manejo da<br />
irrigação em si, quando se define quando e<br />
quanto irrigar. Ressalta-se ainda que o gerenciamento<br />
da irrigação deve ter enfoque<br />
sistêmico, interagindo com outras áreas<br />
como a nutrição de plantas e o controle de<br />
pragas e doenças.<br />
O uso prático das técnicas de manejo de<br />
irrigação não tem sido de fácil adoção pelos<br />
produtores, dado o nível de conhecimento<br />
necessário para determinação, em um certo<br />
local, do momento de irrigar e da quantidade<br />
de água a ser aplicada. Isso deve-se<br />
aos cálculos matemáticos necessários, que,<br />
muitas vezes, afastam os usuários. As práticas<br />
de manejo de irrigação constituem o<br />
principal gargalo para o uso sustentável da<br />
água na agricultura irrigada.<br />
Um dos aspectos mais decisivos para<br />
incentivar a adoção de práticas racionais<br />
de manejo de irrigação consistem no custo<br />
da energia que, em áreas irrigadas do<br />
QUADRO 2 - Consumo médio diário da bananeira em Petrolina, PE, com base na evapotranspiração<br />
de referência (ETo), para os períodos considerados<br />
Períodos<br />
FONTE: Teixeira el al. (2002).<br />
(1)Estimada pelo tanque classe A.<br />
Duração<br />
(dias)<br />
(1) ETo<br />
(mm)<br />
Consumo médio<br />
(mm ou litros/planta/dia)<br />
Plantio ao término da 1 a colheita 434 2.227 3,9 ou 35,1<br />
Término da 1 a ao término da 2 a colheita 213 1.113 4,0 ou 36,0<br />
Término da 2 a ao término da 3 a colheita 317 1.535 3,0 ou 27,0<br />
I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 9 , n . 2 4 5 , p . 3 8 - 4 6 , j u l . / a g o . 2 0 0 8