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104 Bananicultura irrigada: inovações tecnológicas<br />
Terra serem armazenadas a 7,2°C por sete<br />
dias, sem sintomas visíveis da desordem<br />
fisiológica (MORRELLI et al., 2003;<br />
WILLS, 1990). Segundo Lichtemberg et al.<br />
(2001) as <strong>banana</strong>s ‘Prata- Anã’, ‘Mysore’<br />
e ‘FHIA-01’ praticamente não apresentaram<br />
danos após 20 dias de armazenagem<br />
a 10°C, enquanto a cultivar Grande Naine<br />
apresentou problemas sérios já aos cinco<br />
dias de armazenagem. Martins et al. (2007)<br />
observaram que <strong>banana</strong>s ‘Prata-Anã’ verdematuras,<br />
provenientes de cachos com 16,<br />
18 e 20 semanas, armazenadas a 10°C e<br />
12°C e 95% de umidade relativa, por 35<br />
dias, não sofreram chilling. A temperatura<br />
de 10°C foi mais eficaz em prevenir a<br />
evolução da coloração da casca de <strong>banana</strong>s<br />
provenientes de cachos com 18 semanas,<br />
que a temperatura de 12°C, enquanto as<br />
temperaturas de 10°C e 12°C foram igualmente<br />
eficientes na contenção da mudança<br />
de cor de <strong>banana</strong>s provenientes de cachos<br />
com 16 semanas. Frutos provenientes de<br />
cachos com 20 semanas amadureceram<br />
desuniformemente, ao longo do armazenamento<br />
refrigerado. Frutos provenientes de<br />
cachos com 16 e 18 semanas, expostos por<br />
cinco dias à temperatura ambiente, após<br />
refrigeração a 10°C e 12°C, também não<br />
manifestaram o chilling (MARTINS et al.,<br />
2007). Estes autores concluem que, embora<br />
as temperaturas de 10°C e 12°C sejam eficientes<br />
na contenção do amadurecimento<br />
de <strong>banana</strong>s ‘Prata-Anã’ provenientes de<br />
cachos com 16 e 18 semanas e armazenadas<br />
por 35 dias, a temperatura de 12°C é<br />
economicamente a mais viável. Segundo<br />
Lichtemberg et al. (2001), o genoma B<br />
confere maior resistência ao frio, tanto<br />
no campo quanto na pós-colheita, o que<br />
permitiria o transporte e armazenagem de<br />
<strong>banana</strong>s dos grupos AAB, AAAB e ABB<br />
em temperaturas inferiores a 12°C.<br />
Por medida de segurança, o armazenamento<br />
e transporte de <strong>banana</strong>s do subgrupo<br />
Cavendish dá-se, normalmente, entre 13°C<br />
e 14°C.<br />
Alteração atmosférica<br />
Os frutos são entidades biológicas vivas<br />
que continuam seus processos metabólicos.<br />
Mesmo após a colheita, o estado de energia<br />
das células é mantido graças à atividade<br />
respiratória dos frutos. São considerados<br />
drenos que acumulam substratos, enquanto<br />
ligados à planta-mãe. Modificações nesses<br />
substratos, durante o amadurecimento pré<br />
ou pós-colheita, tornam o fruto apto para o<br />
consumo e posterior senescência e deterioração.<br />
Tais substratos são determinantes diretos<br />
da qualidade dos frutos. Por exemplo,<br />
na <strong>banana</strong>, o amadurecimento é marcado<br />
pelo amarelecimento da casca, devido à<br />
degradação da clorofila e à manifestação<br />
dos carotenóides, pelo adoçamento da<br />
polpa, por causa da hidrólise do amido e<br />
da formação de açúcares solúveis, e pelo<br />
amaciamento da polpa, devido à despolimerização<br />
e solubilização de substâncias<br />
pécticas e às perdas hídricas transpiracionais<br />
e osmóticas da casca para a polpa e<br />
meio ambiente. Visto que na respiração<br />
os substratos dos frutos são consumidos,<br />
quanto maior for a taxa respiratória, menor<br />
será a vida útil do vegetal.<br />
A respiração pode ser equacionada da<br />
seguinte forma:<br />
C6H12O6 + 6O2 → 6CO2 + 6H2O +<br />
energia<br />
Concebe-se, portanto, que a manipulação<br />
dos gases atmosféricos, oxigênio e<br />
dióxido de carbono interfira na taxa respiratória<br />
dos frutos e, conseqüentemente,<br />
em sua vida pós-colheita. A redução da<br />
pressão parcial de oxigênio e o incremento<br />
da pressão parcial de dióxido de carbono<br />
no ambiente de armazenamento, dentro de<br />
limites, contribuem para o prolongamento<br />
da vida pós-colheita de frutos, como a<br />
<strong>banana</strong>. Além de reduzir a taxa respiratória,<br />
a modificação atmosférica pode<br />
interferir na síntese e na ação do etileno.<br />
A “ACC oxidase”, enzima-chave da rota<br />
do etileno, é dependente de oxigênio.<br />
A redução do oxigênio no ambiente de<br />
armazenamento pode ser útil na redução<br />
da síntese do etileno. Já a ação do etileno<br />
pode ser diminuída por concentrações<br />
de dióxido de carbono acima do normal.<br />
O dióxido de carbono atuaria como um<br />
inibidor competitivo dos sítios de ligação<br />
do etileno. Diversas enzimas do ciclo de<br />
Krebs podem ser inibidas pelo dióxido<br />
de carbono, com conseqüente redução do<br />
metabolismo dos frutos. Entretanto, níveis<br />
muito baixos de oxigênio podem levar o<br />
fruto à anaerobiose, com comprometimento<br />
de sua qualidade. Já níveis muito<br />
altos de dióxido de carbono, normalmente<br />
acima de 10%, podem promover injúrias<br />
fisiológicas nos frutos.<br />
A modificação atmosférica pode ser<br />
obtida pelo acondicionamento dos vegetais<br />
em embalagens confeccionadas com filmes<br />
poliméricos de diferentes matrizes, espessuras<br />
e densidades, como o policloreto de<br />
vinila (PVC) e o polietileno. A concentração<br />
dos gases atmosféricos dentro da embalagem<br />
varia, dependendo das dimensões<br />
e permeabilidade desta, da quantidade de<br />
vegetal acondicionada e da temperatura<br />
de armazenamento, que influencia tanto<br />
a atividade respiratória do fruto, quanto a<br />
permeabilidade da embalagem. Rossignoli<br />
(1983) avaliou o efeito da atmosfera modificada<br />
por meio de sacos de polietileno de<br />
diferentes densidades (21, 43, 61 e 110 micras)<br />
sobre a vida pós-colheita de <strong>banana</strong>s<br />
Prata, observando uma extensão da vida<br />
pós-colheita de até 45 dias a mais que o<br />
controle. As grandes companhias exportadoras<br />
de <strong>banana</strong> utilizam o semivácuo nas<br />
exportações para países distantes. A técnica<br />
conhecida por banavac consta do uso de<br />
sacos de polietileno, que envolvem toda a<br />
fruta da caixa, e da retirada parcial do ar<br />
com aspiradores, seguida do fechamento<br />
do saco (LICHTEMBERG, 2001).<br />
Vegetais podem ser acondicionados<br />
ainda em câmaras frias hermeticamente<br />
fechadas, com controle rígido dos gases<br />
atmosféricos, em sistema conhecido como<br />
atmosfera controlada. Além do controle<br />
de oxigênio e dióxido de carbono, nesse<br />
sistema os níveis de etileno são reduzidos,<br />
utilizando-se permanganato de potássio.<br />
A atmosfera controlada tem sido utilizada<br />
com sucesso, nos últimos anos, no transporte<br />
marítimo de <strong>banana</strong> da América<br />
Latina para a Europa e para os Estados<br />
Unidos (BRACKMANN; CHITARRA,<br />
1998). Em estudos de Brackmann et al.<br />
(2006), conclui-se que a <strong>banana</strong> ‘Prata-<br />
Anã’ pode ser armazenada em atmosfera<br />
I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 9 , n . 2 4 5 , p . 9 2 - 1 1 0 , j u l . / a g o . 2 0 0 8