VendaMais-260-Voce-esta-preparado-para-vender-em-2020
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Entrevista<br />
Diego Cordovez, especialista <strong>em</strong> inside sales, revela as principais<br />
descobertas da primeira pesquisa do Brasil sobre essa tendência <strong>em</strong> vendas e<br />
indica qual é o caminho <strong>para</strong> uma operação mais enxuta e de custo reduzido<br />
ANO 22 I Nº <strong>260</strong> I JANEIRO-FEVEREIRO/2017 I R$ 19,50<br />
vendamais.com.br<br />
C O N H E C I M E N T O S I H A B I L I D A D E S I A T I T U D E S<br />
Você está<br />
<strong>pre<strong>para</strong>do</strong><br />
<strong>para</strong> <strong>vender</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>2020</strong>?<br />
Saiba o que será exigido do<br />
profissional de vendas daqui a<br />
três anos e comece a trabalhar<br />
hoje mesmo <strong>para</strong> manter sua<br />
relevância no futuro!<br />
Direto dos<br />
Estados Unidos<br />
Lições de inovação e vendas do Vale do Silício<br />
Ensinamentos do principal evento de marketing de conteúdo do mundo
2<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 3
vendamais<br />
JAN-FEV/17<br />
06 Editorial<br />
7 coisas que os clientes exig<strong>em</strong> antes<br />
de comprar de você<br />
10 Reservado <strong>para</strong> você<br />
O que os leitores diz<strong>em</strong> sobre a Venda-<br />
Mais<br />
11 Entre nós<br />
Onde estiv<strong>em</strong>os, novidades e lançamentos<br />
12 On-line<br />
Ideias e iniciativas criativas <strong>para</strong> você<br />
se inspirar e inovar<br />
14 Manual do líder<br />
13 sinais que mostram que um profissional<br />
está prestes a se d<strong>em</strong>itir<br />
40<br />
16 Entrevista<br />
Inside sales: O caminho <strong>para</strong> uma operação<br />
de vendas mais enxuta e de custo<br />
reduzido<br />
22<br />
22 Superlíder<br />
De supervendedor a superlíder<br />
26 Habilidades <strong>em</strong> vendas<br />
O “Pacote Estamina” e o sucesso <strong>em</strong><br />
vendas<br />
30 Thiago Concer<br />
Como ganhar uma comissão dez vezes<br />
maior do que qualquer vendedor da sua<br />
<strong>em</strong>presa<br />
4<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
32<br />
32 Inovação<br />
Lições de inovação do Vale do Silício<br />
38 Silvia Candeloro<br />
10 lições de negociação de uma história<br />
real<br />
40 Capa<br />
Você está <strong>pre<strong>para</strong>do</strong> <strong>para</strong> <strong>vender</strong> <strong>em</strong><br />
<strong>2020</strong>?<br />
48 Claudio Diogo<br />
O que vend<strong>em</strong> os grandes vendedores<br />
50 Marketing digital<br />
O marketing de conteúdo pode revolucionar<br />
suas vendas. Você está <strong>pre<strong>para</strong>do</strong>?<br />
56 Leandro Branquinho<br />
10 maneiras de desmotivar uma equipe<br />
de vendas<br />
16<br />
26<br />
58 José Ricardo Noronha<br />
5 razões <strong>para</strong> acreditar que 2017 será<br />
o ano da retomada<br />
60 Enciclopédia <strong>VendaMais</strong><br />
Prospecção de clientes na prática<br />
62 Marcelo Caetano<br />
Não seja o gerador da sua própria crise!<br />
30<br />
66 Até mais<br />
Dúvidas de vendas? A <strong>VendaMais</strong> responde!<br />
67 Ralph Marston<br />
Grande oportunidade<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 5
EDITORIAL<br />
Raul CANDELORO<br />
7 coisas que os<br />
clientes exig<strong>em</strong><br />
antes de comprar<br />
de vocêDepois de passar várias horas<br />
lendo, revisando e fazendo anotações<br />
sobre as respostas de mais de<br />
trezentos assinantes da Venda<br />
Mais a uma pesquisa sobre desafios<br />
na venda consultiva que fiz<strong>em</strong>os<br />
recent<strong>em</strong>ente, cheguei à conclusão<br />
de que exist<strong>em</strong> três grandes<br />
probl<strong>em</strong>as, todos eles ligados à<br />
proposta de valor:<br />
a) Muitas <strong>em</strong>presas simplesmente<br />
parec<strong>em</strong> não ter grandes<br />
diferenciais <strong>em</strong> relação à<br />
concorrência. Alguns participantes<br />
da pesquisa até disseram:<br />
“A concorrência também oferece<br />
esses diferenciais...” Então, por<br />
definição, não são diferenciais,<br />
certo?<br />
b) Algumas <strong>em</strong>presas até têm<br />
alguns diferenciais, o probl<strong>em</strong>a<br />
é que eles parec<strong>em</strong> não ser<br />
muito valorizados pelos clientes.<br />
Ou seja, a <strong>em</strong>presa e o vendedor<br />
que está atendendo o cliente<br />
acham que é um diferencial,<br />
mas o cliente não está disposto<br />
a pagar por isso. E diferencial que<br />
não é valorizado pelo cliente muitas<br />
vezes é sinônimo de custo.<br />
c) Outras <strong>em</strong>presas têm diferenciais<br />
e eles são valorizados<br />
pelos clientes, mas as equipes<br />
de vendas têm grandes dificuldades<br />
<strong>em</strong> transmitir isso<br />
<strong>para</strong> os prospects. Aí acontece<br />
de termos clientes tomando decisões<br />
erradas de compra, como<br />
ficou claro <strong>em</strong> vários depoimentos<br />
de vendedores que contaram<br />
que perderam vendas grandes por<br />
causa de centavos – geralmente<br />
<strong>para</strong> departamentos de compras<br />
agressivos, mas des<strong>pre<strong>para</strong>do</strong>s<br />
– e que, depois, os clientes tiveram<br />
prejuízos, probl<strong>em</strong>as etc.<br />
Nesse último caso, especificamente,<br />
recomendo o SEPAPIAG*<br />
como metodologia de levantamento<br />
de necessidades. É a melhor<br />
forma de conduzir o cliente<br />
por um processo inteligente de<br />
perguntas que o levará a tomar<br />
a melhor decisão – e não a mais<br />
6<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
arata. Também recomendo a<br />
ferramenta que criei chamada<br />
“Matriz de blindag<strong>em</strong> contra a<br />
concorrência”, <strong>em</strong> que ensino a<br />
mapear o seu mercado/segmento,<br />
definir seus pontos fortes e<br />
fracos e, a partir disso, montar<br />
um plano de ação, com projetos<br />
internos de melhoria e também<br />
comunicação e reforço mais eficiente<br />
dos diferenciais – primeiro<br />
<strong>para</strong> a equipe interna; depois,<br />
<strong>para</strong> os clientes.<br />
Se você <strong>para</strong>r <strong>para</strong> pensar nos<br />
três grandes probl<strong>em</strong>as que citei<br />
acima (não ter diferencial, diferencial<br />
pouco valorizado e diferencial<br />
mal-comunicado), notará<br />
que é uma situação que parece<br />
complicada, mas, felizmente, t<strong>em</strong><br />
solução: tudo passa pela criação<br />
ou revisão de uma proposta de<br />
valor. É sobre isso que quero conversar<br />
com você aqui.<br />
Marketing, vendas e<br />
proposta de valor<br />
A primeira coisa que eu gostaria<br />
de reforçar é que proposta de valor<br />
é um probl<strong>em</strong>a de marketing,<br />
não de vendas. É por isso que t<strong>em</strong>os<br />
tantas equipes comerciais se<br />
batendo e com dificuldades. Vamos<br />
deixar uma coisa clara: proposta<br />
de valor é criada e desenvolvida<br />
pelo pessoal do marketing,<br />
com o apoio da equipe de vendas<br />
(e não vice-versa).<br />
Já dá trabalho <strong>vender</strong> valor<br />
quando a <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> diferenciais<br />
e cria valor. Imagine, então,<br />
quando, no fundo, ela não t<strong>em</strong><br />
diferencial algum! Essa é uma<br />
conversa dura, mas importante<br />
e necessária de se ter. Portanto,<br />
antes de exigir que a equipe de<br />
vendas transmita e trabalhe diferenciais<br />
e valor, a <strong>em</strong>presa<br />
precisa ter certeza absoluta de<br />
que t<strong>em</strong> diferenciais e cria valor.<br />
Parece óbvio, mas t<strong>em</strong> muita<br />
gente se esquecendo dessa parte<br />
importante.<br />
Outra constatação rápida é que<br />
a maior parte das <strong>em</strong>presas não<br />
t<strong>em</strong> um departamento de marketing<br />
de verdade. É tudo muito<br />
amador, muito capenga, muito<br />
informal, muito subjetivo. E muito,<br />
muito ineficiente. Isso quando<br />
existe um departamento de marketing.<br />
(Nota rápida: se você é do<br />
departamento de marketing e está<br />
lendo isso, <strong>para</strong>béns! Você faz<br />
parte do 1% que entende que marketing<br />
e vendas trabalham juntos<br />
e <strong>em</strong> sinergia. Aproveite e repasse<br />
este artigo <strong>para</strong> seus colegas<br />
que ainda não entenderam<br />
isso – os departamentos comerciais<br />
nunca precisaram tanto da<br />
sua ajuda!)<br />
A ineficiência de uma proposta<br />
de valor fraca fica clara quando<br />
a maré do mercado muda e de<br />
“pleno” o comprador se torna<br />
“agressivamente competitivo”<br />
(leia-se: focado <strong>em</strong> preço). Some<br />
a isso a questão da assimetria da<br />
informação e t<strong>em</strong>os um caldeirão<br />
prestes a explodir.<br />
Por muito t<strong>em</strong>po, os clientes<br />
tiveram menos informações do<br />
que as <strong>em</strong>presas vendiam. Hoje,<br />
eles entram na internet e sab<strong>em</strong><br />
o preço de tudo, quanto os concorrentes<br />
cobram, os diferenciais<br />
de cada um, as reclamações e os<br />
comentários feitos por outros<br />
usuários… Ou seja, a assimetria<br />
de informação mudou de lado!<br />
Atualmente, o cliente sabe, <strong>em</strong><br />
muitos casos, mais que o vendedor.<br />
Para piorar, outro complicador<br />
é a criação de d<strong>em</strong>anda:<br />
qu<strong>em</strong>, na sua <strong>em</strong>presa é responsável<br />
por criar d<strong>em</strong>anda? Em<br />
muitas companhias isso está confuso<br />
– é a área comercial? O marketing?<br />
Qu<strong>em</strong>?<br />
Alguém na <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> que<br />
ter a função de facilitar o processo<br />
da venda, fazendo com que os<br />
Diretor<br />
Raul Candeloro<br />
raul@vendamais.com.br<br />
editor<br />
Natasha Schiebel<br />
natasha@vendamais.com.br<br />
DIREtor DE ARTE<br />
Anderson L.A.<br />
anderson@vendamais.com.br<br />
conselho editorial<br />
Raul Candeloro<br />
Marcelo Caetano<br />
coLABORAÇÃO<br />
Francine Pereira<br />
João Guilherme Brotto<br />
Tom S. Neto<br />
REVISÃO<br />
Lumos Soluções Editoriais<br />
ATENDIMENTO AO LEITOR<br />
atendimento@vendamais.com.br<br />
JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />
Natasha Schiebel<br />
natasha@vendamais.com.br<br />
MTB 0008336/PR<br />
<strong>VendaMais</strong> ® é publicada 6 vezes ao ano pela<br />
Editora Quantum e comercializada pela<br />
Editora Intellimax Ltda.<br />
Curitiba-PR. CEP: 80251-970<br />
Site: www.vendamais.com.br<br />
Para Anunciar:<br />
publicidade@vendamais.com.br<br />
(41) 3022-1000<br />
Para acessar o midiakit <strong>VendaMais</strong>:<br />
www.vendamais.com.br/anuncie<br />
Horário de atendimento: das 8h às 18h<br />
0800-647-6247<br />
Horário de atendimento: das 9h às 18h<br />
Editora Quantum. Tirag<strong>em</strong> d<strong>esta</strong> edição: 21.000<br />
ex<strong>em</strong>plares. Todos os direitos reservados. A reprodução<br />
total ou parcial deste material é permitida mediante<br />
autorização prévia e expressa da Editora Quantum Ltda.,<br />
e desde que citada a fonte. O conteúdo dos artigos é de<br />
responsabilidade dos autores.<br />
Autores ou consultores que quiser<strong>em</strong> publicar seus trabalhos<br />
nas áreas de vendas ou marketing entr<strong>em</strong> <strong>em</strong> contato com a<br />
equipe editorial pelo telefone: (41) 3022-1000.<br />
A responsabilidade pelo conteúdo dos anúncios, b<strong>em</strong><br />
como pela sua produção e compromissos inerentes, é da<br />
agência e do anunciante.<br />
SISTEMA DE GESTÃO INTERNA<br />
Tivel<br />
www.teck.com.br/tivel<br />
PRÉ-IMPRESSÃO e impressÃo:<br />
Prol Editora Gráfica – (11) 2169-6199<br />
dISTRIBUIÇÃO PARA ASSINANTES:<br />
Empresa Brasileira de Correios<br />
OPERAÇÃO EM BANCAS:<br />
Assessoria Edicase<br />
www.edicase.com.br<br />
Distribuição exclusiva <strong>em</strong> bancas<br />
DINAP S/A – DISTRIBUIDORA NACIONAL<br />
DE PUBLICAÇÕES<br />
bit.ly/TV-Quantum<br />
facebook.com/<strong>VendaMais</strong><br />
Nossa missão:<br />
Fazer o Brasil <strong>vender</strong> melhor.<br />
7
clientes queiram ativamente comprar<br />
o que está sendo vendido<br />
(seja por inovação, seja pela comunicação,<br />
seja pela facilidade<br />
de acesso etc.). A pergunta é simples:<br />
qu<strong>em</strong> é responsável por fazer<br />
o telefone tocar? Ou por fazer<br />
com que o cliente visite a loja?<br />
Ou por fazer com que o cliente<br />
abra a porta? Ou entrar no site e<br />
preencher um formulário? Qu<strong>em</strong>?<br />
Qu<strong>em</strong>? Qu<strong>em</strong>?<br />
Toda essa leitura só reforça<br />
meu diagnóstico de que o probl<strong>em</strong>a<br />
não se resolve apenas turbinando<br />
a equipe de vendas com<br />
campanhas motivacionais, n<strong>em</strong><br />
mesmo só com treinamento técnico.<br />
Campanhas e treinamento<br />
obviamente ajudam, mas precisamos<br />
mesmo é passar pela criação<br />
ou revisão de uma proposta<br />
de valor poderosa.<br />
Adoramos quando as <strong>em</strong>presas<br />
ligam aqui na <strong>VendaMais</strong><br />
<strong>para</strong> nos contratar <strong>para</strong> palestras<br />
e treinamentos (t<strong>em</strong>os um departamento<br />
enorme voltado exclusivamente<br />
<strong>para</strong> isso), mas já<br />
dou a dica: treinar equipes que<br />
têm uma proposta de valor clara,<br />
objetiva e diferenciada t<strong>em</strong><br />
1.000% mais chances de dar certo.<br />
Por ex<strong>em</strong>plo, é comum os assinantes<br />
nos escrever<strong>em</strong> ou entrar<strong>em</strong><br />
<strong>em</strong> contato relatando três<br />
grandes probl<strong>em</strong>as:<br />
Prospecção de clientes e como<br />
encontrar clientes novos.<br />
Como lidar de maneira efetiva<br />
com objeções a preço e pedidos<br />
de desconto por parte<br />
dos clientes.<br />
Como se diferenciar da concorrência.<br />
Vamos analisar esses itens<br />
com calma.<br />
A maior parte das <strong>em</strong>presas<br />
coloca como prioridade número<br />
um a prospecção, pois são<br />
verdadeiras máquinas de perder<br />
clientes. E perd<strong>em</strong> clientes por<br />
questões ligadas à sua proposta<br />
de valor.<br />
A prioridade número dois é<br />
treinar os vendedores <strong>para</strong> lidar<br />
com objeções a preço. E as objeções<br />
surg<strong>em</strong> por questões ligadas<br />
à proposta de valor.<br />
A prioridade número três é se<br />
diferenciar da concorrência e<br />
mostrar/<strong>vender</strong> valor. Adivinha<br />
o que cria diferenciação e valor?<br />
Pois é: a proposta de valor.<br />
Como desenvolver sua<br />
proposta de valor<br />
Pesquisando modelos de diferenciação<br />
e de proposta de valor, encontrei<br />
uma metodologia desenvolvida<br />
por Tom Poland, australiano<br />
que é diretor da Leadsology.<br />
Poland cria funis de vendas e acredita,<br />
assim como eu, que a função<br />
do departamento de marketing é<br />
criar um ambiente ideal <strong>para</strong> facilitar<br />
o processo de venda.<br />
Ao me aprofundar na metodologia,<br />
entendi que seria uma<br />
forma excelente de mostrar como<br />
criar uma proposta de valor que<br />
realmente diferencie você da concorrência<br />
e promova fidelização<br />
dos clientes atuais, além de atrair<br />
prospects mais qualificados, com<br />
perfil de cliente ideal.<br />
Vamos começar, então, pelo<br />
começo: uma proposta de valor<br />
é, antes de mais nada, uma promessa<br />
ao cliente. Por ex<strong>em</strong>plo, a<br />
nossa missão na <strong>VendaMais</strong> é<br />
ajudar vendedores e <strong>em</strong>presas do<br />
Brasil a <strong>vender</strong><strong>em</strong> mais e melhor.<br />
Essa é a missão. Mas a promessa<br />
é um pouco diferente, ela aprofunda<br />
a missão. Nossa promessa<br />
<strong>para</strong> qu<strong>em</strong> assina a <strong>VendaMais</strong><br />
– ou seja, nossa proposta de valor<br />
– é que nós vamos ajudá-lo <strong>em</strong><br />
três grandes áreas:<br />
Melhores resultados <strong>em</strong> vendas.<br />
"Antes de exigir que a equipe de vendas<br />
transmita e trabalhe diferenciais e valor, a<br />
<strong>em</strong>presa precisa ter certeza absoluta de que<br />
t<strong>em</strong> diferenciais e cria valor. Parece óbvio,<br />
mas t<strong>em</strong> muita gente se esquecendo dessa parte<br />
importante."<br />
Desenvolvimento pessoal e<br />
profissional.<br />
Direcionamento <strong>para</strong> a tomada<br />
de decisões inteligentes,<br />
estratégicas e b<strong>em</strong>-fundamentadas<br />
na área comercial.<br />
Nenhuma outra revista no<br />
Brasil pode dizer que oferece<br />
essas três coisas. Isso não quer<br />
dizer que sejamos melhores ou<br />
piores. Somos diferentes. Nossa<br />
missão é diferente e nossa promessa<br />
é diferente porque somos<br />
100% focados.<br />
Isso t<strong>em</strong> que ficar muito claro.<br />
Não é só uma questão de ser<br />
melhor ou pior. Trata-se de ser<br />
diferente. A verdade é que o mercado<br />
virou uma grande mesmice<br />
e os clientes já não consegu<strong>em</strong><br />
enxergar diferenças grandes<br />
entre todas as opções que têm<br />
disponíveis. É tudo muito igual.<br />
8<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
E quando tudo é igual, o preço<br />
vale como referência de valor.<br />
Isso é dolorido, principalmente<br />
<strong>para</strong> <strong>em</strong>presas que têm diferenciais<br />
claros, mas uma proposta<br />
de valor fraca, mal-elaborada ou<br />
inexistente.<br />
Uma boa proposta de valor<br />
vai ter s<strong>em</strong>pre três características:<br />
1. É baseada <strong>em</strong> benefícios.<br />
2. É diferente dos concorrentes.<br />
3. É específica <strong>para</strong> seu mercado/<br />
clientes.<br />
O que nos traz, finalmente, à<br />
metodologia do Tom Poland e ao<br />
que ele chama de value slider, que<br />
é basicamente uma planilha <strong>em</strong><br />
que você coloca sete coisas que<br />
os clientes estão exigindo de você<br />
hoje:<br />
1. Resultados mensuráveis, indicadores<br />
objetivos passo a<br />
passo, etapas claras.<br />
2. Melhoras palpáveis e consistentes<br />
(do <strong>esta</strong>do atual <strong>para</strong> a<br />
situação desejada).<br />
3. Velocidade, agilidade, rapidez.<br />
4. Um melhor retorno sobre investimento<br />
(l<strong>em</strong>bre que a relação<br />
é benefício/custo – se<br />
os clientes perceb<strong>em</strong> todo<br />
mundo igual na questão dos<br />
benefícios, então vão focar<br />
nos custos <strong>para</strong> melhorar esse<br />
indicador).<br />
5. Simplicidade, pouca complexidade,<br />
facilidade de compreensão<br />
e visualização.<br />
6. Facilidade, “não me complique<br />
a vida”.<br />
7. Relevância/customização/personalização.<br />
Poland recomenda que você<br />
faça uma com<strong>para</strong>ção direta com<br />
seus concorrentes <strong>em</strong> relação às<br />
suas promessas e dê uma nota<br />
<strong>para</strong> cada um dos itens.<br />
O value slider permite que você<br />
"A verdade é que o mercado virou uma grande<br />
mesmice e os clientes já não consegu<strong>em</strong><br />
enxergar diferenças grandes entre todas<br />
as opções que têm disponíveis. É tudo muito<br />
igual. E quando tudo é igual, o preço vale como<br />
referência de valor."<br />
seja muito mais focado nos esforços<br />
e nas iniciativas de transformação<br />
da sua proposta de valor (não é só<br />
a equipe de vendas que precisa se<br />
transformar – é a <strong>em</strong>presa e sua<br />
proposta de valor!).<br />
Se você puder melhorar cada<br />
um desses itens – ou pelo menos<br />
os mais relevantes <strong>para</strong> segmentos<br />
específicos e nichos de clientes<br />
–, mais diferenciais você terá<br />
<strong>para</strong> que sua equipe de vendas<br />
possa realmente falar de valor.<br />
Agora v<strong>em</strong>, então, a tarefa que<br />
quero lhe dar (outra diferença da<br />
<strong>VendaMais</strong> – aqui não é só revista<br />
de ler, é revista de ler e de<br />
fazer).<br />
Quero que crie (ou revise) sua<br />
proposta de valor: qual é a promessa<br />
que você v<strong>em</strong> fazendo <strong>para</strong><br />
seus clientes?<br />
Perguntas <strong>para</strong> ajudá-lo no<br />
exercício:<br />
a) Sua <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> realmente<br />
uma proposta de valor?<br />
b) Essa proposta de valor está<br />
sendo comunicada constant<strong>em</strong>ente?<br />
c) Ela é clara e objetiva?<br />
d) Ela t<strong>em</strong> as três características<br />
fundamentais (benefícios, diferenciação,<br />
específica) de<br />
uma boa proposta de valor?<br />
e) Vocês GARANTEM essa promessa?<br />
f) Vocês faz<strong>em</strong> acompanhamento<br />
desse pós-venda?<br />
g) Vocês procuram medir e documentar<br />
os resultados da sua<br />
promessa com test<strong>em</strong>unhos e<br />
depoimentos de clientes satisfeitos?<br />
h) A <strong>em</strong>presa INTEIRA está voltada<br />
a entregar essa promessa<br />
de maneira consistente?<br />
Note, também, como você pode<br />
criar novos produtos/serviços/<br />
soluções, segmentar nichos de<br />
mercado, ou criar novas formas<br />
de comunicar sua promessa e seus<br />
diferenciais.<br />
Vale muito a pena fazer o exercício<br />
e rever sua promessa <strong>para</strong><br />
os clientes usando o value slider<br />
do Tom Poland.<br />
Abraço e boas vendas,<br />
P.S.: Se quiser desenvolver esse<br />
trabalho junto com minha equipe<br />
num treinamento ou workshop, por<br />
favor, entre <strong>em</strong> contato com a Luciane:<br />
luciane@editoraquantum.<br />
com.br<br />
Raul Candeloro – Diretor<br />
Site: www.vendamais.com.br<br />
E-mail: raul@vendamais.com.br<br />
*Quer entender o que é o SEPAPIAG? Acesse<br />
bit.ly/Raul-responde e assista ao vídeo <strong>em</strong><br />
que Raul Candeloro explica o conceito.<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 9
Reservado <strong>para</strong> Você<br />
Raul candeloro<br />
Responde<br />
Cesario Marques: Vale a pena e t<strong>em</strong> lógica aumentar os preços<br />
mesmo num mercado recessivo e com as vendas ainda abaixo do<br />
potencial?<br />
Raul Candeloro: Essa é uma dúvida estratégica, e não tática, e que é<br />
muito interessante de responder. Ao aumentar seus preços, você recompõe<br />
sua marg<strong>em</strong> e também dá um sinal <strong>para</strong> o mercado – clientes,<br />
concorrentes e sua própria equipe estão vendo esse sinal, o que também<br />
t<strong>em</strong> implicações importantes. Fatores a levar <strong>em</strong> consideração:<br />
1) Estamos prevendo uma retomada dos negócios?<br />
2) Existe uma parcela de clientes muito satisfeitos, com altos<br />
custos de troca e/ou simplesmente felizes (ou acomodados)<br />
com a situação atual?<br />
3) Pod<strong>em</strong>os trabalhar com descontos?<br />
4) Pod<strong>em</strong>os justificar os aumentos – seja via repasse de custos,<br />
seja por inovação/diferenciação? Existe uma boa história <strong>para</strong><br />
se contar?<br />
5) Pod<strong>em</strong>os criar novas opções de precificação ou novas propostas<br />
de vendas? (Por ex<strong>em</strong>plo, imagine que você vende<br />
pacotes com dez caixas <strong>para</strong> pipoca a R$ 100 e quer aumentar<br />
o valor do pacote <strong>para</strong> R$ 120 – ou seja, R$12 por caixa. Uma<br />
opção seria criar pacotes de cinco caixas por R$ 60. A mesma<br />
lógica se aplica a serviços e soluções, com adaptações específicas<br />
<strong>para</strong> cada caso.)<br />
6) Pod<strong>em</strong>os cobrar por coisas pelas quais não cobramos – como,<br />
por ex<strong>em</strong>plo, taxas de entrega? Alguns benefícios que são<br />
oferecidos gratuitamente aos clientes poderiam passar a ser<br />
cobrados?<br />
7) Com nossa política de preços, <strong>esta</strong>mos atraindo clientes que<br />
realmente valorizam nossos diferenciais, são clientes de perfil<br />
ideal?<br />
8) Pod<strong>em</strong>os diminuir a média de descontos sendo dados?<br />
9) Perd<strong>em</strong>os muitos negócios cada vez que aumentamos 1%<br />
nosso preço?<br />
10) Dos clientes que pod<strong>em</strong>os perder no curto prazo por causa do<br />
aumento de preços, muitos têm alta probabilidade de voltar<br />
depois?<br />
Essas são as questões que permit<strong>em</strong> definir se aumentar<br />
preços é ou não uma boa ideia. Quanto mais respostas positivas<br />
você tiver, mais segurança poderá ter ao definir essa questão<br />
fundamental e estratégica da precificação correta.<br />
Espero ter ajudado. Abraço e boas vendas!<br />
Raul Candeloro<br />
A resposta completa de Raul Candeloro à dúvida de Cesario Marques<br />
está disponível <strong>em</strong> bit.ly/raul-responde-precificacao. Não perca!<br />
Alegando que <strong>esta</strong>va contratando uma líder e não uma<br />
mera “chefe”, uma das primeiras sugestões do meu<br />
diretor comercial quando comecei a trabalhar na Leal<br />
foi que eu lesse a <strong>VendaMais</strong>, porque ele acreditava<br />
que os conteúdos da revista podiam me ajudar na tarefa<br />
de cumprir essa missão. Ele tinha razão. Afinal,<br />
não adianta ser nomeada líder e não fazer nada acontecer.<br />
Se a pessoa não lê e não busca informação, não<br />
sai do lugar. A revista está me ajudando muito nessa<br />
jornada. Muito obrigada!<br />
Natália falou mais sobre sua relação com a revista <strong>em</strong><br />
entrevista à nossa equipe. Para ler o depoimento<br />
completo, acesse bit.ly/vendedores-apaixonados<br />
Natália Braga, líder de televendas da Comercial Leal<br />
Participe da seção<br />
Reservado <strong>para</strong> Você<br />
Envie críticas, sugestões, deixe sua palavra, conte sua história,<br />
divida seus resultados conosco, mostre sua equipe*. O espaço é<br />
todo seu. Estamos esperando por você!<br />
Escreva agora mesmo <strong>para</strong>: leitor@vendamais.com.br e participe!<br />
*As fotos serão avaliadas pela equipe de redação.<br />
10<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
ENTRE NÓS<br />
Treinamentos<br />
<strong>VendaMais</strong> na estrada<br />
Em 2016, os profissionais do braço de treinamento das Soluções <strong>VendaMais</strong> rodaram o Brasil<br />
(e também parte do Paraguai!) capacitando equipes comerciais de <strong>em</strong>presas dos mais variados<br />
segmentos e portes. Em suas viagens, nossos facilitadores ajudaram profissionais de vendas a<br />
entender quais são os conhecimentos, as habilidades e as atitudes (CHA) que faz<strong>em</strong> a diferença no<br />
dia a dia de qu<strong>em</strong> vende e revelaram como desenvolver esses pilares fundamentais <strong>para</strong> a receita<br />
do sucesso na área. Além disso, ajudaram <strong>em</strong>presas a estruturar seus processos comerciais e<br />
atender melhor seus clientes e também provocaram gestores a repensar a maneira como conduz<strong>em</strong><br />
seus negócios, suas relações comerciais e suas estratégias de marketing e vendas.<br />
Nessa jornada, muitos resultados positivos foram alcançados e com<strong>em</strong>orados. As fotos abaixo<br />
eternizam algumas dessas conquistas.<br />
Café com<br />
<strong>VendaMais</strong><br />
1<br />
2<br />
1 O facilitador Heverson Barbosa conduziu um treinamento superdinâmico e divertido na convenção da <strong>em</strong>presa Betha Sist<strong>em</strong>as, <strong>em</strong><br />
Criciúma (SC). 2 A <strong>em</strong>presa <strong>para</strong>guaia Casa Nissei (uma das maiores lojas de eletrônicos de Cidade do Leste) solicitou à nossa equipe o<br />
desenvolvimento de um programa de capacitação continuado. Nos últimos meses, Karen Jardzwski, diretora do braço de treinamento das<br />
Soluções <strong>VendaMais</strong>, esteve diversas vezes no Paraguai <strong>para</strong> garantir o sucesso da iniciativa. 3 A equipe da Ótica Marília, de Bacabal<br />
(MA) precisava aprender mais sobre gestão da carteira de clientes, atendimento e estratégias comerciais. Para isso, contratou nossa<br />
equipe. O facilitador Heverson Barbosa conduziu o treinamento com muita diversão e entusiasmo. O time de vendas da <strong>em</strong>presa saiu<br />
motivado e <strong>pre<strong>para</strong>do</strong> <strong>para</strong> <strong>vender</strong> mais e melhor! 4 Pensando <strong>em</strong> aprimorar os treinamentos in-company da <strong>VendaMais</strong> neste ano,<br />
parte da equipe de facilitadores de treinamentos da Soluções <strong>VendaMais</strong> esteve reunida recent<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> Curitiba <strong>para</strong> debater novas<br />
metodologias, conteúdos e pesquisas. Na ocasião, Daniele Mocellin, Karen Jardzwski e Jorge Brucinski tiveram a companhia de Raul<br />
Candeloro e Marcelo Caetano, diretores da <strong>VendaMais</strong> e especialistas <strong>em</strong> vendas que contribuíram com toda sua experiência.<br />
Se você também quer ter sua equipe treinada pela gente <strong>em</strong> 2017, acesse bit.ly/treinamentos-vm<br />
e descubra como pod<strong>em</strong>os ir mais longe juntos!<br />
4<br />
3<br />
No fim do ano passado, <strong>em</strong> uma<br />
terça-feira de sol e calor <strong>em</strong> Curitiba,<br />
parte da equipe <strong>VendaMais</strong> se<br />
reuniu <strong>em</strong> um café <strong>para</strong> pensar <strong>em</strong><br />
tudo que pod<strong>em</strong>os fazer <strong>para</strong> que<br />
<strong>em</strong> 2017 nossa missão de ajudar o<br />
Brasil a <strong>vender</strong> mais e melhor continue<br />
sendo cumprida da melhor<br />
forma possível. Trocamos ideias,<br />
debat<strong>em</strong>os possíveis pautas, planejamos<br />
muitas novidades e saímos<br />
de lá com a certeza de que o ano<br />
que está começando pode ser melhor<br />
<strong>para</strong> você que atua <strong>em</strong> vendas<br />
– e que nós pod<strong>em</strong>os ajudá-lo a<br />
garantir isso!<br />
A revista impressa, contudo, é<br />
apenas uma de nossas ferramentas.<br />
Os cursos do Instituto Venda<br />
Mais (institutovendamais.com.br),<br />
o conteúdo que publicamos <strong>em</strong><br />
nosso portal s<strong>em</strong>analmente (venda<br />
mais.com.br), os eventos on-line e<br />
presenciais que realizamos (como<br />
o Circuito <strong>VendaMais</strong> e o Masterclass<br />
Rethink <strong>VendaMais</strong>), tudo que<br />
compartilhamos nas nossas redes<br />
sociais* e a série Venda Mais Responde<br />
(bit.ly/TV-<strong>VendaMais</strong>) completam<br />
nosso kit de ferramentas<br />
<strong>para</strong> ajudá-lo a ser um profissional<br />
cada dia melhor e, assim, conquistar<br />
os resultados que tanto espera<br />
<strong>em</strong> vendas.<br />
*Curta nossa página no Facebook:<br />
facebook.com/<strong>VendaMais</strong><br />
Acompanhe-nos no LinkedIn:<br />
bit.ly/linkedin-VM<br />
Inscreva-se no nosso canal:<br />
bit.ly/TV-<strong>VendaMais</strong><br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 11
ON-LINE<br />
POR Francine Pereira<br />
O panorama atual das<br />
redes sociais no mundo<br />
Mais do que espaços <strong>para</strong>lelos à<br />
realidade, onde as pessoas estão<br />
esporadicamente, as mídias sociais se<br />
tornaram parte integrante da vida de<br />
seus usuários – indivíduos e <strong>em</strong>presas.<br />
Essas redes mudaram radicalmente a<br />
sociedade <strong>em</strong> diversos aspectos: acesso<br />
à informação, relacionamentos,<br />
comunicação e consumo – tudo isso<br />
foi afetado pela expansão das plataformas<br />
sociais.<br />
São as conexões geradas por esses<br />
canais que permit<strong>em</strong> que as pessoas<br />
interajam e se inform<strong>em</strong> de maneira<br />
mais categorizada na internet. As redes<br />
sociais funcionam como um filtro de<br />
dados e contatos na web.<br />
Por meio do último relatório da Global<br />
Web Index, uma consultoria especializada<br />
<strong>em</strong> informações sobre a internet,<br />
é possível ter uma noção da<br />
proporção que as redes sociais tomaram<br />
na vida das pessoas. Confira alguns dos<br />
principais dados:<br />
94% 88%<br />
dos adultos on-line<br />
têm uma conta <strong>em</strong> pelo<br />
menos um site de<br />
mídia social.<br />
desse público é<br />
cadastrado <strong>em</strong> pelo<br />
menos um serviço do<br />
Facebook.<br />
4 <strong>em</strong> cada 10 usuários segu<strong>em</strong> suas<br />
marcas favoritas nas redes sociais.<br />
A cada três<br />
minutos que<br />
as pessoas<br />
passam<br />
on-line, um é<br />
dedicado a<br />
atividades <strong>em</strong><br />
mídias<br />
sociais.<br />
As pessoas<br />
passam<br />
quase<br />
duas<br />
horas<br />
por dia <strong>em</strong><br />
plataformas<br />
sociais.<br />
77%<br />
dos adultos<br />
on-line usam<br />
seus<br />
smartphones<br />
<strong>para</strong> atividades<br />
nas redes<br />
sociais.<br />
Como é possível perceber, as redes<br />
sociais não são apenas mais uma possibilidade<br />
de canal de comunicação com<br />
o público – elas são, atualmente, plataformas<br />
imprescindíveis <strong>para</strong> as marcas<br />
que quer<strong>em</strong> se relacionar de forma<br />
mais próxima com seus clientes. E<br />
engana-se qu<strong>em</strong> acha que isso só vale<br />
<strong>para</strong> operações B2C. Diversos estudos<br />
mostram que os tomadores de decisões<br />
nas <strong>em</strong>presas também utilizam as mídias<br />
sociais <strong>para</strong> guiar suas escolhas.<br />
Será que você está aproveitando<br />
ao máximo o potencial desses canais?<br />
Como sua <strong>em</strong>presa utiliza as redes sociais<br />
<strong>para</strong> se comunicar com o seu público<br />
e <strong>vender</strong> mais? Envie um e-mail<br />
<strong>para</strong> nós com seus insights e opiniões<br />
sobre o uso das redes sociais na área<br />
comercial: leitor@vendamais.com.br<br />
Confira o relatório completo <strong>em</strong><br />
bit.ly/web-redes-sociais<br />
12<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
vendamais.com.br<br />
A aquisição da revista <strong>VendaMais</strong> dá direito ao acesso do conteúdo exclusivo<br />
do site <strong>VendaMais</strong> (www.vendamais.com.br). Se você é assinante, basta<br />
digitar seu e-mail e sua senha. Caso tenha adquirido a revista nas bancas,<br />
digite o login “banca” e a palavra-chave “FUTURO”, válida apenas <strong>para</strong> os<br />
meses de JANEIRO e FEVEREIRO.<br />
Vendas on-line e off-line –<br />
dois lados de um mesmo time<br />
comércio eletrônico cresceu muito e rapidamente nos<br />
O últimos anos, o que fez com que profissionais de vendas<br />
de diversos segmentos questionass<strong>em</strong> a sustentabilidade<br />
do modelo de vendas off-line a longo prazo. A dúvida que<br />
aflige muitos é: será que, no futuro, os consumidores vão<br />
comprar tudo pela internet e os vendedores como conhec<strong>em</strong>os<br />
hoje vão deixar de existir?<br />
A resposta <strong>para</strong> essa pergunta é: não e sim. Não, as pessoas<br />
não vão deixar de comprar <strong>em</strong> lojas e <strong>em</strong>presas físicas<br />
– pelo menos não <strong>em</strong> futuro próximo. Mas, sim, o formato<br />
dos <strong>esta</strong>belecimentos comerciais deve mudar, <strong>para</strong> dar espaço<br />
a outra forma de interação com os consumidores.<br />
Isso é o que apontam alguns estudos da consultoria<br />
internacional McKinsey & Company. A <strong>em</strong>presa prevê que,<br />
até <strong>2020</strong>, cerca de 80% das transações comerciais continuarão<br />
sendo feitas <strong>em</strong> locais físicos – o que significa que<br />
cerca de 20% das compras serão efetuadas na web. Em<br />
<strong>para</strong>lelo a isso, pesquisas da consultoria indicam que 90%<br />
(ou mais) das pessoas já faz<strong>em</strong> pesquisas virtuais antes de<br />
efetuar uma compra – e esse índice deve ser ainda maior<br />
nos próximos anos.<br />
Portanto, não há mais como pensar <strong>em</strong> um mundo on-<br />
-line e um mundo off-line disputando espaço entre si. Cada<br />
vez mais esses dois ambientes se conectarão, criando uma<br />
experiência única de compra. Será uma d<strong>em</strong>anda forte do<br />
consumidor nos próximos anos que as <strong>em</strong>presas sejam<br />
omnichannel, integrando diferentes canais <strong>em</strong> seus processos<br />
de comunicação e venda.<br />
Sua <strong>em</strong>presa está pre<strong>para</strong>da <strong>para</strong> esse cenário?<br />
Mais pessoas compram<br />
por dispositivos móveis<br />
– e compram mais!<br />
Estudos da consultoria Nielsen mostram<br />
que os celulares são companheiros<br />
cada vez mais indispensáveis<br />
do consumidor atual:<br />
53% usam <strong>para</strong> com<strong>para</strong>r preços.<br />
52% usam <strong>para</strong> pesquisar informações<br />
sobre produtos e serviços.<br />
44% usam <strong>para</strong> buscar ofertas.<br />
42% usam <strong>para</strong> tomar melhores decisões<br />
de compras.<br />
42% usam <strong>para</strong> tornar o processo de<br />
compras mais rápido e eficiente.<br />
E 38% usam <strong>para</strong> efetuar compras.<br />
Nessa análise global, a Nielsen também<br />
identificou que o que os usuários<br />
de smartphones mais gostam no dispositivo<br />
é a possibilidade de <strong>esta</strong>r<strong>em</strong><br />
conectados <strong>em</strong> qualquer lugar – 74%<br />
dos entrevistados apontaram essa vantag<strong>em</strong><br />
como d<strong>esta</strong>que do aparelho e<br />
70% afirmaram que o celular torna suas<br />
vidas melhores e mais fáceis. E é<br />
justamente essa facilidade que faz com<br />
que as pessoas compr<strong>em</strong> cada vez mais<br />
por esses dispositivos móveis.<br />
Um relatório da Kellogg School of<br />
Manag<strong>em</strong>ent aponta que, por um lado,<br />
as telas menores são um impeditivo na<br />
hora do consumidor efetuar a compra.<br />
No entanto, a mobilidade dos smartphones<br />
faz com que as pessoas compr<strong>em</strong><br />
mais por esse canal – graças à possibilidade<br />
de fazer compras a qualquer hora,<br />
<strong>em</strong> qualquer lugar <strong>em</strong> que elas tenham<br />
acesso à internet.<br />
Os pesquisadores identificaram,<br />
ainda, que a média de transações feitas<br />
por consumidores aumenta depois que<br />
eles adotam o mobile como canal de<br />
compra. “Quanto mais oportunidades<br />
você dá ao consumidor de interagir com<br />
uma <strong>em</strong>presa, mais o valor daquela marca<br />
aumenta e, assim, também aumenta<br />
o retorno dado por aquele cliente”, d<strong>esta</strong>ca<br />
Lakshman Krishnamurthi, professor<br />
de marketing na Kellogg School.<br />
Mais uma tendência <strong>para</strong> ficar de<br />
olho daqui <strong>para</strong> frente. Sua loja virtual<br />
é responsiva (ou seja, se adapta b<strong>em</strong> a<br />
diferentes formatos de dispositivos)?<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 13
MANUAL DO LÍDER<br />
Por Francine Pereira<br />
13 sinais que mostram<br />
que um profissional<br />
está prestes a se d<strong>em</strong>itir<br />
saída de um profissional de uma <strong>em</strong>presa pode trazer vários<br />
A probl<strong>em</strong>as <strong>para</strong> a organização. Primeiro, custa caro encontrar<br />
alguém <strong>para</strong> ocupar seu lugar. Além disso, ele pode levar consigo informações<br />
importantes, e, por último, se sua saída for repentina, um<br />
"buraco" pode ser criado nos processos, o que pode causar vários<br />
danos e se refletir até na perda de clientes. Nesse sentido, detectar<br />
antecipadamente que um funcionário está prestes a se desligar da sua<br />
<strong>em</strong>presa pode ser muito útil, pois você pode agir no sentido de tentar<br />
mantê-lo na equipe ou se pre<strong>para</strong>r adequadamente <strong>para</strong> sua saída. A<br />
pergunta que fica, então, é: como identificar que alguém está prestes<br />
a pedir d<strong>em</strong>issão?<br />
Um time de pesquisadores da Universidade de Harvard (EUA) achou<br />
o caminho <strong>para</strong> isso. Timothy M. Gardner e Peter W. Hom lideraram<br />
uma pesquisa que conseguiu apontar os principais comportamentos<br />
dos funcionários prestes a pedir d<strong>em</strong>issão. Incialmente, o estudo<br />
identificou mais de novecentos indicadores. Depois da realização de<br />
diversas entrevistas com gestores e funcionários de diferentes organizações,<br />
eles conseguiram filtrar e achar os 13 principais sinais de<br />
que um profissional está pensando <strong>em</strong> sair da <strong>em</strong>presa. São eles:<br />
A produtividade dele cai.<br />
Não se mostra tão engajado como parte do time.<br />
Frequent<strong>em</strong>ente, faz o mínimo de trabalho possível.<br />
Não se mostra interessado <strong>em</strong> agradar seus superiores.<br />
Não quer se comprometer com prazos mais extensos.<br />
Mostra mudanças negativas de atitude.<br />
Esforça-se menos e t<strong>em</strong> pouca motivação.<br />
Mostra-se menos focado nas questões do trabalho.<br />
Expressa insatisfação com o trabalho com mais frequência.<br />
Expressa insatisfação com os líderes com mais frequência.<br />
Vai <strong>em</strong>bora mais cedo mais vezes do que o usual.<br />
T<strong>em</strong> pouco entusiasmo quanto à missão da <strong>em</strong>presa.<br />
T<strong>em</strong> pouco interesse <strong>em</strong> se relacionar com os clientes.<br />
Os pesquisadores d<strong>esta</strong>cam que, ao conseguir identificar esses<br />
comportamentos específicos, os gestores pod<strong>em</strong> trabalhar de forma<br />
mais pontual. Por ex<strong>em</strong>plo: ao invés de fazer ações coletivas <strong>para</strong><br />
aumentar a satisfação da equipe como um todo – o que d<strong>em</strong>anda<br />
t<strong>em</strong>po e investimento –, eles pod<strong>em</strong> concentrar seus esforços naquelas<br />
pessoas que realmente apresentam riscos de sair.<br />
Para conferir a pesquisa na íntegra e ter mais <strong>em</strong>basamento<br />
na hora de avaliar a postura de seus colaboradores, acesse:<br />
bit.ly/13-sinais-pre-d<strong>em</strong>issao<br />
14<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Sua estratégia precisa de<br />
uma estratégia<br />
Indicação de série:<br />
Silicon Valley<br />
A série Silicon Valley, da HBO, conta a história de um<br />
grupo de programadores que tenta transformar<br />
um algoritmo com grande potencial <strong>em</strong> uma <strong>em</strong>presa<br />
de sucesso. Nessa trajetória, pod<strong>em</strong>os conhecer<br />
a fundo a dinâmica do Vale do Silício, na<br />
Califórnia, um ambiente <strong>em</strong> constante transformação,<br />
<strong>em</strong> que todos estão <strong>em</strong> busca da próxima<br />
grande inovação, com uma competição acirrada<br />
entre <strong>em</strong>presas e profissionais.<br />
Recomendamos essa série <strong>para</strong> gestores porque<br />
nela é possível ver a trajetória da criação de um<br />
produto e do desenvolvimento da <strong>em</strong>presa. A narrativa<br />
mostra a evolução do líder do grupo – um<br />
“nerd” desajeitado e tímido que, aos poucos, vai<br />
adquirindo características importantes de liderança.<br />
Além de fazer rir com situações um tanto inusitadas,<br />
a série também traz grandes lições de<br />
<strong>em</strong>preendedorismo e gestão, tais como a importância<br />
de se ter uma missão definida <strong>para</strong> o produto<br />
ou serviço, como criar uma <strong>em</strong>presa baseada<br />
<strong>em</strong> valores e como lidar com a concorrência e o<br />
mercado.<br />
Você t<strong>em</strong> alguma sugestão de série, filme ou<br />
livro <strong>para</strong> gestores de vendas? Envie um e-mail<br />
com sua dica <strong>para</strong>: leitor@vendamais.com.br Ela<br />
pode entrar no próximo Manual do Líder.<br />
Aqui na <strong>VendaMais</strong>, s<strong>em</strong>pre reforçamos a importância do<br />
planejamento estratégico – seja um plano geral <strong>para</strong> a <strong>em</strong>presa<br />
ou ações específicas <strong>para</strong> a área de vendas, como o<br />
planejamento estratégico comercial. E uma etapa fundamental<br />
do desenvolvimento do planejamento é a definição<br />
das estratégias a ser<strong>em</strong> utilizadas <strong>para</strong> que os objetivos<br />
traçados sejam alcançados.<br />
Errar na escolha da estratégia pode não apenas fazer<br />
seu planejamento não funcionar como também trazer prejuízos<br />
à organização. É preciso adotar táticas que estejam<br />
alinhadas ao seu negócio e, mais important<strong>em</strong>ente, ao seu<br />
mercado. E é nessa hora que muitas <strong>em</strong>presas falham. É<br />
comum os gestores seguir<strong>em</strong> modelos de estratégias que<br />
funcionaram <strong>para</strong> outras companhias s<strong>em</strong> levar <strong>em</strong> consideração<br />
as características singulares do contexto da sua<br />
própria <strong>em</strong>presa – aplicando, por ex<strong>em</strong>plo, uma estratégia<br />
que deu certo <strong>em</strong> um setor mais estável e previsível <strong>em</strong> um<br />
mercado que está <strong>em</strong> constante transformação.<br />
“O que impede executivos de formular a estratégia de<br />
um jeito condizente com a situação? A nosso ver, falta a eles<br />
um método sist<strong>em</strong>ático – uma estratégia <strong>para</strong> traçar a estratégia”,<br />
afirma Martin Reeves, coautor do livro Sua estratégia<br />
precisa de uma estratégia.<br />
A obra mostra quais são os diferentes modelos de estratégias<br />
existentes no mercado e ensina como escolher qual<br />
é o perfil ideal de abordag<strong>em</strong> <strong>para</strong> usa <strong>em</strong>presa. “Se entender<strong>em</strong><br />
b<strong>em</strong> que exist<strong>em</strong> vários estilos estratégicos e <strong>em</strong> que<br />
condições cada um é adequado, mais <strong>em</strong>presas poderão<br />
fazer o que sab<strong>em</strong>os que as de maior sucesso já faz<strong>em</strong>:<br />
<strong>em</strong>pregar recursos e capacidades singulares <strong>para</strong> explorar<br />
melhor as oportunidades a seu dispor”, explica.<br />
Para saber mais sobre a pesquisa que deu orig<strong>em</strong> ao<br />
livro, acesse: bit.ly/estrategia-<strong>para</strong>-estrategia<br />
Livro: Sua estratégia precisa de uma estratégia –<br />
como eleger e colocar <strong>em</strong> prática a melhor abordag<strong>em</strong><br />
Autores: Martin Reeves, Knut Haanæs e Janmejaya<br />
Sinha<br />
Editora: DVS Editora – 296 páginas<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 15
ENTREVISTA / Por Natasha Schiebel /<br />
DIVULGAÇÃO/Meetime<br />
Inside<br />
sales:<br />
o caminho <strong>para</strong> uma operação de vendas<br />
mais enxuta e de custo reduzido<br />
Visitas a clientes custam caro. Além de<br />
custos óbvios, como combustível (ou a<br />
tarifa do meio de transporte escolhido<br />
<strong>para</strong> fazer esses deslocamentos), t<strong>em</strong>,<br />
também, o valor do t<strong>em</strong>po do profissional,<br />
que, s<strong>em</strong> dúvidas, é ainda mais alto.<br />
É como diz o velho ditado popular: t<strong>em</strong>po<br />
é dinheiro. E esse dinheiro você e sua <strong>em</strong>presa<br />
não só pod<strong>em</strong> como dev<strong>em</strong> economizar, se quiser<strong>em</strong><br />
ter resultados cada vez melhores <strong>em</strong> vendas.<br />
Nessa missão, uma grande aliada é a tecnologia.<br />
Atualmente, é possível tirar pedido por WhatsApp,<br />
responder às dúvidas de clientes por e-mail no meio<br />
da madrugada, utilizar o Facebook como ferramenta<br />
de prospecção e assim por diante. Mas dá <strong>para</strong> ir<br />
além. Oficializar essas e outras ferramentas (como<br />
telefone e videoconferência) como meios de comunicação<br />
com potenciais clientes – ao invés de encontrá-los<br />
pessoalmente –, criando uma operação de<br />
vendas enxuta e de custo reduzido, mostra-se uma<br />
atitude inteligente <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos <strong>em</strong> que o vendedor<br />
relacional já não é mais o que conquista os melhores<br />
resultados <strong>em</strong> vendas*. A essa operação dá-se o nome<br />
de inside sales (ou vendas internas), uma tendência<br />
que v<strong>em</strong> ganhando cada vez mais força no Brasil.<br />
"Clientes com<br />
bom perfil de<br />
compra usam<br />
seu produto<br />
ou serviço e<br />
retiram valor<br />
dele com<br />
muito mais<br />
facilidade.<br />
Desse modo, a<br />
venda se torna<br />
mais simples<br />
e benéfica<br />
<strong>para</strong> ambas as<br />
partes."<br />
*Entenda o conceito de “venda desafiadora” e descubra<br />
qual é o perfil do vendedor de sucesso hoje e no<br />
futuro lendo a reportag<strong>em</strong> de capa d<strong>esta</strong> edição (que<br />
começa na página 40).<br />
De olho nesse crescimento, há cerca de um ano,<br />
a Meetime, <strong>em</strong>presa que oferece soluções <strong>para</strong> equi-<br />
Diego Cordovez<br />
16<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Equipe Meetime apresentando suas soluções no RD Summit,<br />
evento realizado <strong>em</strong> Florianópolis (SC) no fim do ano passado.<br />
pes de vendas, v<strong>em</strong> estudando esse mercado. O<br />
resultado desse estudo é a pesquisa Inside Sales<br />
Benchmark Brasil 2016, a primeira sobre o t<strong>em</strong>a realizada<br />
no país. De acordo com Diego Cordovez,<br />
diretor de marketing da Meetime, a intenção da<br />
pesquisa é ajudar <strong>em</strong>presários, gerentes e vendedores,<br />
fornecendo dados <strong>para</strong> que qualquer <strong>em</strong>presa<br />
que esteja iniciando (ou que tenha a intenção de<br />
melhorar suas operações já existentes) consiga se<br />
com<strong>para</strong>r com o mercado e entender quão rápido<br />
seu negócio está crescendo.<br />
Em entrevista exclusiva à <strong>VendaMais</strong>, Cordovez<br />
analisa algumas das principais descobertas feitas<br />
pelo estudo e deixa dicas preciosas <strong>para</strong> você que<br />
quer usar essa tendência a seu favor. Acompanhe!<br />
Sobre a pesquisa Inside Sales Benchmark Brasil 2016<br />
Para concluir o estudo, a Meetime entrevistou profissionais<br />
de 68 <strong>em</strong>presas dos mais diversos perfis e com operações<br />
de referência <strong>em</strong> inside sales no Brasil. Todos os dados se<br />
refer<strong>em</strong> ao primeiro s<strong>em</strong>estre de 2016. Acesse bit.ly/<br />
insidesalesbrasil <strong>para</strong> conferir a pesquisa na íntegra.<br />
<strong>VendaMais</strong> – Analisando a pesquisa, observamos<br />
que 66% das <strong>em</strong>presas respondentes fecham<br />
apenas até 20% dos seus negócios do pipeline.<br />
Esse é um dado preocupante, não é mesmo? Como<br />
vocês avaliam esse índice? E o que é possível<br />
fazer <strong>para</strong> melhorá-lo?<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 17
Diego Cordovez – Esse dado é mais<br />
b<strong>em</strong> analisado <strong>em</strong> conjunto com o<br />
gráfico ao lado, que mostra que a<br />
taxa média de fechamento entre<br />
as <strong>em</strong>presas é de 17%, uma métrica<br />
que não está muito abaixo do próprio<br />
benchmarking dos Estados Unidos,<br />
onde o índice de fechamento<br />
costuma ficar entre 20 e 25%.<br />
Mas se analisarmos somente<br />
esses 66%, o que pod<strong>em</strong>os constatar<br />
é que há mais de um terço<br />
(35%, mais precisamente) com taxa de fechamento<br />
de negócios abaixo de 10%, e esse, sim, é um número<br />
expressivamente baixo.<br />
Com base nisso, exist<strong>em</strong> três passos principais<br />
<strong>para</strong> começar a aumentar a taxa de fechamento dos<br />
negócios:<br />
1) Conhecer o perfil ideal de cliente: A principal<br />
vantag<strong>em</strong> de se conhecer o perfil ideal de cliente é<br />
descobrir o caminho de menor atrito <strong>para</strong> as vendas.<br />
Além disso, clientes com bom perfil de compra<br />
usam seu produto ou serviço e retiram valor dele<br />
com muito mais facilidade. Portanto, a venda se<br />
torna mais simples e benéfica <strong>para</strong> ambas as partes.<br />
2) Ter um processo de vendas padronizado: O próximo<br />
passo é ter um processo de vendas mapeado <strong>em</strong><br />
etapas. Isso padroniza a ação dos vendedores e dá mais<br />
velocidade ao time comercial. Recomendamos um processo<br />
inicial simples, com no mínimo três e no máximo<br />
seis ou sete etapas, por ex<strong>em</strong>plo: prospecção, conexão,<br />
solução ideal, apresentação de proposta e fechamento.<br />
Se todos os vendedores cumprir<strong>em</strong> os requisitos de<br />
passag<strong>em</strong> de cada fase, o trabalho fica uniformizado<br />
e é mais fácil melhorar as taxas de fechamento dos<br />
negócios. Isso é feito analisando-se as métricas de<br />
cada etapa, o que nos leva ao próximo passo.<br />
3) Medir as taxas de passagens<br />
<strong>em</strong> cada etapa: Tão importante<br />
quanto manter as etapas documentadas<br />
é medir qual o percentual<br />
dos negócios que passa <strong>para</strong><br />
a fase seguinte num determinado<br />
período. Isso mostrará ao gerente<br />
as fases da venda <strong>em</strong> que os<br />
vendedores têm mais dificuldade<br />
(“represamento” dos negócios),<br />
possibilitando que se atue <strong>para</strong><br />
melhorar cada etapa <strong>em</strong> si.<br />
TAXA DE FECHAMENTO (POR EMPRESA)<br />
"O principal<br />
papel do líder<br />
é garantir<br />
que as três<br />
frentes citadas<br />
anteriormente<br />
ocorram: que<br />
os vendedores<br />
tenham<br />
a cultura<br />
processual de<br />
manter o fluxo<br />
dos negócios<br />
constante,<br />
que o time<br />
de vendas<br />
tenha acesso<br />
à tecnologia<br />
adequada e,<br />
principalmente,<br />
fazer coaching<br />
regularmente<br />
e verificar se<br />
os vendedores<br />
impl<strong>em</strong>entam<br />
as melhorias<br />
sugeridas."<br />
Ferramentas de CRM utilizadas<br />
No que diz respeito às metas de<br />
vendas, a pesquisa identificou<br />
que o percentual médio de vendedores<br />
que ating<strong>em</strong> a meta é de<br />
50%. Já nos Estados Unidos, um<br />
estudo s<strong>em</strong>elhante (o Inside Sales<br />
Metrics, da <strong>em</strong>presa The Bridge<br />
Group) revelou que esse mesmo<br />
indicador ficou na casa dos 66%.<br />
O que faz com que o profissional<br />
de vendas norte-americano seja<br />
mais produtivo do que o brasileiro?<br />
E o que o vendedor brasileiro precisa fazer <strong>para</strong><br />
melhorar seu des<strong>em</strong>penho nesse sentido?<br />
Consideramos natural essa produtividade maior<br />
dos vendedores norte-americanos por um fator básico:<br />
a maturidade do mercado e das práticas de lá<br />
é muito maior. O Brasil é considerado um mercado<br />
nascente <strong>em</strong> inside sales, porém, nos Estados Unidos,<br />
esse assunto é discutido há anos. Há muito mais<br />
profissionais de inside sales lá e exist<strong>em</strong> universidades,<br />
como a Harvard Business School, que inclu<strong>em</strong><br />
disciplinas focadas <strong>em</strong> vendas na grade curricular.<br />
Esse ecossist<strong>em</strong>a confere maturidade aos profissionais<br />
no geral. Acreditamos que a principal diferença<br />
<strong>para</strong> a melhoria do profissional brasileiro v<strong>em</strong> a<br />
partir de três frentes igualmente importantes:<br />
*Cultura processual: A compreensão de que inside<br />
sales é um jogo de números e de característica<br />
processual. Isso quer dizer que é preciso ter um<br />
fluxo constante de negócios entrando e saindo do<br />
pipeline de vendas <strong>para</strong> que o processo continue<br />
fluindo. Outro ponto importante é a conscientização<br />
de que é preciso manter um controle das atividades<br />
que levam à venda, por ex<strong>em</strong>plo: ligações diárias,<br />
reuniões (ou d<strong>em</strong>onstrações) agendadas etc.<br />
*Tecnologia: Notamos, na pesquisa, que 10% das<br />
<strong>em</strong>presas analisadas não usam<br />
CRM (softwares que organizam o<br />
relacionamento com os futuros<br />
clientes, <strong>em</strong>poderam os vendedores<br />
e permit<strong>em</strong> um melhor monitoramento<br />
de métricas importantes,<br />
como a taxa de fechamento<br />
de negócios ou mesmo o número<br />
de negócios no pipeline de cada vendedor).<br />
É vital, numa operação de<br />
vendas, que o vendedor consiga ter<br />
acesso a esse tipo de ferramenta.<br />
18<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
*Capacidade de melhoria contínua:<br />
Essa é uma das principais<br />
características desejadas pelos<br />
gestores e que um vendedor deve<br />
treinar continuamente. Trata-se<br />
da capacidade de receber feedback<br />
de melhoria e impl<strong>em</strong>entar as sugestões<br />
de mudança rapidamente.<br />
V<strong>em</strong>os, dentro da Meetime e de<br />
nossos clientes, que os vendedores<br />
mais atentos a essa característica<br />
se adaptam com mais facilidade<br />
ao tipo de venda feita pela <strong>em</strong>presa<br />
e melhoram a performance mais<br />
rapidamente.<br />
Qual é o papel do líder na melhora<br />
desse e de outros indicadores?<br />
O principal papel do líder é garantir que as três<br />
frentes citadas anteriormente ocorram: que os vendedores<br />
tenham a cultura processual de manter o<br />
fluxo dos negócios constante, que o time de vendas<br />
tenha acesso à tecnologia adequada e, principalmente,<br />
fazer coaching regularmente e verificar se<br />
os vendedores impl<strong>em</strong>entam as melhorias sugeridas.<br />
Há uma relação muito próxima do coaching com<br />
o atingimento de metas: perceb<strong>em</strong>os que entre as<br />
<strong>em</strong>presas que atingiram suas metas de vendas <strong>em</strong> até<br />
três meses do primeiro s<strong>em</strong>estre de 2016, 67% faz<strong>em</strong><br />
coaching com os vendedores. Quando analisamos as<br />
<strong>em</strong>presas que atingiram as metas de vendas <strong>em</strong> um<br />
período de quatro a seis meses (também no primeiro<br />
s<strong>em</strong>estre do ano passado), 80% faz<strong>em</strong> coaching. Isso<br />
representa um aumento de 13 pontos percentuais –<br />
muito significativo quando analisamos essa métrica.<br />
O mesmo probl<strong>em</strong>a se repete quando a avaliação<br />
é sobre o des<strong>em</strong>penho das <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> si. Segundo<br />
a pesquisa da Meetime, apenas 29% das<br />
<strong>em</strong>presas participantes atingiram suas metas<br />
mensais <strong>em</strong> mais de três meses durante o primeiro<br />
s<strong>em</strong>estre de 2016; e 71% das <strong>em</strong>presas<br />
atingiram as metas mensais <strong>em</strong> 50% ou menos<br />
do período analisado. Como você interpreta esse<br />
resultado? O probl<strong>em</strong>a está na definição das<br />
metas ou na execução delas? O que é preciso<br />
fazer <strong>para</strong> melhorar esse indicador?<br />
Nossa leitura desse dado é que sim, há muito espaço<br />
<strong>para</strong> melhoria, já que 71% das <strong>em</strong>presas ating<strong>em</strong><br />
meses dentro da meta x coaching dos reps<br />
"A chave <strong>para</strong><br />
melhorar a<br />
performance<br />
e atingir a<br />
meta mais<br />
vezes, como<br />
mencionamos<br />
anteriormente,<br />
é conhecer o<br />
perfil do cliente<br />
ideal, ter um<br />
processo<br />
de vendas<br />
mapeado <strong>em</strong><br />
etapas e medir<br />
as métricas<br />
de passagens<br />
de cada fase<br />
da venda.<br />
Isso resultará<br />
numa melhor<br />
previsibilidade<br />
das metas<br />
e, por<br />
consequência,<br />
numa maior<br />
probabilidade<br />
de atingimento<br />
delas."<br />
suas metas menos de 50% dos<br />
meses de um s<strong>em</strong>estre (ou seja,<br />
dos seis meses analisados, <strong>em</strong><br />
apenas três elas atingiram suas<br />
metas). Não é possível afirmar<br />
com certeza absoluta se o probl<strong>em</strong>a<br />
está na definição das metas<br />
ou na execução das vendas. A<br />
hipótese mais aceitável é de que<br />
há espaço <strong>para</strong> melhoria <strong>em</strong> ambos<br />
os aspectos. Conversando<br />
com as <strong>em</strong>presas, notamos que<br />
muitas sent<strong>em</strong> que precisam melhorar<br />
a execução de vendas através<br />
de um processo mais previsível<br />
e uniforme entre os vendedores,<br />
além de querer<strong>em</strong> traçar<br />
metas mais factíveis.<br />
A chave <strong>para</strong> melhorar a performance<br />
e atingir a meta mais<br />
vezes, como mencionamos anteriormente, é conhecer<br />
o perfil do cliente ideal, ter um processo de<br />
vendas mapeado <strong>em</strong> etapas e medir as métricas de<br />
passagens de cada fase da venda. Isso resultará<br />
numa melhor previsibilidade das metas e, por consequência,<br />
numa maior probabilidade de atingimento<br />
delas.<br />
O que a meta ideal leva <strong>em</strong> consideração?<br />
A meta ideal deve considerar o histórico e a realidade<br />
da <strong>em</strong>presa. Nos primeiros anos, o crescimento<br />
é, naturalmente, mais agressivo do que quando<br />
a <strong>em</strong>presa está mais consolidada no mercado, e<br />
isso deve ser levado <strong>em</strong> conta. Outro fator é o investimento<br />
programado <strong>para</strong> aquele período. Quanto<br />
mais agressiva a <strong>em</strong>presa quer ser ao investir<br />
nas áreas que “puxam” o negócio, mais audaciosas<br />
dev<strong>em</strong> ser as metas.<br />
A pesquisa apontou também que quase um quinto<br />
das <strong>em</strong>presas (19%) não sabe quanto t<strong>em</strong>po o<br />
vendedor leva <strong>para</strong> <strong>esta</strong>r totalmente adaptado.<br />
Tomando como ponto de partida as <strong>em</strong>presas<br />
que não faz<strong>em</strong> parte desse grupo, quais são os<br />
critérios que ajudam a entender quando o período<br />
de adaptação foi concluído?<br />
À medida que um negócio amadurece, é comum a<br />
<strong>em</strong>presa encontrar um patamar médio de vendas<br />
por vendedor, e esse patamar se mantém relativamente<br />
constante. Isso depende do valor médio de<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 19
cada venda, da maturidade do processo de vendas<br />
e de uma série de outros fatores.<br />
Num determinado momento, é possível perceber<br />
que um vendedor consegue, digamos, fazer uma<br />
média de 12 vendas por mês. Para considerar que<br />
o período de adaptação terminou, não basta atingir<br />
esse patamar, é preciso fazê-lo com certa regularidade<br />
(por três meses seguidos, por ex<strong>em</strong>plo). Dessa<br />
forma, a <strong>em</strong>presa isola variações atípicas, consegue<br />
determinar que o vendedor atingiu o patamar de<br />
adaptação e está pronto <strong>para</strong> ser<br />
cobrado por resultados como todo<br />
o time.<br />
E qual deve ser o período limite<br />
<strong>para</strong> a adaptação acontecer por<br />
completo?<br />
O limite varia muito de acordo com<br />
o tipo e o tamanho da venda que a<br />
<strong>em</strong>presa faz. Repare no gráfico ao<br />
lado, que mostra que <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas<br />
com valor médio de venda abaixo<br />
de R$ 1 mil, o ciclo de vendas acontece<br />
<strong>em</strong> trinta dias. Portanto, o vendedor geralmente<br />
consegue se adaptar mais rapidamente, pois as vendas<br />
são mais curtas e, comumente, menos complexas. Em<br />
tickets médios acima de R$ 25 mil, o ciclo de vendas<br />
passa <strong>para</strong> 114 dias, <strong>em</strong> média. Portanto, o vendedor<br />
d<strong>em</strong>ora mais <strong>para</strong> <strong>vender</strong> e se adaptar.<br />
Quando analisamos o t<strong>em</strong>po de adaptação<br />
(ramp-up) por faixas de ticket médio, observamos<br />
uma tendência natural: há mais <strong>em</strong>presas com tickets<br />
médios acima de R$ 25 mil do que de R$ 1 mil<br />
na faixa de ramp-up de mais de seis meses. Já <strong>em</strong><br />
t<strong>em</strong>pos de adaptação de até dois meses, essa tendência<br />
se inverte: predominam<br />
tickets médios de até R$ 1 mil.<br />
Quando esse período chegar ao<br />
fim, como o gestor deve proceder?<br />
É possível trabalhar <strong>para</strong><br />
acelerar esse processo ou o melhor<br />
mesmo é d<strong>em</strong>itir o profissional?<br />
Esse período é crítico e decisivo<br />
<strong>para</strong> o des<strong>em</strong>penho do vendedor.<br />
É extr<strong>em</strong>amente recomendável<br />
que o gestor avalie a performance<br />
do profissional, faça coaching<br />
com ele e apresente sugestões de<br />
ciclo de vendas médio, <strong>em</strong> dias (por ticket)<br />
t<strong>em</strong>po de ramp-up dos vendedores x ticket médio<br />
melhoria durante todo o período, e não somente ao<br />
final dele. Isso aumentará muito as chances de o<br />
vendedor se adaptar b<strong>em</strong> ao processo e conseguir<br />
render de forma satisfatória.<br />
Se o profissional não conseguir aplicar as melhorias<br />
sugeridas e não atingir resultados satisfatórios<br />
no período de adaptação, o gestor t<strong>em</strong> um forte indício<br />
de que ele levaria mais t<strong>em</strong>po do que o aceitável<br />
<strong>para</strong> chegar lá e desligá-lo pode ser a melhor alternativa<br />
<strong>para</strong> ambas as partes. É importante que a <strong>em</strong>presa<br />
aprenda com essa situação e<br />
refine os critérios de contratação.<br />
Exist<strong>em</strong> <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> que<br />
quando o profissional não consegue<br />
resultados significativos<br />
ao final do período de adaptação,<br />
ele é t<strong>esta</strong>do na área de sales development<br />
(pré-venda). O SDR<br />
(sales development representative)<br />
trabalha fazendo a qualificação<br />
dos leads e pre<strong>para</strong>ndo-os <strong>para</strong> a<br />
compra, agendando reuniões desses<br />
possíveis clientes com os executivos<br />
de contas (vendedores).<br />
Quais são suas dicas finais <strong>para</strong> qu<strong>em</strong> quer melhorar<br />
sua operação de inside sales?<br />
1) Contrate profissionais consultivos: O perfil<br />
do vendedor exigido <strong>em</strong> inside sales é muito diferente<br />
do passado, pois boa parte da compra ocorre<br />
antes mesmo da conversa com uma pessoa da <strong>em</strong>presa,<br />
e a função do vendedor é ouvir muito mais<br />
do que falar. Se o cliente detém a informação, inclusive<br />
de sua <strong>em</strong>presa e seus concorrentes, o vendedor<br />
de inside sales precisa ser consultivo, ouvir o<br />
que o cliente relata e personalizar<br />
uma solução que agregue valor.<br />
2) Construa processos movidos<br />
por métricas (data-driven): Como<br />
diss<strong>em</strong>os anteriormente, é<br />
preciso mapear o processo de<br />
vendas da <strong>em</strong>presa, se<strong>para</strong>ndo<br />
etapa a etapa, e medi-lo com métricas<br />
<strong>em</strong> todas as fases. Somente<br />
assim será possível aumentar<br />
a taxa de fechamento dos negócios<br />
e ser mais produtivo.<br />
3) Use seu conteúdo como forma<br />
de autoridade: Um fator que<br />
20<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
"Há uma relação<br />
muito próxima do<br />
coaching com o<br />
atingimento de<br />
metas: perceb<strong>em</strong>os<br />
que, entre as<br />
<strong>em</strong>presas que<br />
atingiram suas metas<br />
de vendas <strong>em</strong> até três<br />
meses do primeiro<br />
s<strong>em</strong>estre de 2016,<br />
67% faz<strong>em</strong> coaching<br />
com os vendedores.<br />
Quando analisamos<br />
as <strong>em</strong>presas que<br />
atingiram as metas<br />
de vendas <strong>em</strong> um<br />
período de quatro a<br />
seis meses (também<br />
no primeiro s<strong>em</strong>estre<br />
do ano passado),<br />
80% faz<strong>em</strong> coaching.<br />
Isso representa<br />
um aumento de 13<br />
pontos percentuais<br />
– muito significativo<br />
quando analisamos<br />
essa métrica."<br />
Time da Meetime, <strong>em</strong>presa responsável pela<br />
primeira pesquisa sobre inside sales feita no Brasil.<br />
facilita a venda é se o cliente enxerga sua <strong>em</strong>presa<br />
como um conselheiro de confiança (trusted advisor).<br />
E isso é obtido construindo um conteúdo de qualidade,<br />
que agrega valor. É uma relação similar à<br />
do médico com o paciente, <strong>em</strong> que a <strong>em</strong>presa se<br />
posiciona como especialista no assunto.<br />
personalizada. Gostamos muito de uma definição<br />
que retrata b<strong>em</strong> essa tendência: é a humanização<br />
das vendas alimentada pela tecnologia.<br />
4) Use tecnologia <strong>para</strong> ganhar escala: É essencial<br />
que seus vendedores tenham tecnologias como um<br />
CRM, por ex<strong>em</strong>plo, como suporte no atendimento<br />
ao cliente, <strong>para</strong> que a conversa seja cada vez mais<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 21
Superlíder / Por Natasha Schiebel /<br />
DIVULGAÇÃO<br />
De vendedor a superlíder<br />
informação que chegou até a equipe editorial<br />
da <strong>VendaMais</strong> era simples: <strong>em</strong><br />
Jundiaí (SP), um gestor de equipe comercial<br />
tinha criado uma campanha de vendas<br />
inspirada na febre do jogo Pokémon<br />
Go. “Boa pauta”, pensamos. Mal sabíamos<br />
que estávamos prestes a conhecer uma<br />
história de liderança que viria <strong>para</strong>r nas páginas da<br />
seção “Superlíder” deste mês...<br />
A verdade é que o PapMon Go é apenas uma das<br />
provas de que Ronnie de Oliveira, diretor do M<strong>em</strong>orial<br />
Parque da Paz, c<strong>em</strong>itério que, com pouco t<strong>em</strong>po<br />
de operação, já pode até entrar <strong>para</strong> o Guinness World<br />
Records, é um líder diferente. Em uma entrevista de<br />
pouco mais de meia hora, vimos que criatividade,<br />
preocupação com capacitação, liderança baseada <strong>em</strong><br />
pessoas e nos valores humanos e decisões pautadas<br />
<strong>em</strong> dados (e não apenas <strong>em</strong> achismos) eram alguns<br />
dos ingredientes que compunham a receita do sucesso<br />
dele. E resolv<strong>em</strong>os explorar tudo isso!<br />
Mas o primeiro tópico da conversa, é claro,<br />
precisava ser o ponto de partida da nossa pauta...<br />
Como assim Guinness World Records?<br />
“Essa foi uma iniciativa do nosso departamento de<br />
marketing. Na <strong>em</strong>polgação de um resultado excepcional<br />
que tiv<strong>em</strong>os – <strong>em</strong> 44 dias, foram vendidos R$ 10 milhões<br />
<strong>em</strong> jazigos, <strong>em</strong> média três vezes mais do que o registrado<br />
no mercado –, eles tomaram a iniciativa de entrar<br />
com a documentação. Já <strong>esta</strong>mos quase na fase final,<br />
e acho que t<strong>em</strong> tudo <strong>para</strong> que esse recorde seja realmente<br />
registrado. Até que apareça alguém que tenha<br />
vendido mais no ramo de c<strong>em</strong>itérios, acho que a gente<br />
ainda é o primeiro”, conclui. Nada mau, não?<br />
22<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
PapMon Go: uma campanha criativa,<br />
t<strong>em</strong>poral e motivadora<br />
Campanhas de vendas faz<strong>em</strong> parte da rotina da<br />
equipe comercial do c<strong>em</strong>itério M<strong>em</strong>orial Parque da<br />
Paz – que, na época do fechamento d<strong>esta</strong> reportag<strong>em</strong><br />
(nov<strong>em</strong>bro/2016), contava com pouco mais de quarenta<br />
vendedores. De acordo com Oliveira, quase<br />
todo mês os vendedores do c<strong>em</strong>itério são desafiados<br />
a encarar uma campanha especial. Em agosto de<br />
2016, quando o mundo todo falava do Pokémon Go,<br />
Oliveira achou que aquele era o gancho perfeito<br />
<strong>para</strong> uma nova ação. “Minha filha de 11 anos disse<br />
que queria jogar, mas <strong>para</strong> ter um controle maior<br />
do que ela <strong>esta</strong>va fazendo, eu baixei o app no meu<br />
smartphone e passei a jogar <strong>em</strong> parceria com ela. E<br />
aí, comecei a estudar o jogo e logo passei a ter algumas<br />
ideias sobre como a gente poderia usá-lo <strong>em</strong><br />
nosso dia a dia de vendas”, conta.<br />
Pouco t<strong>em</strong>po depois, nasceu o PapMon Go. “Como<br />
nossa atividade é porta a porta (PAP), chamamos<br />
o jogo de PapMon Go. Nele, o valor de cada venda<br />
é transformado <strong>em</strong> Combate Power (CP), e cada<br />
bonequinho representa uma modalidade de venda.<br />
À medida que o vendedor vai fazendo mais vendas<br />
e adquirindo mais CPs, ele aumenta sua pontuação<br />
e evolui <strong>para</strong> um boneco mais forte. Nessa caminhada,<br />
ele acaba passando por PapStops (equivalentes<br />
às Pokéstops do jogo original), que é onde<br />
adquire prêmios por seus resultados”, explica. E os<br />
prêmios, aliás, são b<strong>em</strong> motivadores: vão de dinheiro<br />
a bens duráveis e viagens.<br />
Como era de se esperar, logo a equipe se engajou<br />
no desafio e começou a conquistar bons resultados.<br />
Assim, o que podia ser uma campanha curta<br />
acabou se transformando <strong>em</strong> uma ação que vai<br />
durar cerca de um ano. “A gente vai fazer um monitoramento<br />
e uma distribuição de prêmios mensalmente,<br />
mas a grande pr<strong>em</strong>iação virá no fim<br />
deste ano, quando dar<strong>em</strong>os um carro, uma viag<strong>em</strong><br />
e mais um outro prêmio que ainda não definimos”,<br />
indica Oliveira.<br />
Apesar da animação da equipe com a campanha<br />
PapMon Go e dos bons resultados já conquistados,<br />
como <strong>em</strong> qualquer outro departamento de vendas,<br />
a área comercial do M<strong>em</strong>orial Parque da Paz também<br />
enfrenta dificuldades. “O maior desafio é manter o<br />
"Como líder, a<br />
gente t<strong>em</strong> que<br />
ter corag<strong>em</strong><br />
de ouvir os<br />
funcionários, de<br />
aceitar críticas<br />
e criar um canal<br />
de comunicação<br />
forte <strong>em</strong> que<br />
eles possam<br />
se expressar,<br />
mas também<br />
precisamos ter<br />
a sabedoria e a<br />
sensibilidade de<br />
filtrar o que eles<br />
falam – pois n<strong>em</strong><br />
tudo o que diz<strong>em</strong><br />
é real."<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 23
“Se você almeja<br />
se desenvolver<br />
<strong>para</strong> fazer uma<br />
revolução tanto<br />
nas <strong>em</strong>presas<br />
como nas áreas<br />
comerciais,<br />
eu diria <strong>para</strong><br />
estudar um<br />
assunto que eu<br />
acho que ainda<br />
é um apagão <strong>em</strong><br />
nossas vidas:<br />
a liderança na<br />
sua essência,<br />
baseada <strong>em</strong><br />
pessoas, baseada<br />
nos valores<br />
humanos.”<br />
grau de <strong>em</strong>penho, de motivação e de envolvimento<br />
da equipe, porque pelo fato de a venda porta a porta<br />
ser uma atividade difícil – t<strong>em</strong> que enfrentar sol e<br />
chuva, trabalhar muito <strong>para</strong> ter um bom salário, encarar<br />
o preconceito até mesmo da família, que não<br />
encara a função como um ‘<strong>em</strong>prego de verdade’ –,<br />
não é qualquer um que aceita fazer”, desabafa o gestor<br />
do c<strong>em</strong>itério, que explica que um trabalho sólido de<br />
liderança é fundamental <strong>para</strong> contornar esse desafio.<br />
Para entender como o trabalha o nosso superlíder<br />
precisamos fazer uma viag<strong>em</strong> no t<strong>em</strong>po...<br />
O surgimento de um líder<br />
A história de Ronnie de Oliveira <strong>em</strong> vendas começou<br />
a ser contada quando ele tinha apenas 18 anos.<br />
Na época, o superlíder, que nasceu <strong>em</strong> Santo André<br />
(SP), <strong>esta</strong>va andando pela sua cidade natal quando<br />
encontrou um antigo colega de escola e ficou impressionado<br />
com a aparência dele. A impressão que<br />
teve era de que o amigo tinha “vencido na vida”,<br />
pois vestia terno e gravata e dirigia um carro bacana.<br />
Curioso <strong>para</strong> saber que caminho ele tinha<br />
percorrido, Oliveira perguntou no que ele trabalhava.<br />
Quando soube que o amigo era vendedor <strong>em</strong><br />
uma grande <strong>em</strong>presa, pediu ajuda <strong>para</strong> conseguir<br />
um <strong>em</strong>prego lá. Pouco t<strong>em</strong>po depois, a <strong>em</strong>presa –<br />
que vendia consórcios de eletrodomésticos e eletrônicos<br />
– chamou Oliveira <strong>para</strong> trabalhar. O fato<br />
marcou o início de sua carreira no mercado de<br />
vendas porta a porta.<br />
Nessa primeira experiência profissional, foram<br />
anos trabalhando como vendedor e, depois, um<br />
t<strong>em</strong>po como supervisor, até que chegou a hora de<br />
mudar de rumo e crescer atuando <strong>em</strong> outras companhias<br />
– e também <strong>em</strong> um negócio próprio. “Quando<br />
eu tinha 23 anos, montei uma marcenaria, porque<br />
já tinha atuado nesse segmento, tinha muitos<br />
clientes e pensei que ia arrebentar. Mas consegui<br />
quebrar a <strong>em</strong>presa <strong>em</strong> cinco meses! O fato é que eu<br />
achava que era bom d<strong>em</strong>ais, mas percebi que era<br />
‘burro pra caramba’, que só sabia fazer uma coisa:<br />
<strong>vender</strong>”, conta. Ciente de que seu talento era <strong>para</strong><br />
vendas, Oliveira voltou a buscar uma oportunidade<br />
no mercado de trabalho e, <strong>em</strong> pouco t<strong>em</strong>po,<br />
retomou a carreira de vendedor.<br />
Daí a ocupar um cargo de liderança foi “um<br />
pulo”. “Fui promovido a gerente de maneira precoce,<br />
o que também foi um desafio <strong>para</strong> mim, porque<br />
eu liderava gente mais velha que eu. Foi uma experiência<br />
e tanto, <strong>em</strong> que aprendi muito mais do<br />
que ensinei”, revela. Depois disso, Oliveira recebeu<br />
uma proposta <strong>para</strong> montar uma equipe de vendas<br />
de um plano funerário de Sorocaba (SP) que <strong>esta</strong>va<br />
chegando <strong>em</strong> Santo André (SP) e, meses depois, por<br />
se d<strong>esta</strong>car no cargo, foi convidado a trabalhar <strong>em</strong><br />
um c<strong>em</strong>itério. “No meio t<strong>em</strong>po, percebi que muitas<br />
<strong>em</strong>presas não funcionavam porque tinham probl<strong>em</strong>as<br />
de gestão. E aí comecei a estudar o t<strong>em</strong>a por<br />
conta própria. Fiz cursos, li livros e me apaixonei<br />
pelo assunto. Não deixei de <strong>vender</strong>, porque a ‘veia’<br />
comercial a gente não perde, mas cada vez mais fui<br />
mergulhando no mundo da gestão”, aponta.<br />
Quando migrou <strong>para</strong> a área de consultoria, o<br />
setor de c<strong>em</strong>itérios foi um dos que ele atendeu. Foi<br />
assim que o projeto do M<strong>em</strong>orial Parque da Paz acabou<br />
chegando até ele. “Recebi uma proposta <strong>para</strong><br />
assumir a gestão do projeto e entrei com tudo nele.<br />
Tenho usado toda essa experiência <strong>para</strong> fazer desse<br />
projeto um sucesso. Credito muito dos resultados que<br />
já conquistamos à minha preocupação com a liderança.<br />
Enxergar que a gente está lidando com uma<br />
geração diferente, que precisa ter inovação e comprometimento<br />
das pessoas, é parte importante dessa<br />
jornada. Por isso mesmo, <strong>esta</strong>mos migrando de um<br />
modelo de liderança antigo <strong>para</strong> um novo, que <strong>esta</strong>mos<br />
conhecendo no dia a dia", afirma o superlíder.<br />
Na prática<br />
Uma das maiores preocupações de Oliveira à frente<br />
do M<strong>em</strong>orial Parque da Paz é construir uma liderança<br />
transparente e que valoriza a comunicação<br />
com os colaboradores. "Como líder, a gente t<strong>em</strong> que<br />
ter corag<strong>em</strong> de ouvir os funcionários, de aceitar<br />
críticas e criar um canal de comunicação forte <strong>em</strong><br />
que eles possam se expressar, mas também precisamos<br />
ter a sabedoria e a sensibilidade de filtrar o<br />
que eles falam – pois n<strong>em</strong> tudo o que diz<strong>em</strong> é real",<br />
aponta. E acrescenta: "Essa base de comunicação,<br />
a aproximação diária com eles é o ponto-chave<br />
<strong>para</strong> o sucesso da equipe como um todo."<br />
Para isso, uma das principais práticas adotadas<br />
por ele é a reunião diária, que t<strong>em</strong> um cunho técnico<br />
e que é o momento <strong>em</strong> que os vendedores apresentam<br />
seus resultados, todos analisam o dia anterior<br />
e, ao final, cada líder t<strong>em</strong> a obrigação de dar uma<br />
palavra motivacional de acordo com o desafio do<br />
dia. "S<strong>em</strong>pre falo <strong>para</strong> os gerentes da nossa equipe<br />
que só vamos conseguir ter sucesso se enxergarmos<br />
os detalhes, porque o que é visível <strong>para</strong> todo mundo<br />
é fácil de resolver. Então o papel do líder é identificar<br />
probl<strong>em</strong>as <strong>para</strong> levar <strong>para</strong> a equipe e desafiá-la a<br />
encontrar uma solução", declara.<br />
24<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
"S<strong>em</strong>pre falo <strong>para</strong> os gerentes da nossa<br />
equipe que só vamos conseguir ter sucesso<br />
se enxergarmos os detalhes, porque o<br />
que é visível <strong>para</strong> todo mundo é fácil de<br />
resolver. Então o papel do líder é identificar<br />
probl<strong>em</strong>as <strong>para</strong> levar <strong>para</strong> a equipe e desafiála<br />
a encontrar uma solução."<br />
Oliveira também se preocupa com o desenvolvimento<br />
constante dos profissionais de sua equipe<br />
– oferecendo programas de capacitação continuada<br />
<strong>em</strong> diversas áreas fundamentais <strong>para</strong> o sucesso <strong>em</strong><br />
vendas –, baseia a definição das metas de vendas<br />
<strong>em</strong> indicadores de performance, preocupa-se <strong>em</strong><br />
recrutar profissionais com o perfil certo <strong>para</strong> a<br />
equipe e t<strong>em</strong> a consciência da importância de dar<br />
feedback s<strong>em</strong>pre <strong>para</strong> ajudar na evolução.<br />
De líder <strong>para</strong> líder<br />
Pragmático, Oliveira divide suas dicas <strong>em</strong> duas<br />
partes: primeiro, deixa um conselho <strong>para</strong> <strong>para</strong> os<br />
líderes que desejam melhorar sua performance dia<br />
após dia… “Se você almeja se desenvolver <strong>para</strong><br />
fazer uma revolução tanto nas <strong>em</strong>presas como nas<br />
áreas comerciais, eu diria <strong>para</strong> estudar um assunto<br />
que eu acho que ainda é um apagão <strong>em</strong> nossas<br />
vidas: a liderança na sua essência, baseada <strong>em</strong><br />
pessoas, baseada nos valores humanos. É preciso<br />
trabalhar <strong>para</strong> romper com esse <strong>para</strong>digma da<br />
chefia e entender que <strong>esta</strong>mos lidando com uma<br />
geração totalmente diferente, que é imediatista.<br />
Além disso, precisamos aprender a liderar e influenciar<br />
pessoas. É isso que fará a diferença no<br />
futuro”, pontua.<br />
De líder <strong>para</strong> vendedor<br />
Na sequência, ele revela o que acredita que os vendedores<br />
que almejam o sucesso precisam fazer. “Estude<br />
muito, trabalhe d<strong>em</strong>ais (volume de trabalho é<br />
essencial), seja criativo. Além disso, rompa com o<br />
<strong>para</strong>digma de que sua função é apresentar produtos<br />
e entenda o que o cliente precisa antes de <strong>vender</strong>.<br />
Saber como seu produto pode solucionar probl<strong>em</strong>as<br />
na vida de seus clientes vai levá-lo ao topo”, finaliza.<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 25
Habilidades <strong>em</strong> vendas / Por Francine Pereira<br />
O “Pacote Estamina”<br />
e o sucesso <strong>em</strong> vendas<br />
Não ter medo de errar, não desanimar com as<br />
falhas e os obstáculos, ter autoconfiança e<br />
proatividade e ser responsável por suas ações.<br />
Essas são algumas das principais habilidades do<br />
vendedor de alta performance da atualidade.<br />
Entenda melhor o “Pacote Estamina” e busque<br />
desenvolver as habilidades que o compõ<strong>em</strong><br />
É<br />
comum ouvirmos histórias de profissionais<br />
de sucesso <strong>em</strong> suas áreas de atuação que<br />
narram o quanto eles tiveram que batalhar<br />
<strong>para</strong> alcançar seus objetivos e como falharam<br />
diversas vezes antes de acertar pra valer.<br />
Apesar disso, as pessoas não perd<strong>em</strong> o hábito<br />
de associar sucesso à sorte ou ao destino. Mas o que<br />
a realidade mostra é que, mais do que o poder do<br />
acaso, o que faz os indivíduos ter<strong>em</strong> êxito <strong>em</strong> suas<br />
carreiras é o que muitos chamam de “<strong>esta</strong>mina”.<br />
Estamina pode ser definida como uma força<br />
física ou mental que faz com que uma pessoa tenha<br />
resistência, persista no que está fazendo e supere<br />
os obstáculos à sua frente.<br />
Quer um ex<strong>em</strong>plo de <strong>esta</strong>mina? Elizabeth Gilbert,<br />
autora do livro Comer, rezar e amar, conta que, desde<br />
26<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
criança, s<strong>em</strong>pre soube que queria ser escritora. Durante<br />
toda a sua infância e adolescência ela escreveu<br />
e, depois da faculdade, continuou a escrever, tentando<br />
ter suas histórias publicadas. Por seis anos,<br />
tudo o que recebeu foram cartas de rejeição. Como<br />
ela conseguiu manter acesa sua criatividade e continuar<br />
tentando alcançar seu objetivo? Estamina!<br />
Ela sabia profundamente que sua paixão era escrever<br />
e que precisava continuar fazendo aquilo. Ela<br />
não se deixou abalar pelas críticas, não desistiu e<br />
usou as adversidades a seu favor, <strong>para</strong> alimentar sua<br />
vontade de vencer e de melhorar cada vez mais.<br />
E isso vale <strong>para</strong> qualquer área – inclusive a comercial.<br />
Então, <strong>para</strong> ser um vendedor de alta performance,<br />
é preciso ter <strong>esta</strong>mina. É preciso saber que<br />
errar e ser rejeitado faz parte do caminho e entender<br />
que as adversidades são oportunidades de evoluir.<br />
As quatro características essenciais na<br />
busca pelo sucesso<br />
Uma pesquisa realizada pela revista Inc (www.inc.<br />
com) com as quinhentas <strong>em</strong>presas que mais cresceram<br />
nos Estados Unidos identificou os principais<br />
atributos dos <strong>em</strong>preendedores de sucesso. A lista é<br />
interessante <strong>para</strong> qu<strong>em</strong> trabalha na área comercial<br />
porque, segundo Raul Candeloro e Marcelo Caetano,<br />
diretores da <strong>VendaMais</strong>, as habilidades citadas<br />
bat<strong>em</strong> com o que eles defend<strong>em</strong> como um modelo<br />
de venda avançada e que é ideal <strong>para</strong> o cenário de<br />
mudança pelo qual nossa economia v<strong>em</strong> passando.<br />
Entre as características identificadas, os especialistas<br />
apontam quatro como principais – e<br />
que, juntas formam o “Pacote Estamina” completo.<br />
São elas:<br />
[1] [2] [3] [4]<br />
Entusiasmo<br />
Os profissionais de alta performance<br />
tomam decisões<br />
racionais e conscientes <strong>para</strong><br />
a gestão do risco. Sab<strong>em</strong> que<br />
não existe risco zero, mas<br />
um gerenciamento de riscos.<br />
“Isso pode ser aplicado, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, à prospecção de<br />
clientes. A prospecção é um<br />
risco, a gente nunca sabe se<br />
vai dar certo, mas t<strong>em</strong>os que<br />
enxergá-la como uma oportunidade.<br />
Risco é oportunidade”,<br />
d<strong>esta</strong>ca Candeloro.<br />
Determinação<br />
Esses vencedores possu<strong>em</strong><br />
ética forte de trabalho <strong>para</strong><br />
confrontar e superar obstáculos,<br />
não desanimando e<br />
n<strong>em</strong> desistindo com fracassos<br />
ou contrat<strong>em</strong>pos. “Quando<br />
uma coisa que ele queria que<br />
desse certo não funciona, o<br />
profissional de sucesso vê<br />
isso como uma oportunidade<br />
de aprendizag<strong>em</strong>, de melhoria,<br />
o que o estimula a continuar”,<br />
explica Candeloro.<br />
Autoconfiança<br />
Ter confiança na sua capacidade<br />
de fazer as coisas<br />
acontecer<strong>em</strong> é outra qualidade<br />
dos profissionais<br />
fadados ao êxito. “Aqui t<strong>em</strong><br />
muito a questão da proatividade<br />
e a iniciativa de não<br />
esperar que alguém mande<br />
fazer algo que você sabe<br />
que deveria ser feito”, frisa<br />
Candeloro.<br />
Independência<br />
Além disso, os vendedores de<br />
sucesso têm capacidade de<br />
tomar decisões sozinhos – o<br />
que está muito ligado à questão<br />
da autoconfiança. Esses<br />
profissionais lidam b<strong>em</strong> com<br />
várias tarefas ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />
e têm alto senso de responsabilidade.<br />
“A pessoa não coloca<br />
a culpa no mercado, no<br />
cliente, nos processos etc. Ela<br />
chama <strong>para</strong> si a responsabilidade<br />
e pensa: o que eu posso<br />
fazer diferente?”, aponta<br />
Candeloro.<br />
Pacote<br />
Estamina<br />
“A prospecção é um risco,<br />
a gente nunca sabe se<br />
vai dar certo, mas t<strong>em</strong>os<br />
que enxergá-la como uma<br />
oportunidade. Risco é<br />
oportunidade.” (Raul Candeloro)<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 27
Risco = oportunidade<br />
“Só consegue trabalhar b<strong>em</strong> o risco qu<strong>em</strong> consegue<br />
lidar com a chance de algo não dar resultado,<br />
com a chance de se frustrar ao longo do<br />
processo”, comenta Caetano. Ele detalha que a<br />
ausência dessa característica pode se refletir nos<br />
resultados da <strong>em</strong>presa. “Na prospecção, por ex<strong>em</strong>plo,<br />
se a cada falha o vendedor for reduzindo os<br />
riscos nas próximas atividades, ele vai <strong>para</strong>r de<br />
prospectar clientes que são realmente do perfil<br />
da <strong>em</strong>presa e começar a buscar clientes menores<br />
porque sua capacidade de lidar com o risco é<br />
cada vez menor”, reflete.<br />
“Não adianta só dar conhecimento <strong>para</strong> a pessoa e<br />
treiná-la quanto ao produto. Essas são características<br />
que ela traz consigo. Se você não buscar essas<br />
qualidades no processo de recrutamento, vai ter que<br />
continuar sendo a babá da equipe.” (Marcelo Caetano)<br />
<strong>VendaMais</strong> Responde<br />
Prospecção focada <strong>em</strong> <strong>esta</strong>mina<br />
Caetano frisa que os líderes pod<strong>em</strong> e dev<strong>em</strong><br />
identificar essas quatro habilidades – entusiasmo,<br />
determinação, autoconfiança e independência<br />
– já na hora da contratação do vendedor. “Se<br />
você recrutar errado, essas quatro qualidades<br />
raramente serão desenvolvidas, pois são características<br />
de personalidade”, ressalta. Mas o especialista<br />
alerta que a falta dessas qualidades na<br />
equipe é, muitas vezes, ocasionada pelo próprio<br />
líder. Ele explica que muitos gestores gostam de<br />
pajear os vendedores, gostam de pensar que os<br />
profissionais precisam deles. “Eles se aceitam<br />
nessa posição e não faz<strong>em</strong> nada <strong>para</strong> sair dela”,<br />
reforça.<br />
Caetano acrescenta, ainda, que os líderes pod<strong>em</strong><br />
gerenciar a equipe com meta e controle até certo<br />
ponto – depois disso, é preciso haver confiança<br />
entre o gestor e a equipe <strong>para</strong> que o líder deixe os<br />
profissionais agir<strong>em</strong> sozinhos. “Claramente, essas<br />
quatro habilidades fog<strong>em</strong> completamente da gestão<br />
por meta e controle. Não adianta só dar conhecimento<br />
<strong>para</strong> a pessoa e treiná-la quanto ao produto.<br />
Essas são características que ela traz consigo. Se<br />
você não buscar essas qualidades no processo de<br />
recrutamento, vai ter que continuar sendo a babá<br />
da equipe”, d<strong>esta</strong>ca.<br />
Por fim, o diretor da <strong>VendaMais</strong> aconselha: se<br />
você não quer que sua vida como gestor comercial<br />
seja assim, t<strong>em</strong> que ter pessoas na sua equipe que<br />
sejam diferentes, que tenham essas quatro características.<br />
“Quando a equipe t<strong>em</strong> essas habilidades,<br />
não t<strong>em</strong>os mais um líder pajeando, mas, sim, um<br />
gestor orientando os profissionais. Ocorre, aí, uma<br />
mudança no perfil dos vendedores e também da<br />
liderança”, compl<strong>em</strong>enta.<br />
As características fundamentais de um vendedor de<br />
alta performance, que está alinhado às necessidades<br />
do mercado atual, foi t<strong>em</strong>a de um dos últimos episódios<br />
do <strong>VendaMais</strong> Responde, programa gravado mensalmente<br />
por Raul Candeloro e Marcelo Caetano e<br />
enviado com exclusividade aos nossos assinantes*.<br />
Até o momento, este vídeo ainda está restrito<br />
<strong>para</strong> qu<strong>em</strong> assina a <strong>VendaMais</strong>, mas os quatro<br />
primeiros episódios da série já pod<strong>em</strong> ser assistidos<br />
por qu<strong>em</strong> visita o nosso canal no YouTube (bit.ly/<br />
TV-<strong>VendaMais</strong>). São eles:<br />
Gestão da carteira de clientes: bit.ly/g<strong>esta</strong>o-carteira<br />
Como <strong>vender</strong> <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos de crise:<br />
bit.ly/2-como- <strong>vender</strong>-crise<br />
Como fazer reuniões de vendas mais produtivas:<br />
bit.ly/3-reunioes-produtivas<br />
Como dar feedback (de verdade) <strong>para</strong> a sua equipe de<br />
vendas: bit.ly/4-feedback-vendas<br />
Assista e aprenda muito sobre vendas, gestão de<br />
equipes comerciais, motivação e muito mais!<br />
*Se você é assinante, s<strong>em</strong>pre que um novo<br />
vídeo for liberado, você receberá um e-mail com o<br />
link. Se ainda não é, assista aos vídeos listados<br />
acima e se anime <strong>para</strong> fazer parte do grupo que<br />
recebe <strong>em</strong> primeira mão e com exclusividade o melhor<br />
conteúdo sobre vendas do Brasil. Saiba mais<br />
<strong>em</strong> bit.ly/vendamais-assine<br />
28<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 29
vendas<br />
Thiago Concer<br />
Como ganhar<br />
uma comissão<br />
dez vezes<br />
maior do que<br />
qualquer<br />
vendedor da<br />
sua <strong>em</strong>presa<br />
Você achou o título deste artigo interessante?<br />
Pois é, quando eu escutei isso, também<br />
fiquei muito curioso e me fiz a mesma<br />
pergunta que você deve <strong>esta</strong>r se fazendo<br />
agora: "Como isso é possível?"<br />
Antes de revelar a resposta, porém,<br />
quero lhe contar como cheguei a esse vendedor...<br />
As lições de um supervendedor<br />
Há algumas s<strong>em</strong>anas, estive nos Estados<br />
Unidos e entrevistei vários vendedores e<br />
gestores de vendas. Um deles, um brasileiro<br />
chamado Bruno, gerente de uma loja da Sprint (uma das maiores<br />
<strong>em</strong>presas de telefonia móvel dos EUA), me contou que havia acabado<br />
de voltar de um encontro de vendas e que tinha aprendido muito lá.<br />
30<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Segundo ele, um dos participantes<br />
era um vendedor que, <strong>em</strong> um<br />
único mês, tinha conseguido incríveis<br />
US$ 25 mil <strong>em</strong> comissão.<br />
Isso mesmo, quase R$ 85 mil <strong>em</strong><br />
um único mês vendendo planos<br />
de celular! O mais impressionante<br />
é que, como d<strong>esta</strong>cou Bruno,<br />
uma boa comissão <strong>para</strong> os profissionais<br />
desse segmento gira<br />
<strong>em</strong> torno de US$ 4 mil.<br />
Curioso, perguntei a ele se o<br />
rapaz contou o que fazia <strong>para</strong><br />
<strong>vender</strong> tanto. Ele me respondeu<br />
assim: "Thiago, ele não quer <strong>vender</strong><br />
<strong>para</strong> todo mundo, ele quer<br />
<strong>vender</strong> <strong>para</strong> qu<strong>em</strong> dá lucro." E me<br />
explicou que o campeão divide<br />
as atividades dele <strong>em</strong> quatro fases:<br />
1) Prospecção:<br />
Apesar de trabalhar <strong>em</strong> um segmento<br />
de vendas receptivo, o supervendedor<br />
se<strong>para</strong> duas horas<br />
por dia (todos os dias!) <strong>para</strong> agendar<br />
visitas e se encontrar com<br />
novos cliente. Naquele horário<br />
que ele selecionou, ele não faz<br />
nada mais! Não atende telefone,<br />
não auxilia na loja, não preenche<br />
relatórios... Enfim, só agenda e<br />
faz visitas! E ele não deixa isso<br />
<strong>para</strong> o fim do mês. Não espera<br />
ver se vai bater a meta <strong>para</strong> depois<br />
sair <strong>para</strong> prospectar. Ele faz isso<br />
todos os dias!<br />
O mais interessante é que ele<br />
não pega uma lista e liga <strong>para</strong><br />
todos os contatos. Ele só se<strong>para</strong><br />
as <strong>em</strong>presas que têm potencial<br />
<strong>para</strong> ter, no mínimo, 35 linhas<br />
telefônicas! Ou seja, ele quer <strong>vender</strong><br />
<strong>para</strong> qu<strong>em</strong> dá muito lucro.<br />
--> Quer colocar essa ideia <strong>em</strong> prática,<br />
mas, antes, precisa de uma<br />
boa aula de prospecção de clientes?<br />
Acesse bit.ly/guia-prospeccao-vm<br />
e leia uma série de artigos sobre o<br />
t<strong>em</strong>a.<br />
2) Vendas internas e<br />
parte administrativa:<br />
Esse vendedor não quer perder<br />
vendas e sabe que as visitas de<br />
clientes à loja têm um potencial<br />
grande, pois são clientes que já<br />
chegam querendo comprar. Ao<br />
mesmo t<strong>em</strong>po, entende que o trabalho<br />
de preenchimento de CRM<br />
é indispensável <strong>para</strong> sua avaliação<br />
e, consequent<strong>em</strong>ente, <strong>para</strong> seus<br />
ganhos, pois <strong>esta</strong>r <strong>em</strong> dia com<br />
sua parte administrativa é um<br />
dos indicadores <strong>para</strong> uma bonificação<br />
maior. Por isso, ele se preocupa<br />
<strong>em</strong> definir seus horários<br />
de atendimento na loja e está<br />
s<strong>em</strong>pre pronto <strong>para</strong> <strong>vender</strong> quando<br />
está lá.<br />
3) Visitas externas:<br />
Esse supervendedor não termina<br />
a s<strong>em</strong>ana s<strong>em</strong> ter visitado cinco<br />
<strong>em</strong>presas. É uma meta* que ele<br />
cumpre s<strong>em</strong>pre. Para isso, ele t<strong>em</strong><br />
que fazer uma visita por dia, de<br />
segunda a sexta – no sábado, a<br />
loja t<strong>em</strong> um movimento intenso<br />
(e ele quer aproveitar), e muitas<br />
<strong>em</strong>presas n<strong>em</strong> abr<strong>em</strong>, por isso o<br />
foco é nos dias úteis. Se, por acaso,<br />
ele não consegue cumprir a<br />
meta da segunda-feira, por ex<strong>em</strong>plo,<br />
ele sabe que vai precisar visitar<br />
duas <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> outro dia.<br />
*Metas claras como essa ajudam<br />
muito a potencializar os resultados<br />
de vendas. Para saber como definir<br />
uma meta ESMART – específica,<br />
mensurável, atingível e com<br />
t<strong>em</strong>po determinado <strong>para</strong> ser realizada,<br />
leia o artigo disponível <strong>em</strong>:<br />
bit.ly/metaESMART<br />
4) Propósito:<br />
Quando esse vendedor revelou<br />
seus resultados, a maioria dos<br />
outros profissionais disse: “Caramba,<br />
agora você vai poder tirar<br />
umas férias nas Bahamas ou no<br />
Havaí!” Ele respondeu que adora<br />
praia, mas que seu objetivo maior<br />
era se tornar gerente de distrito<br />
– um dos maiores cargos comerciais<br />
na <strong>em</strong>presa.<br />
Eu fiquei muito feliz <strong>em</strong> conhecer<br />
essa história de sucesso<br />
porque ela vai ao encontro do que<br />
defendo há muito t<strong>em</strong>po: vendedor<br />
bom gosta de dinheiro,<br />
desafio e propósito.<br />
Esse grande vendedor mostrou<br />
também o poder do planejamento<br />
<strong>em</strong> vendas*. Trabalhar<br />
duro é importante, mas se você<br />
não sabe <strong>para</strong> onde vai, qualquer<br />
vento serve. Muitos vendedores<br />
acham que trabalhar com agenda<br />
e t<strong>em</strong>po <strong>para</strong> fazer as coisas “engessa”<br />
o trabalho deles. Mas gestão<br />
das atividades, pre<strong>para</strong>ção<br />
antes de sair <strong>para</strong> <strong>vender</strong>, foco<br />
<strong>em</strong> qu<strong>em</strong> dá lucro... Tudo isso é<br />
libertador!<br />
Trabalhar com afinco é importante,<br />
mas tão importante<br />
quanto trabalhar muito é saber<br />
o que se faz!<br />
Dwight David Eisenhower, antigo<br />
general cinco estrelas do exército<br />
norte-americano e ex-presidente<br />
dos Estados Unidos disse,<br />
certa vez, sobre planejamento:<br />
“Antes de sair <strong>para</strong> a batalha, planejamento<br />
é tudo. Depois que o<br />
tiroteio começa, planejar é inútil!”<br />
Sucesso e boas vendas!<br />
*Planejamento Estratégico Comercial<br />
(PEC) é algo que nós, da<br />
<strong>VendaMais</strong>, levamos muito a sério.<br />
Por isso mesmo, você encontra<br />
<strong>em</strong> nosso portal um guia que<br />
vai ajudá-lo a desenvolver o seu<br />
PEC da melhor forma possível.<br />
Acesse bit.ly/PEC_<strong>VendaMais</strong> e<br />
confira!<br />
"Trabalhar duro<br />
é importante,<br />
mas se você não<br />
sabe <strong>para</strong> onde<br />
vai, qualquer<br />
vento serve."<br />
Thiago Concer é sócio-fundador<br />
do I.E.V. (Instituto de<br />
Especialização <strong>em</strong> Vendas),<br />
a maior escola de vendas do<br />
Brasil, líder do movimento<br />
#OrgulhoDeSerVendedor e<br />
um dos palestrantes de vendas<br />
mais contratados do<br />
Brasil.<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 31
Inovação / texto e fotos Por João Guilherme Brotto<br />
Lições de inovação<br />
do Vale do Silício<br />
relógio marcava 9h. Era uma segunda-feira de fim de verão no h<strong>em</strong>isfério norte, mas<br />
o frio e a névoa característica tomavam conta de São Francisco, uma das cidades mais<br />
importantes da Califórnia (EUA) e ponto de partida <strong>para</strong> qu<strong>em</strong> deseja explorar a meca<br />
da inovação no mundo: o Vale do Silício.<br />
Em um hotel no centro da cidade, nossa equipe se juntou a um grupo de <strong>em</strong>presários<br />
ansiosos <strong>para</strong> aprender com gigantes da tecnologia como Facebook e Salesforce, conhecer<br />
iniciativas <strong>em</strong>preendedoras de startups brasileiras e trocar ideias com <strong>em</strong>presários<br />
que tinham o mesmo objetivo: vivenciar e absorver a atmosfera do Vale. Tinha início<br />
mais uma Missão de Negócios ao Vale do Silício, uma maratona de quatro dias que<br />
transformaria todos os participantes e que é a base d<strong>esta</strong> reportag<strong>em</strong>.<br />
A realidade do Vale<br />
O Vale do Silício é um ambiente que inspira e transpira inovação, networking, cooperação,<br />
competitividade, cifras milionárias e muito suor. Longe do glamour das notícias de<br />
32<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
aportes milionários <strong>em</strong> startups,<br />
escritórios coloridos e jovens revolucionários,<br />
a realidade é mais<br />
dura do que parece. Afinal, <strong>em</strong><br />
um ambiente <strong>em</strong> que a inovação<br />
é praticamente uma commodity,<br />
não há t<strong>em</strong>po a perder.<br />
Lição 1 – Foco acima de tudo<br />
Foi fácil perceber que o foco é<br />
como um mantra <strong>para</strong> os <strong>em</strong>preendedores<br />
do Vale – e por “<strong>em</strong>preendedores”<br />
<strong>esta</strong>mos nos referindo<br />
a fundadores de <strong>em</strong>presas<br />
e funcionários. Profissionais s<strong>em</strong><br />
essa visão não se criam por lá.<br />
Leandro Scalise Gomes, <strong>em</strong>preendedor<br />
brasileiro sócio da<br />
Rank My App, startup focada<br />
<strong>em</strong> ajudar <strong>em</strong>presas a aumentar<br />
o número de downloads de seus<br />
aplicativos, é prova disso. Enquanto<br />
ele batalha <strong>em</strong> São Francisco<br />
<strong>para</strong> captar investidores,<br />
parte de sua equipe atua <strong>em</strong><br />
São Paulo. Em uma espécie de<br />
pitch de vendas <strong>para</strong> o grupo<br />
do qual o time <strong>VendaMais</strong> fazia<br />
parte, ao ser questionado<br />
sobre se eles não <strong>esta</strong>riam perdendo<br />
oportunidades por não<br />
estender<strong>em</strong> a atuação da <strong>em</strong>presa<br />
<strong>para</strong> outras plataformas<br />
além de aplicativos, visto que<br />
a solução deles é robusta e poderia<br />
atender inúmeros mercados,<br />
Gomes foi rápido e direto:<br />
“Nosso foco é esse. Precisamos<br />
ser os melhores nisso.”<br />
Essa declaração traz à tona<br />
a regra número um da execução:<br />
quanto maior o número de metas<br />
que você tentar conciliar de uma<br />
só vez, menores serão as probabilidades<br />
de alcançá-las. De acordo<br />
com os estudos de Chris Mc-<br />
Chesney, Sean Covey, Jim Huling<br />
e Bill Moraes, apresentados no<br />
livro As 4 disciplinas da execução<br />
– Garanta o foco nas metas crucialmente<br />
importantes (t<strong>em</strong>a da<br />
reportag<strong>em</strong> de capa da Venda<br />
Mais de jul/set 2016), se você<br />
tiver entre duas e três metas,<br />
poderá executar todas com excelência.<br />
A situação muda, contudo,<br />
se você definir de quatro<br />
a dez metas – nesse caso, a taxa<br />
de metas alcançadas com excelência<br />
cai <strong>para</strong> uma ou duas. As<br />
coisas pioram ainda mais quando<br />
se t<strong>em</strong> entre 11 e vinte metas:<br />
provavelmente nenhuma será<br />
executada com excelência. Ou<br />
seja, foque no que é crucialmente<br />
importante.<br />
Lição 2 – Prospecção focada<br />
no cliente ideal<br />
Outra lição importante dessa<br />
<strong>em</strong>presa que t<strong>em</strong> clientes como<br />
Itaú, Multiplus, Nespresso, Polishop<br />
e Catho foi que por mais<br />
que um dos objetivos de qualquer<br />
startup seja escalar as vendas rapidamente,<br />
atirar <strong>para</strong> todos os<br />
lados <strong>para</strong> conquistar novos clientes<br />
não é a melhor saída. O foco<br />
da prospecção da Rank My App<br />
são <strong>em</strong>presas inovadoras que sab<strong>em</strong><br />
que é importante d<strong>esta</strong>car<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 33
seus aplicativos e que estão alinhadas<br />
à proposta de valor que<br />
oferec<strong>em</strong>. Em outras palavras, o<br />
Perfil de Cliente Ideal (PCI)* da<br />
<strong>em</strong>presa está muito b<strong>em</strong> definido.<br />
*A reportag<strong>em</strong> da seção "Enciclopédia<br />
<strong>VendaMais</strong>", que se inicia na<br />
página 60 d<strong>esta</strong> edição, revela o<br />
que você precisa fazer <strong>para</strong> definir<br />
o seu PCI.<br />
O grande mito da ideia de um<br />
bilhão de dólares<br />
De boas ideias o mundo está cheio,<br />
mas isso de nada vale se a sua<br />
capacidade de execução não estiver<br />
à altura. São poucos os que se<br />
diferenciam nesse quesito. Essa é<br />
mais uma verdade absoluta enraizada<br />
no modo de pensar (e agir)<br />
das <strong>em</strong>presas que estão no Vale<br />
do Silício.<br />
Ao contrário de proteger<br />
grandes ideias a sete chaves, impera<br />
a visão do compartilhamento.<br />
Por lá, não existe essa de “vou<br />
ficar quieto <strong>para</strong> ninguém roubar<br />
minha ideia”. O compartilhamento<br />
e as conexões necessárias<br />
<strong>para</strong> a execução predominam,<br />
muito <strong>em</strong> razão de haver uma<br />
espécie de consciência coletiva<br />
a respeito da necessária ligação<br />
entre ter uma grande ideia e conseguir<br />
executá-la com eficiência<br />
e agilidade.<br />
Lição 3 – Executar é mais importante<br />
do que ter uma grande ideia<br />
Talvez você esteja lendo <strong>esta</strong> reportag<strong>em</strong><br />
agora e pensando naquela<br />
sua ideia que, cedo ou tarde,<br />
vai conquistar o mundo. Há<br />
quanto t<strong>em</strong>po você a t<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
mente? O que já fez <strong>para</strong> tirá-la<br />
do papel? A cada dia que passa,<br />
sua grande ideia corre o risco de<br />
perder relevância por não <strong>esta</strong>r<br />
sendo executada.<br />
Evento do TechCrunch <strong>em</strong> que <strong>em</strong>preendedores brasileiros apresentaram suas<br />
startups a investidores estrangeiros.<br />
No lado oposto d<strong>esta</strong> placa está a marca do Facebook. Mark Zuckerberg fez<br />
questão de manter a identidade visual da <strong>em</strong>presa que ocupava o prédio que hoje<br />
é a sede do Facebook <strong>para</strong> l<strong>em</strong>brar a todos de que ser grande hoje não significa<br />
manter-se vivo amanhã.<br />
"O Vale do Silício é um ambiente que inspira e transpira inovação,<br />
networking, cooperação, competitividade, cifras milionárias e muito<br />
suor. Longe do glamour das notícias de aportes milionários <strong>em</strong> startups,<br />
escritórios coloridos e jovens revolucionários, a realidade é mais dura<br />
do que parece. Afinal, <strong>em</strong> um ambiente <strong>em</strong> que a inovação é praticamente<br />
uma commodity, não há t<strong>em</strong>po a perder."<br />
34<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Martin Spier falando sobre como é trabalhar na Netflix <strong>em</strong> um bate-papo informal<br />
na Silicon House<br />
a <strong>em</strong>presa possa permanecer relevante<br />
e competitiva <strong>em</strong> um dos<br />
mercados mais acirrados do planeta.<br />
A inovação faz parte do dia<br />
a dia. Não é um ato isolado. Prova<br />
disso é como a <strong>em</strong>presa surgiu, há<br />
18 anos, e o que ela é hoje.<br />
Mas não é por isso que as inovações<br />
são desordenadas ou mal-<br />
-planejadas. Pelo contrário, um dos<br />
l<strong>em</strong>as deles é inspirado <strong>em</strong> uma<br />
frase de W. Edward D<strong>em</strong>ing (1900-<br />
1993), um consultor <strong>em</strong> gestão <strong>em</strong>presarial<br />
que, dentre outros feitos,<br />
teve grande relevância no desenvolvimento<br />
da economia do Japão<br />
pós-Segunda Guerra Mundial: “Em<br />
Deus, eu acredito; todos os outros<br />
dev<strong>em</strong> apresentar dados e fatos”.<br />
Lição 4 – Nunca tome decisões<br />
baseadas <strong>em</strong> instinto<br />
O que qualquer <strong>em</strong>presa pode aprender<br />
com a Netflix (ou: desmistificando a<br />
ideia de um bilhão de dólares)<br />
No segundo dia da viag<strong>em</strong>, fomos<br />
até Mountain View, cidade onde<br />
fica a sede do Google, visitar a<br />
Silicon House, uma <strong>em</strong>presa brasileira<br />
que promove consultoria,<br />
programas de imersão, workshops<br />
e eventos variados <strong>para</strong> <strong>em</strong>preendedores,<br />
investidores e interessados<br />
<strong>em</strong> entender melhor a cultura<br />
<strong>em</strong>preendedora do Vale <strong>em</strong> um<br />
ambiente caseiro e aconchegante.<br />
Em nossa visita, fomos recebidos<br />
pela fundadora Andrea Litto,<br />
que reside na região desde 1994,<br />
e tiv<strong>em</strong>os a oportunidade de conversar<br />
com Martin Spier, engenheiro<br />
de performance da Netflix,<br />
que compartilhou ensinamentos<br />
valiosos a respeito da <strong>em</strong>presa que<br />
é referência global <strong>em</strong> inovação.<br />
Por que a Netflix é o que é<br />
A Netflix quebrou <strong>para</strong>digmas no<br />
mercado não porque um dia seus<br />
fundadores Reed Hastings e Marc<br />
Randolph tiveram uma grande<br />
ideia que revolucionou a forma<br />
como as pessoas consom<strong>em</strong> conteúdo<br />
na televisão, mas pela sua<br />
cultura de inovação. A <strong>em</strong>presa<br />
foi fundada <strong>em</strong> 1997 com a proposta<br />
de alugar DVDs via internet.<br />
A ideia surgiu após Hastings ter<br />
tido que pagar 40 dólares de multa<br />
à Blockbuster por conta de um<br />
atraso na devolução de um filme.<br />
Esse ex<strong>em</strong>plo, aliás, ilustra b<strong>em</strong><br />
a orig<strong>em</strong> por trás de muitos dos<br />
negócios bilionários do Vale do Silício:<br />
o foco está <strong>em</strong> resolver probl<strong>em</strong>as,<br />
não <strong>em</strong> criar produtos. A Netflix<br />
é um perfeito resumo do que<br />
é, na prática, a cultura <strong>em</strong>preendedora<br />
do Vale: organizada, objetiva,<br />
rápida, solucionadora de probl<strong>em</strong>as.<br />
A <strong>em</strong>presa não acredita na<br />
ideia de um bilhão de dólares que<br />
vai surgir da noite <strong>para</strong> o dia e<br />
revolucionar o planeta, mas <strong>em</strong><br />
pequenas melhorias diárias baseadas<br />
<strong>em</strong> decisões e ações rápidas,<br />
mesmo que sutis, mas que, com o<br />
passar do t<strong>em</strong>po, faz<strong>em</strong> com que<br />
Nada do que é executado na Netflix<br />
é baseado no achismo ou <strong>em</strong> uma<br />
ord<strong>em</strong> que v<strong>em</strong> de cima. Assim<br />
como o palestrante do Content<br />
Marketing World Marcus Sheridan<br />
disse na página 52 d<strong>esta</strong> edição,<br />
na Netflix nenhuma opinião t<strong>em</strong><br />
valor – não importa o nível de<br />
experiência do profissional – se o<br />
argumento não estiver am<strong>para</strong>do<br />
por referências concretas. As inovações<br />
acontec<strong>em</strong> a partir de análises<br />
e estudos profundos. As métricas<br />
são a base da <strong>em</strong>presa <strong>para</strong><br />
gerar valor. Spier até brincou que<br />
a “Netflix é uma plataforma de<br />
coleta de dados de comportamento<br />
de usuários que, eventualmente,<br />
transmite filmes e seriados on-line”.<br />
Profissionais de alta performance +<br />
liberdade = inovação e resultados<br />
O modo de pensar e agir da Netflix<br />
e das pessoas que lá trabalham é<br />
livre. Não exist<strong>em</strong> processos ou<br />
regras. Os funcionários têm liberdade<br />
<strong>para</strong> tomar decisões e criar<br />
projetos que acredit<strong>em</strong> que pod<strong>em</strong><br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 35
ser agentes de inovação. A visão<br />
da <strong>em</strong>presa é de que é melhor<br />
perder dinheiro por ver uma ideia<br />
não funcionar do que correr o<br />
risco de que o concorrente tenha<br />
essa ideia antes.<br />
Isso tudo só é possível porque<br />
a <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> uma preocupação<br />
enorme com o recrutamento. Não<br />
há espaço <strong>para</strong> aprendizes no time.<br />
Todos os profissionais que<br />
trabalham lá são de alto nível e<br />
muito b<strong>em</strong>-r<strong>em</strong>unerados. O time<br />
é formado por pessoas autogerenciáveis<br />
e que sab<strong>em</strong> o que precisa<br />
ser feito. A Netflix não pensa<br />
duas vezes antes de contratar<br />
excelentes profissionais. S<strong>em</strong>pre<br />
há espaço <strong>para</strong> as pessoas de alta<br />
performance, mesmo quando não<br />
há vagas <strong>em</strong> aberto. O capital<br />
humano é muito valorizado.<br />
No Vale do Silício, há uma condição<br />
que foge à regra da maioria<br />
dos mercados: se normalmente é<br />
a <strong>em</strong>presa que escolhe qu<strong>em</strong> fará<br />
parte do seu time, por lá, <strong>em</strong> razão<br />
da escassez de talentos e da ampla<br />
oferta de <strong>em</strong>pregos na área de tecnologia,<br />
são os candidatos que<br />
acabam escolhendo as <strong>em</strong>presas<br />
<strong>em</strong> que vão trabalhar.<br />
Lição 5 – As pessoas que formam seu<br />
time são seu principal ativo<br />
Como funciona seu modelo de<br />
recrutamento (e d<strong>em</strong>issão)? Você<br />
já parou <strong>para</strong> pensar se está realmente<br />
comprometido <strong>em</strong> trazer<br />
profissionais extraordinários <strong>para</strong><br />
sua equipe ou se está apenas<br />
tapando buracos quando contrata<br />
alguém? Não são os aportes<br />
milionários que fizeram as gigantes<br />
do Vale do Silício ser<strong>em</strong> o que<br />
são, mas as pessoas que constro<strong>em</strong><br />
essas <strong>em</strong>presas dia após dia.<br />
O que você pode aprender<br />
com o modelo de gestão da<br />
Netflix<br />
1) A Netflix é muito rápida <strong>em</strong><br />
seu processo de recrutamento<br />
e d<strong>em</strong>issão. Se a pessoa t<strong>em</strong> o<br />
perfil, está contratada. Se não se<br />
encaixa, eles não pensam duas<br />
vezes antes de d<strong>em</strong>itir. No Vale,<br />
onde surge boa parte das grandes<br />
ideias do mundo, não há t<strong>em</strong>po<br />
a perder. O ritmo é acelerado<br />
e a meritocracia impera.<br />
2) A autonomia prevalece. Todos<br />
os profissionais do time de<br />
1.200 engenheiros da <strong>em</strong>presa<br />
têm acesso a dados restritos e<br />
têm autonomia até <strong>para</strong> tirar a<br />
Netflix do ar. Isso porque a <strong>em</strong>presa<br />
sabe que todos são maduros<br />
o suficiente <strong>para</strong> absorver<br />
tamanha carga de responsabilidade.<br />
3) A equipe é independente,<br />
mas integrada. Enquanto algumas<br />
<strong>em</strong>presas globais de tecnologia<br />
têm seus times espalhados<br />
pelo mundo, a Netflix<br />
concentra todos os seus engenheiros<br />
no mesmo prédio, na<br />
cidade de Los Gatos (Califórnia,<br />
EUA), <strong>para</strong> facilitar os debates<br />
e acelerar a velocidade com que<br />
as informações circulam e as<br />
ideias acontec<strong>em</strong>.<br />
Visitamos a Stanford University, onde aprend<strong>em</strong>os sobre a história da universidade<br />
e as origens do Vale do Silício. Lá, conhec<strong>em</strong>os o prédio da The D. School, uma<br />
das mais prestigiadas escolas de design do planeta. É de lá que sa<strong>em</strong> muitas das<br />
inovações que v<strong>em</strong>os mundo afora.<br />
"Você já parou <strong>para</strong> pensar se está realmente comprometido <strong>em</strong> trazer<br />
profissionais extraordinários <strong>para</strong> sua equipe ou se está apenas<br />
tapando buracos quando contrata alguém? Não são os aportes<br />
milionários que fizeram as gigantes do Vale do Silício ser<strong>em</strong> o que são,<br />
mas as pessoas que constro<strong>em</strong> essas <strong>em</strong>presas dia após dia."<br />
4) O conceito de liderança é<br />
quase inexistente. Em razão do<br />
ambiente focado <strong>em</strong> dar autonomia<br />
a qu<strong>em</strong> faz acontecer,<br />
não exist<strong>em</strong> líderes dizendo o<br />
que cada um precisa fazer. As<br />
pessoas conhec<strong>em</strong> suas obrigações<br />
e, por isso, perde-se<br />
pouco t<strong>em</strong>po com reuniões e<br />
debates desnecessários. Isso<br />
também se reflete nos horários<br />
de trabalho. As pessoas<br />
têm liberdade <strong>para</strong> cumprir os<br />
36<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
horários de trabalho da forma<br />
que b<strong>em</strong> entender<strong>em</strong>.<br />
5) Há um olhar diferente sobre<br />
custos. Um ambiente tão livre<br />
e informal mas, ao mesmo t<strong>em</strong>po,<br />
focado <strong>em</strong> inovação, faz com<br />
que vez ou outra um mesmo<br />
projeto acabe sendo desenvolvido<br />
ao mesmo t<strong>em</strong>po por diferentes<br />
pessoas, o que naturalmente<br />
gera um custo desnecessário<br />
e t<strong>em</strong>po perdido. Mas<br />
o que poderia ser uma dor de<br />
cabeça <strong>para</strong> boa parte dos gestores<br />
do mundo, na Netflix é<br />
encarado como ossos do ofício.<br />
Em um mercado <strong>em</strong> que a velocidade<br />
da execução é fundamental,<br />
a visão da <strong>em</strong>presa é<br />
de que os custos desnecessários<br />
causados por ações de melhoria<br />
duplicadas faz<strong>em</strong> parte do jogo.<br />
É preferível absorver o custo e<br />
assumir o erro <strong>em</strong> razão da cultura<br />
da inovação contínua.<br />
6) A cultura do erro é celebrada.<br />
Enquanto no Brasil t<strong>em</strong>os a visão<br />
de que o erro é algo abominável,<br />
que deve ser evitado e escondido,<br />
por lá ele é parte crucial do<br />
processo de evolução. Spier falou<br />
que eles erram bastante, mas é<br />
isso que os faz ser<strong>em</strong> rápidos<br />
nas inovações. A visão é: construir,<br />
t<strong>esta</strong>r, aprender e melhorar.<br />
Muito rápido. “A inovação é muito<br />
mais importante do que o risco<br />
que corr<strong>em</strong>os por não mudar”,<br />
disse o engenheiro.<br />
7) Não há espaço <strong>para</strong> o ego.<br />
Todos os integrantes do time<br />
de engenharia, por ex<strong>em</strong>plo,<br />
têm o mesmo cargo descrito<br />
<strong>em</strong> seu cartão de visitas. Não<br />
exist<strong>em</strong> nomes bonitos <strong>para</strong><br />
impressionar e n<strong>em</strong> compromisso<br />
com rótulos. O que importa<br />
é a cultura de inovação – e<br />
o resultado, claro.<br />
Uma das <strong>para</strong>das da viag<strong>em</strong> foi uma visita à sede da Salesforce, uma das maiores<br />
<strong>em</strong>presas de CRM do mundo.<br />
Para pensar<br />
Nos últimos anos, o Vale do Silício<br />
entrou <strong>em</strong> voga. Muitos o consideram<br />
a Disneylândia dos <strong>em</strong>preendedores.<br />
Por mais que tamanha<br />
popularidade tenha contribuído<br />
<strong>para</strong> que a visão sobre o que é, de<br />
fato, o Vale tenha sido deturpada,<br />
a verdade é que fazer uma imersão<br />
nessa realidade, ainda tão distante<br />
da maioria das <strong>em</strong>presas brasileiras,<br />
é extr<strong>em</strong>amente inspirador.<br />
Pelo pouco que compartilhamos<br />
n<strong>esta</strong>s páginas, você já pode<br />
ter uma ideia, mas os ensinamentos<br />
vão além. Durante a viag<strong>em</strong>,<br />
participamos de inúmeras atividades,<br />
conhec<strong>em</strong>os pessoas extraordinárias<br />
e tiv<strong>em</strong>os contato<br />
com <strong>em</strong>presas incríveis. Os ensinamentos<br />
são <strong>para</strong> a vida toda.<br />
Além do que registramos aqui,<br />
participamos ainda de um evento<br />
de networking segmentado <strong>para</strong> o<br />
mercado sul-americano organizado<br />
pela Zendesk, uma gigante do Vale;<br />
descobrimos que algumas <strong>em</strong>presas<br />
brasileiras estão enviando pequenos<br />
times de T.I. <strong>para</strong> tocar seus projetos<br />
<strong>em</strong> aceleradoras de startups com<br />
acesso a uma poderosa rede de contatos;<br />
visitamos a impressionante<br />
sede da Salesforce, onde fomos recebidos<br />
por um brasileiro que integra<br />
o time comercial da <strong>em</strong>presa;<br />
fiz<strong>em</strong>os um tour pelos corredores<br />
do Facebook, onde também fomos<br />
recebidos por uma brasileira que<br />
faz parte da equipe de big data da<br />
rede social e conversamos longamente<br />
sobre mídias sociais e tendências<br />
no comportamento humano;<br />
e tiv<strong>em</strong>os diversos bate-papos<br />
enriquecedores com <strong>em</strong>preendedores<br />
brasileiros e americanos. Foi<br />
uma experiência extraordinária!<br />
Toda viag<strong>em</strong> é capaz de mudar<br />
uma vida. E quando a viag<strong>em</strong> é focada<br />
<strong>em</strong> trabalho, não se volta dela<br />
s<strong>em</strong> a mente transformada. Passar<br />
alguns dias vivenciando a realidade<br />
de um dos mercados mais ricos, inovadores<br />
e diferenciados do planeta<br />
é algo que pode transformar sua<br />
vida – e o futuro de sua <strong>em</strong>presa.<br />
Saiba mais<br />
A equipe da <strong>VendaMais</strong> participou da Missão<br />
Internacional de Negócios ao Vale do<br />
Silício a convite de seus organizadores,<br />
André Bianchi e Joyce Bianchi. A missão<br />
acontece diversas vezes ao ano. Para obter<br />
mais informações, ligue <strong>para</strong> (11) 942-<br />
300-438, escreva <strong>para</strong> negocio@amagiadomundodosnegocios.com.br<br />
ou acesse<br />
bit.ly/missaovale.<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 37
Negociação<br />
Silvia Candeloro<br />
Aprendendo<br />
com a prática<br />
I<br />
nteressado <strong>em</strong> expandir seu b<strong>em</strong>-sucedido negócio<br />
<strong>para</strong> os Estados Unidos, um grupo de <strong>em</strong>presários<br />
brasileiros do ramo de alimentação me chamou<br />
<strong>para</strong> ajudar. Minha missão era estudar o mercado<br />
da região de Miami, escolher possíveis pontos,<br />
negociar com os proprietários, os fornecedores e<br />
organizar a montag<strong>em</strong> e a inauguração <strong>em</strong> nome<br />
do grupo.<br />
Depois de algumas s<strong>em</strong>anas visitando diversos<br />
lugares s<strong>em</strong> me apaixonar por nenhum e já começando<br />
a desanimar, passei por um café de lanches<br />
rápidos e naturais b<strong>em</strong>-montado e num ponto bastante<br />
privilegiado e não tive dúvidas de que seria<br />
o local adequado. O único probl<strong>em</strong>a é que <strong>esta</strong>va<br />
funcionando e o corretor que nos acompanhava<br />
achava maluquice tentar abordar um negócio <strong>em</strong><br />
funcionamento, ainda mais tendo diversas opções<br />
disponíveis que, ao seu ver, eram boas.<br />
Mas, como sou insistente e dificilmente<br />
aceito não como resposta,<br />
fui conversar com a gerente. S<strong>em</strong><br />
explicar exatamente o motivo, insisti<br />
que precisava do contato do<br />
dono. Ela foi um pouco resistente,<br />
mas acabou me dando o e-mail<br />
dele. Passei o desafio <strong>para</strong> o corretor,<br />
que não punha muita fé no contato,<br />
mas – talvez <strong>para</strong> me provar<br />
que eu <strong>esta</strong>va sonhando – aceitou<br />
o desafio. Com um pouco de trabalho,<br />
ele descobriu que o dono tinha,<br />
afinal, interesse <strong>em</strong> sair dali!<br />
1 a lição – Pense no melhor cenário<br />
<strong>para</strong> você, mesmo que pareça<br />
impossível.<br />
38<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
2 a lição – Cuide <strong>para</strong> não deixar<br />
que pessoas próximas, b<strong>em</strong>-intencionadas<br />
e muitas vezes do<br />
seu próprio time o convençam a<br />
não negociar alguma coisa porque<br />
parece inviável. Fora a morte, tudo<br />
na vida é negociável!<br />
3 a lição – Comunique-se! Falta<br />
de comunicação ou comunicação<br />
ineficiente é o grande mal do momento.<br />
Não tenha receio de perguntar,<br />
ir atrás, falar das suas<br />
intenções, tentar possibilidades.<br />
Estabelecido o contato, o proprietário<br />
pediu US$ 375 mil <strong>para</strong><br />
passar o ponto com as benfeitorias<br />
e alguns equipamentos, e deixou<br />
b<strong>em</strong> claro que não haveria negociação.<br />
Eu tinha duas opções: acreditar<br />
que ele realmente não aceitaria<br />
um valor menor e sair da negociação,<br />
já que não estávamos<br />
dispostos a chegar àquele valor,<br />
ou tentar.<br />
Esperei uns dias e pedi <strong>para</strong><br />
o corretor fazer uma contraproposta<br />
de US$ 225 mil. Ele, também<br />
brasileiro, ficou aborrecido comigo<br />
e tentou me explicar que, nos<br />
EUA, as coisas são diferentes, que<br />
essa forma de negociar só funcionava<br />
no Brasil. Negociar com<br />
o corretor e tentar fazer com que<br />
ele me representasse perante o<br />
cliente foi quase mais difícil que<br />
a negociação com o proprietário<br />
da loja! Para ajudar no processo,<br />
ofereci um percentual sobre o<br />
desconto <strong>para</strong> ele – assim ele se<br />
motivava a tentar.<br />
Todo o esforço valeu a pena,<br />
pois, depois de algumas idas e vindas,<br />
eles aceitaram US$ 230 mil!<br />
Ficamos todos muito contentes.<br />
4 a lição – Numa negociação,<br />
todos estão pensando: “O que eu<br />
ganho com isso?” Então, leve isso<br />
<strong>em</strong> consideração s<strong>em</strong>pre que várias<br />
partes estiver<strong>em</strong> envolvidas.<br />
5 a lição – Deixar uma negociação<br />
“esfriar” faz a outra parte se angustiar<br />
e amolecer. Use o t<strong>em</strong>po<br />
a seu favor – e tenha muita calma<br />
quando o usar<strong>em</strong> contra você.<br />
6 a lição – Não leve a outra parte<br />
tão a sério, é muito difícil saber<br />
quando estão blefando e realmente<br />
descobrir qual é seu limite.<br />
Sendo assim, trabalhe com foco<br />
no seu objetivo.<br />
Mas n<strong>em</strong> tudo <strong>esta</strong>va ganho.<br />
A complexidade <strong>esta</strong>va na quantidade<br />
de pessoas (e <strong>em</strong>presas)<br />
com interesses específicos: o café<br />
tinha um proprietário, mas o<br />
espaço <strong>esta</strong>va alocado <strong>em</strong> um<br />
edifício que é do Bank of America,<br />
mas que já foi negociado e,<br />
a partir de 2018, será de outro<br />
grupo investidor, que também<br />
tinha interesses e precisava aprovar<br />
a transação. Ou seja, os vendedores<br />
eram quatro “entidades<br />
diferentes”, cada uma negociando<br />
seus próprios interesses. Tinha,<br />
ainda, o corretor, tentando intermediar,<br />
e eu, representando os<br />
sócios brasileiros.<br />
Resumindo: eram tantos contratos<br />
longos e advogados intermediando<br />
e tentando preservar<br />
os interesses das partes que representavam<br />
que a negociação<br />
ficou lenta. O maior interessado<br />
– o dono do café, que desejava<br />
sair e que <strong>esta</strong>va pagando aluguel<br />
– resolveu pressionar o fechamento<br />
e definiu um prazo <strong>para</strong><br />
as negociações, alegando que tinha<br />
outros interessados no ponto.<br />
Finalizada a diligência prévia<br />
(due diligence), ele cumpriu o que<br />
prometeu e saiu da negociação.<br />
Ou seja,a negociação era complexa,<br />
durou meses e envolvia muito<br />
dinheiro, mas acabou no perde-<br />
-perde, ou seja, não foi fechada.<br />
7 a lição – Tenha cuidado <strong>para</strong><br />
não blefar e se colocar <strong>em</strong> um<br />
beco s<strong>em</strong> saída, como pode ter<br />
acontecido com o dono do café.<br />
8 a lição – Assim como o dono do<br />
café, que deixou a negociação<br />
findado o prazo <strong>esta</strong>belecido, s<strong>em</strong>pre<br />
cumpra o que prometer!<br />
9 a lição – Trabalhe junto ao departamento<br />
jurídico <strong>para</strong> que a<br />
redação do contrato seja rápida<br />
e com cláusulas equilibradas.<br />
10 a lição – Faça o possível <strong>para</strong><br />
conversar diretamente com a pessoa<br />
que decide. Negociar com muitos<br />
intermediadores dificulta e<br />
atrapalha o processo.<br />
11 a lição – Na prática, negociar<br />
é ter um sonho e enfrentar todos<br />
os desafios que vão aparecer com<br />
estratégia, paciência e muito foco.<br />
Observe que todas as lições<br />
serv<strong>em</strong> <strong>para</strong> qu<strong>em</strong> compra, qu<strong>em</strong><br />
vende e que intermedia. Use-as a<br />
seu favor <strong>em</strong> sua próxima negociação.<br />
Bons negócios!<br />
"Faça o possível<br />
<strong>para</strong> conversar<br />
diretamente com<br />
a pessoa que<br />
decide. Negociar<br />
com muitos<br />
intermediadores<br />
dificulta e atrapalha<br />
o processo."<br />
Silvia Candeloro é especialista<br />
e estudiosa na área<br />
de negociação, treina equipes<br />
comerciais e assessora<br />
<strong>em</strong>presários e executivos,<br />
além de ser palestrante.<br />
Possui MBA <strong>em</strong><br />
Gestão Empresarial pela<br />
FGV, é professora de Negociação<br />
no Centro Europeu<br />
e autora do Kit de Negociação<br />
<strong>VendaMais</strong>. Foi, durante<br />
16 anos, sócia e diretora<br />
da Editora Quantum.<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 39
CAPA<br />
Você está<br />
<strong>pre<strong>para</strong>do</strong><br />
<strong>para</strong> <strong>vender</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>2020</strong>?<br />
Por Natasha Schiebel<br />
40<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
ossa, como o t<strong>em</strong>po está passando<br />
“N<br />
rápido.” “Parece que foi ont<strong>em</strong> que<br />
2016 começou.” “Daqui a pouco, os<br />
mercados já <strong>esta</strong>rão todos decorados<br />
<strong>para</strong> o Natal novamente.”<br />
Frases como essas são ditas anualmente por (quase)<br />
todo mundo, concorda? Foi justamente por causa dessa<br />
impressão generalizada de que “o t<strong>em</strong>po voa” que chegamos<br />
à conclusão de que aproveitar janeiro de 2017 <strong>para</strong><br />
ajudá-lo a se pre<strong>para</strong>r <strong>para</strong> <strong>2020</strong> era uma boa ideia. Afinal,<br />
três anos passam num piscar de olhos, não é mesmo?<br />
É verdade que não foram poucas as vezes <strong>em</strong> que falamos<br />
sobre a importância do planejamento <strong>para</strong> o sucesso<br />
<strong>em</strong> vendas aqui na <strong>VendaMais</strong>. Ao longo dos mais de<br />
vinte anos de história, publicamos diversos artigos, reportagens<br />
e entrevistas sobre o t<strong>em</strong>a. Além disso, <strong>em</strong> 2014,<br />
realizamos a pesquisa mais completa sobre Planejamento<br />
Estratégico Comercial (PEC) já feita no Brasil e, a partir<br />
dela, elaboramos uma edição especial sobre o t<strong>em</strong>a, que<br />
foi publicada <strong>em</strong> outubro daquele ano e está disponível<br />
<strong>para</strong> download <strong>em</strong> bit.ly/vm-pec.<br />
Nosso objetivo s<strong>em</strong>pre foi fazer<br />
você pensar no longo prazo e planejar<br />
as ações necessárias <strong>para</strong><br />
chegar “ao futuro” b<strong>em</strong> <strong>pre<strong>para</strong>do</strong>,<br />
mas, até o momento, nunca tínhamos<br />
<strong>esta</strong>belecido um prazo específico<br />
<strong>para</strong> seu planejamento – s<strong>em</strong>pre<br />
falamos sobre a importância<br />
de pensar lá na frente e o ajudamos<br />
a construir o caminho até lá.<br />
D<strong>esta</strong> vez, porém, quer<strong>em</strong>os ir<br />
além. Quer<strong>em</strong>os que você transforme<br />
<strong>2020</strong> <strong>em</strong> meta! E que se prepare,<br />
de verdade, <strong>para</strong> esse futuro<br />
próximo. Para isso, fiz<strong>em</strong>os uma<br />
viag<strong>em</strong> no t<strong>em</strong>po <strong>para</strong> analisar as<br />
principais transformações pelas<br />
quais o mercado de vendas passou<br />
recent<strong>em</strong>ente (e ainda v<strong>em</strong> passando),<br />
estudamos as tendências<br />
que dev<strong>em</strong> nos acompanhar daqui<br />
<strong>para</strong> frente e garantimos: o caminho<br />
do seu sucesso como vendedor<br />
passa por três pilares. Quer saber<br />
quais são eles? Leia <strong>esta</strong> matéria<br />
e, depois, responda: você está <strong>pre<strong>para</strong>do</strong><br />
<strong>para</strong> <strong>vender</strong> <strong>em</strong> <strong>2020</strong>?<br />
Mudanças e impactos<br />
“O mercado de vendas mudou muito<br />
nos últimos t<strong>em</strong>pos. No começo<br />
dos anos 2000, chegou ao Brasil a<br />
tão famosa venda consultiva, que<br />
pregava que o vendedor era um<br />
consultor de clientes. Os que entenderam<br />
isso lá atrás aprenderam<br />
a praticar a maior habilidade de<br />
comunicação, atendimento e negociação<br />
da história: saber investigar<br />
o cliente antes de propor<br />
algo <strong>para</strong> ele”, analisa Marcelo<br />
Ortega, palestrante, consultor e<br />
treinador de equipes comerciais.<br />
Uma das consequências dessa<br />
transformação, segundo Ortega, é<br />
que os “<strong>em</strong>purradores” de produtos<br />
ou serviços – profissionais que não<br />
praticam a regra “entender antes<br />
de atender” – foram ficando <strong>para</strong><br />
trás. Para ele, há uma década, vendas<br />
era uma profissão de exclusão.<br />
Qu<strong>em</strong> não desse certo <strong>em</strong> nada<br />
servia <strong>para</strong> ser vendedor. Isso fez<br />
com que muita gente iniciasse a<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 41
Marcelo Ortega<br />
carreira na área enxergando o trabalho<br />
como t<strong>em</strong>porário, e apesar<br />
de alguns até ter<strong>em</strong> encontrado<br />
seu caminho nesse mercado, a<br />
maioria acabou procurando outras<br />
atividades com o passar dos anos,<br />
o que enfraqueceu até mesmo as<br />
<strong>em</strong>presas mais dedicadas a construir<br />
um trabalho consistente <strong>em</strong><br />
vendas, já que um dos pilares de<br />
qualquer organização de sucesso<br />
é uma equipe forte – o que é impossível<br />
de conseguir quando o<br />
turnover é muito alto.<br />
Mas Ortega garante que as coisas<br />
estão mudando. E explica o<br />
porquê. “Atualmente, com o cliente<br />
exercendo um papel ainda mais<br />
significativo <strong>para</strong> a lucratividade<br />
de uma <strong>em</strong>presa e com a consciência<br />
de que todos somos responsáveis<br />
pelos clientes, treinar vendedores<br />
e áreas afins se tornou<br />
uma vantag<strong>em</strong> competitiva principalmente<br />
na crise, quando há<br />
menos gente comprando e mais<br />
gente precisando <strong>vender</strong>. Portanto,<br />
qu<strong>em</strong> quer ser um vendedor de<br />
sucesso precisa – e precisará cada<br />
vez mais – aprender técnicas novas<br />
de vendas consultivas e <strong>em</strong>preendedoras,<br />
que visam colocar o cliente<br />
como protagonista do processo.<br />
Não basta mais simplesmente ‘<strong>esta</strong>r’<br />
vendedor, é preciso ser vendedor.<br />
Esse é o caminho e a grande<br />
mudança", completa o especialista.<br />
César Frazão, consultor especialista<br />
<strong>em</strong> técnicas de vendas e<br />
motivação, concorda com o colega<br />
e acrescenta: “A concorrência aumentou<br />
com crescimento da economia<br />
brasileira (até antes da crise<br />
que viv<strong>em</strong>os atualmente) e, com<br />
isso, os mercados de um modo<br />
geral ficaram mais competitivos e<br />
mais exigentes, o que obrigou as<br />
<strong>em</strong>presas e, principalmente, os<br />
vendedores a elevar<strong>em</strong> seu grau<br />
de especialização. Os que não voltaram<br />
a estudar, a se aperfeiçoar<br />
e se reinventar estão <strong>em</strong> sérias<br />
dificuldades hoje <strong>em</strong> dia.”<br />
César Frazão<br />
Ainda nessa linha de raciocínio,<br />
Thiago Concer, sócio-fundador do<br />
IEV (Instituto de Especialização <strong>em</strong><br />
Vendas), a maior escola de vendas<br />
do Brasil, afirma: “Em pouco t<strong>em</strong>po,<br />
o vendedor transacional, que apenas<br />
tira pedido e entrega produto, não<br />
vai mais existir. O vendedor terá<br />
que fazer o que uma máquina não<br />
faz: encantar, defender valor e entender<br />
como pode ajudar o cliente<br />
com o produto ou serviço que representa,<br />
pensando s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> trazer<br />
lucro <strong>para</strong> a <strong>em</strong>presa.” Isso porque,<br />
como l<strong>em</strong>bra Frazão, os clientes<br />
não quer<strong>em</strong> mais ser atendidos por<br />
vendedores amadores e desonestos.<br />
“Os consumidores estão muito mais<br />
exigentes, esperam ser atendidos<br />
por especialistas que tenham como<br />
objetivo atender seus desejos, necessidades<br />
e sonhos da melhor e<br />
mais hon<strong>esta</strong> forma possível. Nesse<br />
sentido, é preciso atender com o<br />
foco no cliente <strong>em</strong> si, e não com o<br />
foco no bolso dele."<br />
O papel da tecnologia<br />
Além das transformações no processo<br />
de vendas <strong>em</strong> si, os especialistas<br />
também concordam que a<br />
evolução tecnológica teve um impacto<br />
grande na área comercial<br />
recent<strong>em</strong>ente. Na base dessa mudança<br />
estão as redes sociais e os<br />
sist<strong>em</strong>as de CRM. Um dos ex<strong>em</strong>plos<br />
mais evidentes é o crescimento do<br />
WhatsApp nas relações entre vendedores,<br />
clientes, fornecedores e<br />
equipe e também no processo de<br />
vendas. “Nunca uma ferramenta<br />
ganhou tanto espaço tão rápido<br />
nas vendas como o app de mensagens<br />
instantâneas. O próprio e-<br />
-mail d<strong>em</strong>orou anos <strong>para</strong> ter a<br />
audiência que o ‘Whats’ conseguiu<br />
<strong>em</strong> poucos meses. Os vendedores<br />
e as <strong>em</strong>presas precisam aprender<br />
a lidar com esse novo canal de vendas<br />
e incorporá-lo de fato <strong>em</strong> seu<br />
dia a dia de maneira profissional<br />
42<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Thiago Concer<br />
e produtiva se quiser<strong>em</strong> <strong>esta</strong>r presentes<br />
no mercado daqui <strong>para</strong> frente”,<br />
alerta Frazão. O mesmo vale<br />
<strong>para</strong> tecnologias que ainda n<strong>em</strong><br />
foram inventadas. Talvez, o Whats-<br />
App n<strong>em</strong> seja mais o grande canal<br />
<strong>em</strong> <strong>2020</strong>, mas o que importa é saber<br />
qual é o grande canal do momento<br />
e usá-lo a seu favor <strong>para</strong> se relacionar<br />
com qu<strong>em</strong> importa.<br />
Concer se une ao debate e acrescenta<br />
que CRMs e mídias sociais<br />
deram agilidade ao trabalho dos<br />
profissionais de vendas e permitiram<br />
que os vendedores passass<strong>em</strong><br />
a fazer tudo ao mesmo t<strong>em</strong>po: gestão<br />
da carteira, prospecção de clientes<br />
e oferta de mais produtos do<br />
mix. Porém, n<strong>em</strong> todo mundo<br />
aprendeu a lidar com essa aceleração.<br />
“V<strong>em</strong>os a dificuldade de representantes,<br />
gestores e vendedores<br />
que não entenderam a utilização<br />
dos estudos de perfil de consumo<br />
e tecnologias como novos canais”,<br />
analisa. E muitas oportunidades<br />
são perdidas por conta disso.<br />
Mas essa é apenas a ponta do<br />
iceberg no que diz respeito às mudanças<br />
trazidas pela tecnologia<br />
<strong>para</strong> a área comercial. Na opinião<br />
de João Alberto Costenaro, consultor,<br />
palestrante e instrutor nas áreas<br />
de vendas, liderança e coaching,<br />
a mudança mais relevante nos últimos<br />
anos foi a redução acentuada<br />
dos contatos presenciais com o<br />
objetivo de <strong>vender</strong> e, consequent<strong>em</strong>ente,<br />
a ampliação nos recursos<br />
de contato não presencial com o<br />
cliente (o inside sales, conceito apresentado<br />
por Diego Cordovez na<br />
seção “Entrevista” d<strong>esta</strong> edição, é<br />
a prova disso). “Com tudo isso, ficou<br />
ainda mais necessário levantar<br />
dados do mercado e do cliente específico<br />
<strong>em</strong> profundidade <strong>para</strong><br />
conquistar bons resultados. Claro<br />
que isso também serve <strong>para</strong> o cliente,<br />
que, agora, acessa inúmeros<br />
concorrentes e opções <strong>em</strong> nível<br />
global mais facilmente”, declara.<br />
Na visão de Costenaro, esse<br />
novo cenário obriga os vendedores<br />
a ampliar suas competências e a<br />
trabalhar quatro áreas específicas:<br />
1- Eles precisam se tornar especialistas<br />
<strong>em</strong> criar vínculos a<br />
distância, com o objetivo de<br />
<strong>esta</strong>belecer um relacionamento<br />
de confiança.<br />
2- Dev<strong>em</strong> desenvolver habilidades<br />
de fazer com que o cliente os<br />
percebam como experts na aplicação<br />
de seus produtos ou serviços<br />
na realidade dele e criar<br />
e manter sua marca pessoal<br />
forte no mercado <strong>em</strong> que atuam.<br />
3- Ter domínio das técnicas de<br />
persuasão por meio da escrita,<br />
tanto <strong>para</strong> textos quanto <strong>para</strong><br />
João Alberto Costenaro<br />
a elaboração de roteiros <strong>para</strong><br />
eventuais vídeos destinados<br />
ao cliente.<br />
4- Aprender a levantar dados e<br />
usá-los <strong>em</strong> profundidade, utilizando-se,<br />
inclusive, das técnicas<br />
do chamado “big data”.<br />
As transformações<br />
do cliente<br />
Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que tudo isso<br />
acontece, o cliente também passa<br />
por transformações. Mais b<strong>em</strong>-<br />
-informado, com acesso a informações<br />
mais completas sobre produtos<br />
e serviços e conhecedor dos players<br />
dos mercados de seu interesse, esses<br />
clientes também mudam seu comportamento<br />
de compra. Nessa esfera,<br />
quatro tendências se d<strong>esta</strong>cam<br />
na opinião de Matthew Dixon e<br />
Brent Adamson, autores do livro A<br />
venda desafiadora. São elas:<br />
a) Ascensão das vendas baseadas<br />
<strong>em</strong> consenso – “Dado o grau<br />
de incerteza quanto ao retorno da<br />
compra de uma solução complexa,<br />
mesmo executivos de nível C com<br />
razoável autoridade hesitam <strong>em</strong><br />
assinar uma compra de grandes<br />
proporções s<strong>em</strong> o apoio de sua<br />
equipe. Nossas pesquisas no SEC<br />
indicam que a aprovação geral da<br />
equipe a um determinado fornecedor<br />
é a primeira coisa que os<br />
gerentes procuram ao tomar uma<br />
decisão de compra”, revelam.<br />
b) Maior aversão ao risco – “À<br />
medida que os contratos cresc<strong>em</strong><br />
<strong>em</strong> complexidade e custo, a maioria<br />
dos clientes passa a se preocupar<br />
b<strong>em</strong> mais com o retorno sobre seu<br />
investimento. Assim, muitos requisitam<br />
com insistência que seus fornecedores<br />
explicit<strong>em</strong> os riscos envolvidos<br />
nessas soluções, percebidos<br />
como mais altos”, explicam.<br />
c) Maior d<strong>em</strong>anda por customização<br />
– “Embora os fornecedores<br />
tendam a ver a customização<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 43
apenas do ponto de vista do custo,<br />
os clientes a consideram parte da<br />
promessa de venda de uma solução”,<br />
indicam os pesquisadores.<br />
d) A ascensão dos consultores<br />
externos – “Nos últimos anos,<br />
assistimos ao vertiginoso e perturbador<br />
aumento do número de<br />
consultores externos contratados<br />
pelos clientes <strong>para</strong> ajudá-los a extrair<br />
o maior valor possível da decisão<br />
de compra. (...) De modo geral,<br />
esses novos consultores vendiam<br />
seus serviços alardeando sua<br />
capacidade de ajudar as <strong>em</strong>presas<br />
a economizar. Nesse caso, extrair<br />
o maior valor possível da decisão<br />
de compra a rigor não queria dizer<br />
nada além de fazer tudo o que estivesse<br />
ao seu alcance <strong>para</strong> reduzir<br />
o preço dos fornecedores, a ponto<br />
de auditar contratos anteriores <strong>em</strong><br />
busca de possibilidades de renegociação.”<br />
Sim, <strong>vender</strong> ficou mais difícil.<br />
A pergunta que fica, então, é: qu<strong>em</strong><br />
dá conta de tudo isso?<br />
O vendedor <strong>2020</strong><br />
Adequar-se a esse novo t<strong>em</strong>po e<br />
se d<strong>esta</strong>car <strong>em</strong> meio a tantas transformações<br />
pode parecer uma missão<br />
impossível. Mas não é. Essas<br />
e várias outras tendências e mudanças<br />
pelas quais o mercado de<br />
vendas passa abriram caminho<br />
<strong>para</strong> Raul Candeloro e Marcelo<br />
Caetano, diretores da <strong>VendaMais</strong>,<br />
apresentar<strong>em</strong> os pilares que dev<strong>em</strong><br />
orientar o sucesso <strong>em</strong> vendas<br />
daqui <strong>para</strong> frente.<br />
No evento Masterclass Rethink<br />
<strong>VendaMais</strong>, que aconteceu<br />
no fim do ano passado, <strong>em</strong> Curitiba<br />
(PR), e no qual Candeloro e<br />
Caetano debateram com líderes<br />
de venda e diretores <strong>em</strong>presas dos<br />
mais diversos tamanhos e segmentos<br />
o futuro da área comercial,<br />
os especialistas trouxeram à tona<br />
uma constatação feita pelo Conselho<br />
Executivo de Vendas (SEC,<br />
na sigla <strong>em</strong> inglês) dos Estados<br />
Unidos <strong>em</strong> uma pesquisa feita<br />
recent<strong>em</strong>ente e que foi o ponto de<br />
partida <strong>para</strong> o livro A venda desafiadora<br />
– Assumindo o controle<br />
da conversa com o cliente: as vendas<br />
baseadas <strong>em</strong> relacionamento estão<br />
com os dias contados! O mundo,<br />
agora, é do vendedor que sabe ser<br />
desafiador, consultivo e <strong>em</strong>preendedor.<br />
Tudo isso ao mesmo t<strong>em</strong>po.<br />
Entenda o que isso significa<br />
e comece a trabalhar <strong>para</strong> desenvolver<br />
esse perfil!<br />
O vendedor desafiador<br />
Em um mercado recessivo, enquanto<br />
a maioria dos vendedores<br />
se bate <strong>para</strong> atingir as metas mais<br />
simples, por que outros conquistam<br />
resultados surpreendentes?<br />
E qu<strong>em</strong> são esses “outros”?<br />
Essas dúvidas, comuns <strong>em</strong><br />
qualquer roda <strong>em</strong> que a conversa<br />
seja sobre vendas, nortearam a<br />
pesquisa do SEC – que, <strong>para</strong> entender<br />
o mercado de verdade, entrevistou<br />
mais de 6 mil pessoas.<br />
44<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Os cinco perfis de vendedores<br />
Para entender melhor cada perfil de profissional de vendas, Dixon e<br />
Adamson dividiram os participantes de suas pesquisas <strong>em</strong> cinco padrões:<br />
Matthew Dixon e Brent Adamson<br />
Empenhado Desafiador Construtor de<br />
relacionamentos<br />
S<strong>em</strong>pre disposto<br />
a ir além<br />
Não desiste com<br />
facilidade<br />
S<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong><br />
uma visão<br />
de mundo<br />
diferente<br />
Compreende<br />
as atividades<br />
do cliente<br />
T<strong>em</strong> clientes<br />
defensores, que<br />
são apaixonados<br />
pela organização<br />
que representam<br />
Generoso <strong>em</strong><br />
dedicar seu t<strong>em</strong>po<br />
a ajudar os outros<br />
Motivado Adora discutir Se dá b<strong>em</strong> com<br />
todos<br />
Interessado<br />
<strong>em</strong> feedback e<br />
desenvolvimento<br />
Instiga o<br />
cliente<br />
*Fonte: Pesquisa do SEC, adaptada <strong>para</strong> o livro A venda desafiadora<br />
Lobo<br />
solitário<br />
Segue seus<br />
próprios<br />
instintos<br />
Autocontrolado<br />
Difícil de<br />
controlar<br />
Solucionador reativo<br />
de probl<strong>em</strong>as<br />
Responde de<br />
maneira confiável<br />
Trata de solucionar<br />
todos os probl<strong>em</strong>as<br />
Detalhista<br />
A principal descoberta foi que<br />
esses profissionais atend<strong>em</strong> pelo<br />
nome de “desafiadores”. E seu perfil<br />
começou a se desenhar <strong>para</strong> os<br />
executivos do SEC a partir das<br />
seguintes constatações: “O perfil<br />
com maiores chances de êxito não<br />
alcançava o sucesso devido à economia<br />
<strong>em</strong> baixa, mas independente<br />
dela. Esses profissionais<br />
deviam seus bons resultados ao<br />
conhecimento e ao domínio que<br />
tinham das vendas complexas, e<br />
não de uma economia complexa.<br />
Em outras palavras, uma vez desvendado<br />
o mistério de seu des<strong>em</strong>penho<br />
<strong>em</strong> uma economia <strong>em</strong> queda,<br />
descobrimos algo muito maior<br />
do que havíamos esperado. Os<br />
melhores representantes de vendas<br />
– aqueles que carregaram<br />
suas respectivas <strong>em</strong>presas nas<br />
costas durante a crise – não são<br />
apenas os heróis de hoje, mas também<br />
os de amanhã, na medida <strong>em</strong><br />
que são mais capazes de alavancar<br />
as vendas e agregar valor aos<br />
clientes <strong>em</strong> ambientes econômicos<br />
de todos os tipos. O que descobrimos,<br />
<strong>em</strong> última instância, foi uma<br />
receita muito aprimorada <strong>para</strong> o<br />
êxito dos vendedores de soluções”,<br />
declaram Matthew Dixon e Brent<br />
Adamson <strong>em</strong> sua obra*.<br />
Com base nessa tabulação e <strong>em</strong><br />
outros dados, Dixon e Adamson<br />
detalharam o perfil do vendedor<br />
desafiador. “Os desafiadores são os<br />
debatedores da equipe. Têm ideias<br />
acerca dos negócios do cliente, que<br />
usam <strong>para</strong> instigá-lo e mostrar-lhe<br />
novos modos de aumentar a eficácia<br />
da <strong>em</strong>presa. Não têm medo de<br />
expor seus pontos de vista, mesmo<br />
quando são diferentes e potencialmente<br />
controversos”, indicam.<br />
E a descrição não termina aí.<br />
Os autores revelaram, ainda, que<br />
os desafiadores são assertivos e<br />
tend<strong>em</strong> a pressionar um pouco os<br />
Profissionais de médio e de alto des<strong>em</strong>penho por perfil<br />
Porcentag<strong>em</strong> de profissionais de<br />
des<strong>em</strong>penho médio<br />
Maior porcentag<strong>em</strong> de profissionais de<br />
alto des<strong>em</strong>penho <strong>em</strong> relação aos de<br />
des<strong>em</strong>penho médio<br />
39%<br />
DESAFIADOR<br />
LOBO SOLITÁRIO<br />
clientes e a provocar também os<br />
gerentes e líderes da sua própria<br />
organização. Sobre essa característica,<br />
aliás, eles d<strong>esta</strong>cam: “[Essa<br />
provocação acontece] não de<br />
maneira importuna ou agressiva,<br />
note-se b<strong>em</strong> (do contrário, os teríamos<br />
batizado de ‘Cretinos’),<br />
mas de um modo que obriga seus<br />
interlocutores a refletir acerca de<br />
questões complexas de um ponto<br />
de vista incomum."<br />
Tudo isso faz com que eles tenham<br />
um des<strong>em</strong>penho muito acima<br />
dos profissionais que se encaixam<br />
nos outros quatro perfis.<br />
Porcentag<strong>em</strong> de profissionais<br />
de alto des<strong>em</strong>penho<br />
Menor porcentag<strong>em</strong> de profissionais de alto des<strong>em</strong>penho<br />
<strong>em</strong> relação aos de des<strong>em</strong>penho médio<br />
23%<br />
25%<br />
22%<br />
17%<br />
15% 14%<br />
EMPENHADO<br />
12%<br />
SOLUCIONADOR<br />
REATIVO DE<br />
PROBLEMAS<br />
26%<br />
7%<br />
CONSULTOR DE<br />
RELACIONAMENTOS<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 45
Neil Rackham, um dos maiores<br />
especialistas <strong>em</strong> vendas e<br />
autor do best-seller Alcançando a<br />
excelência <strong>em</strong> vendas: Spin Selling,<br />
concorda com Dixon e Adamson<br />
e diz: “Ao que parece, a velha<br />
máxima que diz ‘primeiro invista<br />
no relacionamento, e a venda<br />
será uma consequência’ está<br />
perdendo a validade. Não que os<br />
relacionamentos não tenham<br />
importância; acredito que a melhor<br />
explicação seja que o relacionamento<br />
e a decisão de compra<br />
se dissociaram. Hoje, é comum<br />
ouvirmos dos clientes:<br />
‘Tenho um relacionamento ótimo<br />
com este representante comercial,<br />
mas compro do concorrente<br />
porque ele oferece um<br />
valor melhor.’ Pessoalmente,<br />
creio que o relacionamento é<br />
consequência – e não uma causa<br />
– da venda b<strong>em</strong>-sucedida;<br />
constitui uma recompensa <strong>para</strong><br />
o vendedor, por criar valor <strong>para</strong><br />
o cliente. Se você ajuda seus<br />
clientes a pensar de outra maneira<br />
e lhes apresenta novas<br />
ideias – exatamente o que faz o<br />
representante Desafiador –, vai<br />
construir um bom relacionamento<br />
com o cliente.”<br />
Saiba mais<br />
Gostou dessa ideia e quer se tornar um<br />
vendedor desafiador? Leia o livro A venda<br />
desafiadora – Assumindo o controle<br />
da conversa com o cliente (Ed. Portfolio/<br />
Penguin), de Matthew Dixon e Brent<br />
Adamson. Ele é o guia completo sobre<br />
esse pilar do sucesso <strong>em</strong> <strong>2020</strong>.<br />
O vendedor consultivo<br />
Além disso, o vendedor de<br />
sucesso <strong>em</strong> <strong>2020</strong> precisará ser<br />
consultivo. Para isso, <strong>para</strong> começar,<br />
deverá desenvolver <strong>esta</strong>s quatro<br />
características:<br />
a) Fazer mais perguntas e procurar<br />
muito mais informações<br />
e detalhes.<br />
b) Recomendar soluções específicas,<br />
e não genéricas.<br />
c) Fazer contatos muito mais<br />
interativos – mais “diálogo”<br />
e menos “monólogo”.<br />
d) Educar seus clientes e prospects,<br />
oferecendo insights baseados<br />
no seu conhecimento<br />
e na sua experiência.<br />
“O probl<strong>em</strong>a é que, hoje <strong>em</strong><br />
dia, clientes, mercado e concorrência<br />
exig<strong>em</strong> que os vendedores<br />
trabalh<strong>em</strong> de forma cada vez<br />
mais consultiva, mas os profissionais,<br />
no fundo, nunca foram<br />
realmente <strong>pre<strong>para</strong>do</strong>s <strong>para</strong> isso.<br />
E as consequências de não trabalhar<br />
corretamente são muito<br />
duras!”, avalia Raul Candeloro,<br />
que dedicou o editorial da Venda-<br />
Mais de nov<strong>em</strong>bro/dez<strong>em</strong>bro de<br />
2016 ao assunto. O resultado,<br />
segundo ele, é bastante complicado,<br />
e muitos vendedores têm<br />
sentido na pele:<br />
Baixos índices de conversão<br />
ou aproveitamento de oportunidades.<br />
Excesso de concessões <strong>para</strong><br />
fechar vendas.<br />
Dependência exagerada de<br />
descontos.<br />
Vendas com baixa rentabilidade.<br />
Despreparo <strong>para</strong> lidar com<br />
compradores cada vez mais<br />
agressivos <strong>em</strong> suas técnicas<br />
de negociação e também <strong>em</strong><br />
suas d<strong>em</strong>andas.<br />
Estresse pelo fato de haver<br />
cada vez mais exigências <strong>em</strong><br />
termos de resultados, foco,<br />
energia, t<strong>em</strong>po e d<strong>em</strong>anda e<br />
até pressão por parte dos<br />
clientes e da própria <strong>em</strong>presa.<br />
Mas exist<strong>em</strong> várias técnicas<br />
<strong>para</strong> lidar com isso e melhorar os<br />
resultados <strong>em</strong> vendas consultivas,<br />
com d<strong>esta</strong>que <strong>para</strong>:<br />
a) As atitudes dos profissionais<br />
campeões <strong>em</strong> vendas consultivas<br />
– modéstia, consciência,<br />
orientação <strong>para</strong> resultados,<br />
curiosidade, baixa necessidade<br />
de aceitação ou aprovação<br />
e resiliência.<br />
b) Perguntas consultivas poderosas,<br />
como:<br />
1) Há quanto t<strong>em</strong>po vocês faz<strong>em</strong><br />
as coisas desse mesmo jeito?<br />
Quais os resultados e quanto<br />
t<strong>em</strong> custado (<strong>em</strong> t<strong>em</strong>po e dinheiro)?<br />
2) Por favor, fale-me sobre isso<br />
(uma das grandes características<br />
da venda consultiva –<br />
pedir mais informações e<br />
OUVIR!).<br />
3) Que outras alternativas vocês<br />
já avaliaram e colocaram <strong>em</strong><br />
prática ou t<strong>esta</strong>ram? Como foi?<br />
4) Como isso (decisão de compra,<br />
probl<strong>em</strong>a, projeto, solução)<br />
está afetando você pessoalmente?<br />
Qual impacto direto<br />
t<strong>em</strong> na sua produtividade pessoal<br />
e profissional?<br />
5) O que vai acontecer se nada<br />
for feito e tudo continuar exatamente<br />
do jeito que está?<br />
Até <strong>2020</strong>, investir nisso não<br />
será mais opção. Será obrigação.<br />
*Para ler o artigo, acesse<br />
bit.ly/vcap_ivm<br />
O vendedor <strong>em</strong>preendedor<br />
A última característica do profissional<br />
de sucesso <strong>em</strong> vendas<br />
– o conceito de venda <strong>em</strong>preendedora<br />
– v<strong>em</strong> ganhando força há<br />
algum t<strong>em</strong>po. No entanto, ele<br />
ainda causa muitas dúvidas –<br />
especialmente porque <strong>em</strong>preender<br />
ainda é erroneamente muito<br />
46<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
associado a abrir um negócio.<br />
Mas, como explica João Kepler<br />
Braga, especialista <strong>em</strong> inovação<br />
e vendas e autor do livro Educando<br />
filhos <strong>para</strong> <strong>em</strong>preender, <strong>para</strong> ser<br />
<strong>em</strong>preendedor não é preciso, obrigatoriamente,<br />
ser dono de uma<br />
<strong>em</strong>presa. “O <strong>em</strong>preendedorismo<br />
t<strong>em</strong> a ver com um estilo de vida,<br />
com um olhar diferente diante<br />
das situações do dia a dia. T<strong>em</strong> a<br />
ver com a capacidade de enxergar<br />
além e de propor soluções, novidades,<br />
mudanças. Por isso, todo<br />
vendedor precisa ser um <strong>em</strong>preendedor<br />
que valoriza a si mesmo,<br />
seu potencial e sua capacidade<br />
de se adaptar e de gerar resultados.<br />
Não basta mais apenas conhecer<br />
o processo de vendas, seu<br />
mercado, sua <strong>em</strong>presa, seus concorrentes<br />
e seus produtos. É preciso<br />
ir além.”<br />
Em organizações mais tradicionais,<br />
esse ainda é um perfil<br />
pouco procurado pelos recrutadores,<br />
mas nas startups do Vale<br />
do Silício – t<strong>em</strong>a da reportag<strong>em</strong><br />
que se inicia na página 32 –, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, já é uma realidade. E a<br />
tendência é que seja cada vez mais<br />
assim.<br />
Um dos grandes benefícios<br />
desses profissionais <strong>para</strong> as <strong>em</strong>presas<br />
é que as preocupações dos<br />
gestores diminu<strong>em</strong> drasticamente<br />
quando há, na equipe, vendedores<br />
<strong>em</strong>preendedores. Afinal,<br />
como revela Marcelo Caetano no<br />
episódio “A era dos vendedores<br />
<strong>em</strong>preendedores” do programa<br />
<strong>VendaMais</strong> Responde, esse é o<br />
tipo de profissional que se orienta,<br />
não se manda. “Se você tentar<br />
mandar nele, vai encontrar uma<br />
barreira imediata e ele vai mostrar<br />
que o que você está tentando<br />
fazer não funciona. Ele não é um<br />
‘manda que eu vou fazer’. Ele precisa<br />
ser apenas orientado <strong>para</strong><br />
conseguir atingir mais resultados”,<br />
detalha.<br />
No mesmo programa, Raul<br />
Candeloro revelou que, por definição,<br />
o <strong>em</strong>preendedor é a pessoa<br />
que reconhece uma oportunidade<br />
e vai buscar recursos disponíveis<br />
<strong>para</strong> aproveitá-la com lucro. Se<br />
não t<strong>em</strong> esses recursos disponíveis,<br />
ele vai criá-los. “São profissionais<br />
que têm a característica<br />
de entender processos, entender<br />
rotina, entender a importância do<br />
relacionamento e do bom atendimento<br />
e, além de tudo isso, <strong>esta</strong>r<br />
s<strong>em</strong>pre procurando oportunidades”,<br />
salienta.<br />
--> Para assistir a este episódio<br />
do <strong>VendaMais</strong> Responde, acesse<br />
bit.ly/vendedor<strong>em</strong>preendedor<br />
Características do<br />
vendedor <strong>em</strong>preendedor<br />
Por João Kepler Braga<br />
Encara qualquer probl<strong>em</strong>a de<br />
frente e busca encontrar a melhor<br />
solução rapidamente.<br />
T<strong>em</strong> disposição <strong>para</strong> fazer coisas<br />
novas, sair da rotina ou experimentar<br />
novas possibilidades.<br />
T<strong>em</strong> a capacidade de enxergar<br />
além da sua realidade atual e<br />
do contexto <strong>em</strong> que vive.<br />
T<strong>em</strong> o hábito de tomar iniciativa,<br />
ao invés de simplesmente<br />
aguardar ordens.<br />
É flexível e entende que mudar,<br />
às vezes, é necessário.<br />
Sabe <strong>vender</strong> o próprio peixe e<br />
t<strong>em</strong> autonomia e segurança<br />
<strong>para</strong> tomar suas próprias decisões.<br />
T<strong>em</strong> espírito de liderança.<br />
É apaixonado por mudanças.<br />
Ou seja, este é o pilar mais<br />
filosófico e ideológico dos três.<br />
É o que está mais relacionado ao<br />
A, de “atitudes”, ingrediente do<br />
CHA das vendas. Entender a importância<br />
de trabalhar essas características<br />
e trabalhar <strong>para</strong><br />
mudar da mentalidade de executor<br />
de tarefas <strong>para</strong> a mentalidade<br />
de <strong>em</strong>preendedor é o primeiro<br />
passo <strong>para</strong> incorporar<br />
esse espírito.<br />
Prepare-se <strong>para</strong> <strong>vender</strong><br />
(muito) <strong>em</strong> <strong>2020</strong><br />
Este foi o pontapé inicial <strong>para</strong><br />
a sua jornada de pre<strong>para</strong>ção<br />
<strong>para</strong> o sucesso futuro. O caminho<br />
<strong>para</strong> incorporar esses três conceitos<br />
à sua realidade passa por<br />
buscar aprimorar seu CHA de<br />
vendas diariamente. Na parte dos<br />
conhecimentos, você <strong>esta</strong>rá trabalhando<br />
a venda consultiva; na<br />
das habilidades, a venda desafiadora;<br />
e na das atitudes, a venda<br />
<strong>em</strong>preendedora. E você pode fazer<br />
isso diariamente – seja por meio<br />
da leitura de livros e revistas, de<br />
treinamentos e cursos formais,<br />
da participação <strong>em</strong> eventos de<br />
vendas e assim por diante. É importante,<br />
também, <strong>esta</strong>r s<strong>em</strong>pre<br />
atento às novidades, saber ouvir<br />
feedback e agir <strong>para</strong> melhorar seus<br />
pontos fracos etc. Por último, é<br />
preciso ter <strong>em</strong> mente que seus<br />
clientes também <strong>esta</strong>rão <strong>em</strong> constante<br />
transformação e que a evolução<br />
tecnológica pode pre<strong>para</strong>r<br />
algumas surpresas ao longo do<br />
caminho.<br />
Independent<strong>em</strong>ente de qual<br />
seja o cenário, contudo, a Venda<br />
Mais <strong>esta</strong>rá s<strong>em</strong>pre ao seu lado.<br />
Afinal, nosso objetivo é ajudar<br />
você a <strong>vender</strong> mais e melhor.<br />
Hoje, amanhã, <strong>em</strong> <strong>2020</strong> e s<strong>em</strong>pre!<br />
E aí, está <strong>pre<strong>para</strong>do</strong> <strong>para</strong> <strong>vender</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>2020</strong>?<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 47
Talento <strong>em</strong> vendas<br />
Claudio Diogo<br />
O que<br />
vend<strong>em</strong> os<br />
grandes<br />
vendedoresR<br />
ecent<strong>em</strong>ente, <strong>em</strong> um projeto de consultoria <strong>para</strong><br />
o qual minha equipe e eu fomos contratados, fui<br />
escalado <strong>para</strong> acompanhar o dia a dia de uma<br />
vendedora campeã de vendas de uma grande<br />
multinacional do ramo de cosméticos especializada<br />
<strong>em</strong> artigos da linha profissional <strong>para</strong> salões<br />
de beleza. No nosso primeiro contato, perguntei<br />
a ela que produto ela vendia. Recebi, de pronto,<br />
<strong>esta</strong> resposta desconcertante: “Eu não vendo produto<br />
nenhum.”<br />
Aquiesci, e respondi: “É mesmo? Gostaria de<br />
saber mais sobre isso.”<br />
48<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Dirigindo freneticamente<br />
pelo trânsito confuso da capital<br />
paulista, aquela mulher de <strong>esta</strong>tura<br />
franzina e olhos verdes<br />
marcantes, continuou: “Olha,<br />
Claudio, sabe qual o principal<br />
motivo pelo qual uma pessoa<br />
abre um salão de cabeleireiros<br />
ou qualquer outro negócio? Lucro!<br />
Aliás, todos t<strong>em</strong>os sonhos<br />
e desejos, e eles só pod<strong>em</strong> ser<br />
realizados com recursos vindos<br />
de uma atividade comercial. Se<br />
eu entrar <strong>em</strong> um salão de beleza<br />
e oferecer um xampu qualquer,<br />
ninguém vai se interessar. O que<br />
essas pessoas quer<strong>em</strong> é algo que<br />
as faça ganhar dinheiro. Por isso,<br />
entenda uma coisa de que já<br />
estou convencida: eu não vendo<br />
produtos, vendo o que meus produtos<br />
proporcionam a qu<strong>em</strong> os<br />
compra. Tenho que ser vista como<br />
um agente de lucro <strong>para</strong> meus<br />
clientes e seus salões de beleza.”<br />
Na prática<br />
Eu sabia que ela tinha razão,<br />
mas só fui entender como essa<br />
grande sacada se transformava<br />
<strong>em</strong> diferencial quando ela começou<br />
a detalhar algumas das<br />
ações que coloca <strong>em</strong> prática no<br />
dia a dia...<br />
Para você ter uma ideia, essa<br />
campeã de vendas mantém um<br />
blog que apenas os clientes da<br />
sua carteira consegu<strong>em</strong> acessar.<br />
Nele, disponibiliza dicas de como<br />
<strong>em</strong>presários pod<strong>em</strong> potencializar<br />
os ganhos no salão. O<br />
conteúdo do blog aborda desde<br />
como fazer a instalação de boutiques<br />
<strong>para</strong> vendas de acessórios<br />
e bijuterias, passando por um<br />
layout eficiente das cadeiras dos<br />
cabeleireiros, incentivos fiscais<br />
e contábeis, como economizar<br />
energia e água, até pequenos<br />
vídeos <strong>para</strong> ensinar cabeleireiros<br />
a fazer vendas adicionais<br />
enquanto cortam os cabelos dos<br />
clientes.<br />
Mas o que mais chamou minha<br />
atenção foi seu comportamento<br />
<strong>em</strong> visitas a clientes. Em<br />
uma das visitas <strong>em</strong> que a acompanhei,<br />
ela dedicou quase meia<br />
hora antes de entrar na <strong>em</strong>presa<br />
do cliente consultando detalhadamente<br />
o seu banco de dados<br />
com as informações de média de<br />
compra, planos futuros de crescimento<br />
e características pessoais<br />
da equipe. Ao entrarmos na<br />
<strong>em</strong>presa, percebi que ela tratava<br />
de t<strong>em</strong>as b<strong>em</strong> pessoais <strong>em</strong> cada<br />
uma de suas abordagens – claramente,<br />
as informações de rapport<br />
vinham daquele banco de<br />
dados que ela mesma alimenta<br />
a cada visita. Em uma dessas<br />
conversas, ela perguntou a um<br />
dos profissionais: “Evandro, tudo<br />
b<strong>em</strong>? Conte-me, estou ansiosa<br />
<strong>para</strong> saber, sua filha passou<br />
no vestibular?” Ao que o orgulhoso<br />
pai respondeu: “Sim, vai<br />
cursar Medicina Veterinária <strong>em</strong><br />
Marília (SP). Na saída da visita,<br />
ela ligou <strong>para</strong> a própria filha,<br />
que faz o back-office <strong>para</strong> ela, e<br />
disse: “Mande flores <strong>para</strong> a filha<br />
do Evandro com um cartão bonito,<br />
a menina passou no vestibular<br />
e eles dev<strong>em</strong> saber que<br />
entend<strong>em</strong>os a importância deste<br />
momento.”<br />
O que ela sabe e você<br />
também precisa saber<br />
Em todas as visitas, percebi que<br />
a supervendedora se dedicava a<br />
entender alguns pontos b<strong>em</strong> importantes,<br />
como:<br />
O negócio do cliente e suas<br />
expectativas de futuro.<br />
Tendências do mercado e<br />
quais pod<strong>em</strong> influenciar as<br />
vendas do cliente.<br />
Como aquele cliente compra<br />
e o que leva <strong>em</strong> conta (preço,<br />
qualidade, prazo etc.).<br />
Experiências que o cliente<br />
teve com produtos da concorrência.<br />
Como os produtos que ela<br />
vende pod<strong>em</strong> agregar lucro<br />
ao cliente e de que forma isso<br />
acontece.<br />
Expectativas dos integrantes<br />
da equipe com relação a ela<br />
e aos produtos que ela vende.<br />
Como o cliente ganha dinheiro<br />
e como ela pode influenciar<br />
nisso tudo.<br />
Por fim, percebi que ela nunca<br />
focava suas visitas nos produtos,<br />
mas no que eles pod<strong>em</strong><br />
proporcionar à <strong>em</strong>presa do cliente<br />
e às suas equipes de profissionais.<br />
Ela entendia perfeitamente<br />
que eram dois grupos diferenciados<br />
de expectativas e que<br />
ambos deveriam ser trabalhados.<br />
Essa supervendedora deixou<br />
b<strong>em</strong> claro, <strong>para</strong> mim, que quando<br />
os clientes não têm nada mais<br />
a analisar, s<strong>em</strong>pre focam no preço.<br />
Ela me disse: “Clientes escolh<strong>em</strong><br />
a opção 'preço' quando não<br />
receb<strong>em</strong> nenhuma outra opção<br />
de 'valor'. Se eu oferecer produtos,<br />
eles consegu<strong>em</strong> precificar,<br />
pois sab<strong>em</strong> quanto custa um<br />
xampu ou algo assim, mas quando<br />
ofereço 'possibilidade de lucro',<br />
fica difícil precificar, e aí<br />
eu me diferencio. Afinal, meu<br />
papel é me tornar indispensável<br />
<strong>para</strong> meus clientes.”<br />
Naquele dia, eu reforcei meu<br />
conceito de que os grandes vendedores<br />
são aqueles que vend<strong>em</strong><br />
o que seus produtos proporcionam<br />
a seus clientes. E aprendi<br />
que os bons vendedores não vend<strong>em</strong>,<br />
afinal, produto nenhum.<br />
E você, vende o quê?<br />
Sucesso e boas vendas.<br />
“Eu não vendo<br />
produtos, vendo o<br />
que meus produtos<br />
proporcionam a<br />
qu<strong>em</strong> os compra.<br />
Tenho que ser vista<br />
como um agente<br />
de lucro <strong>para</strong> meus<br />
clientes e seus<br />
salões de beleza.”<br />
Claudio Diogo é especialista<br />
<strong>em</strong> vendas e consumo,<br />
diretor da consultoria<br />
Tekoare, autor do livro<br />
V.E.N.D.E.R. mais e melhor e<br />
um dos palestrantes de<br />
vendas mais requisitados<br />
do Brasil.<br />
Visite o site:<br />
www.tekoare.com<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 49
Marketing Digital / Por João Guilherme Brotto /<br />
DIVULGAÇÃO<br />
Você sabia que 35% da audiência do portal <strong>VendaMais</strong> v<strong>em</strong> de smartphones? E que<br />
há cinco anos apenas 1,5% dos acessos era feito via dispositivos móveis? Na mesma<br />
esteira, as visitas ao portal também cresceram a passos largos nesse período, o<br />
que mostra, na prática, algo que basta <strong>para</strong>r e olhar ao redor <strong>para</strong> perceber: as<br />
pessoas estão cada vez mais conectadas! Os motivos <strong>para</strong> isso são os mais diversos,<br />
mas vamos nos ater ao que mais interessa do ponto de vista de mercado: a busca<br />
constante por solucionar probl<strong>em</strong>as, comprar produtos e contratar de serviços.<br />
Sabendo que a conectividade é uma realidade irrefutável e que só vai se fortalecer, é preciso<br />
encarar algumas verdades na área de vendas, pois fechar os olhos <strong>para</strong> a evolução tecnológica<br />
e ignorar as mudanças de comportamento da humanidade é correr o risco de ser<br />
engolido pela concorrência.<br />
50<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Não é um exagero. Observe a guerra provocada<br />
por motoristas de táxi contra o Uber; os bancários<br />
prot<strong>esta</strong>ndo contra as agências digitais; as companhias<br />
de TV a cabo, canais de televisão e cin<strong>em</strong>as tentando<br />
descobrir como superar o avanço da Netflix. Qu<strong>em</strong><br />
você acha que vai vencer essas batalhas? No final<br />
das contas, o que importa é o que o consumidor quer!<br />
Os clientes estão muito b<strong>em</strong>-informados – e ficarão<br />
cada vez mais. Isso, de fato, não é novidade, mas<br />
o que você está fazendo de prático com relação a<br />
essa realidade? Diante desse cenário, a reflexão que<br />
fica <strong>para</strong> você, profissional da área comercial, é: qual<br />
é o seu papel hoje e como será a sua profissão <strong>em</strong><br />
alguns anos? Sua <strong>em</strong>presa está no radar dos seus<br />
prospects na internet?<br />
Uma das principais tendências <strong>em</strong> vendas – já<br />
presenciada <strong>em</strong> muitos segmentos – é que os vendedores<br />
perderão espaço <strong>para</strong> ferramentas digitais<br />
capazes de otimizar e automatizar etapas do processo<br />
de vendas. Marcelo Caetano, diretor da <strong>VendaMais</strong><br />
e especialista <strong>em</strong> gestão <strong>em</strong> vendas, costuma falar,<br />
inclusive, que <strong>em</strong> um futuro não muito distante as<br />
funções do profissional de vendas não serão mais as<br />
mesmas. “A diferença <strong>esta</strong>rá nos serviços pr<strong>esta</strong>dos.<br />
Investir no serviço é fundamental <strong>para</strong> que você<br />
consiga se diferenciar.” Em resumo, o papel do vendedor<br />
será:<br />
Estados Unidos, cobrir o Content Marketing World<br />
– maior evento de marketing de conteúdo do mundo<br />
– pelo terceiro ano consecutivo. Confira o que<br />
troux<strong>em</strong>os de lá!<br />
O que é marketing de conteúdo e por que<br />
você não pode ignorá-lo<br />
Andy Crestodina, cofundador e diretor estratégico da<br />
Orbit Media Solutions (uma das agências de webdesign<br />
mais pr<strong>em</strong>iadas dos Estados Unidos) e autor do livro<br />
Content Ch<strong>em</strong>istry: An Illustrated Handbook for Content<br />
Marketing (Química de conteúdo: Um guia ilustrado de<br />
marketing de conteúdo, <strong>em</strong> uma tradução livre, ainda<br />
não lançado <strong>em</strong> português), explica, <strong>em</strong> sua obra, que<br />
o marketing de conteúdo é a arte e a ciência de trazer<br />
sua audiência <strong>para</strong> perto do seu negócio. E compl<strong>em</strong>enta:<br />
“[O marketing de conteúdo] baseia-se na ideia<br />
de que há prospects relevantes procurando por seu<br />
produto ou serviço agora mesmo. Se você conseguir<br />
se conectar com eles, ajudá-los e ensiná-los, alguns se<br />
tornarão seus clientes.”<br />
1. Desenvolver novos produtos e mix.<br />
2. Cuidar <strong>para</strong> que o produto tenha uma boa exposição<br />
ou utilização.<br />
3. Treinar os clientes <strong>para</strong> que eles vendam ou us<strong>em</strong><br />
melhor os produtos que compram do vendedor.<br />
4. Relacionar-se com tomadores de decisão e influenciadores.<br />
5. Defender o valor da marca que representa.<br />
Esses itens, somados a um modelo comercial b<strong>em</strong><br />
compreendido por toda a força de vendas, farão a sua<br />
<strong>em</strong>presa ser diferente no mercado. “A diferenciação<br />
não está no produto, mas no atendimento e no serviço”,<br />
l<strong>em</strong>bra Caetano. Ou seja, o vendedor continuará<br />
sendo um elo importante no processo de vendas,<br />
mas de forma cada vez mais estratégica, consultiva<br />
e contando com o apoio da tecnologia <strong>para</strong> des<strong>em</strong>penhar<br />
melhor sua função. “Lamento informar, mas<br />
os meros ‘tiradores de pedidos’, serão engolidos pelo<br />
mercado”, alerta.<br />
Atentos a essas mudanças no mercado de vendas<br />
e no comportamento dos clientes e visando antecipar<br />
tendências, fomos até Cleveland, Ohio, nos<br />
Andy Crestodina<br />
“[O marketing de conteúdo] baseia-se<br />
na ideia de que há prospects relevantes<br />
procurando por seu produto ou serviço<br />
agora mesmo. Se você conseguir se<br />
conectar com eles, ajudá-los e ensinálos,<br />
alguns se tornarão seus clientes.”<br />
(Andy Crestodina)<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 51
Além disso, Crestodina revela que os profissionais<br />
do marketing de conteúdo dev<strong>em</strong> criar e promover<br />
informações úteis e relevantes com o objetivo de<br />
atrair e engajar os visitantes de canais da internet<br />
<strong>para</strong> depois transformá-los <strong>em</strong> leads e clientes. Ou<br />
seja, são os melhores aliados que você, profissional<br />
de vendas, pode querer. Por isso mesmo, você precisa<br />
entender a importância dessa ferramenta.<br />
Na prática, o marketing de conteúdo pode ser<br />
resumido como uma estratégia baseada na criação<br />
e na distribuição de conteúdo relevante e consistente<br />
<strong>para</strong> atrair e reter uma audiência claramente<br />
definida <strong>para</strong>, depois, gerar vendas a partir de uma<br />
dinâmica baseada <strong>em</strong> valor. O sucesso futuro de<br />
suas vendas passa por compreender que, <strong>para</strong> ser<br />
l<strong>em</strong>brado, é preciso ser visto. Para ser visto, é preciso<br />
<strong>esta</strong>r presente na rotina de qu<strong>em</strong> compra. E <strong>para</strong><br />
<strong>esta</strong>r presente, mais do que <strong>vender</strong>, é preciso ajudar.<br />
Joe Pulizzi<br />
A confiança e o marketing de conteúdo<br />
Mas não basta criar um blog e compartilhar<br />
conteúdo nas redes sociais <strong>para</strong> se considerar uma<br />
<strong>em</strong>presa boa <strong>em</strong> marketing de conteúdo. Sua estratégia<br />
t<strong>em</strong> que ser pautada, antes de mais nada, por<br />
um objetivo claro – que pode ter a ver com desenvolver<br />
uma forma prática e efetiva de atrair clientes<br />
e fazer pós-venda.<br />
Joe Pulizzi, CEO do Content Marketing Institute,<br />
entidade organizadora do CMWorld, abriu a edição<br />
de 2016 do evento contando que, com o aumento da<br />
relevância do marketing de conteúdo nos últimos<br />
anos, as <strong>em</strong>presas estão colocando ações <strong>em</strong> prática,<br />
mas n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre da forma correta, e alerta: “Conteúdo<br />
medíocre prejudica mais do que não fazer nada.<br />
Se não for <strong>para</strong> <strong>esta</strong>r 100% comprometido, é melhor<br />
não fazer nada. Se você quer que o marketing de<br />
conteúdo seja seu aliado, precisa abraçar a causa de<br />
verdade. Não existe metade do caminho.”<br />
“Independent<strong>em</strong>ente das ações de marketing ou<br />
vendas que mais funcionaram ont<strong>em</strong>, funcionam<br />
hoje e funcionarão amanhã, todos nós <strong>esta</strong>mos no<br />
chamado 'negócio da confiança'. Transmitir confiança<br />
deve ser uma obsessão. O que faz<strong>em</strong>os hoje pode<br />
não ser relevante nos próximos anos. Diante disso,<br />
o que importa é a confiança. E a construção de uma<br />
marca que inspira credibilidade passa pelo marketing<br />
de conteúdo.”<br />
Essa declaração foi feita por Marcus Sheridan,<br />
<strong>em</strong>presário do setor de piscinas que viu sua <strong>em</strong>presa<br />
crescer exponencialmente <strong>em</strong> meio à crise de 2008<br />
usando, <strong>para</strong> isso, ações de marketing de conteúdo.<br />
Mas Sheridan sabe que n<strong>em</strong> todos os <strong>em</strong>presários<br />
pensam como ele. Por outro lado, entende que, nesse<br />
caso, o que vale é a opinião dos clientes. “Não se<br />
trata de comprar a ideia de que o marketing de conteúdo<br />
é importante, mas de entender que sua opinião<br />
de nada vale”, pol<strong>em</strong>iza. A lógica do argumento<br />
dele é simples: por mais que você ainda não tenha<br />
comprado essa ideia por completo, não dá <strong>para</strong> negar<br />
que um novo canal de vendas surge com essa evolução<br />
e, como você sabe, é preciso <strong>esta</strong>r onde seu<br />
cliente está – e ser, nesse caso, útil e relevante.<br />
52<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
“Conteúdo<br />
medíocre<br />
prejudica mais<br />
do que não fazer<br />
nada. Se não for<br />
<strong>para</strong> <strong>esta</strong>r 100%<br />
comprometido, é<br />
melhor não fazer<br />
nada. Se você quer<br />
que o marketing<br />
de conteúdo seja<br />
seu aliado, precisa<br />
abraçar a causa<br />
de verdade. Não<br />
existe metade do<br />
caminho.”<br />
(Joe Pulizzi)<br />
Durante sua palestra, Sheridan perguntou quantas<br />
das cerca de quatrocentas pessoas que <strong>esta</strong>vam<br />
no auditório eram da área de vendas. Ninguém<br />
levantou a mão, e ele disparou: “Era mais importante<br />
que seus colegas de vendas estivess<strong>em</strong> aqui<br />
do que vocês, profissionais de marketing e comunicação,<br />
que deveriam ir <strong>para</strong> eventos de vendas.<br />
Até porque vocês já sab<strong>em</strong> tudo o que estou falando”,<br />
provocou.<br />
O papel do novo profissional de vendas<br />
A verdade é que se você ainda não se deu conta de<br />
que o papel do vendedor mudou – e muito – nos<br />
últimos anos, precisa refletir. Estudos do Google<br />
apontam que 70% das decisões de compra acontec<strong>em</strong><br />
antes de o cliente ter qualquer contato com<br />
um vendedor.<br />
“Se você,<br />
enquanto<br />
profissional<br />
de vendas<br />
– seja <strong>em</strong><br />
um cargo de<br />
liderança ou<br />
não –, não<br />
entender<br />
que o jogo<br />
mudou, sua<br />
<strong>em</strong>presa<br />
<strong>esta</strong>rá <strong>em</strong><br />
apuros.”<br />
(Marcus Sheridan)<br />
Marcus Sheridan<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 53
O assunto é sério. Se há alguns anos o vendedor<br />
era, muitas vezes, a única referência que tínhamos<br />
<strong>para</strong> saber mais sobre produtos ou serviços, hoje<br />
não é raro que ele n<strong>em</strong> apareça na jornada de compra<br />
do cliente.<br />
O Google criou um termo<br />
<strong>para</strong> ex<strong>em</strong>plificar os momentos<br />
<strong>em</strong> que as pessoas tomam<br />
suas decisões de compra antes<br />
de fazer contato com vendedores<br />
ou <strong>em</strong>presas. O ZMOT<br />
–Zero Moment Of Truth (ou “momento<br />
zero da verdade”) acontece<br />
quando você pega seu<br />
notebook, tablet, smartphone<br />
ou qualquer outro dispositivo<br />
com conexão à internet <strong>para</strong><br />
pesquisar sobre algo que precisa<br />
comprar. “É assim que os<br />
consumidores viv<strong>em</strong>, aprend<strong>em</strong><br />
Jim Lecinski<br />
e tomam decisões hoje: a partir de sites de classificações<br />
e análises, de amigos <strong>em</strong> mídias sociais, <strong>em</strong><br />
casa ou <strong>em</strong> trânsito e (mais do que nunca) através<br />
de vídeos. Eles aprend<strong>em</strong> através de resultados de<br />
pesquisas, análises de outros usuários, classificações<br />
de quatro estrelas, textos e imagens de anúncios,<br />
manchetes, vídeos e até do bom e velho site<br />
oficial da marca. Resumindo, eles se informam e<br />
decid<strong>em</strong> no ‘momento zero da verdade’”, explica<br />
Jim Lecinski, autor do e-book ZMOT – Conquistando<br />
o momento zero da verdade, publicado pelo<br />
Google.<br />
O questionamento que fica é: de que forma sua<br />
marca está presente no ZMOT? “Se você, enquanto<br />
profissional de vendas – seja <strong>em</strong> um cargo de liderança<br />
ou não –, não entender que o jogo mudou,<br />
sua <strong>em</strong>presa <strong>esta</strong>rá <strong>em</strong> apuros”, profetiza Sheridan.<br />
Uma simples pergunta que você pode fazer a si<br />
mesmo e à sua equipe a respeito do seu site pode<br />
indicar se você está ou não no caminho certo:<br />
quando os prospects visitam nosso site, nós os ajudamos<br />
a resolver seus probl<strong>em</strong>as melhor que qualquer<br />
outra <strong>em</strong>presa no mundo?<br />
Como construir valor <strong>em</strong> um mundo<br />
disruptivo<br />
A Lego é daquelas <strong>em</strong>presas cujos “donos” são os próprios<br />
clientes. Pessoas de oito a oitenta anos que usam<br />
seus produtos são verdadeiras fãs da marca. Isso facilita<br />
o trabalho da <strong>em</strong>presa no que diz respeito a suas<br />
estratégias de marketing, mas isso não faz com que<br />
seu trabalho passe despercebido.<br />
A produtora dos famosos tijolinhos de plástico<br />
se orgulha por ter mais vídeos no YouTube produzidos<br />
por clientes do que por<br />
ela própria. São bilhões de visualizações.<br />
Cientes de que<br />
seus grandes consumidores<br />
são as crianças e que os vídeos<br />
são a mídia favorita da nova<br />
geração, a marca trabalha<br />
com afinco <strong>para</strong> ser relevante<br />
e enxerga as redes sociais como<br />
“um conjunto de tecnologias<br />
que reforça nossa natureza<br />
social”, como contou Lars<br />
Silberbauer, diretor global de<br />
redes sociais e vídeo da <strong>em</strong>presa<br />
<strong>em</strong> sua palestra no Content<br />
Marketing World.<br />
É provável que o seu negócio não seja tão divertido<br />
e colorido como os produtos da Lego, mas será<br />
que você não pode explorar as redes sociais <strong>para</strong><br />
ampliar a conexão e fortalecer os laços com seu<br />
público? E se você mantiver um canal aberto <strong>para</strong><br />
incentivar e pr<strong>em</strong>iar seus clientes que der<strong>em</strong> boas<br />
ideias e interagir<strong>em</strong> com você? Boas ideias pod<strong>em</strong><br />
ser desde sugestões de t<strong>em</strong>as <strong>para</strong> você produzir<br />
conteúdo até melhorias <strong>em</strong> produtos e serviços. A<br />
interação pode ser uma simples foto ou vídeo do<br />
cliente usando seu produto.<br />
Uma das lições que ficam aqui é que, <strong>em</strong> vendas<br />
e marketing, não pod<strong>em</strong>os nos prender aos modelos<br />
que s<strong>em</strong>pre funcionaram só porque eles s<strong>em</strong>pre<br />
funcionaram. A velocidade das mudanças é cada<br />
vez maior e o marketing de conteúdo se firma como<br />
um poderoso agente dessas mudanças.<br />
Conteúdo como ferramenta de<br />
prevenção e gestão de crise<br />
E quando, ao contrário da Lego, você atua <strong>em</strong> um<br />
mercado que é constant<strong>em</strong>ente atacado, seja porque<br />
seu produto faz mal à saúde, ao meio ambiente ou à<br />
sociedade de alguma forma? Novamente, o marketing<br />
de conteúdo pode ser extr<strong>em</strong>amente relevante.<br />
A Kellogg’s, marca responsável por produzir alguns<br />
dos cereais mais populares do mundo, criou um<br />
portal – cujo acesso é disponível apenas nos Estados<br />
54<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Lars Silberbauer<br />
“Usar o<br />
storytelling<br />
como uma<br />
ferramenta<br />
<strong>para</strong> ser<br />
transparente<br />
com os clientes<br />
é mais do<br />
que uma<br />
tendência de<br />
marketing. Os<br />
consumidores<br />
prefer<strong>em</strong> se<br />
relacionar<br />
com <strong>em</strong>presas<br />
assim.”<br />
(Rick Wion)<br />
Unidos – <strong>para</strong> diss<strong>em</strong>inar boas práticas alimentares<br />
e compartilhar informações relevantes sobre nutrição.<br />
“Você t<strong>em</strong> que ter a consciência de que não vai conseguir<br />
agradar a todos, mas é preciso se posicionar”,<br />
disse Rick Wion, diretor de engajamento do consumidor<br />
da companhia.<br />
Pesquisas da <strong>em</strong>presa divulgadas na palestra<br />
de Wion apontam que a transparência acaba sendo<br />
um fator determinante <strong>para</strong> as vendas. “Usar o<br />
storytelling como uma ferramenta <strong>para</strong> ser transparente<br />
com os clientes é mais do que uma tendência<br />
de marketing. Os consumidores prefer<strong>em</strong> se<br />
relacionar com <strong>em</strong>presas assim”, disse. Parte da<br />
estratégia de produção de conteúdo da Kellogg’s é<br />
baseada nas dúvidas e críticas dos clientes. Ao fazer<br />
isso, a <strong>em</strong>presa está criando um banco de dados<br />
<strong>para</strong> rebater objeções.<br />
Quando você recebe uma grande crítica ou é<br />
repetidamente crucificado, a transparência é a melhor<br />
forma de contornar crise e uma estratégia de<br />
conteúdo b<strong>em</strong> orquestrada é a melhor ferramenta<br />
<strong>para</strong> diss<strong>em</strong>inar seus argumentos. Já pensou nisso?<br />
Quais são os questionamentos mais comuns que<br />
você ouve de seus prospects e clientes? Transforme-<br />
-os <strong>em</strong> conteúdo <strong>para</strong> que seus vendedores utiliz<strong>em</strong><br />
durante as negociações. Além de responder previamente<br />
às dúvidas do cliente e marcar presença no<br />
ZMOT, você <strong>esta</strong>rá capacitando sua força de vendas<br />
e elevando o nível da argumentação comercial.<br />
Como começar um projeto de marketing<br />
de conteúdo<br />
Esta foi a terceira cobertura que fiz<strong>em</strong>os do evento.<br />
Nos anos anteriores, publicamos reportagens com<br />
dicas práticas, checklists e orientações bastante detalhadas<br />
sobre como você pode introduzir o marketing<br />
de conteúdo na sua estratégia de prospecção e<br />
de pós-venda. D<strong>esta</strong> vez, o objetivo foi diferente.<br />
Quis<strong>em</strong>os fazê-lo entender que marketing de conteúdo<br />
e vendas estão diretamente ligados, que o seu<br />
futuro <strong>em</strong> vendas depende do que você faz no presente<br />
e que, pelo b<strong>em</strong> do seu amanhã, está na hora<br />
de pensar <strong>em</strong> incluir essa peça na sua engrenag<strong>em</strong>.<br />
Conseguimos? Se sim, t<strong>em</strong>os uma boa notícia <strong>para</strong><br />
encerrar o papo: <strong>para</strong> facilitar sua vida nesse início<br />
de jornada, reunimos as duas reportagens anteriores<br />
sobre o Content Marketing World, que somam<br />
13 páginas, <strong>em</strong> um PDF que pode ser acessado <strong>em</strong>:<br />
bit.ly/guia-mkt-conteudo.<br />
Boa leitura e mãos à obra!<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 55
Liderança<br />
Leandro Branquinho<br />
É<br />
10 maneiras de<br />
desmotivar uma<br />
equipe de vendas<br />
impossível dar motivação <strong>para</strong> as pessoas. Motivação é algo que v<strong>em</strong> de dentro. São<br />
os motivos que cada pessoa t<strong>em</strong> <strong>para</strong> se colocar <strong>em</strong> ação.<br />
Porém, é normal que, <strong>em</strong> algum momento de suas trajetórias, líderes imagin<strong>em</strong> o<br />
que dev<strong>em</strong> fazer <strong>para</strong> conseguir mais engajamento, mais brilho nos olhos e mais<br />
comprometimento de suas equipes. É possível criar o clima, gerar uma cultura <strong>para</strong><br />
que as pessoas que já são motivadas permaneçam na equipe e produzam mais, mas<br />
nada disso de fato motiva alguém. Por outro lado, desmotivar os integrantes de<br />
qualquer equipe é muito fácil. Espero que você não coloque <strong>em</strong> prática a lista a seguir,<br />
pois basta aplicar um dos tópicos <strong>para</strong> arrasar com o moral de qualquer profissional!<br />
1- Seja grosseiro.<br />
Rispidez, brutalidade, falta de paciência e um tom de voz agressivo. Uma receita simples<br />
e altamente eficaz <strong>para</strong> conseguir desmotivar qualquer colaborador.<br />
56<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
2- Seja mal-educado.<br />
Confesso que tenho um pouquinho<br />
de receio de qu<strong>em</strong> não fala palavrão<br />
<strong>em</strong> momento algum. Fico com a<br />
impressão de que, b<strong>em</strong> no fundo,<br />
essas pessoas estão aprisionando<br />
um instinto animal. E quando enjaulados,<br />
alguns animais se tornam<br />
ainda mais ferozes (e perigosos).<br />
Mas falar palavrão é muito diferente<br />
de faltar com a educação.<br />
Uma pessoa que diz com alegria e<br />
entusiasmo: “Porra, muito obrigado!<br />
Você realmente salvou meu dia”, é<br />
muito mais educada do que uma<br />
pessoa que nunca agradece ninguém!<br />
“Por favor” e “com licença”<br />
também não faz<strong>em</strong> parte do vocabulário<br />
de pessoas mal-educadas.<br />
3- Não deixe claro o que<br />
você espera da sua equipe.<br />
Não adianta falar que quer mais<br />
comprometimento. Não adianta<br />
falar que as pessoas dev<strong>em</strong> vestir<br />
a camisa da <strong>em</strong>presa. Bons líderes<br />
deixam b<strong>em</strong> claro que tipo de comprometimento<br />
(ações e atitudes)<br />
esperam de cada pessoa. Desmotivar<br />
uma equipe usando essa “arma”<br />
é muito fácil: estipule uma<br />
meta e corra <strong>para</strong> trás de sua mesa<br />
s<strong>em</strong> apontar os melhores caminhos.<br />
4- Não dê o reconhecimento<br />
por um trabalho b<strong>em</strong>-feito.<br />
“Não fez mais do que a obrigação,<br />
já estou pagando o salário <strong>em</strong> dia.”<br />
Essa é uma frase típica de líderes<br />
desmotivadores. Nós, seres humanos,<br />
t<strong>em</strong>os uma necessidade<br />
básica de pertencer a um grupo.<br />
Quando receb<strong>em</strong>os a aprovação<br />
de um líder, de um colega de trabalho<br />
e até mesmo dos clientes,<br />
nos sentimos acolhidos. Agora,<br />
um segredinho: funcionários dedicados<br />
e que faz<strong>em</strong> seus trabalhos<br />
com muito capricho, se não tiver<strong>em</strong><br />
o reconhecimento do líder,<br />
uma hora ou outra receb<strong>em</strong> o<br />
reconhecimento de um cliente que<br />
irá indicá-los <strong>para</strong> concorrência.<br />
5- Atrase os salários com<br />
frequência.<br />
Uma das prioridades de qualquer<br />
instituição deveria ser pagar <strong>em</strong><br />
dia o salário de seus colaboradores.<br />
Atrasos recorrentes são altamente<br />
desmotivadores. De uma maneira<br />
geral, o brasileiro não t<strong>em</strong><br />
o hábito de poupar. Ou seja, salários<br />
atrasados significam que as<br />
contas pessoais dos funcionários<br />
ficarão atrasadas também. Quer<br />
ver os integrantes de sua equipe<br />
perder<strong>em</strong> o entusiasmo <strong>em</strong> trabalhar<br />
<strong>em</strong> sua <strong>em</strong>presa? Comece a<br />
atrasar os salários.<br />
6- Seja extr<strong>em</strong>amente<br />
rigoroso com detalhes<br />
insignificantes.<br />
Diz<strong>em</strong> que Steve Jobs era extr<strong>em</strong>amente<br />
rigoroso com detalhes<br />
que aparent<strong>em</strong>ente eram insignificantes.<br />
Acontece que o criador<br />
da Apple trabalhava com produtos<br />
revolucionários, principalmente<br />
pelo design. Para se d<strong>esta</strong>car da<br />
concorrência, ele escolheu ser rigoroso<br />
com detalhes. Uma escolha<br />
que certamente nunca deu a ele o<br />
prêmio de chefe do ano. Sim, pod<strong>em</strong>os<br />
dizer que Jobs alcançou a<br />
glória, mas também pod<strong>em</strong>os dizer<br />
que ele foi uma exceção. Liderar é<br />
ter consciência de que o caminho<br />
que já foi trilhado por outra pessoa<br />
será diferente quando alguém decidir<br />
percorrê-lo novamente.<br />
7- Deixe que as pessoas<br />
façam fofoca.<br />
As pessoas não ped<strong>em</strong> d<strong>em</strong>issão<br />
de uma <strong>em</strong>presa. Elas ped<strong>em</strong> d<strong>em</strong>issão<br />
de seus colegas de trabalho.<br />
Elas ped<strong>em</strong> d<strong>em</strong>issão do ambiente<br />
<strong>em</strong> que estão tendo que<br />
conviver. Em uma <strong>em</strong>presa <strong>em</strong><br />
que a fofoca é frequente e mordaz,<br />
a rotatividade de funcionários é<br />
alta. Bons líderes sab<strong>em</strong> que é<br />
importante cuidar <strong>para</strong> que a fofoca<br />
não se transforme <strong>em</strong> uma<br />
erva daninha.<br />
8- Chame a atenção de um<br />
funcionário na frente dos<br />
clientes.<br />
“Não chamar atenção de um colaborador<br />
na frente de outras pessoas”<br />
é um conselho antigo (e básico),<br />
mas ainda exist<strong>em</strong> “líderes”<br />
que não se importam <strong>em</strong> chamar<br />
atenção e até mesmo xingar na<br />
frente de outros colegas e clientes.<br />
Erros precisam ser corrigidos, mas<br />
na hora certa e do jeito certo. Os<br />
bons líderes procuram s<strong>em</strong>pre fazer<br />
o melhor que pod<strong>em</strong> <strong>para</strong> ajudar<br />
e inspirar suas equipes. Conselho<br />
de amigo: não espere que<br />
sua equipe faça o melhor pela sua<br />
<strong>em</strong>presa se você não faz o melhor<br />
pela sua equipe.<br />
9- Faça ameaças.<br />
O líder que faz ameaças <strong>para</strong> sua<br />
equipe, no fundo, no fundo está<br />
dizendo que não t<strong>em</strong> controle da<br />
situação. Ameaçar d<strong>em</strong>itir alguém<br />
ou ameaçar cortar um benefício é<br />
uma d<strong>em</strong>onstração clara de falta<br />
de planejamento.<br />
10- Não cumpra o que<br />
prometer.<br />
Liderar, antes de mais nada, é<br />
assumir o controle sobre si mesmo.<br />
Ao fazer promessas, tenha<br />
certeza de que conseguirá cumpri-<br />
-las (e, s<strong>em</strong>pre que possível, supere<br />
as expectativas). As pessoas<br />
esperam que seus líderes tenham,<br />
no mínimo, a honestidade de cumprir<br />
o que prometeram. Os que<br />
não cumpr<strong>em</strong> são grandes desmotivadores.<br />
Faltou algum it<strong>em</strong> n<strong>esta</strong> lista?<br />
O que desmotiva você? Conte<br />
<strong>para</strong> mim. Mande um e-mail <strong>para</strong><br />
contato@leandrobranquinho.<br />
com.br.<br />
P.S.: A ferramenta mais poderosa<br />
de liderança continua sendo<br />
a mais simples: o ex<strong>em</strong>plo.<br />
"Bons líderes<br />
deixam b<strong>em</strong><br />
claro que tipo de<br />
comprometimento<br />
(ações e atitudes)<br />
esperam de cada<br />
pessoa."<br />
Leandro Branquinho é palestrante<br />
de vendas e liderança<br />
de vendas, t<strong>em</strong> a<br />
tatuag<strong>em</strong> “Eu Amo Vender”<br />
no braço e é podcaster no<br />
www.radiovendas.com.br<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 57
Perspectivas e expectativas<br />
José Ricardo Noronha<br />
5 razões <strong>para</strong> acreditar que 2017<br />
será o ano da retomada<br />
Nos treinamentos, palestras, workshops e aulas de MBA<br />
que tenho ministrado <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas nacionais e multinacionais,<br />
muitos vendedores, líderes de vendas e<br />
presidentes têm me questionado se a tão esperada<br />
retomada da economia está mesmo por vir. Seria<br />
infame da minha parte se eu dissesse que tenho a<br />
resposta certeira a essa “pergunta de 1 milhão de<br />
dólares”, que n<strong>em</strong> os mais brilhantes e renomados<br />
economistas consegu<strong>em</strong> prever com exatidão.<br />
No entanto, posso dizer que vejo claramente os<br />
primeiros sinais da tão esperada e necessária retomada<br />
da economia, o que me faz vislumbrar um cenário promissor<br />
<strong>para</strong> 2017 <strong>para</strong> todos nós que somos apaixonados<br />
pelo mundo das vendas. As cinco<br />
razões que listo a seguir fortalec<strong>em</strong><br />
minha convicção:<br />
1) Cenário macroeconômico<br />
T<strong>em</strong>os, hoje, no mundo todo, uma<br />
situação de bastante liquidez, o que<br />
se traduz <strong>em</strong> um bom e intenso<br />
fluxo de investimentos estrangeiros<br />
no Brasil. Isso acontece devido<br />
à desvalorização e à depreciação<br />
substancial dos ativos ao longo dos<br />
58<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
últimos trimestres, especialmente<br />
por causa da recessão econômica.<br />
Além disso, o Brasil continua<br />
extr<strong>em</strong>amente atraente <strong>para</strong> <strong>em</strong>presas<br />
multinacionais dos mais<br />
variados setores (imobiliário, farmacêutico,<br />
educação, energia,<br />
bancos e finanças etc.), o que justifica<br />
o crescente movimento de<br />
consolidação e de fusões e aquisições<br />
nesses mercados.<br />
2) Cenário político nacional<br />
O presidente Michel T<strong>em</strong>er (a despeito<br />
de preferências político-<br />
-partidárias) teve um bom início<br />
de governo com a aprovação da<br />
PEC dos gastos públicos, o que<br />
dá a ele fôlego <strong>para</strong> seguir adiante<br />
com outras reformas. Além<br />
disso, seu conhecido traquejo político<br />
cria boas condições de lidar<br />
com um congresso hostil e pouco<br />
afeito às questões republicanas,<br />
o que dá a nós, vendedores e líderes,<br />
uma perspectiva de médio<br />
e longo prazo mais promissora.<br />
3) Queda dos juros<br />
Os pontos listados acima <strong>em</strong>basam<br />
a tendência de queda de juros (taxa<br />
Selic), que deve se consolidar<br />
ao longo dos próximos meses. Juros<br />
mais baixos tend<strong>em</strong> a dar maior<br />
fluidez à economia, <strong>em</strong> virtude do<br />
barateamento do crédito <strong>para</strong> <strong>em</strong>presas<br />
e indivíduos, e também deve<br />
servir como um estímulo importante<br />
à retomada da atividade<br />
econômica. Tudo isso impacta diretamente<br />
no ânimo e nas ações<br />
de <strong>em</strong>presas e consumidores.<br />
4) Retomada da confiança<br />
Diversas pesquisas têm trazido<br />
dados positivos referentes à retomada<br />
da confiança do <strong>em</strong>presariado<br />
e também dos consumidores.<br />
Em outubro do ano passado,<br />
por ex<strong>em</strong>plo, a Fundação Getulio<br />
Vargas (FGV) revelou que o Índice<br />
de Confiança do Consumidor<br />
(ICC) tinha subido 1,3 ponto entre<br />
agosto e set<strong>em</strong>bro, atingindo 80,6<br />
pontos – o maior índice desde<br />
janeiro de 2015 (81,2 pontos). Foi<br />
a quinta alta consecutiva do ICC,<br />
que atingiu seu mínimo histórico<br />
(56,9 pontos) <strong>em</strong> abril de 2015.<br />
Se levarmos <strong>em</strong> consideração<br />
que a pior crise <strong>em</strong> que um país<br />
pode mergulhar é a da confiança,<br />
tão logo tenhamos índices melhores<br />
nessa questão, dever<strong>em</strong>os<br />
ver uma série de <strong>em</strong>presas retomando<br />
o ritmo normal de seus<br />
investimentos e os consumidores<br />
tend<strong>em</strong> a voltar a consumir e reaquecer<br />
a economia.<br />
5) O Brasil e todos nós<br />
precisamos!<br />
Com mais de 12 milhões de des<strong>em</strong>pregados<br />
(se considerarmos<br />
apenas os números oficiais, que<br />
não levam <strong>em</strong> conta os milhões<br />
de profissionais que migraram<br />
<strong>para</strong> a chamada “economia informal”),<br />
o Brasil e todos nós precisamos<br />
seguir <strong>em</strong> frente!<br />
E esse sentimento que ganha<br />
cada vez mais corpo de que o pior<br />
já ficou <strong>para</strong> trás é bastante positivo,<br />
pois fomenta a esperança<br />
de que todos somos responsáveis,<br />
direta e indiretamente, pela reconstrução<br />
do nosso país e da<br />
nossa economia.<br />
Enfim, t<strong>em</strong>os muitos motivos<br />
<strong>para</strong> acreditar que o “fundo do<br />
poço” ficou <strong>para</strong> trás e que a luz<br />
no fim do túnel começa a ganhar<br />
um brilho cada vez mais intenso.<br />
E diante disso tudo, tenho outra<br />
certeza: a de que somente as <strong>em</strong>presas<br />
e os profissionais b<strong>em</strong>-<strong>pre<strong>para</strong>do</strong>s<br />
terão condições e capacidade<br />
<strong>para</strong> brilhar nesse novo cenário.<br />
Um novo cenário de negócios,<br />
especialmente no mundo das vendas<br />
consultivas de alta performance,<br />
que será marcado de um lado<br />
por clientes extr<strong>em</strong>amente exigentes,<br />
b<strong>em</strong>-informados e repletos de<br />
boas opções à sua frente e, de outro,<br />
por concorrentes cada vez melhores,<br />
mais agressivos e com produtos,<br />
serviços e soluções muito similares<br />
– quando não absolutamente<br />
iguais – aos que comercializamos<br />
<strong>em</strong> nossas <strong>em</strong>presas.<br />
Diante disso tudo, surge o<br />
el<strong>em</strong>ento mais crucial <strong>para</strong> o crescimento<br />
do país, dos negócios e<br />
dos profissionais: educação de<br />
qualidade, que, muito <strong>em</strong>bora<br />
tenha sido negligenciada ao longo<br />
das últimas décadas, certamente<br />
será o fator mais preponderante<br />
de diferenciação competitiva<br />
nesse mercado <strong>em</strong> que irão<br />
brilhar os profissionais e <strong>em</strong>presas<br />
que têm paixão pelo que faz<strong>em</strong>,<br />
que têm expertise <strong>em</strong> seus<br />
respectivos mercados e que têm<br />
na crença de que somente a educação<br />
pode de fato transformar<br />
a nossa história alguns dos el<strong>em</strong>entos<br />
essenciais <strong>para</strong> a busca<br />
do sucesso e de resultados e margens<br />
de vendas cada vez melhores<br />
e mais sustentáveis.<br />
Aliás, não por acaso, a pre<strong>para</strong>ção<br />
é um dos t<strong>em</strong>as do curso<br />
on-line Vendas Consultivas de<br />
Alta Performance, do Instituto<br />
<strong>VendaMais</strong> (institutovendamais.<br />
com.br), que Raul Candeloro e eu<br />
criamos <strong>para</strong> ajudar você a brilhar<br />
neste novo e promissor cenário!<br />
Vamos acreditar e trabalhar<br />
de forma ainda mais inteligente,<br />
pois o Brasil, enfim, viverá o momento<br />
de retomada da economia<br />
e de crescimento das vendas nos<br />
mais diversos setores.<br />
Será que você e seus profissionais<br />
estão prontos <strong>para</strong> surfar<br />
nessa nova, incrível e igualmente<br />
traiçoeira onda?<br />
Boas vendas!<br />
"Se levarmos <strong>em</strong><br />
consideração que<br />
a pior crise <strong>em</strong><br />
que um país pode<br />
mergulhar é a da<br />
confiança, tão logo<br />
tenhamos índices<br />
melhores nessa<br />
questão, dever<strong>em</strong>os<br />
ver uma série de<br />
<strong>em</strong>presas retomando<br />
o ritmo normal de<br />
seus investimentos<br />
e os consumidores<br />
tend<strong>em</strong> a voltar<br />
a consumir e<br />
reaquecer a<br />
economia."<br />
José Ricardo Noronha é<br />
vendedor vencedor, palestrante,<br />
professor, consultor<br />
e autor do livro Vendas!<br />
Como eu faço?<br />
Visite o site:<br />
www.paixaoporvendas.<br />
com.br<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 59
s /Da Redação<br />
Prospecção de clientes na prática<br />
Volta e meia receb<strong>em</strong>os sugestões de pautas sobre t<strong>em</strong>as<br />
que já foram amplamente abordados <strong>em</strong> edições anteriores.<br />
Para esses leitores, indicamos artigos do Portal <strong>VendaMais</strong><br />
ou enviamos o arquivo digital de uma edição da<br />
VM <strong>em</strong> que uma matéria sobre o assunto de seu interesse<br />
foi publicada. Assim, não deixamos dúvidas s<strong>em</strong> respostas.<br />
Mas na última reunião de pauta, concluímos<br />
que abrir nosso acervo e tirar dele materiais<br />
sobre os t<strong>em</strong>as mais solicitados seria uma<br />
excelente forma de não deixar bons conteúdos<br />
se perder<strong>em</strong>. Assim nasceu a seção Enciclopédia<br />
VM! N<strong>esta</strong> edição, ela traz um trecho<br />
da reportag<strong>em</strong> de capa da <strong>VendaMais</strong> de maio<br />
de 2015 sobre prospecção de clientes (disponível<br />
<strong>para</strong> download <strong>em</strong> bit.ly/vm-mai15).<br />
Confira!<br />
6 passos <strong>para</strong> fazer a prospecção<br />
fluir <strong>em</strong> sua <strong>em</strong>presa<br />
Antes de tornar a prospecção um processo estruturado,<br />
avalie o momento que sua <strong>em</strong>presa vive. Será<br />
que se a prospecção começar a fluir, vocês conseguirão<br />
dar conta dos novos clientes que entram na<br />
carteira? Será que o momento é de prospectar ou de<br />
cuidar melhor dos clientes atuais?<br />
Se for o caso de prospectar mais clientes, pergunte-<br />
-se: minha equipe atual consegue assumir mais essa<br />
tarefa ou preciso contratar outros profissionais e redistribuir<br />
as funções? Cada vendedor ficará responsável<br />
pelo processo todo da venda ou ter<strong>em</strong>os um departamento/uma<br />
pessoa responsável apenas pela prospecção?<br />
Terceirizar essa etapa da venda é uma opção?<br />
60<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Com essas questões b<strong>em</strong> definidas, você pode<br />
seguir o passo-a-passo abaixo, que vai enraizar a<br />
cultura da prospecção na sua <strong>em</strong>presa e trazer resultados<br />
excepcionais.<br />
1) Defina o perfil do cliente ideal (PCI)<br />
Atirar <strong>para</strong> todos os lados não é uma estratégia de<br />
prospecção eficaz. Para trazer <strong>para</strong> a sua carteira de<br />
clientes prospects de potencial, você precisa entender<br />
qu<strong>em</strong> são essas pessoas. Para isso, defina seu perfil<br />
de cliente ideal (PCI) seguindo estes passos:<br />
a) Escolha entre três e cinco clientes de sua carteira<br />
que você considera clientes ideais, aqueles que<br />
se todos os clientes foss<strong>em</strong> como eles, você seria<br />
o vendedor mais feliz do mundo. Analise-os,<br />
identifique o que eles têm <strong>em</strong> comum (quais são<br />
as características d<strong>em</strong>ográficas, geográficas e<br />
psicográficas s<strong>em</strong>elhantes e qual seu perfil de<br />
consumo) e anote tudo.<br />
b) Escolha as três características mais importantes<br />
dentre as listadas.<br />
c) Defina quais são os probl<strong>em</strong>as que você ajuda<br />
esses clientes a resolver.<br />
d) D<strong>esta</strong>que três diferenciais que esses clientes valorizam<br />
<strong>em</strong> sua <strong>em</strong>presa (além do preço).<br />
e) Junte tudo e crie o descritivo de cliente ideal:<br />
“Meu cliente ideal é aquele que t<strong>em</strong> tais características,<br />
está procurando resolver os probl<strong>em</strong>as<br />
x, y e z e valoriza estes diferenciais.”<br />
“Com o PCI, você t<strong>em</strong> muito mais eficiência,<br />
porque aproveita melhor cada contato. Você também<br />
t<strong>em</strong> mais chances de receber indicações, pois, ao<br />
trabalhar focado <strong>em</strong> um determinado grupo de<br />
clientes potenciais, eles consegu<strong>em</strong> entender claramente<br />
o que você está oferecendo e pod<strong>em</strong> indicá-lo<br />
<strong>para</strong> outras pessoas, que pod<strong>em</strong> se beneficiar do uso<br />
de seus produtos e serviços”, explica Raul Candeloro,<br />
diretor da <strong>VendaMais</strong>.<br />
2) Descubra onde seus clientes ideais<br />
estão – e esteja lá<br />
Assim como dinheiro não cai do céu, o mesmo vale<br />
<strong>para</strong> novos clientes. Se você quer aumentar sua carteira,<br />
precisa se mexer. Obviamente, a internet é sua<br />
aliada nesse processo. Seus clientes estão nas redes<br />
sociais? Esteja também. Grupos do Facebook e, principalmente,<br />
do LinkedIn, pod<strong>em</strong> ser excelentes canais<br />
de prospecção. Mas você pode (e<br />
deve!) ir além. Participe de associações,<br />
faça cursos, vá a eventos,<br />
frequente clubes, igrejas...<br />
Olhe <strong>para</strong> o lado! Muitas vezes,<br />
o melhor cliente da sua vida está<br />
na panificadora que você frequenta<br />
todos os dias e você ainda<br />
não viu porque não parou<br />
<strong>para</strong> observar.<br />
3) Crie um banco de dados<br />
e comunique-se<br />
regularmente com os<br />
prospects cadastrados<br />
Fez um contato com um prospect<br />
e o retorno não foi positivo? Não<br />
desista! Crie uma estratégia de<br />
comunicação <strong>para</strong> ele (e <strong>para</strong> todos<br />
os outros na mesma situação) e<br />
preocupe-se <strong>em</strong> fortalecer o relacionamento<br />
entre vocês antes de<br />
fazer mais uma abordag<strong>em</strong> de<br />
venda. No fim das contas, o que<br />
todo mundo quer é se sentir valorizado,<br />
certo? Por isso, comunique-<br />
-se com qu<strong>em</strong> pode comprar de<br />
você mais <strong>para</strong> frente e facilite<br />
suas vendas futuras.<br />
4) Elabore um script<br />
<strong>para</strong> a prospecção<br />
Depois de definir qu<strong>em</strong> é seu cliente<br />
ideal, descobrir onde ele está e<br />
começar a se comunicar com ele,<br />
você precisa elaborar um script<br />
<strong>para</strong> a prospecção. “O script é uma<br />
série de palavras organizada de<br />
maneira inteligente e planejada<br />
<strong>para</strong> você provocar o melhor impacto<br />
possível no primeiro contato<br />
com o prospect. É feito de um<br />
ou dois parágrafos, que leve trinta<br />
segundos no máximo <strong>para</strong> o<br />
prospect ler ou ouvir e entender<br />
como você pode ajudá-lo”, revela<br />
Candeloro.<br />
No curso on-line “Alta Performance<br />
<strong>em</strong> Vendas”, Candeloro<br />
apresenta os tipos de script de<br />
prospecção:<br />
a) Script de venda: Quando o prospect<br />
diz: “Sim, tenho interesse.”<br />
b) Script de perguntas <strong>para</strong><br />
levantar necessidades e descobrir<br />
se existe um potencial<br />
futuro: Quando o prospect<br />
diz: “Agora não é um bom<br />
momento.”<br />
c) Script de perguntas <strong>para</strong><br />
descobrir quais são os irritadores<br />
de compra do prospect<br />
e quando ele decide trocar<br />
de fornecedor e o porquê:<br />
Quando ele diz: “Não é um bom<br />
momento, já compro de outra<br />
<strong>em</strong>presa.”<br />
d) Script <strong>para</strong> tentar descobrir<br />
qual é a falha que está ocorrendo:<br />
Quando o prospect simplesmente<br />
diz: “Não tenho<br />
interesse.” É probl<strong>em</strong>a de perfil?<br />
É uma questão de momento<br />
ruim? É a sua apresentação<br />
que não está ajudando? É mais<br />
persistência que precisa <strong>para</strong><br />
convencer o prospect de que<br />
você realmente pode ajudá-lo?<br />
A ideia não é engessar o contato,<br />
mas ajudar você a chegar ao<br />
prospect <strong>pre<strong>para</strong>do</strong> <strong>para</strong> fazer uma<br />
abordag<strong>em</strong> que gere vendas.<br />
5) Peça indicações<br />
Todo mundo t<strong>em</strong> uma <strong>em</strong>presa ou<br />
um conhecido que pode usar o que<br />
você vende. Por isso, peça indicações!<br />
É fácil, barato e extr<strong>em</strong>amente<br />
positivo.<br />
6) Faça a roda girar<br />
Torne isso um processo, mantendo<br />
s<strong>em</strong>pre a chama da prospecção<br />
acesa e buscando incessant<strong>em</strong>ente<br />
novos prospects <strong>para</strong> sua carteira.<br />
O resto é consequência!<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 61
Direto das Soluções <strong>VendaMais</strong><br />
Marcelo Caetano<br />
Não seja o<br />
gerador da sua<br />
própria crise!<br />
Há algum t<strong>em</strong>po, reparei que exist<strong>em</strong> <strong>em</strong>presas e<br />
vendedores que acabam provocando crises. Aliás,<br />
reparei, na verdade, que a crise é uma grande desculpa/disfarce<br />
<strong>para</strong> uma série de incompetências<br />
tanto dos profissionais quanto das <strong>em</strong>presas que<br />
eles representam. Ilustro com um ex<strong>em</strong>plo comum<br />
no momento: muitas <strong>em</strong>presas estão lançando apenas<br />
produtos de base, de baixo custo, porque é o que<br />
o mercado está d<strong>em</strong>andando no momento. O probl<strong>em</strong>a<br />
é que, com isso, o cliente passa a ancorar o<br />
preço nessa linha de produtos e a exigir valores<br />
ainda mais baixos. Isso resulta <strong>em</strong> desconto <strong>em</strong> cima<br />
de desconto ou na tentativa de <strong>vender</strong> produtos<br />
mais baratos e que pod<strong>em</strong> comprometer por muitos<br />
anos o posicionamento da marca.<br />
Desse modo, as <strong>em</strong>presas perd<strong>em</strong> a noção de que<br />
o que está <strong>em</strong> jogo – além da sobrevivência a uma<br />
crise financeira – é o seu posicionamento. E esquec<strong>em</strong><br />
que um posicionamento perdido dificilmente<br />
será recuperado.<br />
62<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Ex<strong>em</strong>plo da vida real 1<br />
Um t<strong>em</strong>po atrás, fui a um supermercado<br />
e encontrei uma<br />
cerveja que costumava ser R$<br />
7,50 (quando era produzida por<br />
uma cervejaria artesanal) sendo<br />
vendida a R$ 3,50. Pensei<br />
que a redução no preço se devia<br />
ao fato de a cervejaria ter sido<br />
vendida <strong>para</strong> uma grande <strong>em</strong>presa.<br />
Não tive dúvidas e comprei<br />
várias, pois no fim de s<strong>em</strong>ana<br />
ia fazer um churrasco<br />
<strong>para</strong> alguns amigos e também<br />
queria ter estoque por um bom<br />
t<strong>em</strong>po. Só não contava com a<br />
sede dos amigos...<br />
Na s<strong>em</strong>ana seguinte, então,<br />
voltei ao mercado <strong>para</strong> comprar<br />
mais. Para minha surpresa, o<br />
preço tinha voltado <strong>para</strong> R$ 7,50.<br />
Não comprei mais! Na verdade,<br />
nunca mais encontrei essa cerveja<br />
por R$ 3,50. Eu já sabia que<br />
ela não era mais artesanal, mas<br />
o posicionamento da <strong>em</strong>presa<br />
se mantinha o mesmo. O que<br />
colocou tudo a perder, <strong>para</strong> mim,<br />
foi essa movimentação no preço,<br />
que não necessariamente foi<br />
feita pela cervejaria – pode ter<br />
sido um movimento do mercado<br />
–, mas me fez refletir sobre<br />
as implicações de ter sido vendida<br />
<strong>para</strong> uma grande <strong>em</strong>presa<br />
(minha expectativa natural era<br />
que o preço caísse depois da<br />
mudança). Na minha visão (e<br />
talvez na de outros consumidores<br />
também), comprometeu a<br />
marca, o posicionamento e o<br />
valor. Com certeza a <strong>em</strong>presa<br />
conseguiu derrubar seus estoques,<br />
mas a que preço?<br />
"O maior probl<strong>em</strong>a é quando investimos<br />
na diferenciação, mas vend<strong>em</strong>os preço.<br />
Isso quebra a <strong>em</strong>presa."<br />
Ex<strong>em</strong>plos da vida real 2 e 3<br />
Eu compro todas as minhas camisas<br />
<strong>em</strong> uma mesma loja. As<br />
camisas não são baratas – e, infelizmente,<br />
nunca entram <strong>em</strong><br />
promoção –, mas quase não amassam,<br />
o que faz com que sejam<br />
ideais <strong>para</strong> pessoas que viajam<br />
muito, como eu. Por isso, sou fiel<br />
à marca e a esse produto, mais<br />
especificamente.<br />
Dia desses, fui comprar uma<br />
camisa, provei e aproveitei <strong>para</strong><br />
levar duas de uma vez. Paguei<br />
s<strong>em</strong> olhar o preço – afinal, já<br />
sabia mais ou menos quanto custava.<br />
Quando fui usar pela primeira<br />
vez <strong>em</strong> uma viag<strong>em</strong>, porém,<br />
vi que a camisa saiu da mala b<strong>em</strong><br />
amassada. Eles haviam mudado<br />
o tecido. Podiam ter aumentado<br />
um pouco o preço e eu pagaria (e<br />
outros clientes também, é claro),<br />
mas não, acharam melhor comprar<br />
um tecido mais barato. Como<br />
ficou minha confiança na marca?<br />
E minha fidelidade? Se os clientes<br />
sumir<strong>em</strong>, eles dirão que foi a crise.<br />
Certamente isso aconteceu<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 63
"Análises<br />
superficiais<br />
levam a<br />
desastres<br />
fatais."<br />
porque lá dentro t<strong>em</strong> uma grande<br />
pressão por redução de custos,<br />
o que é perfeitamente compreensível,<br />
mas o probl<strong>em</strong>a é o custo<br />
da imag<strong>em</strong>, que nesse caso que<br />
não foi computado.<br />
Mas esse não é um mal que<br />
acomete apenas as <strong>em</strong>presas.<br />
Vendedores e gestores também<br />
estão sucumbindo ao medo gerado<br />
pela crise. Esses dias mesmo<br />
presenciei uma conversa<br />
durante uma convenção de vendas<br />
na qual o vendedor dizia ao<br />
gerente que o cliente só queria<br />
preço baixo. O gestor concordou<br />
e ainda argumentou <strong>para</strong> mim<br />
que o foco <strong>esta</strong>va mesmo todo<br />
no preço. Contei até dez <strong>para</strong> não<br />
contra-argumentar na mesa, mas,<br />
depois, chamei o gestor <strong>para</strong> uma<br />
conversa reflexiva e, juntos, elencamos<br />
tudo o que aquela <strong>em</strong>presa<br />
fazia de diferente <strong>para</strong> o cliente.<br />
Chegamos a uma lista de seis<br />
itens de diferenciação, que não<br />
<strong>esta</strong>vam sendo trabalhados pela<br />
equipe. Investir <strong>em</strong> diferenciação<br />
e <strong>vender</strong> preço é algo que quebra<br />
uma <strong>em</strong>presa.<br />
Custo x investimento<br />
O ano passado foi um ano muito<br />
bom <strong>para</strong> a área de treinamentos<br />
corporativos, diagnósticos e consultoria.<br />
Enquanto muitas <strong>em</strong>presas<br />
ficaram reclamando da<br />
crise, outras nos contrataram <strong>para</strong><br />
capacitar suas equipes. Porém,<br />
uma história vivida por nós com<br />
um prospect foi marcante...<br />
Essa <strong>em</strong>presa queria desenvolver<br />
um programa de treinamento<br />
on-line continuado, e uma<br />
das ações do treinamento era a<br />
produção de um vídeo sobre cada<br />
novo produto. A ideia era treinar<br />
os vendedores <strong>para</strong> que eles estivess<strong>em</strong><br />
prontos <strong>para</strong> mostrar o<br />
produto ao cliente ou, ainda, ter<br />
um material de apoio <strong>para</strong> o vendedor<br />
apresentar na visita. Veja<br />
que interessante: antes, quando<br />
eles lançavam um produto, imprimiam<br />
os detalhes técnicos e<br />
os diferenciais <strong>em</strong> uma folha.<br />
64<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Depois, passaram a gravar um<br />
vídeo que servia tanto <strong>para</strong> o vendedor<br />
quanto <strong>para</strong> o cliente! Eles<br />
já faziam isso internamente, aliás,<br />
mas queriam que déss<strong>em</strong>os<br />
uma olhada <strong>para</strong> profissionalizar<br />
o trabalho, assim como fariam<br />
com toda parte de treinamento.<br />
Mas, <strong>para</strong> minha total surpresa,<br />
o programa foi simplesmente<br />
cortado! Segundo os responsáveis,<br />
os custos de produção<br />
não eram baixos, o projeto envolvia<br />
muita gente (gerente de desenvolvimento,<br />
de vendas etc.),<br />
tomava muito t<strong>em</strong>po de todos e<br />
assim por diante. Por isso, decidiram<br />
<strong>para</strong>r.<br />
Para entender melhor o cenário,<br />
perguntei se o ritmo de lançamentos<br />
também seria diminuído,<br />
e soube que não – pelo contrário,<br />
o ritmo <strong>esta</strong>va acelerado!<br />
Veja só a cadeia que se abriu:<br />
os produtos seriam lançados dentro<br />
de um modelo mais artesanal,<br />
s<strong>em</strong> os vídeos com os quais a<br />
equipe <strong>esta</strong>va acostumada. Naturalmente,<br />
corre-se o risco de<br />
os novos produtos não ser<strong>em</strong> vendidos,<br />
ficar<strong>em</strong> <strong>em</strong> estoque e, com<br />
isso, a <strong>em</strong>presa sentir-se desestimulada<br />
a lançar novos produtos,<br />
uma vez que os lançamentos se<br />
acumulariam e poderiam tomar<br />
lugar dos produtos mais vendidos,<br />
que provavelmente teriam seus<br />
estoques reduzidos. Essa <strong>em</strong>presa<br />
está gerando a própria crise!<br />
Veja, não estou propondo uma<br />
gastança s<strong>em</strong> limites, mas um<br />
questionamento do quanto esses<br />
cortes mal-feitos pod<strong>em</strong> gerar<br />
tragédias. E será mesmo que o<br />
que está sendo cortado é um custo,<br />
e não um investimento? T<strong>em</strong><br />
uma coisa que s<strong>em</strong>pre digo nas<br />
reuniões estratégicas de que participo<br />
nas <strong>em</strong>presas: análises superficiais<br />
levam a desastres fatais.<br />
O lado dos vendedores<br />
Outro ponto importante são os<br />
vendedores que geram a própria<br />
crise por <strong>vender</strong><strong>em</strong> s<strong>em</strong> estratégia<br />
alguma. Eles são dominados pelo<br />
medo e passam a oferecer produtos<br />
mais baratos e <strong>para</strong>m de ousar, não<br />
oferec<strong>em</strong> produtos de maior valor<br />
agregado, não tentam fazer vendas<br />
adicionais e não prospectam clientes<br />
<strong>para</strong> compensar os que estão<br />
perdendo. Em resumo, eles afundam<br />
junto com suas vendas!<br />
O fato é que as saídas <strong>para</strong> <strong>vender</strong><br />
mais são simples: ou vende-se<br />
<strong>para</strong> mais clientes, ou vende-se<br />
mais mix, ou produtos de maior<br />
valor agregado ou <strong>em</strong> maiores<br />
quantidades <strong>para</strong> os atuais clientes.<br />
Não existe outro caminho<br />
<strong>para</strong> <strong>vender</strong> mais! Mas quando<br />
questiono os vendedores quanto<br />
ao que eles farão <strong>para</strong> <strong>vender</strong><br />
mais <strong>em</strong> 2017, o que ouço é uma<br />
série de enrolações s<strong>em</strong> números<br />
ou estratégias. Para resolver esse<br />
probl<strong>em</strong>a, você precisa responder<br />
rapidamente:<br />
1. Para quantos clientes você pretende<br />
<strong>vender</strong> por mês <strong>em</strong> 2017?<br />
2. Quantos clientes ativos você<br />
precisa ter <strong>para</strong> atingir essa<br />
meta?<br />
3. Você t<strong>em</strong> uma meta de venda<br />
<strong>para</strong> cada cliente?<br />
4. Qual ticket médio precisa atingir?<br />
5. Quantos itens por cliente precisa<br />
<strong>vender</strong>?<br />
6. E o mais importante: como<br />
você pretende fazer isso?<br />
Veja que esse é um plano muito<br />
simples que todo líder deveria<br />
fazer sua equipe preencher este<br />
ano – ou melhor, que todo líder<br />
deveria preencher com sua equipe.<br />
Por outro lado, vejo <strong>em</strong>presas<br />
reagindo a esse modelo, lançando<br />
produtos de alto valor <strong>para</strong>,<br />
se não <strong>vender</strong> grandes quantidades,<br />
pelo menos auxiliar na<br />
ancorag<strong>em</strong> e também d<strong>em</strong>onstrar<br />
que o posicionamento de diferenciação<br />
continua valendo (porque<br />
a verdade é uma só: muitas<br />
<strong>em</strong>presas falam que são diferenciadas,<br />
mas na hora da crise ficam<br />
todas iguais. Ou grande<br />
parte delas).<br />
Para pensar<br />
Eu tive um grande professor de<br />
marketing que falava que o excesso<br />
de dinheiro é inimigo da<br />
criatividade, pois, com dinheiro,<br />
quase tudo se transforma <strong>em</strong> uma<br />
superprodução enfadonha, que<br />
raramente supera uma boa e simples<br />
ideia. O que vejo hoje é que<br />
a crise também assassina a criatividade<br />
das <strong>em</strong>presas, mas que<br />
é justamente nesse momento que<br />
t<strong>em</strong>os que ser mais criativos. Não<br />
estou dizendo que é preciso fazer<br />
loucuras, mas não pod<strong>em</strong>os nos<br />
submeter à ditadura da crise.<br />
E você, vai gerar sua própria<br />
crise <strong>em</strong> 2017?<br />
Marcelo Caetano é sócio-diretor da consultoria<br />
Soluções <strong>VendaMais</strong> e autor dos livros<br />
Vendedor fiel, cliente fiel e Chega de desconto!<br />
E-mail: caetano@vendamais.com.br<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 65
ATÉ MAIS / DA REDAÇÃO<br />
Dúvidas de vendas?<br />
A <strong>VendaMais</strong> responde!<br />
Há pouco menos de dois anos, conscientes de que as páginas da <strong>VendaMais</strong> não eram suficientes<br />
<strong>para</strong> responder todas as dúvidas de nossos leitores, criamos uma série especial no<br />
YouTube chamada <strong>VendaMais</strong> Responde. Nela, Raul Candeloro e Marcelo Caetano, diretores<br />
da revista e especialistas <strong>em</strong> vendas, escolh<strong>em</strong> dúvidas de leitores enviadas por e-mail<br />
que se repet<strong>em</strong> e debat<strong>em</strong> o assunto, apresentando reflexões pertinentes, dicas preciosas e<br />
grandes ensinamentos!<br />
De fevereiro de 2015 (quando a série foi lançada) <strong>para</strong> cá, já produzimos mais de dez vídeos, que são<br />
s<strong>em</strong>pre lançados com exclusividade aos nossos assinantes e, meses depois, liberados <strong>para</strong> o público <strong>em</strong><br />
geral – caso dos episódios listados abaixo, que foram os cinco primeiros a entrar no ar e que agora já<br />
estão disponíveis. Assista, inscreva-se no nosso canal e não perca mais os vídeos dessa série. Eles com<br />
certeza serão muito úteis <strong>para</strong> o seu dia a dia <strong>em</strong> vendas!<br />
Como fazer a gestão da<br />
carteira de clientes?<br />
bit.ly/g<strong>esta</strong>o-carteira<br />
Como dar feedback<br />
(de verdade) <strong>para</strong> a equipe<br />
de vendas?<br />
bit.ly/4-feedback-vendas<br />
Como <strong>vender</strong> <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos<br />
de crise?<br />
bit.ly/2-como-<strong>vender</strong>-crise<br />
Como fazer reuniões de vendas<br />
mais produtivas?<br />
bit.ly/VM-Responde-reunioes-produtivas<br />
Como treinar a equipe<br />
de vendas?<br />
bit.ly/VM-Responde<br />
Quer ver sua dúvida sendo respondida por Raul Candeloro e Marcelo Caetano? Escreva <strong>para</strong> leitor@<br />
vendamais.com.br. Ela pode até não virar t<strong>em</strong>a de uma edição do <strong>VendaMais</strong> Responde, mas com<br />
certeza não ficará s<strong>em</strong> resposta!<br />
Não é assinante <strong>VendaMais</strong>, terminou de ler <strong>esta</strong> edição e se animou a fazer parte do grupo que recebe nossas novidades<br />
<strong>em</strong> primeira mão e t<strong>em</strong> acesso a conteúdos exclusivos? Acesse bit.ly/<strong>VendaMais</strong>-assinatura e faça sua assinatura!<br />
66<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017
Grande<br />
oportunidade<br />
Você está à procura de<br />
uma grande oportunidade?<br />
Bom, então pode <strong>para</strong>r<br />
de procurar. A maior<br />
oportunidade que qualquer<br />
pessoa gostaria de<br />
ter na vida já é sua. E você<br />
não t<strong>em</strong> que pagar por ela,<br />
n<strong>em</strong> preencher uma ficha.<br />
Essa chance incrível pode<br />
trabalhar a seu favor, independent<strong>em</strong>ente<br />
do seu<br />
passado, da sua educação,<br />
da sua escolaridade, das<br />
suas habilidades físicas<br />
ou de algum treinamento<br />
técnico.<br />
A oportunidade à sua<br />
frente chama-se hoje. E<br />
ela t<strong>em</strong> um poder enorme,<br />
com o potencial de entregar<br />
tudo que você realmente<br />
quiser. Sua grande<br />
chance está aqui e agora.<br />
São as horas e os momentos<br />
preciosos, irrecuperáveis,<br />
que compõ<strong>em</strong> o seu<br />
dia. Seja qual for a hora<br />
<strong>em</strong> que você estiver lendo<br />
isto, o hoje <strong>esta</strong>rá apenas<br />
começando. Você terá à<br />
sua frente 24 horas novinhas,<br />
disponíveis, fresquinhas,<br />
esperando <strong>para</strong> ser<strong>em</strong><br />
usadas até <strong>esta</strong> mesma<br />
hora amanhã.<br />
Hoje é uma oportunidade<br />
gigantesca. Ninguém,<br />
n<strong>em</strong> os mais ricos ou famosos,<br />
t<strong>em</strong> mais horas<br />
de oportunidades do que<br />
você. Para todos, o dia t<strong>em</strong><br />
o mesmo tamanho. Aproveite!<br />
Viva – e transforme<br />
esse dia <strong>em</strong> algo positivo.<br />
Ralph Marston<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017 67
68<br />
vendamais.com.br - JANEIRO-FEVEREIRO 2017