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Entrevista<br />
William Ury, cofundador do Programa de Negociação da Universidade de<br />
Harvard e um dos mais renomados especialistas em negociação e mediação do mundo,<br />
descomplica teorias e indica o caminho para você se tornar um negociador de sucesso<br />
ANO 22 I Nº <strong>261</strong> I MARÇO-ABRIL/2017 I R$ 19,50<br />
vendamais.com.br<br />
C O N H E C I M E N T O S I H A B I L I D A D E S I A T I T U D E S
2<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 3
vendamais<br />
MAR-ABR/17<br />
06 Editorial<br />
Como a prospecção influencia na<br />
negociação?<br />
08 Reservado para você<br />
O que os leitores dizem sobre a<br />
<strong>VendaMais</strong><br />
09 Entre nós<br />
Dicas selecionadas pela nossa equipe<br />
especialmente para você<br />
10 On-line<br />
As últimas pesquisas, novidades e<br />
tendências do mercado<br />
36<br />
12 Manual do líder<br />
Quer engajar sua equipe? Aprenda a<br />
negociar com ela!<br />
14<br />
14 Entrevista<br />
William Ury, cofundador do Programa<br />
de Negociação da Universidade de<br />
Harvard e um dos mais renomados<br />
especialistas em negociação e<br />
mediação do mundo, descomplica<br />
teorias e indica o caminho que você<br />
precisa percorrer para se tornar um<br />
negociador de sucesso<br />
20 Supernegociadores<br />
Saiba o que fazem os profissionais de<br />
vendas que se destacam no momento<br />
da negociação<br />
4 vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
30<br />
50<br />
52<br />
24 Jerônimo Mendes<br />
Uma boa negociação exige um ótimo<br />
preparo<br />
26 Top 10<br />
10 livros para entender os princípios<br />
da negociação e negociar melhor<br />
30 João Kepler<br />
O negociador na era digital<br />
32 Gestão de equipes<br />
Descubra de quantos vendedores sua<br />
equipe comercial precisa<br />
34 JB Vilhena<br />
O mito do “ganha-ganha”<br />
36 Capa<br />
Guia da negociação em vendas<br />
50 Marcelo Ortega<br />
O caminho para negociar melhor<br />
52 Marketing de conteúdo<br />
Como contar histórias que vendem<br />
56 João Alberto Costenaro<br />
Gatilhos mentais na negociação<br />
58 Guilherme Machado<br />
Vendas de ciclo longo: como vencer o<br />
desafio da modernidade<br />
60 César Frazão<br />
Dicas práticas para se preparar para<br />
objeções em uma negociação<br />
62 Marcelo Caetano<br />
Cuide da fidelização e pare de perder<br />
clientes!<br />
56<br />
58<br />
46 Silvia Candeloro<br />
Existe diferença entre homens e<br />
mulheres negociando?<br />
48 Enciclopédia <strong>VendaMais</strong><br />
A arte da negociação<br />
66 Até mais<br />
Você está preparado para conseguir<br />
resultados melhores nas suas<br />
negociações?<br />
67 Ralph Marston<br />
Liberdade para pensar<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 5
EDITORIAL<br />
Raul CANDELORO<br />
Como a<br />
prospecção<br />
influencia na<br />
negociação?<br />
Hoje estou me sentindo até mais inteligente: consegui<br />
citar Dalai Lama, William de Occam, Albert Einstein<br />
e Sun Tzu no mesmo artigo! Vamos começar pelo<br />
Dalai...<br />
“Se quiser saber de onde vem o veneno num<br />
rio, siga-o rio acima, em direção à fonte, e não rio<br />
abaixo.”<br />
Vários colegas meus, especialistas em negociação,<br />
dão, nas próximas páginas, dicas excelentes<br />
e bem específicas sobre como negociar melhor,<br />
os principais erros a evitar, como se preparar<br />
para uma negociação etc. Eu quero dar um passo<br />
atrás e analisar o assunto um pouco mais “de<br />
longe”, como se estivesse voando por cima e observando.<br />
Como disse o Dalai Lama, se queremos descobrir<br />
a causa de alguma coisa (como problemas de<br />
negociação, por exemplo), é melhor ir à fonte.<br />
Vamos, então, seguir rio acima.<br />
Comecemos pelo melhor lugar para começar,<br />
à la Rei de Copas em Alice no País das Maravilhas:<br />
pelo começo, relembrando os passos da venda e<br />
como eles estão coordenados entre si.<br />
1) Planejamento e preparação<br />
2) Prospecção<br />
3) Abordagem<br />
4) Levantamento de necessidades<br />
5) Proposta de valor<br />
6) Negociação<br />
7) Fechamento<br />
8) Pós-venda<br />
Falando especificamente de<br />
nosso material de capa, a conversa<br />
hoje é: será que precisamos melhorar<br />
só a capacidade de negociação<br />
da equipe comercial ou<br />
será que podemos tomar outras<br />
atitudes pré-negociação que podem<br />
fortalecer nossa posição e até<br />
evitar várias situações de fraqueza<br />
nas negociações?<br />
Meu objetivo principal neste<br />
artigo é tirar um pouco o foco de<br />
um passo isolado do outro – seja<br />
de negociação, nosso tema de capa,<br />
ou de prospecção, que os assinantes<br />
têm comentado como principal<br />
desafio atualmente.<br />
Simplificar é ótimo e sou grande<br />
defensor da Lei da Parsimônia,<br />
criada por William de Occam, que<br />
diz o seguinte: “Quando temos<br />
hipóteses concorrentes para explicar<br />
um fenômeno, aquela que<br />
assume menos condições ou variáveis<br />
é que deve ser escolhida.”<br />
Ou seja, na dúvida, escolha o caminho<br />
mais simples.<br />
Por outro lado, isso me faz lembrar<br />
também de Albert Einstein,<br />
que disse, certa vez: “Tudo deveria<br />
ser feito o mais simples possível,<br />
mas não mais simples que isso.”<br />
6<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
Entendeu? Uma coisa é procurar<br />
um caminho simples. Outra é tentar<br />
simplificar algo complexo e, no<br />
processo, acabar eliminando coisas<br />
importantes e comprometendo não<br />
só sua análise, mas, principalmente,<br />
o resultado final.<br />
Quando falamos de problemas<br />
de negociação, estamos falando<br />
de consequências ou de causas?<br />
Tornando a pergunta mais simples<br />
e direta: onde, exatamente, nascem<br />
os problemas que surgem nas negociações<br />
comerciais?<br />
Ou, melhor ainda: por que os<br />
vendedores têm que negociar? (Se<br />
eu fizesse essa pergunta a uma<br />
turma de vendedores, ela facilmente<br />
renderia um workshop de quatro<br />
horas).<br />
Usando a referência do Dalai<br />
Lama, uma ideia inteligente seria<br />
ir “corrente acima”, “subindo” nos<br />
passos da venda, entendendo o que<br />
podemos fazer antes da negociação<br />
para melhorar os resultados durante<br />
ela.<br />
Por exemplo, estas são situações<br />
típicas que influenciam uma negociação<br />
comercial antes mesmo de<br />
ela começar:<br />
1 Taxa baixa de conversão da<br />
equipe de vendas.<br />
1 Levantamento de necessidades<br />
fraco.<br />
1 Perda contínua de clientes.<br />
1 Falta de diferenciais.<br />
1 Despreparo da equipe em todos<br />
os passos da venda anteriores<br />
à negociação.<br />
1 Segmentação errada de clientes.<br />
1 Recrutamento de vendedores<br />
com perfil desalinhado com a<br />
função.<br />
1 Planos de remuneração que estimulam<br />
metas divergentes.<br />
Tudo isso influencia uma negociação<br />
antes mesmo de ela começar.<br />
Nas próximas páginas da revista,<br />
você vai encontrar dezenas de dicas<br />
e conselhos sobre como negociar<br />
melhor. Eu quero que você coloque<br />
tudo isso em prática (pois negociar<br />
bem é fundamental na vida, não só<br />
em vendas), mas, principalmente,<br />
que pense na frase do Dalai Lama<br />
sobre “subir o rio”, procurando a<br />
causa real do problema e não apenas<br />
dando voltas em torno das consequências.<br />
Para terminar, eu tinha prometido<br />
citar Sun Tzu. Farei, no<br />
futuro, um artigo dedicado só à<br />
Arte da guerra, mas já adianto<br />
alguns pensamentos do general<br />
chinês para você avaliar antes de<br />
colocar em prática todas as dicas<br />
sobre negociação desta edição:<br />
1 A suprema arte da guerra é<br />
vencer a batalha sem lutar.<br />
1 Guerreiros vitoriosos primeiro<br />
vencem e depois vão para a batalha.<br />
Guerreiros derrotados<br />
vão primeiro para a batalha e<br />
aí procuram formas de vencer.<br />
1 Se você se conhecer e conhecer<br />
o inimigo, não precisará temer<br />
o resultado de cem batalhas.<br />
1 Aquele que sabe quando lutar<br />
e quando não lutar sempre será<br />
vitorioso.<br />
Coloque essas quatro frases<br />
em um quadro e apresente para<br />
sua equipe antes da próxima reunião<br />
de treinamento, quando forem<br />
falar sobre negociação.<br />
Tudo na vida tem a parte estratégica,<br />
a parte tática e a parte operacional.<br />
Seja estratégico e o resto<br />
todo fica mais fácil. Suba o rio.<br />
Abraço e boas negociações,<br />
Raul Candeloro – Diretor<br />
Site: www.vendamais.com.br<br />
E-mail: raul@vendamais.com.br<br />
Diretor<br />
Raul Candeloro<br />
raul@vendamais.com.br<br />
editor<br />
Natasha Schiebel<br />
natasha@vendamais.com.br<br />
DIREtor DE ARTE<br />
Anderson L.A.<br />
anderson@vendamais.com.br<br />
conselho editorial<br />
Raul Candeloro<br />
Marcelo Caetano<br />
coLABORAÇÃO<br />
Francine Pereira<br />
João Guilherme Brotto<br />
Tom S. Neto<br />
REVISÃO<br />
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ATENDIMENTO AO LEITOR<br />
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JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />
Natasha Schiebel<br />
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<strong>VendaMais</strong> ® é publicada 6 vezes ao ano pela<br />
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Editora Quantum. Tiragem desta edição: 21.000<br />
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DE PUBLICAÇÕES<br />
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Nossa missão:<br />
Fazer o Brasil vender melhor.<br />
7
Reservado para Você<br />
Raul candeloro<br />
Responde<br />
Olá!<br />
No episódio “Os primeiros noventa dias de um vendedor na<br />
sua equipe”*, do programa <strong>VendaMais</strong> Responde, vocês dizem que<br />
o novo vendedor deve acompanhar o profissional que melhor segue<br />
os processos da empresa. Meus veteranos não seguem nossos<br />
procedimentos padrão e incentivam os novatos a também não<br />
seguirem. O que posso fazer?<br />
Luiz Alfredo Kiefer<br />
*Acesse bit.ly/90diasvendas e assista!<br />
Luiz Alfredo, que bela pergunta – e que pepino!<br />
Essa situação me lembra de quando eu pedia para meu pai me ajudar<br />
nas tarefas de matemática. Ele me ensinava algumas formas<br />
de resolver um problema, eu ficava impaciente e exasperado, e dizia:<br />
“Pai, eu só quero a resposta!” E ele respondia: “Se eu lhe der um<br />
peixe, amanhã você vai pedir outro. Se eu ensinar a pescar, você vai<br />
poder pegar os seus peixes.”<br />
Imagino que você queria o peixe – é o que geralmente as pessoas<br />
querem. Mas seja paciente, pois vou ensiná-lo a pescar.<br />
O processo de “colocar pessoas a bordo” (onboarding) é uma das<br />
principais oportunidades – mas também uma das grandes falhas –<br />
nos departamentos comerciais. E uma equipe de vendas que boicota<br />
e subverte o processo mostra desalinhamento e falha grave<br />
de liderança. Basicamente, você está dizendo que é refém da equipe.<br />
Não pode ser assim.<br />
Tudo começa com a definição clara dos valores do líder e da<br />
empresa. Se o líder não define, não comunica e não cobra (com<br />
consequências) que os valores sejam vividos, a equipe vai definir<br />
ela mesma esses valores. Isso é um grande problema!<br />
Duas perguntas que eu faria para ajudar a resolver as causas<br />
desse problema – e não apenas lidar com as consequências/os<br />
sintomas – são:<br />
1) Por que os veteranos não seguem as regras? Como isso nasceu<br />
e por que é persistente e generalizado?<br />
2) Por que os veteranos subvertem o processo e não fazem corretamente<br />
a educação/onboarding dos novatos?<br />
Essas perguntas podem ajudar você a fazer uma avaliação do<br />
seu processo de liderança. Entenda que a questão mais importante<br />
aqui é de liderança fraca, que precisa ser revista. É duro de falar,<br />
mas é a verdade.<br />
Tenho dicas mais práticas sobre esse assunto que não couberam<br />
aqui. Então, publiquei um artigo completo em nosso site.<br />
Acesse bit.ly/RaulResponde para ler.<br />
Abraço e boas vendas,<br />
Raul Candeloro<br />
Olá, equipe <strong>VendaMais</strong>!<br />
Tenho 53 anos. Já fui securitário, economiário,<br />
bancário e, atualmente, sou correspondente bancário<br />
com produtos voltados para o comércio varejista. Gosto<br />
de marketing multinível e também de venda direta.<br />
Quero ressaltar que quando leio a revista <strong>VendaMais</strong>,<br />
além de ser plenamente orientado com surpreendente<br />
abrangência, também me sinto revigorado por um<br />
entusiasmo espetacular! A <strong>VendaMais</strong> é uma verdadeira<br />
bússola para os profissionais da área comercial.<br />
Ronaldo Tadeu<br />
Fui monitora de treinamentos de vendas e muitos<br />
(muitos mesmo!) materiais dos meus cursos foram<br />
desenvolvidos a partir dessa revista maravilhosa. Sou<br />
fã do Raul Candeloro. Ele sabe muito!<br />
Marcia Niffa<br />
Participe da seção<br />
Reservado para Você<br />
Envie críticas, sugestões, deixe sua palavra, conte sua história,<br />
divida seus resultados conosco, mostre sua equipe*. O espaço é<br />
todo seu. Estamos esperando por você!<br />
Escreva agora mesmo para: leitor@vendamais.com.br e participe!<br />
*As fotos serão avaliadas pela equipe de redação.<br />
8<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
ENTRE NÓS<br />
Resolvemos fazer algo diferente no Entre Nós desta edição e pedimos a alguns<br />
profissionais da nossa equipe para darem dicas do que leram/assistiram<br />
recentemente. A seleção de sugestões ficou incrível e bem variada, confira!<br />
Pre-suasion (ainda sem tradução no<br />
Brasil), de Robert Cialdini, é a minha<br />
dica este mês. O autor é um cientista e<br />
pesquisador rigoroso que testa hipóteses<br />
e depois apresenta os resultados<br />
de maneira fácil e simples de entender<br />
e aplicar. Em As armas da persuasão (ed.<br />
Elsevier), ele introduziu o conceito dos<br />
gatilhos mentais que ajudam a convencer<br />
as pessoas e, nesta obra, mostra<br />
como você pode criar um cenário de<br />
“pré-encontro” para aumentar as chances<br />
de sucesso na condução de negociações<br />
e situações cotidianas. Recomendo!<br />
Raul Candeloro, diretor da <strong>VendaMais</strong><br />
Confúcio disse: “Escolha um trabalho que<br />
você ama e não terá que trabalhar um<br />
único dia em sua vida.” O problema é que,<br />
muitas vezes, o amor pelo trabalho traz<br />
consigo a dificuldade de se desconectar<br />
e aproveitar a vida em sua plenitude. Enfrentando<br />
esse dilema, encontrei no mindfulness<br />
um caminho para viver de forma<br />
mais leve. O conceito é apresentado em<br />
detalhes em Mindful Work: How Meditation<br />
is Changing Business from the Inside Out,<br />
ainda sem tradução no Brasil. Um livro<br />
cheio de exemplos práticos e teorias descomplicadas<br />
sobre meditação e atenção<br />
plena que podem mudar sua vida!<br />
Natasha Schiebel, jornalista<br />
Uma lição de vida é um filme<br />
baseado em fatos<br />
reais que conta a trajetória<br />
do queniano Kimani<br />
Maruge, que, depois de<br />
ter lutado pela liberdade<br />
de seu país por muito<br />
tempo – chegando a ser<br />
preso e torturado –, resolve,<br />
aos 84 anos, se<br />
matricular na escola. Incentivado<br />
pelo programa<br />
governamental que prometia<br />
“educação primária<br />
para todos”, Maruge encara<br />
uma nova luta para<br />
conseguir permanecer no<br />
colégio e completar seus<br />
estudos. A coragem e a<br />
determinação desse senhor<br />
que entrou para o<br />
Guinness World Records<br />
servem de inspiração para<br />
muitas esferas da vida!<br />
Thalita Uba, revisora<br />
Ao contrário do que o título sugere, Não<br />
há tempo a perder não fala de pressa,<br />
mas de fazer acontecer. No livro, o conhecido<br />
velejador Amyr Klink nos lembra<br />
que grandes feitos não acontecem<br />
da noite para o dia, fala da beleza de<br />
planejar jornadas épicas e dos desafios<br />
de colocar ideias em prática e de transformar<br />
sonhos em realidade. Em uma<br />
história muito envolvente, Klink revela<br />
trechos de sua biografia, nos provoca<br />
a pensar sobre o real sentido de nossa<br />
existência e nos inspira a realizar.<br />
João Guilherme Brotto, jornalista<br />
bit.ly/<br />
historia-unica<br />
A grande lição que tirei da palestra O<br />
perigo da história única da nigeriana<br />
Chimamanda Ngozi Adichie, foi que ao<br />
criar concepções com base apenas em<br />
uma versão, além de corrermos o risco<br />
de sermos preconceituosos, perdemos<br />
a oportunidade de aprender.<br />
Trazendo essa ideia para a realidade<br />
de vendas, cada cliente tem experiências<br />
e necessidades únicas. Entender<br />
essas individualidades fortalece sua<br />
conexão com eles e também faz com<br />
que você perceba que as diferenças<br />
não são o que os separa, mas, sim, o<br />
que verdadeiramente os une.<br />
Assista! bit.ly/historia-unica<br />
Francine Pereira, jornalista<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 9
ON-LINE<br />
POR Francine Pereira<br />
Blockchain:<br />
um novo modelo econômico<br />
vem surgindo<br />
Você já ouviu falar em blockchain?<br />
Não? Mas talvez você já conheça a<br />
bitcoin, uma espécie de moeda digital que<br />
é controlada pelos próprios usuários ao<br />
redor do globo – e não por instituições<br />
bancárias –, não é mesmo? Pois Blockchain<br />
é o esquema de armazenamento e compartilhamento<br />
de informações que permite<br />
que a bitcoin funcione!<br />
Resumidamente, podemos dizer<br />
que o blockchain funciona como um fichário<br />
global em que cada transação<br />
fica registrada digitalmente. “É uma<br />
base de dados descentralizada que armazena<br />
um registro de ativos e transações<br />
numa rede ponto a ponto. É<br />
basicamente um registro público de<br />
quem possui o quê e de quem negocia<br />
o quê”, explica a pesquisadora na área<br />
de política e tecnologia Bettina Warburg.<br />
Bettina defende que essa descentralização<br />
pode dar mais autonomia às<br />
pessoas por meio da redução de incertezas.<br />
Por meio da tecnologia blockchain,<br />
ao comprar algo de alguém na internet,<br />
por exemplo, seria possível confirmar<br />
a credibilidade do vendedor analisando<br />
os registros das transações já efetuadas<br />
por ele. E as possibilidades dessa<br />
tecnologia vão muito além da moeda<br />
digital, já que ela pode ser utilizada<br />
para realizar transações de todos os<br />
tipos no mundo inteiro.<br />
Mais informações,<br />
menos incertezas<br />
Para ajudar a entender a ideia dessa tecnologia,<br />
a pesquisadora faz uma comparação<br />
com a Wikipédia – uma plataforma<br />
que armazena informações que são publicadas<br />
e compartilhadas coletivamente<br />
e estão em constante transformação.<br />
No entanto, enquanto a Wikipédia “guarda”<br />
apenas palavras e imagens, a tecnologia<br />
blockchain permite armazenar qualquer<br />
tipo de ativo digital – bitcoins, contratos,<br />
objetos do mundo real e até mesmo<br />
informações pessoais.<br />
Bettina destaca que o que faz essa<br />
tecnologia ter alto potencial de transformar<br />
a economia é o fato de que ela<br />
tira o poder centralizador de instituições<br />
e o coloca na mão dos usuários. Com o<br />
blockchain seria possível, por exemplo,<br />
transferir dinheiro para qualquer lugar<br />
do mundo sem ter que pagar taxas e<br />
depender de bancos. “As instituições são<br />
ferramentas criadas para reduzir incertezas<br />
de modo a podermos nos conectar<br />
e trocar todo tipo de valor em sociedade.<br />
Acredito que estejamos entrando agora<br />
numa revolução maior e mais radical na<br />
maneira como interagimos e fazemos<br />
negócios, pois, pela primeira vez, podemos<br />
não apenas reduzir incertezas com<br />
relação a instituições políticas e econômicas,<br />
como bancos, corporações ou<br />
governos, mas também fazê-lo por meio<br />
da tecnologia”, esclarece.<br />
Assista à palestra de Bettina no<br />
TED para entender melhor essa<br />
novidade que pode revolucionar a<br />
economia – e, consequentemente,<br />
a forma como fazemos negócios:<br />
bit.ly/blockchain-palestra<br />
10<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
vendamais.com.br<br />
A aquisição da revista <strong>VendaMais</strong> dá direito ao acesso do conteúdo exclusivo<br />
do site <strong>VendaMais</strong> (www.vendamais.com.br). Se você é assinante, basta<br />
digitar seu e-mail e sua senha. Caso tenha adquirido a revista nas bancas,<br />
digite o login “banca” e a palavra-chave “NEGOCIAR”, válida apenas para os<br />
meses de MARÇO e ABRIL.<br />
5 grandes tendências de consumo para 2017<br />
Trendwatching, uma das principais empresas de pesquisa de tendências no mundo, indica que estes serão os<br />
A principais movimentos e características dos consumidores neste ano:<br />
Economia da experiência virtual – As infinitas possibilidades do mundo digital devem se destacar perante<br />
as limitações do mundo físico. O consumidor usará suas experiências virtuais para definir sua identidade e<br />
reafirmar seu status – as experiências que ele vive dirão muito sobre quem ele é.<br />
Mundos separados – O mundo nunca esteve tão globalizado e tão dividido ao mesmo tempo. As marcas que<br />
ajudarem seus consumidores a encontrar sua identidade, suas raízes e sua individualidade e, ao mesmo<br />
tempo, passarem uma mensagem de união global ganharão destaque nesse cenário.<br />
Indivíduos incógnitos – Cada vez mais as empresas têm moldado seus produtos, seus serviços e sua comunicação<br />
de acordo com os perfis dos clientes. No entanto, em 2017, devemos ver os consumidores querendo agir de<br />
forma incógnita – seja para evitar discriminações (de raça, sexo, religião etc.) ou para encontrar novas identidades.<br />
Novas capacidades – Os consumidores atuais já esperam que os processos, produtos e serviços das empresas com<br />
que eles se relacionam sejam sustentáveis. A tendência, agora, é que as organizações não sejam apenas eco-friendly,<br />
mas também encontrem novas formas de valorizar seus recursos e novos caminhos para eliminar desperdícios.<br />
Marcas big brother – A utilização de seus dados pelas empresas já não é novidade. Em 2017, a Trendwatching<br />
prevê que as pessoas estarão cada vez mais predispostas a compartilhar suas informações em troca de<br />
conveniência, personalização e rapidez.<br />
Quer saber mais sobre cada uma dessas tendências e conferir exemplos de marcas que já embarcaram nesses<br />
movimentos? Acesse: bit.ly/tendencias-consumo-2017<br />
De acordo com o relatório Navigating the new digital divide<br />
– Capitalizing on digital influence in retail (Navegando na<br />
divisão digital – Capitalizando a influência digital no varejo, em<br />
uma tradução livre), desenvolvido pela consultoria Delloite,<br />
aproximadamente 64 centavos de cada dólar gastos no<br />
varejo são resultado de influências provocadas pela interação<br />
digital. O estudo descobriu que:<br />
Consumidores influenciados digitalmente compram e<br />
gastam mais. Clientes que usam ferramentas digitais<br />
convertem 20% a mais do que os que não usam tecnologias<br />
digitais em seu processo de compra.<br />
A influência do mundo digital<br />
nas compras do mundo físico Cerca de oito em cada dez consumidores<br />
fazem contato com<br />
marcas e produtos antes de ir a<br />
uma loja física. Dessa forma, eles<br />
são influenciados digitalmente<br />
muito antes do processo de compra<br />
em si.<br />
Você tem aproveitado esses números<br />
a seu favor? Não? Pois está na<br />
hora. Mãos à obra!<br />
Saiba mais em: bit.ly/relatorio-consu<br />
midor-digital<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 11
MANUAL DO LÍDER<br />
Por Francine Pereira<br />
Quer<br />
engajar<br />
sua<br />
equipe?<br />
Aprenda<br />
a negociar<br />
com ela!<br />
Determinação, carisma, autoconfiança,<br />
comunicação. Essas são algumas das habilidades<br />
que a liderança demanda. Porém,<br />
muitas vezes, o talento para negociar é<br />
deixado de lado nessa conta. O advogado<br />
e pesquisador na área de negociação internacional<br />
Jeswald W. Salacuse comenta que,<br />
geralmente, relaciona-se a negociação apenas<br />
com questões externas da organização – negociar com<br />
cliente, com fornecedor, com um parceiro etc.<br />
No entanto, Salacuse, que também é autor do livro Leaders:<br />
How to Manage Smart, Talented, Rich, and Powerful People<br />
(Líderes: Como gerenciar pessoas inteligentes, talentosas, ricas<br />
e poderosas, em uma tradução livre – ainda não lançado no<br />
Brasil), destaca que essa associação está incorreta. Afinal,<br />
como ele explica, a autoridade do líder tem limite e, muitas<br />
vezes, ele precisa não só informar sua equipe, mas negociar<br />
com ela para que as informações sejam efetivamente absorvidas.<br />
“Para persuadir as pessoas que você lidera, você<br />
precisa apelar para os interesses delas, comunicar-se com<br />
elas de forma efetiva e vender a sua visão – tudo isso faz<br />
parte de uma verdadeira negociação”, frisa Salacuse.<br />
Confira as duas dicas do pesquisador para potencializar<br />
o poder de negociação com a equipe e impulsionar o seu<br />
poder de persuasão como líder:<br />
1) Coloque o interesse do<br />
outro em foco.<br />
Salacuse alerta que carisma e hierarquia<br />
não são suficientes para que seus<br />
liderados realmente o sigam. “As pessoas<br />
seguem seus líderes quando<br />
percebem que essa é a opção que mais<br />
atende a seus próprios interesses.<br />
Assim como negociadores focam no<br />
interesse da outra parte, líderes também<br />
devem procurar sempre entender<br />
e satisfazer os interesses de sua equipe”,<br />
detalha o especialista, apontando<br />
que essa é a melhor maneira de<br />
engajar verdadeiramente os profissionais.<br />
2) Encontre a maneira correta<br />
de se comunicar.<br />
Tão importante quanto saber o que comunicar<br />
a seus liderados é entender como<br />
realizar essa comunicação. Salacuse explica<br />
que a forma como você passa uma<br />
mensagem à sua equipe indica o seu nível<br />
de comprometimento e isso, por sua vez,<br />
irá influenciar a forma como suas ideias<br />
serão aceitas. Ele aconselha a sempre<br />
levar em conta o perfil e o estilo do profissional<br />
com o qual você está se comunicando<br />
para que possa realmente persuadi-lo.<br />
“A maneira como você escolhe<br />
se comunicar revela algo sobre você e<br />
sobre sua relação com a pessoa que você<br />
está tentando liderar”, pondera.<br />
12<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
Duas visões diferentes sobre<br />
negociação de salários que<br />
defendem a transparência<br />
Como controlar as emoções e evitar<br />
conflitos na negociação<br />
Como líder, você está constantemente exposto a situações de conflito que requerem<br />
habilidades de negociação – por exemplo: quando dois funcionários estão<br />
discutindo, quando um profissional da equipe o confronta, quando precisa convencer<br />
o seu superior quanto a um tema sobre o qual vocês não concordam e<br />
assim por diante. Nessas ocasiões, é comum que as pessoas acabem ficando mais<br />
emocionais. É seu papel, na posição de líder, tentar contornar<br />
a situação e não deixar que emoções como raiva, frustração<br />
e impulsividade tomem conta da situação.<br />
Como fazer isso? No livro Everyday Negotiation: Navigating<br />
the Hidden Agendas in Bargaining (Negociação no dia a dia: Navegando<br />
nas pautas ocultas da negociação, em uma tradução livre,<br />
ainda sem edição em português), Deborah M. Kolb e Judith<br />
Williams indicam alguns caminhos para lidar com esses conflitos<br />
e tentar chegar a um acordo. Conheça três deles:<br />
Dê um tempo. Muitas vezes, o melhor a se fazer é dar um tempo para que<br />
1) todos esfriem a cabeça e recomponham-se. As autoras explicam que isso<br />
evita piorar a situação, prevenindo o efeito “bola de neve” – que pode, até mesmo,<br />
acabar atingindo você.<br />
Tire a negatividade do ar e assuma uma postura profissional e positiva. Se,<br />
2) por exemplo, um profissional de sua equipe culpar incorretamente a empresa<br />
ou você por algo que não deu certo, ao invés de ficar ofendido, tente mostrar,<br />
por meio de documentos e dados, que o que ele está falando não corresponde<br />
com a realidade e, depois, incentive o debate sobre o que deve ser feito para corrigir<br />
a situação.<br />
Foco no problema, e não nas pessoas. Se dois profissionais de sua equipe<br />
3) estiverem discutindo uma meta ou estratégia e esse debate começar a ficar<br />
um pouco mais “quente”, você deve agir de modo a retomar o foco na questão em<br />
si. Pode dizer, por exemplo: “Vamos deixar os julgamentos pessoais de lado e<br />
focar na decisão que precisamos tomar. Quais são as propostas efetivas?” Assim,<br />
você não estará defendendo ninguém e estará contribuindo para que a questão<br />
seja, de fato, resolvida.<br />
Em 2016, a rede social Reddit divulgou<br />
uma política de recursos humanos polêmica:<br />
as propostas de trabalho para<br />
a contratação de novos profissionais<br />
da empresa vêm com uma oferta de<br />
salário não negociável. O valor é baseado<br />
em pesquisas de mercado de acordo<br />
com a posição oferecida, sem levar<br />
em conta histórico salarial do candidato<br />
ou outros fatores pessoais. Ellen<br />
Pao, CEO interina do Reddit, explica que<br />
a ideia é eliminar a desigualdade de<br />
pagamentos entre homens e mulheres.<br />
Já David Burkus, especialista<br />
em gestão e criatividade,<br />
defende que a melhor<br />
maneira de criar um<br />
ambiente mais equilibrado<br />
em termos de salário é adotar<br />
uma política em que todos<br />
na empresa sabem<br />
exatamente quanto cada<br />
um ganha. Segundo Burkus,<br />
isso é benéfico para os funcionários e<br />
para a empresa, porque quando as pessoas<br />
não conseguem comparar seu salário<br />
com o do colega, elas tendem a se<br />
sentir mal pagas ou até mesmo discriminadas.<br />
Ele cita um estudo feito com<br />
70 mil profissionais, em que dois terços<br />
dos que recebiam dentro da média do<br />
mercado sentiam que estavam sendo<br />
mal remunerados.<br />
O que você acha dessas visões?<br />
Qual você acha que é o melhor caminho<br />
para negociar salários com sua equipe?<br />
Mande um e-mail com a sua opinião<br />
sobre o tema para: leitor@vendamais.<br />
com.br. Seu depoimento poderá ser<br />
publicado na próxima edição da Venda-<br />
Mais e inspirar outros gestores a definir<br />
sua política de negociação salarial!<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 13
ENTREVISTA / Por João Guilherme Brotto com tradução de Thalita Uba /<br />
DIVULGAÇÃO<br />
14<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
Negociação<br />
descomplicada<br />
William Ury é certeiro: “Não há<br />
habilidade mais vital para um<br />
vendedor do que a de saber fazer<br />
uma negociação cooperativa.” Quer<br />
desenvolver essa habilidade? Siga<br />
as dicas que o guru apresentou com<br />
exclusividade para a <strong>VendaMais</strong>!<br />
le é um dos especialistas em negociação<br />
mais influentes do mundo.<br />
Entre mediar conflitos de<br />
guerra, costurar acordos bilionários<br />
e treinar dezenas de milhares<br />
de pessoas nos quatro cantos do<br />
planeta, lá se vão 35 anos de carreira.<br />
Não seria exagero dizer que<br />
o norte-americano William Ury<br />
é uma lenda viva da literatura de<br />
negócios. Um clássico.<br />
Cofundador do Programa de<br />
Negociação da Universidade de<br />
Harvard (EUA), nosso entrevistado desta edição é<br />
autor de diversos best-sellers. Sua obra Como chegar<br />
ao SIM: Como negociar acordos sem fazer concessões,<br />
por exemplo, é o livro de negociação mais vendido<br />
da história. Desde seu lançamento, em 1981, foi<br />
traduzido para 34 idiomas e vendeu mais de 11<br />
milhões de cópias apenas em inglês.<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 15
Ury conversou com exclusividade com a Venda-<br />
Mais sobre o tema central desta edição especial. Um<br />
bate-papo despretensioso, mas provocador, que vai<br />
convidar você a refletir sobre suas atuações enquanto<br />
negociador. Como bem diz nosso convidado, “a<br />
maior barreira [para nos tornarmos bons negociadores]<br />
reside dentro de cada um de nós”.<br />
Rever conceitos, desaprender para aprender,<br />
evoluir. É para isso que estamos todos aqui, certo?<br />
A resposta para a negociação ideal está, muitas<br />
vezes, dentro de você mesmo.<br />
Aliás, você já visitou a sacada hoje? Se não entendeu<br />
a que essa pergunta se refere, continue a<br />
leitura e descubra por que esse é um dos principais<br />
segredos dos negociadores de sucesso…<br />
<strong>VendaMais</strong> – Como você define uma negociação<br />
de sucesso?<br />
William Ury – Uma negociação de sucesso resulta<br />
em um desfecho otimizado, que satisfaça os interesses<br />
principais das duas partes. O processo é eficiente<br />
em tempo e em energia. E o relacionamento melhora<br />
com o resultado da negociação, ao invés de se<br />
deteriorar. A essência de uma negociação bem-sucedida<br />
não é dar o braço a torcer, nem ceder naquilo<br />
que é essencial, mas a busca por um acordo mutuamente<br />
satisfatório.<br />
Quais são os principais erros que os vendedores<br />
cometem quando negociam e que fazem com que<br />
eles não alcancem esse sucesso?<br />
Um dos erros mais comuns é pensar que pegar leve<br />
com a pessoa significa pegar leve com o problema.<br />
É tentar agradar o cliente e dar a ele o que quer que<br />
seja que ele esteja pedindo para fechar a venda. O<br />
que vejo negociadores bem-sucedidos fazendo é<br />
“pegar leve com as pessoas, pegar pesado com o<br />
problema”. Distinguir entre as pessoas – a dimensão<br />
relacional, emocional e psicológica da negociação<br />
– e o problema – as questões substanciais e materiais.<br />
Pegar leve com as pessoas significa ouvir o<br />
cliente com atenção, buscar compreender suas reais<br />
necessidades. Pegar pesado com o problema significa<br />
apostar em uma abordagem conjunta de resolução<br />
de problemas: “Como podemos suprir as suas<br />
necessidades da melhor maneira possível de forma<br />
que a solução seja excelente tanto para você quanto<br />
para nós?”<br />
Ou seja, no fim das contas, talvez o maior obstáculo<br />
para o sucesso nas negociações não seja a outra<br />
parte, por mais difícil que ela pareça ser. A maior<br />
barreira, pela minha experiência, reside dentro de<br />
cada um de nós. É nossa tendência humana e perfeitamente<br />
compreensível a reagir – em outras palavras,<br />
a agir impulsivamente, sem pensar primeiro. Como<br />
diz o velho ditado: “Quando estiver zangado, você<br />
fará o melhor discurso do qual vai se arrepender.” A<br />
fundação de uma negociação bem-sucedida é “ir até<br />
a sacada”, um lugar de calma e perspectiva onde podemos<br />
nos focar nos nossos reais interesses. Afinal<br />
de contas, como podemos querer influenciar os outros<br />
se não conseguimos influenciar a nós mesmos primeiro?<br />
A chave, em negociação, é permanecer rigorosamente<br />
focado no que é mais importante para nós.<br />
Fale mais sobre essa teoria de “ir para a sacada”.<br />
Como podemos saber o melhor momento para<br />
fazer isso?<br />
Ir para a sacada significa se distanciar da situação<br />
e permitir que sua mente adentre uma “sacada mental”<br />
onde você poderá encontrar calma e perspectiva.<br />
Significa manter os olhos no contexto geral e<br />
focar no que é realmente importante para você na<br />
negociação.<br />
Quando uma negociação tropeça em algum tipo<br />
de dificuldade, o primeiro passo é ir para a sacada.<br />
Uma maneira de fazer isso é simplesmente respirar<br />
fundo e fazer uma pausa antes de responder alguma<br />
coisa ou programar intervalos frequentes. A sacada<br />
é o lugar aonde vamos para nos prepararmos para<br />
uma negociação e para onde voltamos depois da<br />
negociação para extrair lições e poder continuar<br />
melhorando nossas habilidades de negociação continuamente.<br />
16<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
Quando você fala sobre “ir para a sacada”, fala<br />
também sobre encontrar a “terceira parte” de uma<br />
negociação. O que quer dizer com isso?<br />
Ir para a sacada nos permite assumir essa terceira<br />
parte da negociação. A partir dessa terceira parte,<br />
você consegue entender o cliente e entender a sua<br />
própria empresa com objetividade e encontrar uma<br />
solução que seja boa para os dois lados. Uma ferramenta<br />
da terceira parte – e que é um dos maiores<br />
poderes que temos em qualquer negociação – é a<br />
habilidade de reestruturar. Se queremos mudar um<br />
jogo de confrontação para um de cooperação, precisamos<br />
aprender a mudar a estrutura, a maneira como<br />
enxergamos a situação. Temos esse poder. Em qualquer<br />
negociação ou conflito, é quase como se houvesse um<br />
holofote, e esse holofote pode estar voltado para os<br />
posicionamentos rígidos – à medida que cada parte<br />
bate o pé e se recusa a se mover –, ou voltado para os<br />
interesses, as motivações, os desejos ou as preocupações<br />
implícitas de cada lado. O holofote pode estar<br />
focado em posicionamentos inflexíveis ou em uma<br />
série de opções criativas para resolver o problema.<br />
Pode estar dando destaque a quem está certo ou a<br />
critérios objetivos de justiça, como preço de mercado.<br />
Reestruturar significa mover o holofote dos posicionamentos<br />
para os interesses, as opções e os critérios.<br />
O que faz de um vendedor um bom negociador?<br />
Um bom negociador é, acima de tudo, um bom ouvinte,<br />
que sabe como se colocar no lugar do outro.<br />
Um bom negociador sabe como defender seus interesses<br />
ao mesmo tempo em que busca uma solução<br />
criativa que supra as necessidades de ambas as partes.<br />
Um bom negociador, portanto, precisa ser capaz<br />
de manter duas perspectivas diferentes na cabeça ao<br />
mesmo tempo – uma do seu próprio lado, e outra do<br />
lado oposto.<br />
Quais são os comportamentos e as atitudes mais<br />
importantes para um bom negociador?<br />
Se você observar os comportamentos de negociadores<br />
de sucesso, vai descobrir que eles ouvem muito mais<br />
do que falam. Costumamos pensar em negociadores<br />
“A essência de<br />
uma negociação<br />
bem-sucedida<br />
não é dar o braço<br />
a torcer, nem<br />
ceder naquilo<br />
que é essencial,<br />
mas a busca por<br />
um acordo<br />
mutuamente<br />
satisfatório.”<br />
(William Ury)<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 17
“Costumamos<br />
pensar em<br />
negociadores<br />
bem-sucedidos<br />
como bons<br />
falantes, mas<br />
ser um bom<br />
ouvinte é ainda<br />
mais<br />
importante.<br />
Trata-se de<br />
escutar, e<br />
trata-se de<br />
respeitar. Ouvir<br />
e respeitar<br />
provavelmente<br />
são as<br />
concessões<br />
mais baratas<br />
que você pode<br />
fazer em uma<br />
negociação.<br />
Não custam<br />
nada, mas<br />
significam<br />
muito para a<br />
outra parte.”<br />
(William Ury)<br />
bem-sucedidos como bons falantes, mas ser um bom<br />
ouvinte é ainda mais importante. Trata-se de escutar,<br />
e trata-se de respeitar. Ouvir e respeitar provavelmente<br />
são as concessões mais baratas que você pode<br />
fazer em uma negociação. Não custam nada, mas<br />
significam muito para a outra parte.<br />
Como a empatia poder ser usada como uma ferramenta<br />
nas negociações?<br />
Negociar é um exercício de influência, de mudar o<br />
pensamento da outra pessoa. Mas como poderíamos<br />
mudar o que outra pessoa pensa se não sabemos o<br />
que ela está pensando? Daí a importância da empatia.<br />
Empatia não é a mesma coisa que solidariedade. Solidariedade<br />
significa “sentir pela pessoa”, ao passo<br />
que empatia significa “entender o que se passa dentro<br />
dela”. Através da empatia, você pode descobrir<br />
quais são as reais necessidades e preocupações do<br />
cliente. Com empatia, você pode encontrar uma maneira<br />
de atender aos interesses da sua empresa e da<br />
outra parte ao mesmo tempo. Muitas vezes, não é<br />
nada fácil, mas com empatia, criatividade e persistência<br />
você frequentemente consegue encontrar a<br />
melhor solução, aquela que cria valor para todos e<br />
realmente resolve o problema.<br />
Como os gerentes de vendas podem dar um fim à<br />
cultura do desconto – uma prática muito popular<br />
entre os profissionais de vendas brasileiros?<br />
A essência de uma negociação de sucesso não é se<br />
render, nem ceder naquilo que é essencial, mas a<br />
busca conjunta por um acordo mutuamente satisfatório.<br />
Mesmo que a outra parte esteja engajada na<br />
“cultura do desconto”, a melhor maneira é passar a<br />
primeira metade da negociação explorando interesses<br />
e padrões independentes de imparcialidade. Use a<br />
pergunta mágica: por quê? “Por que você quer um<br />
desconto? Ajude-me a entender suas necessidades.”<br />
Isso abre caminho para um diálogo de resolução de<br />
problemas que frequentemente pode resultar em uma<br />
solução que satisfaça ambas as partes. Não é fácil<br />
mudar uma cultura, mas o melhor primeiro passo é<br />
fazer boas perguntas que abordem as motivações, as<br />
necessidades e as preocupações implícitas do cliente.<br />
Uma pesquisa que fizemos recentemente mostrou<br />
que muitos vendedores são maus negociadores<br />
porque sofrem de ansiedade. Como resolver isso?<br />
Como uma pessoa pode ser menos ansiosa?<br />
A chave para o sucesso, como eu falei antes, é aprender<br />
a ir para a sacada – um local de calma mental<br />
e emocional –, onde você pode ficar de olho no<br />
prêmio. A partir da perspectiva de claridade e calma<br />
que paira na sacada, vamos negociar com muito<br />
mais eficiência. Uma maneira de aumentar a<br />
autoconfiança e tratar a ansiedade é dar um passo<br />
atrás por um instante, analisar a situação com objetividade,<br />
e avaliar sua MAPAN – sua Melhor<br />
Alternativa Para um Acordo Negociado. Como você<br />
vai satisfazer seus interesses se, por algum motivo,<br />
não conseguir chegar a um acordo? O que<br />
pode fazer para melhorar sua MAPAN? Você conseguiria<br />
encontrar outro cliente em potencial ou<br />
pode conversar com outra pessoa da empresa? MA-<br />
PAN é sinônimo de poder. Se você desenvolver uma<br />
boa alternativa para satisfazer seus interesses, vai<br />
ter mais confiança e mais poder.<br />
Como criar um objetivo inteligente para uma negociação?<br />
Vá para a sacada e reflita sobre seus interesses implícitos.<br />
Continue se perguntando “por quê”. Priorize<br />
suas metas. Seu objetivo, por exemplo, pode não ser<br />
18<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
apenas um acordo de curto prazo, mas um relacionamento<br />
de longa duração mutuamente lucrativo.<br />
O que fazer quando um prospect diz: “É caro demais/<br />
Não tenho esse dinheiro”?<br />
Não trate isso como um problema, mas como uma<br />
oportunidade, uma chance para explorar e saber mais<br />
sobre os interesses do seu prospect. Ao invés de forçar<br />
a outra parte a um fechamento, o que pode simplesmente<br />
criar mais resistência, faça o oposto e veja se<br />
você consegue atraí-lo na direção de um possível<br />
acordo ao tratar de suas preocupações e mostrar o<br />
valor que o seu produto ou serviço poderia trazer<br />
para ela. Construa uma “ponte de ouro” para o cliente,<br />
facilitando as coisas ao máximo para que ele tome<br />
a decisão que você gostaria que ele tomasse.<br />
Como as técnicas de storytelling podem ajudar uma<br />
negociação a ter mais sucesso?<br />
Como antropólogo, eu sempre fui um grande fã do<br />
poder da história para tocar as pessoas, educar e<br />
influenciar. Se você pode contar uma boa história<br />
sobre um uso bem-sucedido do seu produto ou serviço,<br />
isso pode ajudar a fechar a venda. Enxergue seu<br />
trabalho como o de alguém que está ajudando um<br />
cliente a criar uma história em sua própria mente<br />
sobre como o seu produto ou serviço vai ajudá-lo a<br />
ter sucesso nos negócios.<br />
1 Entenda o conceito de storytelling e saiba como usá-lo no<br />
seu dia a dia em vendas lendo a reportagem “A arte de contar<br />
histórias que vendem” (p. 52)<br />
Conte-nos sobre a negociação mais difícil da qual<br />
você já participou e como ela terminou.<br />
Acho que as negociações mais difíceis estão no domínio<br />
da guerra e da paz. Talvez a mais difícil que<br />
eu já encarei tenha sido a mediação entre os grandes<br />
líderes da Rússia e da Chechênia. Milhares de pessoas<br />
estavam morrendo e nós conseguimos chegar a<br />
uma trégua temporária. Não conseguimos, contudo,<br />
o apoio financeiro necessário da comunidade global<br />
para criar condições econômicas para a paz. Sem<br />
emprego e sem esperança, os jovens homens voltaram<br />
a lutar e logo a guerra recomeçou. Foi de partir o<br />
coração, mas ressaltou a importância de criar as<br />
condições econômicas e sociais certas para a paz.<br />
Essa lição me motivou a começar um projeto com<br />
parceiros brasileiros no Oriente Médio para criar o<br />
Caminho de Abraão (www.abrahampath.org), um<br />
caminho como o de Santiago de Compostela. O Caminho<br />
de Abraão, agora ativo, com 2 mil quilômetros<br />
de trilhas de caminhada e hospedagem em casas de<br />
famílias em dezenas de vilas no Oriente Médio, está<br />
lentamente criando condições econômicas e sociais<br />
para uma transformação da região. Nosso lema é: um<br />
passo de cada vez. Convidamos todo mundo a caminhar<br />
conosco para ajudar a criar um mundo melhor<br />
e mais pacífico para nossas crianças.<br />
Quais são seus principais conselhos para profissionais<br />
de vendas que querem se tornar negociadores<br />
melhores?<br />
As empresas estão reconhecendo que as velhas técnicas<br />
de vendas de pressionar o comprador não são<br />
adequadas para criar as parcerias de longa duração<br />
que elas buscam com os clientes. Além disso, os<br />
clientes estão ficando mais sofisticados e demandando<br />
soluções especiais que são únicas para suas necessidades.<br />
Isso requer que se customize cada venda<br />
e exige que a empresa confira mais amplitude ao<br />
vendedor para que ele possa negociar uma venda<br />
mutuamente lucrativa. Provavelmente não há habilidade<br />
mais vital para um vendedor do que a de saber<br />
fazer uma negociação cooperativa.<br />
Livro: Como chegar<br />
ao SIM: Como<br />
negociar acordos sem<br />
fazer concessões<br />
Autores: Roger<br />
Fisher, William Ury e<br />
Bruce Patton<br />
Editora: Solomon<br />
Livro: Supere o não:<br />
Negociando com<br />
pessoas difíceis<br />
Autor: William Ury<br />
Editora: Best Seller<br />
Livro: Como chegar<br />
ao sim com você<br />
mesmo: O primeiro<br />
passo em qualquer<br />
negociação, conflito<br />
ou conversa difícil<br />
Autor: William Ury<br />
Editora: Sextante<br />
Livro: O poder do não<br />
positivo: Como dizer<br />
não e ainda assim<br />
chegar ao sim<br />
Autor: William Ury<br />
Editora: Elsevier<br />
1 A palestra de William Ury no TED já foi assistida por mais de 1,5 milhão<br />
de pessoas. Junte-se a elas e descubra o caminho entre o “não” e o “sim”<br />
acessando bit.ly/TED-William-Ury<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 19
Supernegociadores / DA REDAÇÃO /<br />
Arquivo Pessoal<br />
Grandes negociadores,<br />
grandes lições<br />
20<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
Segredo do sucesso:<br />
jogo de cintura<br />
Certa vez, atendi um cliente que, na hora do fechamento,<br />
falou: “Eu só fecho se você baixar o preço”, e<br />
começou a me colocar em uma saia justa na frente da<br />
esposa e da profissional que me acompanhava.<br />
Eu, com muita sutileza, perguntei qual era o ramo<br />
de negócios em que ele atuava. Ele respondeu que tinha<br />
uma empresa de prestação de serviços. Com essa informação<br />
em mãos, perguntei: “Posso chegar na sua<br />
empresa dizendo o quanto quero pagar, apresentando<br />
o preço que considero ideal para o que você vende?”<br />
Apesar de perceber que ele estava assustado, continuei:<br />
“A negociação tem que ser boa para ambas as<br />
partes. Eu descrevi todas as qualidades e todos os<br />
diferenciais do meu produto para fazê-lo entender que<br />
a questão é valor, não preço, mas se o que você quer<br />
é pagar menos, sinta-se à vontade para ir atrás de<br />
outros fornecedores no mercado. O que posso garantir<br />
é que, aqui, o produto que você está comprando é<br />
único e diferenciado, trabalhado artesanalmente, o<br />
que justifica o preço que está sendo cobrado.”<br />
Eu sei que podia ter perdido a venda, mas sabia<br />
que o que estava falando era a verdade. Resultado? O<br />
cliente assinou o cheque e finalizou a compra exatamente<br />
no valor que eu havia determinando. Para mim,<br />
fica claro que o preço não é um determinante na<br />
venda. O que realmente faz a diferença é<br />
a posição do vendedor.<br />
Suzi Boleta, gerente comercial<br />
Segredo do sucesso:<br />
amostra grátis e valor agregado<br />
Nossos objetivos eram simples: entender as grandes dificuldades<br />
enfrentadas na hora de negociar, descobrir quais são<br />
os erros mais comuns em negociação – e que, muitas vezes,<br />
levam a resultados indesejados – e conhecer as melhores<br />
práticas dos supernegociadores para, então, produzir um verdadeiro<br />
guia para ajudar você a melhorar seus resultados em negociação.<br />
Para isso, ao longo de quase três meses entrevistamos centenas<br />
de vendedores, gerentes de vendas e diretores comerciais de empresas<br />
dos mais diversos tamanhos e segmentos. O resultado foi a mais<br />
completa pesquisa sobre negociação já feita no Brasil, que é a base<br />
desta edição especial sobre o tema. E é dela que vêm as histórias a<br />
seguir. Um pequeno recorte do que alguns dos melhores negociadores<br />
do Brasil têm feito e uma grande fonte de inspiração para você<br />
que quer se tornar um negociador melhor. Acompanhe e aprenda!<br />
Atuo no segmento de telecomunicações, na venda<br />
dos serviços de voz e dados para o mercado corporativo.<br />
Esta é uma das histórias mais marcantes<br />
para mim...<br />
Um de meus clientes estava mudando de endereço.<br />
Ele ia deixar o Centro do Rio de Janeiro para se mudar<br />
para a Barra da Tijuca. Na ocasião, avisou a operadora<br />
da qual era cliente (uma concorrente da minha<br />
empresa) que precisava fazer a alteração de cadastro.<br />
Para sua indignação, a operadora não lhe deu a devida<br />
atenção, então ele resolveu buscar outras alternativas.<br />
Entramos na concorrência para esse atendimento,<br />
mas o nosso preço era o maior dentre todos os concorrentes.<br />
Nossos diferenciais eram o prazo de entrega<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 21
e o atendimento, porém o cliente estava reticente, pois<br />
tínhamos apenas sete anos de mercado e nossa marca<br />
não era tão conhecida quanto as outras.<br />
A solução que encontramos foi a seguinte: convidamos<br />
o prospect para vir até nossa empresa<br />
para conhecer a área de tecnologia e a nossa diretoria<br />
e oferecemos um teste de 15 dias do serviço<br />
de voz para que ele visse na prática o funcionamento<br />
do nosso serviço. Além disso, indicamos alguns<br />
grandes clientes da nossa carteira para que ele<br />
averiguasse nossa idoneidade no funcionamento<br />
de nossos serviços e atendimento. Foram 60 dias<br />
de negociações e trabalho pelo nosso lado. No final,<br />
recebemos o “sim” do cliente e trouxemos toda a<br />
sua rede de dados e voz para nossa base, cumprindo<br />
o prometido e ainda ajudando em algumas soluções<br />
de TI que ele tinha dificuldades de implantar.<br />
Hoje, temos um faturamento em telecomunicações<br />
na casa de R$ 15 mil apenas com<br />
esse cliente.<br />
Alexandre Teixeira, gerente comercial<br />
Segredo do sucesso:<br />
dedicação e disposição para conquistar<br />
confiança<br />
Recentemente, assumimos o atendimento, por meio<br />
de um distribuidor, de uma grande rede varejista de<br />
supermercados no Rio de Janeiro que, até então,<br />
recebia atendimento direto da indústria e que tinha<br />
se sentido desprestigiada com essa mudança. O cenário<br />
era adverso e delicado. Agendada a primeira<br />
reunião, fizemos nosso dever de casa, visitando todas<br />
as lojas, identificando os perfis do mercado, das<br />
regiões, do público consumidor, dos funcionários,<br />
dos formadores de opinião e dos decisores, do mix<br />
de produtos existente, recomendado e encontrado,<br />
e assim por diante.<br />
Cumprida essa etapa, preparamos e apresentamos<br />
os cenários encontrados, os pontos fortes, os<br />
aspectos que precisavam de melhoria, as ameaças,<br />
mas, principalmente, as oportunidades e os ganhos<br />
que a rede teria com nossos produtos e serviços. A<br />
partir desse momento, conseguimos reverter a percepção<br />
do cliente e ganhamos a confiança dele. Em<br />
pouco tempo, fomos considerados um dos melhores<br />
fornecedores para se trabalhar. Missão<br />
dada, cliente satisfeito!<br />
Roberto Lavinas, gerente comercial<br />
Segredo do sucesso:<br />
“perder” hoje para ganhar amanhã<br />
Há cerca de um mês, iniciamos conversas com uma<br />
multinacional para assumir seu parque de impressão.<br />
Inicialmente, nos passaram uma demanda que<br />
não refletia a realidade e, com isso, criou-se um<br />
impasse em que a empresa não queria fechar um<br />
contrato longo, entendendo que perderia dinheiro<br />
com isso. Dessa forma, chegamos ao consenso de<br />
oferecer o serviço por um prazo de três meses, uma<br />
espécie de test drive em que validaremos a real necessidade<br />
do cliente e, com base nisso, se tudo der<br />
certo, fecharemos um contrato de longo<br />
prazo. Todos saíram ganhando.<br />
Julio Cesar de Paula, diretor<br />
Segredo do sucesso:<br />
ofereceu? Entregue!<br />
Certa vez, atendi um casal jovem que queria móveis<br />
planejados para o apartamento que tinham acabado<br />
de comprar. Eles vieram conhecer a loja, pois foram<br />
indicados por algumas pessoas que já haviam feito<br />
negócio conosco. Conversamos, fizemos o briefing de<br />
necessidade para poder desenvolver o projeto, e quando<br />
chegamos no quesito valor de investimento, foi bem<br />
difícil fazer eles se abrirem e falarem quanto realmente<br />
desejavam investir. No final, acabaram cedendo.<br />
Em outro dia, vieram à loja para a apresentação e<br />
não gostaram muito da nossa proposta, pois apesar de<br />
o valor ter ficado dentro do orçamento, não continha<br />
tudo o que eles estavam imaginando. Pediram, então,<br />
algumas alterações para que o resultado fosse o que<br />
eles esperavam. Obviamente, o valor final subiu um<br />
pouco, mas como eles estavam dispostos a pagar à<br />
vista, oferecemos um bom desconto para aproximar o<br />
valor do que tinha sido solicitado no briefing. Eles ficaram<br />
de pensar e ver outro orçamento para comparar.<br />
Poucas horas depois, disseram que tinham conseguido<br />
uma proposta melhor em outra loja que, além<br />
de apresentar um orçamento final mais baixo que o<br />
nosso, ofereceu vários brindes. Conversamos por um<br />
bom tempo ao telefone e explicamos as diferenças de<br />
fazer móveis planejados com uma empresa com uma<br />
fábrica grande, com garantias, e com uma pequena<br />
em que o dono é vendedor, negociador e fabricante.<br />
Ofereci tudo o que podíamos para continuar no “ganha-ganha”,<br />
mas eles foram irredutíveis e disseram<br />
“A negociação tem<br />
que ser boa para<br />
ambas as partes. Eu<br />
descrevi todas as<br />
qualidades e todos<br />
os diferenciais do<br />
meu produto para<br />
fazê-lo entender<br />
que a questão é<br />
valor, não preço,<br />
mas se o que você<br />
quer é pagar menos,<br />
sinta-se à vontade<br />
para ir atrás de<br />
outros fornecedores<br />
no mercado.”<br />
(Suzi Boleta)<br />
“Antes de entrar<br />
em qualquer<br />
negociação,<br />
devemos conhecer<br />
muito bem as<br />
necessidades do<br />
cliente, nossa<br />
capacidade para<br />
atendê-las e,<br />
principalmente,<br />
nossos diferenciais<br />
em relação à<br />
concorrência.<br />
Assim, adquirimos<br />
mais autoconfiança<br />
e os preços e<br />
prazos se tornam<br />
secundários no<br />
fechamento do<br />
negócio.”<br />
(Lúcio Flávio Gouvêa)<br />
22<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
que fechariam com o concorrente. Agradeci a atenção e o tempo investido<br />
conosco e disse que, se mudassem de ideia, a proposta ainda estaria de pé.<br />
Dois dias depois o rapaz ligou perguntando se poderia ir à loja para<br />
fecharmos o contrato, pois a outra loja tinha voltado atrás na negociação<br />
e o que seria brinde, agora já seria cobrado. Fechamos a venda e o cliente<br />
ficou satisfeito, pois todos saíram ganhando com essa<br />
negociação.<br />
Lisandra Menezes, gerente comercial<br />
Segredo do sucesso:<br />
informação é poder!<br />
Recentemente, gerenciei um processo de vendas de uma empresa nacional<br />
de porte médio para um grande cliente, multinacional, disputando com<br />
concorrentes maiores e também multinacionais.<br />
Na segunda rodada de negociação, inevitavelmente nos deparamos com<br />
as variáveis “preço e prazo” para o fornecimento mensal de uma grande<br />
quantidade de produtos. Embora eu já tivesse apresentado descontos e os<br />
preços e prazos estarem estrangulados, solicitei, para ganhar tempo, alguns<br />
dias extras para analisar mais possíveis descontos. Deram-me mais dois dias.<br />
E como foram preciosos esses dois dias! Sabendo que não tinha mais descontos<br />
e prazos para ofertar, foquei em buscar alguma diferenciação a meu favor...<br />
Minha estratégia foi a seguinte: visitei clientes do meu cliente para entender<br />
os pontos fortes e fracos e logo descobri que a entrega dos produtos<br />
era concentrada em poucos dias, no início de cada mês, com pouca disponibilidade<br />
de espaço para estocagem. Portanto, a logística era o diferencial que<br />
eu procurava! Tínhamos ociosidade na produção e nossa planta industrial<br />
era a mais próxima das unidades de recepção do cliente.<br />
Voltei para a próxima rodada não com uma oferta de mais desconto, mas<br />
com um cronograma de entrega que atenderia às necessidades do cliente.<br />
Fechamos o negócio e fornecemos para esse cliente durante quatro anos, até<br />
que ele desativou aquela unidade. Durante todo o período de fornecimento,<br />
fomos pressionados por mais descontos a cada alteração de preços que, necessariamente,<br />
apresentávamos, mas nunca cedemos a essa pressão porque<br />
nosso atendimento era impecável.<br />
Conclusão: antes de entrar em qualquer negociação, devemos conhecer<br />
muito bem as necessidades do cliente, nossa capacidade para atendê-las e,<br />
principalmente, nossos diferenciais em relação à concorrência. Assim, adquirimos<br />
mais autoconfiança e os preços e prazos se tornam<br />
secundários no fechamento do negócio.<br />
Lúcio Flávio Gouvêa, gerente comercial<br />
Agora é com você!<br />
Gostou das histórias reunidas aqui?<br />
Então continue a leitura desta revista, prepare-se para ser um supernegociador<br />
como todos os personagens desta seção e comece a construir a sua<br />
própria história de sucesso!<br />
23
Preparação e planejamento<br />
Jerônimo Mendes<br />
Uma boa negociação<br />
exige um ótimo preparo<br />
O<br />
ato de negociar é tão antigo quanto a origem humana – afinal, desde<br />
que nascemos somos induzidos a negociar todos os dias, por diferentes<br />
meios (choro, concessões, diálogos, gestos, negações e assim por<br />
diante), a fim de conseguir o que queremos para sobreviver.<br />
A palavra “negociação” tem uma relação direta com o trabalho<br />
desde os tempos mais remotos. No início, o trabalho tinha caráter de<br />
castigo e era tido como punição para os pecados. Os poderosos, déspotas,<br />
imperadores, reis, tiranos etc. enalteciam o ócio, que era considerado<br />
uma virtude, um prêmio, um sinal de força, uma manifestação<br />
do prazer. Ao contrário dos “pobres mortais”, quando os poderosos<br />
desejavam fazer alguma coisa de concreto, eles apelavam para<br />
o nec + otium (não + ócio, em latim), ou seja, eles negavam o ócio, mas<br />
sem efetivamente trabalhar. O que eles faziam, afinal, era negociar<br />
algo em troca, geralmente, de concessões para o povo.<br />
A maioria das pessoas pensa que o ato de negociar refere-se apenas<br />
a dinheiro e negócios, mas, na prática, todos negociam o tempo<br />
24<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
todo, de maneira instintiva e, por<br />
vezes, nem se dão conta de que é<br />
isso que estão fazendo.<br />
O surgimento de um negociador<br />
Ninguém nasce sabendo negociar,<br />
mas algumas pessoas vão aprendendo<br />
e demonstrando mais habilidade<br />
do que outras em razão<br />
da sua própria história de vida.<br />
Filhos de pais negociantes tendem<br />
a se tornar mais hábeis do que<br />
outras pessoas que não cresceram<br />
em ambientes de negociação.<br />
Por outro lado, boa parte nem<br />
sabe que possui excelentes instrumentos<br />
de negociação – conhecimento<br />
técnico, experiência,<br />
habilidades etc. – e, portanto, não<br />
utiliza esse arsenal para extrair<br />
o melhor proveito possível das<br />
situações.<br />
Na maioria das negociações,<br />
é desejável que a outra parte se<br />
sinta confortável quanto àquilo<br />
que foi decidido para que se<br />
possa avançar e criar um relacionamento<br />
duradouro e valioso<br />
para todas as partes envolvidas.<br />
Como diz David Brown<br />
em seu livro Os segredos da negociação,<br />
negociar funciona da<br />
forma “toma lá, dá cá” e é, dessa<br />
forma, uma maneira de encontrarmos<br />
uma solução de<br />
compromisso e concordarmos<br />
quanto a um caminho que nos<br />
permita avançar. Dessa forma,<br />
antes de começar a negociar, é<br />
necessário estar preparado para<br />
o “toma lá, dá cá”.<br />
O que é preciso fazer para<br />
melhorar sua performance<br />
como negociador<br />
Você já sabe muita coisa a respeito<br />
desse assunto, mas, às vezes,<br />
é necessário reorganizar as ideias<br />
e aplicá-las de maneira mais técnica,<br />
considerando que a outra<br />
parte também está se preparando<br />
e, portanto, as percepções são<br />
recíprocas.<br />
Em primeiro lugar, lembre-se:<br />
vender é diferente de negociar.<br />
Se alguém não souber essa simples<br />
distinção, é provável que se torne<br />
um péssimo vendedor e, acima<br />
de tudo, um mau negociante.<br />
Quando você vende, está persuadindo<br />
um potencial comprador<br />
a comprar certo produto ou<br />
serviço. E, na maioria das vezes,<br />
o comprador sequer argumenta,<br />
por várias razões: conhecimento<br />
prévio do produto, inexistência<br />
de outra opção, primeira necessidade,<br />
relação com a marca etc.<br />
Quando você negocia, provavelmente<br />
discute preço, embalagem,<br />
valor, qualidade, quantidade,<br />
prazo de entrega, forma de pagamento<br />
etc. e sempre tem que<br />
chegar a um bom acordo sobre<br />
tudo isso.<br />
Diz o ditado: a boa preparação<br />
evita o mau desempenho. Por isso,<br />
algumas questões são fundamentais<br />
antes de partir para o campo<br />
de batalha – ou melhor, para o<br />
ambiente de negociação. Assim,<br />
você terá muito mais chances de<br />
chegar a um acordo satisfatório<br />
para ambos os lados. Vejamos:<br />
1. Saiba com quem você está lidando:<br />
Expectativas, preferências,<br />
cultura, comportamento,<br />
pressões, opções (concorrentes),<br />
posição do negociador<br />
(autoridade, cargo) etc.<br />
Parte do sucesso na negociação<br />
está diretamente relacionada<br />
ao conhecimento sobre<br />
a empresa e as pessoas com<br />
quem você vai negociar.<br />
2. Estabeleça objetivos claros:<br />
Conheça suas limitações e<br />
faça uma lista de itens nos<br />
quais você pode ou não fazer<br />
concessões. Ou seja: saiba o<br />
que é e o que não é negociável<br />
– caso contrário, você pode<br />
acabar concedendo mais do<br />
que o necessário e ganhando<br />
menos do que deveria. Como<br />
diz Stephen Covey, autor do<br />
best-seller Os 7 hábitos das pessoas<br />
altamente eficazes: comece<br />
tendo o fim em mente e<br />
tudo caminhará para isso.<br />
3. Estude as possíveis abordagens<br />
da outra parte: Em tudo<br />
na vida existe ação e reação.<br />
Em negociação, não é diferente.<br />
Dessa forma, lembre-se das<br />
diferenças de percepção: não<br />
é o que você diz ou pensa, é<br />
o que o seu cliente percebe. O<br />
que tem mais valor para quem<br />
está do outro lado da mesa?<br />
Coloque-se no lugar da outra<br />
parte, além de considerar a<br />
sua própria posição, assim<br />
será mais fácil reconhecer o<br />
que é mais importante para<br />
os dois lados.<br />
4. Planeje suas táticas: Quem<br />
fala primeiro? Qual a pergunta<br />
de abertura? Como você<br />
vai conduzir o jogo? Vai começar<br />
com a parte mais fácil<br />
da negociação ou com a mais<br />
difícil? Você pode ter várias<br />
ideias, mas como vai utilizar<br />
tudo isso no calor da emoção?<br />
A conversa deve ser curta ou<br />
demorada? Use todo o seu conhecimento<br />
sobre a outra parte<br />
para decidir a tática certa<br />
a ser adotada.<br />
Por fim, como afirmou o Duque<br />
de Wellington, famoso general<br />
britânico, o tempo dedicado ao<br />
reconhecimento jamais é desperdiçado.<br />
Portanto, quanto melhor<br />
a preparação, maiores as chances<br />
de fechar um negócio que seja,<br />
acima de tudo, bom e duradouro<br />
para ambas as partes.<br />
“Diz o ditado: a<br />
boa preparação<br />
evita o mau<br />
desempenho.<br />
Por isso,<br />
algumas<br />
questões são<br />
fundamentais<br />
antes de partir<br />
para o campo<br />
de batalha – ou<br />
melhor, para o<br />
ambiente de<br />
negociação.”<br />
Jerônimo Mendes – Administrador,<br />
coach, empreendedor<br />
e palestrante. É autor<br />
dos livros A atitude muda<br />
tudo, Empreendedorismo<br />
para jovens e Manual do empreendedor.<br />
Visite o site:<br />
www.jeronimomendes.<br />
com.br<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 25
Top 10 / Por Francine Pereira<br />
10 livros<br />
para entender<br />
os princípios<br />
da negociação<br />
e negociar<br />
melhor<br />
ma edição temática sobre negociação<br />
não podia deixar de<br />
lado as principais obras sobre<br />
o assunto. Pensando em ajudá-<br />
-lo a desenvolver suas habilidades<br />
de influenciador e de<br />
negociador, reunimos nas páginas<br />
a seguir dez dos principais<br />
livros relacionados a esses<br />
temas. Descubra títulos e autores<br />
que são autoridades em<br />
negociação e aprenda a influenciar<br />
as pessoas de maneira eficiente<br />
e justa, alcançando seus<br />
objetivos ao mesmo tempo em<br />
que constrói relacionamentos<br />
duradouros e produtivos.<br />
Como chegar ao sim<br />
Como negociar acordos sem<br />
fazer concessões<br />
Autores: Roger Fisher, William<br />
Ury e Bruce Patton<br />
Quando você entra em uma<br />
negociação, quer evitar ao<br />
máximo o conflito e acaba<br />
aceitando as condições impostas<br />
pela outra parte sem<br />
reclamar? Ou você é daqueles<br />
que fazem de tudo para<br />
defender os seus interesses,<br />
mesmo prejudicando o outro?<br />
E se a gente dissesse que<br />
pode existir um meio-termo<br />
mais vantajoso para todos?<br />
É o que Roger Fisher,<br />
William Ury e Bruce Patton,<br />
professores do programa de<br />
negociação da Universidade<br />
de Harvard (EUA), apontam<br />
no livro Como chegar ao sim.<br />
Os pesquisadores defendem<br />
uma negociação baseada em<br />
princípios, na qual se buscam<br />
benefícios mútuos. Assim,<br />
ao invés de cada um defender<br />
seu lado, ambos almejam um<br />
resultado bom para todas as<br />
partes.<br />
Dica: Em sua palestra no TED,<br />
William Ury, um dos autores deste<br />
livro, fala mais sobre os conceitos<br />
abordados na obra. Assista ao vídeo<br />
em bit.ly/como-chegar-ao-sim<br />
26<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
Inteligência emocional<br />
A teoria revolucionária que redefine<br />
o que é ser inteligente<br />
Autor: Daniel Goleman<br />
Provavelmente, você já ficou<br />
impressionado ao saber que<br />
determinada pessoa tinha um<br />
QI (quociente de inteligência)<br />
alto e ficou se perguntando<br />
o que é que ela “fez” para ser<br />
tão inteligente, não é mesmo?<br />
Mas você já parou para pensar<br />
que talvez um QI alto não<br />
seja suficiente para conquistar<br />
o sucesso? Nesta obra, o<br />
psicólogo Daniel Goleman<br />
mostra, por meio de estudos<br />
científicos, que a inteligência<br />
emocional é muito mais importante<br />
para ter êxito em<br />
qualquer âmbito – pessoal e<br />
profissional.<br />
Segundo ele, ter esse tipo<br />
de inteligência bem desenvolvida<br />
nos ajuda a entender<br />
e a controlar nossas próprias<br />
emoções e também a saber<br />
identificar e lidar com as emoções<br />
de outras pessoas – habilidades<br />
fundamentais no<br />
processo de negociação!<br />
Negociação<br />
Como lidar com objeções utilizando<br />
soluções eficazes e realizar<br />
acordos personalizados<br />
Autor: Raul Candeloro<br />
A rejeição faz parte do processo<br />
comercial, concorda? Afinal,<br />
se todo mundo sempre<br />
dissesse “sim” às ofertas de<br />
uma empresa, não precisaríamos<br />
de vendedores. Este livro<br />
foi desenvolvido por Raul Candeloro,<br />
diretor da <strong>VendaMais</strong>,<br />
justamente com o objetivo de<br />
ajudar profissionais de vendas<br />
a superarem as objeções dos<br />
clientes e transformarem os<br />
nãos em sins.<br />
Nele, você aprenderá como<br />
se preparar para uma<br />
negociação, entenderá o que<br />
é uma negociação perfeita e<br />
descobrirá como lidar com<br />
diferentes tipos de objeções,<br />
como colocar seu preço na<br />
perspectiva correta e até como<br />
negociar por telefone.<br />
Dica: Essa obra faz parte da coleção<br />
Introdução aos passos da venda,<br />
que aborda cada uma das etapas<br />
do processo comercial. Saiba mais<br />
em bit.ly/passos-da-venda<br />
Negocie qualquer coisa<br />
com qualquer pessoa<br />
Estratégias práticas para obter<br />
ótimos acordos em suas relações<br />
pessoais e profissionais<br />
Autor: Eduardo Ferraz<br />
O título deste livro deve ter<br />
chamado sua atenção. Afinal,<br />
quem é que não gostaria de<br />
saber negociar qualquer coisa<br />
com qualquer pessoa, certo?<br />
Com mais de 25 anos de<br />
atuação na área de gestão de<br />
pessoas, Eduardo Ferraz reúne<br />
em sua obra lições sobre<br />
como conduzir uma negociação<br />
de sucesso construindo<br />
uma relação positiva e duradoura<br />
com a outra parte.<br />
Ao ler o livro, você aprenderá<br />
a dizer “não” sem ofender,<br />
a expor seus talentos sem<br />
parecer arrogante, a lidar com<br />
pessoas difíceis, a reagir corretamente<br />
a propostas absurdas,<br />
a evitar conflitos e muito<br />
mais.<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 27
Refém na mesa de<br />
negociações<br />
Como os líderes podem superar<br />
conflitos, influenciar os outros e<br />
aumentar o desempenho<br />
Autor: George Kohlrieser<br />
Imagine que você foi sequestrado<br />
e sua vida está nas mãos<br />
de um profissional que está<br />
negociando com os bandidos.<br />
Esse profissional precisa ter<br />
habilidades de negociação,<br />
certo? Durante anos, esse foi<br />
exatamente o trabalho do psicólogo<br />
George Kohlrieser: ele<br />
era negociador de reféns.<br />
Com base em sua experiência,<br />
ele escreveu este livro<br />
em que revela técnicas utilizadas<br />
em negociações de reféns<br />
e que podem ser aplicadas<br />
com sucesso em qualquer<br />
transação comercial. Nele,<br />
Kohlrieser apresenta os sete<br />
fatores-chave para a resolução<br />
de problemas complicados e<br />
ensina como os líderes podem<br />
desenvolver e acessar as habilidades<br />
fundamentais para<br />
criar um clima positivo e de<br />
confiança em suas equipes.<br />
Dica: Para saber mais sobre o trabalho<br />
de Kohlrieser e descobrir como<br />
as técnicas aprendidas em campo<br />
por ele podem ser aplicadas na gestão,<br />
assista à palestra que está disponível<br />
em bit.ly/<strong>negociacao</strong>-refem<br />
Negocie para vencer<br />
Instrumentos práticos e criativos<br />
para chegar ao sim<br />
Autor: William Ury<br />
Para negociar, é preciso saber<br />
falar. Mas é ainda mais importante<br />
saber ouvir. É só<br />
ouvindo que você conseguirá<br />
entender, por exemplo,<br />
por que o outro lado insiste<br />
em dizer "não". É prestando<br />
atenção nas necessidades e<br />
nos desejos da outra parte<br />
que você poderá encontrar<br />
um caminho para chegar a<br />
um acordo final. É o que o<br />
antropologista e cofundador<br />
do programa de negociação<br />
da Universidade de Harvard<br />
(EUA) William Ury ensina<br />
neste livro.<br />
Se você quer aprender estratégias<br />
comprovadas para<br />
transformar oponentes em<br />
parceiros de negociação, este<br />
livro é para você. A obra<br />
traz lições sobre como manter<br />
o controle mesmo sob pressão,<br />
de que forma neutralizar a<br />
agressividade, como descobrir<br />
o que o outro lado quer e quais<br />
são os caminhos para conseguir<br />
acordos que satisfaçam<br />
as diferentes partes em uma<br />
negociação.<br />
Consiga o que você quer<br />
As 12 estratégias que vão fazer<br />
de você um negociador competente<br />
em qualquer situação<br />
Autor: Stuart Diamond<br />
Qualquer que seja a sua personalidade,<br />
você pode aprender<br />
a negociar melhor e conseguir<br />
o que quer. Essa é a<br />
proposta deste livro escrito<br />
por Stuart Diamond, um dos<br />
maiores especialistas do mundo<br />
em negociação. Nele, o autor<br />
ensina as estratégias de<br />
seu prestigiado curso de negociação<br />
da Wharton Business<br />
School (EUA) e ressalta<br />
a importância de valorizar o<br />
outro e ter empatia para conseguir<br />
chegar a um acordo<br />
de sucesso. Diamond defende,<br />
ainda, uma negociação baseada<br />
na ajuda mútua, e não no<br />
poder. Segundo ele, às vezes<br />
é preciso entender que vale<br />
mais a pena perder hoje para<br />
conseguir ganhar amanhã.<br />
Concorda?<br />
Dica: Em seu site (em inglês),<br />
Diamond explica mais sobre a<br />
metodologia do livro e mostra<br />
exemplos de como ela pode ser<br />
aplicada em diferentes segmentos:<br />
gettingmore.com<br />
28<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
Seu cliente pode<br />
pagar mais<br />
Como valorizar o que você faz<br />
Autor: Ian Brooks<br />
Qual você diria que é a principal<br />
objeção dos seus clientes<br />
na hora de negociar uma<br />
compra? “Preço” passou pela<br />
sua cabeça, certo? Normal.<br />
Em vendas, grande parte das<br />
negociações gira em torno<br />
desse fator. Mas, então, como<br />
agir nesses casos para não<br />
ceder à pressão por desconto<br />
e acabar desvalorizando o<br />
seu produto ou serviço?<br />
É justamente isso que você<br />
irá aprender lendo este<br />
livro de Ian Brooks, especialista<br />
em gestão com mais de<br />
15 obras publicadas. Saiba<br />
como valorizar o seu trabalho<br />
durante a negociação e aprenda<br />
a transmitir os valores e<br />
benefícios de forma que o seu<br />
cliente não se importe em<br />
pagar mais.<br />
As armas da persuasão<br />
Como influenciar e não se deixar<br />
influenciar<br />
Autor: Robert B. Cialdini<br />
Este livro, que já pode ser<br />
considerado um clássico entre<br />
os guias de gestão e negociação,<br />
traz lições importantes<br />
sobre como influenciar<br />
o comportamento das pessoas.<br />
Por meio de informações<br />
de pesquisas científicas e<br />
histórias de pessoas comuns<br />
e de empresas de diferentes<br />
portes e segmentos, o psicólogo<br />
Robert B. Cialdini mostra<br />
quais são os fatores fundamentais<br />
para convencer<br />
alguém a dizer “sim”.<br />
Segundo ele, existem seis<br />
princípios psicológicos básicos<br />
que governam o comportamento<br />
humano e que podem<br />
ser utilizados como “armas<br />
da persuasão”. São eles:<br />
reciprocidade, compromisso<br />
e coerência, aprovação social,<br />
afeição, autoridade e escassez.<br />
Acesse bit.ly/video-armas<br />
-persuasao e assista à palestra<br />
em que Cialdini fala um<br />
pouco sobre cada um desses<br />
princípios – que são abordados<br />
de forma mais aprofundada<br />
no livro.<br />
Supere o não<br />
Negociando com pessoas difíceis<br />
Autor: William Ury<br />
Toda negociação tem suas<br />
dificuldades específicas. Mas<br />
existem alguns casos ainda<br />
mais desafiadores – quando<br />
você precisa convencer alguém<br />
que não está disposto<br />
a negociar, por exemplo. Neste<br />
livro, você terá acesso a<br />
dicas práticas sobre como lidar<br />
com esse tipo de situação.<br />
A obra revela quais são os<br />
principais desafios que precisam<br />
ser superados em qualquer<br />
negociação e indica estratégias<br />
sobre como derrubar<br />
essas barreiras. O autor explica,<br />
ainda, a importância da<br />
empatia e ensina como criar<br />
um clima favorável para o<br />
acordo, além dos caminhos<br />
para chegar ao fechamento.<br />
E aí,<br />
por qual livro<br />
você vai<br />
começar?<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 29
Negociação pela internet<br />
João Kepler<br />
O negociador<br />
na era digital<br />
E<br />
30 vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017<br />
mpresas e marcas de diferentes segmentos de mercado estão hoje na<br />
internet, seja de forma ativa ou passiva, através de postagens e comentários<br />
de clientes e consumidores em redes sociais, blogs e sites.<br />
Saber como aproveitar esse novo momento, com novos consumidores,<br />
novas mídias, novos canais, novas audiências e novas formas de publicidade<br />
é fundamental para vender mais.<br />
Nesse novo contexto, a pergunta é inevitável: você já pensou em<br />
negociar com seu cliente mesmo que a venda seja realizada em um<br />
ambiente virtual? Se você é vendedor e se assustou com essa possibilidade,<br />
fique atento! Cada vez mais você poderá se valer de recursos<br />
e ferramentas digitais para converter o maior número de vendas<br />
possível. O ponto principal é: como entender, usar, trabalhar e maximizar<br />
todos esses recursos disponíveis de forma assertiva e profissional<br />
a favor do fechamento da venda ou do aumento de conversão?
5 dicas para negociar melhor<br />
O primeiro passo para acompanhar<br />
essa evolução é entender<br />
que, hoje, tudo está baseado nas<br />
pessoas, em suas conexões, na<br />
capacidade de engajamento e na<br />
relevância social. As marcas não<br />
são mais aquilo que imaginam<br />
ser, mas o que seus clientes dizem<br />
que elas são. Com isso, qualquer<br />
empreendimento deve ter total<br />
atenção à interação virtual justamente<br />
porque o comportamento<br />
de compra se remodelou tanto<br />
no meio on-line como no off-line.<br />
Vender pela internet exige<br />
novas habilidades, bem como dedicação<br />
em tempo integral. O<br />
vendedor digital não precisa trabalhar<br />
perfumado e de barba feita,<br />
mas precisa ter presença e relevância<br />
social para conseguir<br />
fisgar e conquistar novos compradores<br />
ou até mesmo manter<br />
sua atual carteira de clientes.<br />
Está claro, portanto, que, dentre<br />
os tantos passos da venda que<br />
a internet possibilita, precisamos<br />
pensar especialmente na negociação.<br />
Dessa forma, tenho quatro<br />
dicas que considero preciosas e<br />
vou compartilhá-las com você.<br />
1)<br />
Sempre inicie as<br />
negociações.<br />
Você deve iniciar o processo<br />
porque quem controla o início<br />
das negociações tende a controlar<br />
como elas acabam. Se você<br />
deixar o cliente começar a negociação,<br />
vai acabar abrindo mão<br />
do controle – muitas vezes sem<br />
perceber.<br />
1 Como fazer isso na internet:<br />
Faça uma lista de fornecedores<br />
que possam lhe ofertar o melhor<br />
custo-benefício e entre em contato<br />
com cada um tentando uma<br />
contraproposta. Além disso,<br />
pesquise no mercado se os preços<br />
estão compatíveis e quais<br />
estratégias as lojas estão utilizando<br />
para casar vendas. Depois<br />
dessa análise, veja no que será<br />
melhor investir na sua área: em<br />
um preço individual mais baixo<br />
ou em pacotes promocionais.<br />
2)<br />
Negocie sempre<br />
por escrito.<br />
Negociar primeiro para<br />
depois formalizar o que foi<br />
acordado acrescenta um tempo<br />
desnecessário à transação. Se você<br />
elaborar o seu acordo por escrito<br />
durante a negociação, estará<br />
preparado para pedir a assinatura<br />
do cliente no momento em<br />
que a decisão de compra for feita.<br />
1 Como fazer isso na internet:<br />
Crie um cadastro obrigatório em<br />
seu site para todos os que quiserem<br />
comprar seus produtos. Dessa<br />
forma, você terá uma rede extensa<br />
de possíveis consumidores,<br />
aos quais poderá enviar e-mails<br />
e contatar anunciando futuras<br />
ofertas. Para incrementar esse<br />
processo, ofereça descontos aos<br />
que indicarem novos consumidores<br />
e cadastrá-los, assim você<br />
irá fidelizar os clientes e atingirá<br />
um público maior a cada dia.<br />
3)<br />
Mantenha-se frio.<br />
A mesa de negociação<br />
pode estar carregada<br />
de agendas, egos, emoções e prioridades.<br />
Grandes negociadores<br />
sabem como permanecer frios e<br />
tranquilos, fornecendo soluções<br />
e se mantendo na liderança.<br />
1 Como fazer isso na internet:<br />
A internet é sua aliada aqui. Você<br />
não precisa responder os contatos<br />
de seus clientes imediatamente.<br />
Use o tempo a seu favor<br />
para deixar a emoção de lado e<br />
ser racional em toda negociação<br />
com os clientes virtuais.<br />
4)<br />
Esteja no seu<br />
terreno.<br />
A melhor maneira de<br />
estar em uma posição mais confortável<br />
na negociação é realizá-la<br />
dentro da sua empresa. Isso o ajuda<br />
e fortalece porque geralmente<br />
as pessoas ficam mais confiantes<br />
e descontraídas quando estão em<br />
um terreno que já conhecem ou<br />
dominam.<br />
1 Como fazer isso na internet:<br />
Comunique-se sempre pelos canais<br />
oficiais da sua empresa. Não<br />
use seus perfis pessoais ou seu<br />
e-mail particular para falar em<br />
nome da companhia.<br />
5)<br />
Use as objeções<br />
de seus clientes a<br />
seu favor.<br />
A partir do momento em que você<br />
entende que a objeção do cliente<br />
é uma oportunidade que ele<br />
está dando a você de explicar<br />
melhor como pode ajudá-lo, você<br />
vai enxergá-la com outros olhos.<br />
Isso significa que nem sempre as<br />
dúvidas do seu cliente são um<br />
problema. Elas podem, sim, ser<br />
oportunidades. O (bom) relacionamento<br />
ainda é a única saída<br />
para o sucesso em qualquer negociação.<br />
1 Como fazer isso na internet:<br />
Leve em consideração a opinião<br />
de seus clientes para atualizar<br />
periodicamente as promoções e<br />
divulgá-las em anúncios ou mesmo<br />
nas redes sociais gratuitamente.<br />
Isso pode ajudar você a<br />
vender mais.<br />
Sucesso e boas vendas!<br />
“Negociar primeiro<br />
para depois<br />
formalizar o que<br />
foi acordado<br />
acrescenta<br />
um tempo<br />
desnecessário<br />
à transação. Se<br />
você elaborar o<br />
seu acordo por<br />
escrito durante a<br />
negociação, estará<br />
preparado para<br />
pedir a assinatura<br />
do cliente no<br />
momento em que a<br />
decisão de compra<br />
for feita.”<br />
João Kepler Braga é reconhecido<br />
como o palestrante<br />
mais sintonizado com a<br />
inovação e a convergência<br />
digital no Brasil. É espalhador<br />
de ideias digitais e acredita<br />
que só a aplicação na<br />
prática pode realmente mostrar<br />
como tudo funciona.<br />
Visite o site:<br />
www.joaokepler.com.br<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 31
Gestão de equipes<br />
Descubra<br />
de quantos<br />
vendedores sua<br />
equipe comercial<br />
precisa<br />
Por Aroldo Maciel<br />
iariamente, os gestores de vendas<br />
enfrentam muitos desafios para atingir<br />
os resultados planejados. Tais<br />
desafios passam pela definição do<br />
perfil do profissional ideal para a<br />
equipe, pelo recrutamento e pela<br />
seleção desses candidatos, pelo treinamento,<br />
pela gestão do preço e da<br />
“vida” do produto e por todas aquelas<br />
atividades – cada uma com a sua devida importância<br />
– que, somadas, têm o objetivo de maximizar<br />
os resultados da organização.<br />
Dentre todas as atividades de um gestor comercial,<br />
existe aquela em que é preciso avaliar o mercado/<br />
cenário econômico de atuação da empresa e definir<br />
o tamanho da equipe comercial. Tarefa fácil? Longe<br />
disso! Aliás, no meu ponto de vista, essa é uma das<br />
atividades mais desafiadoras para um gestor, pois,<br />
para fazer uma análise completa desse assunto, nos<br />
deparamos com uma quantidade imensa de variáveis.<br />
Por isso, proponho um exercício de relacionar algumas<br />
delas. Você topa? Então vamos lá!<br />
1 Desejamos/precisamos trabalhar com representantes<br />
comerciais (profissionais autônomos) e/<br />
ou vendedores com registro em carteira de trabalho<br />
(CLT)?<br />
1 Qual é o tamanho do mercado em que atuamos?<br />
1 Temos uma curva ABC dos<br />
nossos clientes? E, se tivermos,<br />
nós a usamos como uma<br />
ferramenta de trabalho?<br />
1 Qual é a densidade demográfica<br />
dos nossos clientes e onde<br />
eles estão localizados?<br />
1 Como atuam os nossos concorrentes?<br />
1 Qual é o nosso momento econômico<br />
– crise, crescimento<br />
ou estagnação?<br />
1 Qual é o tipo de produto que<br />
ofertamos e o ticket médio<br />
das nossas vendas?<br />
1 Como se dá o nosso processo<br />
de venda (vendemos para outras<br />
empresas – B2B – ou para<br />
o consumidor final – B2C)?<br />
1 Qual é o tamanho do nosso<br />
canal de distribuição?<br />
Se mais da metade dos gestores<br />
tiver as respostas para 50%<br />
das perguntas acima, acredito<br />
que já será um sucesso.<br />
Convém, aqui, fazer um parêntese<br />
para relatar o que digo<br />
sobre a revista <strong>VendaMais</strong> quando<br />
a indico para alguém: ela nos<br />
faz lembrar, de forma muito simples,<br />
de coisas de singular importância<br />
no nosso dia a dia e<br />
que a correria não nos permite<br />
investir tempo para avaliar. Estou<br />
escrevendo isso pensando<br />
nas perguntas que sugeri acima,<br />
pois tenho certeza de que, nesse<br />
momento, assim como eu, você<br />
se lembrou do quanto isso é importante.<br />
Depois de ter as respostas para<br />
as questões sugeridas acima,<br />
32<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
“Tanto estruturas<br />
inchadas como<br />
profissionais<br />
sobrecarregados<br />
podem destruir sua<br />
empresa. Descubra<br />
quantos profissionais<br />
de vendas você precisa<br />
ter na equipe levando<br />
em consideração o<br />
atual momento dela e<br />
não cometa esse erro!”<br />
Agora que temos os códigos,<br />
vamos à fórmula:<br />
QNV = QTC/{[QHDD/<br />
(TMV+TMD)] x QDUM}<br />
Para deixar a ideia mais clara,<br />
vamos fazer um cálculo com caráter<br />
explicativo com as seguintes<br />
premissas:<br />
QTC: 400<br />
TMV: 1 hora<br />
TMD: 1 hora<br />
QHDD: 8<br />
QDUM: 22<br />
disso, podemos evoluir muito mais<br />
com esse estudo, pois podemos<br />
precisar, num futuro próximo, avaliar<br />
a frequência de visitas ao cliente<br />
(FVC) – ou seja, em função da<br />
curva ABC de clientes, definir em<br />
quanto tempo o vendedor deverá<br />
retornar ao cliente de acordo com<br />
a sua importância para a empresa<br />
e assim por diante. Mas isso é um<br />
assunto para um próximo artigo.<br />
Fica, então, o convite para você<br />
fazer seu cálculo e se lembrar de<br />
que acertar nessa etapa do processo<br />
vai ajudar a garantir negociações<br />
mais produtivas lá na frente!<br />
podemos iniciar um raciocínio<br />
para montar uma fórmula que<br />
vai nos ajudar a definir a quantidade<br />
de vendedores necessários<br />
para uma operação de vendas.<br />
Primeiro, é importante estabelecer<br />
os códigos da fórmula e seus<br />
respectivos significados.<br />
CÓDIGO<br />
QDUM<br />
QHDD<br />
QNV<br />
QTC<br />
QVD<br />
QVPM<br />
TMD<br />
TMV<br />
DESCRIÇÃO<br />
QUANTIDADE DIAS ÚTEIS/MÊS<br />
QUANTIDADE DE HORAS DISPONÍVEIS/DIA<br />
QUANTIDADE NECESSÁRIA DE VENDEDORES<br />
QUANTIDADE DE CLIENTES<br />
QUANTIDADE DE VISITAS/DIA<br />
QUANTIDADE DE VISITAS POSSÍVEIS/MÊS<br />
TEMPO MÉDIO DE DESLOCAMENTO<br />
TEMPO MÉDIO DE VISITAS<br />
Ou seja:<br />
QNV= 400/{[8/(1+1)] x 22}<br />
QNV= 400/[(8/2] x 22]<br />
QNV= 400/(4 x 22)<br />
QNV= 400/88<br />
QNV= 4,5445<br />
Portanto, imaginando as premissas<br />
citadas acima, são necessários<br />
entre quatro e cinco vendedores<br />
para dar conta do trabalho<br />
dessa empresa.<br />
É importante salientar que estamos,<br />
aqui, imaginando clientes<br />
de igual importância para a organização,<br />
mas se for definido que<br />
existem clientes mais ou menos<br />
relevantes e que a variável para<br />
diferenciar os clientes A e B, por<br />
exemplo, é o tempo dedicado a eles,<br />
será preciso alterar o valor do tempo<br />
médio de visita (TMV). Além<br />
Agora é sua vez!<br />
Preencha a tabela abaixo, descubra<br />
quantos profissionais de vendas<br />
você precisa ter na sua equipe e<br />
reveja a estrutura do seu time comercial<br />
hoje mesmo. Tanto estruturas<br />
inchadas como profissionais<br />
sobrecarregados podem destruir<br />
sua empresa. Descubra quantos<br />
profissionais de vendas você precisa<br />
ter na sua equipe levando em<br />
consideração o atual momento<br />
dela e não cometa esse erro!<br />
Quantos profissionais de vendas você precisa ter na sua equipe?<br />
Código Descrição Valores<br />
QTC Quantidade de clientes<br />
TMD Tempo médio de deslocamento<br />
TMV Tempo médio de visitas<br />
QVD Quantidade de visitas por dia<br />
QDUM Quantidade de dias úteis por mês<br />
QHDD Quantidade de horas disponíveis em cada dia<br />
QVPM Quantidade de visitas possíveis no mês<br />
QNV Quantidade necessária de vendedores<br />
QNV = QTC/{[QHDD/(TMV+TMD)] x QDUM} = ?<br />
Boas vendas!<br />
Aroldo Maciel é especialista em Marketing,<br />
Inteligência Econômica e Comércio Exterior<br />
pela PUCRS e possui MBA em Gestão Comercial<br />
pela FGV. É consultor independente e<br />
sócio-diretor da GlobalMac.<br />
E-mail: acm_1000@yahoo.com.br<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 33
Liderança<br />
J.B. Vilhena<br />
O mito do “ganha-ganha”<br />
Em gestão, muitos mitos vão sendo criados impunemente – ou, às<br />
vezes, inocentemente. Há os que acreditam de verdade que a propaganda<br />
é a alma do negócio. Os que chegam a jurar que o cliente<br />
tem sempre razão. Além dos que defendem, com unhas e dentes,<br />
que é melhor vender alguma coisa que o cliente não quer ou não<br />
precisa comprar do que sair da entrevista sem nem um “pedidinho”.<br />
E por aí vai.<br />
Nos seminários e palestras que faço, sempre procuro discutir os<br />
deletérios efeitos que a crença em alguns desses mitos acaba por<br />
produzir nas organizações.<br />
Hoje, quero conversar com você sobre um dos mais frequentes<br />
mitos da negociação: o do método “ganha-ganha”.<br />
Se recorrermos a qualquer dicionário, verificaremos que a palavra<br />
“método” pode ser traduzida como a forma ou o processo de<br />
se fazer alguma coisa. Inspirados pelo mito, alguns negociadores chegam à conclusão de<br />
34<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
que é possível percorrer cada passo<br />
do processo de negociação “ganhando”<br />
alguma coisa. Vejamos se<br />
essa ideia faz sentido.<br />
Se toda negociação tem origem<br />
numa divergência quanto aos meios<br />
e numa convergência quanto aos<br />
fins, o único método possível para<br />
chegar a um acordo favorável para<br />
ambas as partes seria o “cede-cede”.<br />
Tomemos por base uma negociação<br />
comercial. O lado A quer<br />
vender um produto, mas só pode<br />
entregá-lo em 90 dias. O lado B quer<br />
comprar o produto – eis aí a tal<br />
convergência quanto os fins –, mas<br />
precisa recebê-lo em, no máximo,<br />
45 dias – logo, há aqui uma divergência<br />
quanto aos meios. Supondo<br />
que os prazos reivindicados pelas<br />
partes sejam verdadeiros, a única<br />
forma de estabelecer um acordo é<br />
obtendo uma concessão de cada<br />
lado e, por exemplo, fechando o<br />
negócio para entrega daqui a 70<br />
dias – assim, ambos tiveram que<br />
ceder um pouquinho, certo?<br />
Meu objetivo não é negar que,<br />
frequentemente, as partes pedem<br />
muito mais do que consideram<br />
aceitável. A tática, aqui, é fingir<br />
que se está fazendo concessões<br />
para obter contrapartidas do outro<br />
(em outras palavras: aquilo que<br />
dizemos ser o máximo que podemos<br />
conceder é, na verdade, apenas<br />
o mínimo). Algumas vezes,<br />
batemos pé para uma determinada<br />
solicitação quando o que verdadeiramente<br />
queremos é algo<br />
bastante diferente (chamamos<br />
isso de “agenda oculta”). Nesse<br />
caso, a estratégia é levar a outra<br />
parte a conceder coisas que ela<br />
imagina não serem o nosso principal<br />
objetivo (um exemplo seria<br />
o cliente que insiste em redução<br />
de preço quando o que realmente<br />
lhe interessa é uma extensão no<br />
prazo do pagamento). Mas isso<br />
seria praticar o “ganha-perde”, não<br />
é verdade?<br />
Existem inúmeras táticas que,<br />
embora levem ao “ganha-perde”,<br />
são amplamente utilizadas com a<br />
intenção de forçar o outro lado a<br />
fazer concessões além do que seria<br />
considerado razoável:<br />
2 Cobertor: Revelar tudo aquilo<br />
que queremos para depois definir<br />
do que abriremos mão (a<br />
analogia é: vamos deixar os pés<br />
ou a cabeça descoberta?).<br />
2 Colchete: Isolar aquilo que a<br />
outra parte mais deseja, visando<br />
colocá-la na defensiva.<br />
2 Surpresa: Mudar subitamente<br />
o objeto da negociação, deixando<br />
a outra parte desconcertada<br />
e despreparada para negociar.<br />
2 Intimidação: Ameaçar a outra<br />
parte – sugerindo encerrar a<br />
negociação imediatamente, por<br />
exemplo.<br />
2 Silêncio: Não emitir qualquer<br />
opinião ou crítica quanto ao<br />
que está sendo proposto, visando<br />
desorientar a outra parte.<br />
2 Drible: Insistir em uma determinada<br />
coisa quando o que<br />
realmente interessa é outra.<br />
2 Autoridade limitada: Criar uma<br />
instância superior que precisa<br />
ser consultada antes de dar uma<br />
resposta final sobre uma proposta.<br />
2 Mocinho/bandido: Negociadores<br />
que trabalham em dupla. Um<br />
faz o papel do bonzinho enquanto<br />
e o outro é o vilão.<br />
Ao conversar sobre esse tipo<br />
de artimanha com os participantes<br />
dos eventos em que palestro, um<br />
número muito grande afirma utilizar-se<br />
desses recursos para obter<br />
o acordo. Sua opinião é que estão<br />
agindo da forma que propõem os<br />
livros e manuais (infelizmente,<br />
muitos deles realmente propõem<br />
isso) e, consequentemente, não se<br />
percebem infringindo qualquer<br />
limite ético ou moral.<br />
Sinceramente, eu não penso assim.<br />
É por isso que sempre enfatizo<br />
que é melhor perder um bom negócio<br />
do que fazer um mau negócio.<br />
Acredito sinceramente que o<br />
principal elemento da negociação<br />
é o comportamental. Por isso valorizo<br />
tanto o autoconhecimento.<br />
Mas há coisas que você, como gestor,<br />
pode incentivar a equipe a fazer<br />
visando a melhora da performance<br />
como negociador:<br />
a) Incentive as pessoas a se debruçarem<br />
sobre o processo para<br />
identificar os pontos fortes da<br />
sua oferta e os pontos fortes da<br />
oferta da outra parte, para que<br />
as concessões obrigatórias que<br />
farão possam ser recompensadas<br />
com vantagens – financeiras,<br />
emocionais, estratégicas<br />
– oferecidas pelo outro lado.<br />
b) Defina a empatia como uma<br />
das melhores estratégias para<br />
conseguir pensar como o outro<br />
pensa.<br />
c) Esclareça que a ideia de ganhar<br />
em uma negociação não implica<br />
que a outra parte tenha<br />
que perder.<br />
d) Estabeleça limites de autoridade<br />
para os negociadores,<br />
permitindo que eles exercitem<br />
sua capacidade de convencimento<br />
e troca.<br />
e) Reforce comportamentos que<br />
levam à construção de confiança<br />
entre as partes e desestimule<br />
aqueles que levam os outros<br />
a desconfiar de nós.<br />
Por último, vale a pena dizer<br />
que minha crença é que o “ganha-<br />
-ganha” existe, sim, mas não durante<br />
processo. Ele é atingido<br />
quando, ao final da negociação,<br />
cada parte avalia as concessões<br />
que fez e as compara com os resultados<br />
que obteve e chega à conclusão<br />
de que, realmente, valeu a<br />
pena todo o esforço.<br />
“Se toda<br />
negociação tem<br />
origem numa<br />
divergência quanto<br />
aos meios e numa<br />
convergência<br />
quanto aos fins,<br />
o único método<br />
possível para<br />
chegar a um<br />
acordo favorável<br />
para ambas as<br />
partes seria o<br />
‘cede-cede’.”<br />
J.B. Vilhena é coordenador<br />
acadêmico do MBA em<br />
Gestão Comercial da FGV,<br />
doutorando em Gestão de<br />
Negócios pela FGV/Rennes<br />
(França), consultor e palestrante.<br />
E-mail: jbvilhena@uol.<br />
com.br<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 35
CAPA<br />
EDIÇÃO ESPECIAL NEGOCIAÇÃO<br />
Por Natasha Schiebel<br />
36<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
“Como funciona o<br />
processo de negociação<br />
em sua empresa?”<br />
“Ah, eu começo<br />
apresentando o preço cheio,<br />
vou gradativamente dando<br />
descontos e aguardo a<br />
reação do cliente para ver<br />
até onde vou.”<br />
“Quanto, em média, você dá de desconto por mês?”<br />
“Eu trabalho com descontos progressivos. Quanto mais o<br />
meu cliente compra, mais descontos ele ganha.”<br />
“Qual é o limite de desconto que você pode dar para<br />
cada cliente?”<br />
“Não existe um limite pré-determinado. A gente avalia<br />
cada caso e define quanto pode oferecer.”<br />
“Então vale tudo para fechar uma venda?”<br />
“Não queremos perder um cliente, né?”<br />
“Os vendedores da sua empresa recebem<br />
treinamentos periódicos sobre negociação?”<br />
“Na verdade, isso não é algo que conseguimos fazer<br />
com uma periodicidade bem definida. Fazemos quando<br />
dá. Sei que deveria estruturar melhor os programas de<br />
capacitação, mas sinto dificuldade em desenvolver<br />
esses materiais e fechar um calendário de ações de<br />
desenvolvimento. O acúmulo de atribuições tem<br />
dificultado o processo.”<br />
Os diálogos que abrem esta reportagem<br />
revelam três problemas comuns a muitas<br />
empresas quando o assunto é negociação:<br />
visão equivocada sobre o que é negociar<br />
(definitivamente, desconto não é a única opção de<br />
uma negociação!), ausência de uma matriz de concessões<br />
que defina até onde o profissional pode ir<br />
para fechar uma venda e falta de um programa de<br />
capacitação voltado a desenvolver conhecimentos,<br />
habilidades e atitudes necessários para transformar<br />
bons vendedores em grandes negociadores.<br />
A gente bem que queria dizer que essas conversas<br />
aconteceram apenas em um cenário fictício, mas estaríamos<br />
mentindo. A verdade é que, infelizmente,<br />
esses são depoimentos sinceros dados por profissionais<br />
de vendas que participaram da mais ampla pesquisa<br />
sobre negociação já feita no Brasil. Mas a pior parte é<br />
que esses relatos retratam apenas alguns dos problemas<br />
de negociação que as pessoas enfrentam...<br />
Ao longo de três meses (de dezembro de 2016 a<br />
fevereiro de 2017), vendedores, supervisores, gerentes,<br />
diretores comerciais e sócios/fundadores de<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 37
EDIÇÃO ESPECIAL NEGOCIAÇÃO<br />
empresas dos mais diversos portes e segmentos nos<br />
ajudaram a identificar os principais desafios enfrentados<br />
por equipes de vendas na hora de negociar,<br />
a entender quais são os erros que mais prejudicam<br />
os resultados das negociações, o que faz um profissional<br />
mediano se tornar um excelente negociador<br />
e assim por diante.<br />
Esta revista é o resultado de um intenso trabalho<br />
de análise dos dados coletados. Pensando em<br />
não deixar nenhuma dúvida sem resposta e em<br />
apresentar as melhores práticas em negociação que<br />
descobrimos examinando as respostas dos participantes<br />
do estudo, dedicamos esta edição quase<br />
inteira a debater esse tema que, segundo um levantamento<br />
que realizamos no ano passado, ocupa o<br />
segundo lugar no ranking das maiores preocupações<br />
dos profissionais de vendas* atualmente. O propósito<br />
do conteúdo que você vai ler nas próximas<br />
páginas é, portanto, ir além das linhas gerais do<br />
debate sobre o tema, sendo um verdadeiro guia<br />
para orientá-lo no desenvolvimento de uma cultura<br />
positiva de negociação na sua empresa.<br />
Vamos, juntos, analisar os erros cometidos com<br />
mais frequência, definir o que é uma negociação<br />
de sucesso e apontar o caminho para a construção<br />
de uma equipe de negociadores de verdade. Venha<br />
com a gente e aprenda!<br />
*Em primeiro lugar no ranking<br />
de preocupações dos profissionais<br />
de vendas está a prospecção<br />
de clientes, tema que ganhou<br />
uma edição especial da Venda-<br />
Mais – também baseada em<br />
uma pesquisa – em maio de 2015.<br />
Acesse bit.ly/guia-prospeccao<br />
para ler.<br />
Perfil dos participantes da pesquisa<br />
sobre negociação em vendas<br />
Gerente comercial – 28%<br />
Vendedor – 22,4%<br />
Sócio/fundador – 14,4%<br />
Representante comercial – 14,4%<br />
Supervisor comercial – 10,4%<br />
Diretor comercial – 1,6%<br />
Outro – 8,8%<br />
Entendendo as grandes dificuldades e<br />
os erros mais comuns em negociação<br />
Você já deve ter ouvido alguém falar que o primeiro<br />
passo para resolver um problema é reconhecê-lo<br />
e entendê-lo, não? Assim, é inegável que os participantes<br />
da nossa pesquisa sobre negociação já<br />
avançaram alguns metros na maratona que vai<br />
levá-los ao sucesso nessa etapa da venda. Afinal,<br />
ao serem indagados sobre suas grandes dificuldades<br />
ao negociar com um cliente e sobre os erros que<br />
cometem durante o processo de negociação, eles<br />
não pouparam esforços para nos ajudar a desenhar<br />
um mapa dos fatores que jogam contra o sucesso<br />
dos negociadores de suas equipes.<br />
No que diz respeito aos desafios, algumas respostas<br />
se repetiram em dezenas de formulários,<br />
com destaque para:<br />
1 Objeções a preço – Os clientes querem sempre<br />
pagar o menor valor possível, e muitas vezes os<br />
vendedores veem o desconto como a única forma<br />
de contornar essa objeção. Mas não precisa<br />
ser assim. A dinâmica de grupo proposta por<br />
César Frazão no artigo “Dicas práticas para se<br />
preparar para objeções em uma negociação” (p.<br />
60) indica um outro caminho muito mais interessante.<br />
1 Dificuldades para conduzir o fechamento<br />
– Depois de concluída a negociação, muitos<br />
vendedores ficam de papo furado e não conduzem<br />
o cliente ao fechamento. Acredite: oportunidades<br />
ainda são perdidas por causa disso.<br />
1 Concorrência forte e, muitas vezes, desleal<br />
– “Cobrimos o menor preço” é algo que dá calafrios<br />
em vendedores que vendem valor, e não<br />
preço, mas muitas vezes eles mesmos acabam<br />
cedendo à estratégia do concorrente para não<br />
perder um cliente. Já tentou ir por outro caminho?<br />
1 Não conseguir falar com quem decide – e<br />
perder tempo com influenciadores. O problema,<br />
aqui, pode estar na falta de planejamento.<br />
É na etapa que antecede a negociação que<br />
você deve identificar com quem deve falar para<br />
negociar uma venda. Se fizer o dever de casa,<br />
as chances de isso acontecer diminuem drasticamente.<br />
38<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
1 Falar demais e ouvir de menos – E, consequentemente,<br />
não entender o que realmente<br />
importa para o cliente, acabando por fazer uma<br />
proposta que pode até ser lucrativa para a empresa,<br />
mas que não satisfaz as necessidades de<br />
quem está comprando. A pessoa pode até fechar<br />
aquela compra, mas dificilmente se tornará fiel<br />
à marca e um promotor da empresa.<br />
1 Objeções das mais variadas – “Não sei se<br />
preciso disso agora”, “Vou falar com minha esposa”,<br />
e assim por diante são pedras no sapato<br />
com as quais vendedores bem-preparados sabem<br />
lidar facilmente.<br />
Da mesma forma, os erros mais prejudiciais ao<br />
sucesso em uma negociação também se repetiram<br />
na nossa pesquisa. Estes foram os 20 mais citados:<br />
1) Achar que toda negociação é “ganha–perde”.<br />
2) Não fazer um levantamento de necessidades<br />
correto.<br />
3) Não qualificar corretamente os prospects.*<br />
4) Começar a dar sinais de possíveis<br />
descontos e concessões<br />
antes mesmo de o cliente falar<br />
qualquer coisa. Como diz<br />
Marcelo Caetano, diretor da<br />
<strong>VendaMais</strong> e autor do livro<br />
Chega de desconto! – Venda valor<br />
antes que seu lucro acabe, desconto é parte do<br />
jogo, mas não deve ser o jogo em si. Existem muitas<br />
outras ferramentas que podem ser usadas a<br />
seu favor durante uma negociação, e você precisa<br />
explorá-las para se diferenciar da concorrência.<br />
5) Negociar com a pessoa errada.<br />
6) Tratar todas as objeções da mesma forma, como<br />
se fossem iguais.<br />
7) Achar que preço e prazo são as únicas alavancas<br />
que você tem para negociar.<br />
8) Achar que negociar é conceder.<br />
9) Não saber dizer “não”.<br />
10) Não entender o processo de compra do cliente.<br />
11) Ofender-se ou reagir negativamente a técnicas<br />
manipulativas do cliente.<br />
*Aqui, entramos novamente a questão do PCI (perfil de cliente ideal), conceito desenvolvido<br />
por Raul Candeloro e que você confere abaixo.<br />
Definindo o perfil do cliente ideal (PCI) da sua empresa<br />
a) Escolha entre três e cinco clientes de sua carteira que você considera clientes ideais,<br />
aqueles que se todos os clientes fossem como eles, você seria o vendedor mais feliz<br />
do mundo. Analise-os, identifique o que eles têm em comum (quais são as características<br />
demográficas, geográficas e psicográficas semelhantes e qual seu perfil de<br />
consumo) e anote tudo.<br />
b) Escolha as três características mais importantes dentre as listadas.<br />
c) Defina quais são os problemas que você ajuda esses clientes a resolver.<br />
d) Destaque três diferenciais que esses clientes valorizam em sua empresa (além do preço).<br />
e) Junte tudo e crie o descritivo de cliente ideal: “Meu cliente ideal é aquele que tem tais<br />
características, está procurando resolver os problemas x, y e z e valoriza estes diferenciais.”<br />
“Quando uma equipe<br />
negocia preço, ela faz<br />
isso essencialmente<br />
porque o líder permite.”<br />
(Raul Candeloro)<br />
“Com o PCI, você tem muito mais eficiência, porque aproveita melhor cada contato.<br />
Você também tem mais chances de receber indicações, pois, ao trabalhar focado em um<br />
determinado grupo de clientes potenciais, eles conseguem entender claramente o que<br />
você está oferecendo e podem indicá-lo para outras pessoas que podem se beneficiar<br />
do uso de seus produtos e serviços”, explica Raul Candeloro, diretor da <strong>VendaMais</strong> e<br />
especialista em alta performance em vendas.<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 39
EDIÇÃO ESPECIAL NEGOCIAÇÃO<br />
Como agir com cada tipo de negociador<br />
Assim como existem diferentes tipos de amigos, existem<br />
diferentes tipos de negociadores. Entender o que define<br />
cada perfil e saber como lidar com eles é essencial para o<br />
sucesso em negociações. Sabendo disso, Silvia Candeloro<br />
apresenta dicas para ajudá-lo a negociar com clientes analíticos,<br />
relacionais, controladores e experimentais:<br />
1 Se o cliente for ANALíTICO, prepare sua apresentação com<br />
muita informação. Tenha em mente que é um cliente que<br />
precisa se sentir muito seguro com a decisão que tomar.<br />
Por isso, gráficos, planilhas, artigos, depoimentos e tudo<br />
mais que mostrar que sua empresa é idônea, que o produto/serviço<br />
é bom, que o preço está justo etc. vão ajudar na<br />
sua apresentação. Mesmo assim, não espere uma decisão<br />
imediata, pois o processo decisório dos analíticos é mais<br />
lento. A boa notícia é que, depois de convencidos, tornam-<br />
-se clientes fiéis.<br />
1 Se o cliente for RELACIONAL, vá com tempo e disposição<br />
para uma conversa inicial. Sem ter uma boa conexão, o relacional<br />
tem dificuldade em confiar e ter vontade de fazer<br />
negócio. Tenha em mente que o cliente relacional não decide<br />
nada sozinho e tente descobrir quem são os influenciadores<br />
– se conseguir chegar até eles, você terá mais chances<br />
de sucesso. Como a pessoa relacional tem essa necessidade<br />
de aceitação social, argumentos como “esse é o mais<br />
vendido” ou simplesmente mostrar que muita gente – de<br />
preferência pessoas que, de alguma forma, se destacam –<br />
gosta e compra seu produto/serviço vai ajudá-lo a decidir.<br />
1 Se o cliente for CONTROLADOR, prepare-se bem para uma<br />
apresentação rápida e de impacto, pois, ao contrário do relacional,<br />
esse perfil de comprador quer pouco papo. Esteja<br />
pronto para uma contraproposta, que pode ser muito agressiva<br />
ou, às vezes, até indecente. O controlador precisa – mais<br />
que os outros – sair da sala de reuniões com a sensação de<br />
que fez um excelente negócio, que a proposta era irrecusável.<br />
Sendo assim, cuide para que ele sinta que levou vantagem.<br />
Não espere desse perfil muita fidelidade – ele ficará com você<br />
enquanto achar que está sendo bom para ele.<br />
1 Se o cliente for EXPERIMENTAL, tenha em mente que dinheiro,<br />
para ele, não tem muito valor e, portanto, dar desconto<br />
só fará você faturar menos. O que ele realmente<br />
valoriza é a inovação, o inusitado, a criatividade, a exclusividade,<br />
o design. Foque sua apresentação nesse sentido,<br />
mostrando como seu produto/serviço fará com que o cliente<br />
se destaque no seu meio/segmento.<br />
12) Falar demais.<br />
13) Não prestar atenção de verdade ao que o cliente<br />
está dizendo.<br />
14) “Achar” que já sabe ou que já entendeu como o<br />
cliente é, o que ele quer, do que gosta etc.<br />
15) Falta de planejamento e preparação.<br />
16) Superestimar o poder, a autoridade ou a habilidade<br />
do outro.<br />
17) Subestimar seu próprio poder, autoridade ou<br />
habilidade.<br />
18) Ficar ansioso para fechar a venda logo.<br />
19) Ceder demais.<br />
20) Ir direto ao preço.<br />
Se você ou sua equipe costuma cometer algum<br />
(ou alguns) desses erros, deve saber que as consequências<br />
são óbvias, né? Perda de vendas, lucratividade<br />
abalada, comissionamento menor, dificuldade<br />
para fidelizar clientes, abalo na credibilidade<br />
e estresse e desperdício de energia. Ou seja, um<br />
pacote de resultados ruins que precisa ser abolido<br />
da sua empresa.<br />
Diretrizes de uma negociação eficaz<br />
Para começar a reverter esse cenário negativo e tirar<br />
de cada negociação o melhor possível para ambas as<br />
partes, você precisa primeiro entender que:<br />
1 Você não tem de ser agressivo para ser um bom<br />
negociador.<br />
1 Negociação não é uma luta.<br />
1 A maioria das pessoas tem um talento natural<br />
para negociar.<br />
1 Você não precisa comprometer sua ética para<br />
conseguir o que quer da negociação.<br />
1 Você não precisa “levar a melhor” para negociar<br />
com eficiência.<br />
1 A negociação nem sempre é um processo formal.<br />
1 Não há regras para negociar.<br />
1 Tudo que é produto de negociação é negociável.<br />
1 O cliente pode sempre pedir um acordo melhor<br />
1 É preciso aprender a dizer “não”.<br />
1 É importante buscar soluções criativas para chegar<br />
a um acordo.<br />
Além disso, você deve definir o que é uma negociação<br />
ideal para o seu negócio, para aquela venda.<br />
40<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
Definindo suas próprias expectativas e considerando<br />
que o cliente também terá as dele, você<br />
terá uma base para começar a pensar no seu processo<br />
de negociação. E é aí que o seu sucesso nessa<br />
etapa da venda começa a ser construído.<br />
Desenhando um processo efetivo de<br />
negociação<br />
Para buscar uma solução para os problemas apontados<br />
pelos participantes da nossa pesquisa, fomos investigar<br />
a raiz dos erros e dos desafios apresentados por<br />
eles. Nessa busca, fizemos as seguintes descobertas:<br />
Márcio Miranda<br />
Para isso, Márcio Miranda, um dos maiores especialistas<br />
em negociação no Brasil, sugere a utilização<br />
da técnica que ele chama de “minimax”, que tem<br />
como ponto de partida as seguintes questões:<br />
1 Qual o mínimo que estou disposto a aceitar?<br />
1 Qual o máximo que posso esperar?<br />
1 Qual o mínimo que posso conceder?<br />
1 Qual o máximo que posso oferecer em troca?<br />
Da mesma forma, o cliente também terá seu<br />
“minimax”, mas como dificilmente você saberá qual<br />
é, a recomendação de Miranda é que você leve em<br />
conta as seguintes regras:<br />
1. Não parta do princípio de que o cliente é ponderado.<br />
2. Não assuma que os valores do cliente são os<br />
mesmos que você teria se estivesse no lugar<br />
dele.<br />
3. Tenha por base tudo que conseguiu pesquisar<br />
sobre o cliente.<br />
4. Continue fazendo perguntas ao cliente.<br />
a) A maioria das empresas não tem um processo<br />
efetivo de negociação.<br />
b) Pouco se investe na capacitação dos profissionais<br />
de vendas no que diz respeito às habilidades<br />
necessárias para ser um bom negociador.<br />
c) Menos da metade das organizações que participaram<br />
da nossa pesquisa define metas claras<br />
de negociação.<br />
A boa notícia é que é só cabe a você resolver<br />
esses problemas. E a gente pode ajudar na missão!<br />
Você sente, hoje, que sua empresa tem um processo efetivo<br />
de negociação?<br />
Sim – 20%<br />
Não – 55%<br />
Não souberam responder ou<br />
deram respostas confusas – 25%<br />
Os vendedores de sua empresa recebem treinamentos periódicos<br />
de negociação?<br />
Sim – 23%<br />
Não – 51%<br />
Não souberam responder ou<br />
deram respostas confusas – 26%<br />
Existem metas quantitativas claras e definidas de negociação<br />
na sua empresa?<br />
Sim – 40%<br />
Não – 60%<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 41
EDIÇÃO ESPECIAL NEGOCIAÇÃO<br />
3 etapas de uma negociação eficiente<br />
O ponto alto de uma negociação pode até acontecer<br />
dentro de quatro paredes, com as duas partes reunidas<br />
para “bater o martelo”, mas a verdade é que<br />
uma negociação eficiente começa muito antes de<br />
cliente e vendedor se encontrarem para negociar e<br />
também não termina depois que o acordo é fechado.<br />
Existem ações importantes que devem ser colocadas<br />
em prática antes, durante e depois da reunião.<br />
E é sobre ela que falaremos a seguir.<br />
1) Antes da reunião<br />
a) Planejamento<br />
Verdade seja dita: falta de planejamento não é um<br />
problema exclusivo de negociadores. É quase um<br />
mal da humanidade. A maioria das pessoas parece<br />
preferir deixar as coisas acontecerem naturalmente<br />
– em todos os aspectos da vida – e aí depois<br />
reclama porque as coisas saíram do controle.<br />
Obviamente, um bom planejamento não garante<br />
que tudo aconteça como você imaginava, mas,<br />
como destaca Silvia Candeloro no curso on-line<br />
Negociação de Alta Performance (NAP), do Instituto<br />
<strong>VendaMais</strong>, quando não há um planejamento<br />
prévio em uma negociação, é isto o que acontece:<br />
1 Não sabemos exatamente onde queremos chegar,<br />
por isso qualquer resultado, mesmo ruim, parece<br />
satisfatório.<br />
1 Deixamos de ganhar muito dinheiro e de aproveitar<br />
oportunidades importantes.<br />
1 Negociamos de forma competitiva, o que limita<br />
o relacionamento e os ganhos futuros.<br />
1 Perdemos credibilidade e, muitas vezes, o negócio<br />
quando nos encontramos com um comprador<br />
mais preparado que nós.<br />
1 Negociamos sem levar em consideração as<br />
crenças e os valores de cada um, ou seja, achamos<br />
que o nosso ponto de vista é o único correto<br />
e isso causa um grande distanciamento<br />
com o comprador.<br />
1 Improvisamos muito mais do que o desejado.<br />
Em outras palavras, sem planejamento, começa-se<br />
tudo errado!<br />
Silvia Candeloro<br />
Se não é isso que você quer que aconteça nas<br />
suas negociações, dedique o máximo de tempo<br />
possível a essa etapa anterior ao início do processo<br />
de negociação e aproveite para:<br />
1 Conhecer a si mesmo, sua empresa, seus concorrentes,<br />
o mercado, seu produto ou serviço e<br />
seu cliente;<br />
1 Determinar seus objetivos;<br />
1 Decidir tudo o que é negociável, além do preço;<br />
1 Definir sua Zona de Possíveis Acordos (ZOPA);<br />
1 Construir sua MAPAN (Melhor Alternativa<br />
para um Acordo Negociado);<br />
1 Listar as objeções mais comuns e se preparar<br />
para encará-las;<br />
1 Estabelecer sua lista de concessões.<br />
“Que seu cliente vai lhe pedir alguma coisa, isso é<br />
certeza! Então, a melhor saída é se preparar para esse<br />
momento pensando nas trocas. Isso mesmo: você também<br />
deve se preparar para pedir algo do seu cliente! Fazer<br />
isso no improviso é muito arriscado, seja estratégico<br />
e saiba o que vale a pena trocar”, aconselha Silvia.<br />
42<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
"Quando negociamos com um<br />
plano B, ou seja, uma boa segunda<br />
OPÇão, negociamos bem melhor!"<br />
(Silvia Candeloro)<br />
Por último, não se esqueça de pensar em um plano<br />
B. “Como negociamos quando vamos atender<br />
aquele cliente que pode representar o fechamento da<br />
nossa meta mensal e não temos outro que possa<br />
substituí-lo caso ele não feche? É muita pressão, não<br />
é mesmo? Cedemos mais do que precisaríamos, damos<br />
desconto, aumentamos prazo de pagamento,<br />
diminuímos o prazo de entrega, enfim, aceitamos os<br />
pedidos do cliente sem muita resistência. Muitas vezes,<br />
isso nos complica internamente com nossa própria<br />
empresa, além de deixar o cliente acostumado a achar<br />
que é ele quem ‘manda’, o que não é nada favorável.<br />
Quando negociamos com um plano B, ou seja, uma<br />
boa segunda opção, negociamos bem melhor!<br />
Prospecção contínua é uma excelente forma de conseguir<br />
ter boas opções sempre, sem depender de alguns<br />
poucos clientes para atingir seus objetivos”, orienta.<br />
A especialista sugere, ainda, que você faça tudo<br />
isso de forma oficial. Ou seja, que coloque no papel<br />
essas informações que podem ser cruciais durante<br />
a negociação. Assim, as ideias ficarão mais claras<br />
e seu planejamento de fato tomará forma, o que<br />
permite que você passe para a próxima etapa.<br />
2) Durante a reunião<br />
Já durante a reunião, uma boa forma de conduzir<br />
a negociação é dividindo-a em cinco etapas:<br />
a) Abertura – Momento em que você deve buscar<br />
entrar em sintonia com o cliente, interpretar o que a<br />
linguagem corporal dele diz, falar de forma assertiva,<br />
usando a voz para inspirar, e usar as armas da persuasão<br />
a seu favor (nosso colunista João Alberto<br />
Costenaro fala sobre isso no artigo “Gatilhos mentais<br />
na negociação”, que inicia na página 58).<br />
b) Entendendo o outro – Esta é a etapa em que<br />
você deve fazer perguntas estratégicas, ouvir atentamente<br />
as respostas e usar as informações a seu favor.<br />
Aproveite para entender os motivadores de compra do<br />
seu cliente e começar a desenhar, na sua mente, como<br />
deve ser a apresentação da solução ideal para ele.<br />
c) Apresentando uma solução – A “hora do<br />
show!” Para garantir que ela seja um sucesso, demonstre<br />
que você tem conhecimento, cuide com a<br />
sua linguagem corporal, use dados, informações,<br />
estatísticas e experiências positivas de outros clientes<br />
a seu favor, mescle seriedade com humor, fale<br />
das características de seu produto ou serviço – mas<br />
sem esquecer, principalmente, dos benefícios que o<br />
que você vende pode gerar para o prospect –, deixe<br />
o cliente participar do debate (monólogos são péssimos<br />
para negociações) e, por fim, faça o que Silvia<br />
Candeloro chama de “silêncio mágico”. “Deixe o<br />
cliente à vontade para pensar ali mesmo e não pressione,<br />
senão ele irá pensar em casa e já sabemos que<br />
quando o cliente nos deixa, muitas vezes não volta<br />
e é mais difícil reativar a negociação”, destaca.<br />
d) Superando objeções – Na etapa de planejamento<br />
da negociação, você deve ter listado as objeções<br />
mais frequentes e se preparado para encará-las.<br />
Esta é a hora de colocar essa preparação à prova.<br />
e) Entrando num acordo – Neste momento, você<br />
precisa conduzir o seu cliente ao fechamento.<br />
Existem diversas formas de fazer isso. No curso<br />
NAP (Negociação de Alta Performance), Raul e<br />
Silvia Candeloro ensinam sete métodos diferentes.<br />
O mais natural e suave que existe chama-se “fechamento<br />
assumido”: “Assim que o cliente sinaliza<br />
que gostou da proposta, o vendedor deve conduzir<br />
a conversa como se tivesse fechado o negócio, apesar<br />
de não ter havido uma confirmação clara. Se<br />
todos os passos foram feitos corretamente, essa é a<br />
técnica mais tranquila e fácil de usar”, revelam.<br />
NAP – Negociação de Alta Performance, curso<br />
on-line comandado por Raul e Silvia Candeloro<br />
Turmas contínuas. Faça sua inscrição e inicie o<br />
curso imediatamente! bit.ly/NAP-IVM<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 43
EDIÇÃO ESPECIAL NEGOCIAÇÃO<br />
3) Depois da reunião<br />
Depois de colocar todos esses passos em prática,<br />
chega a hora de analisar sua performance, descobrir<br />
quais foram seus pontos fortes e fracos e começar<br />
a se preparar para a próxima negociação<br />
levando isso em consideração, porque a roda nunca<br />
para de girar!<br />
"Nós NãO podemos vender a<br />
qualquer custo."<br />
(Marcelo Caetano)<br />
<strong>VendaMais</strong> Responde:<br />
Qual é o papel do líder<br />
nas negociações?<br />
O lado operacional da venda é sempre<br />
de responsabilidade do vendedor.<br />
Ele apresenta o produto ou<br />
serviço ao prospect, fala sobre os<br />
diferenciais daquela oferta – e da<br />
empresa que representa –, revela<br />
quais são o preço e o prazo de entrega<br />
e negocia as condições de<br />
fechamento.<br />
Já a parte estratégica, na maioria<br />
das vezes, cabe ao líder de vendas.<br />
Ou ao menos é assim que deveria<br />
ser... Afinal, como destaca o<br />
diretor da <strong>VendaMais</strong> Raul Candeloro<br />
em um dos episódios mais<br />
recentes do programa <strong>VendaMais</strong><br />
Responde, em que tem a companhia<br />
de seu sócio Marcelo Caetano,<br />
“quando uma equipe negocia preço,<br />
ela faz isso essencialmente<br />
porque o líder permite.”<br />
A opinião de Caetano sintetiza<br />
o que o debate se propõe a esclarecer:<br />
“Não se pode vender a qualquer<br />
custo!”<br />
Quer saber sobre o que mais<br />
os dois refletem nessa conversa<br />
cheia de insights preciosos? Assista<br />
ao episódio completo acessando<br />
bit.ly/vmresponde-<strong>negociacao</strong>.<br />
44<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
Teste: Você é um bom negociador?<br />
Desenvolvido por Marcelo Ortega, palestrante, consultor e treinador de equipes comerciais<br />
Questão Sim Não<br />
1. Faço uma minuciosa pesquisa sobre a área em que estou<br />
negociando antes de começar um diálogo com meu cliente?<br />
2. Considero os dois lados do assunto antes de iniciar a<br />
negociação?<br />
3. Tenho um plano de recuo quando as coisas não caminham da<br />
maneira que espero?<br />
4.<br />
5.<br />
Tenho um plano específico para a negociação antes de iniciá-la?<br />
Levo em conta o tipo de personalidade da pessoa com a qual<br />
estou negociando?<br />
6. Faço uma previsão das possíveis objeções e concordâncias<br />
que o cliente poderá fazer?<br />
7. Determino o estilo e as táticas necessárias em cada<br />
negociação?<br />
8. Mantenho minhas emoções fora do processo de negociação<br />
e nunca levo as coisas para o lado pessoal?<br />
9. Sinto-me confortável e confiante durante o processo de<br />
negociação?<br />
10. Sei em que ponto sou mais vulnerável no processo de<br />
negociação?<br />
TOTAL<br />
Marcelo Ortega<br />
Considere que cada questão para a qual você responde “sim” vale um ponto. Quantos<br />
pontos você obteve no teste? O vendedor de sucesso deve tirar nota 10, mas se você ainda<br />
não chegou lá, reveja todas as questões em que assinalou "não". O que você poderia fazer<br />
para mudar essas respostas?<br />
De modo geral, podemos definir seu perfil de negociação a partir desse teste desta forma:<br />
1 Acima de sete respostas “sim”: Muito bem, você deve ter facilidade em fechar negócios!<br />
1 Entre quatro e sete respostas “sim”: Precisa trabalhar mais em seus pontos fracos, melhorar<br />
sua maneira de negociar e buscar avanços baseados nas técnicas e ideias compartilhadas<br />
nesta revista.<br />
1 Abaixo de quatro respostas “sim”: Cuidado, você pode estar na área errada ou vendas<br />
não é para você! Mas não desanime, existem formas de melhorar – só é preciso determinação<br />
e prática!<br />
Esse processo de autoavaliação deve ser realizado constantemente; assim, você sempre<br />
poderá pensar sobre os itens que deve aprimorar, se esforçar e trabalhar para melhorá-los.<br />
O maior desafio de um negociador é ter de superar objeções mantendo a calma e a eficiência<br />
na comunicação e poder de persuasão.<br />
Às negociações!<br />
Com a ajuda deste manual de<br />
negociação, das teorias e técnicas<br />
apresentadas pelos colunistas da<br />
<strong>VendaMais</strong> ao longo desta edição,<br />
das histórias inspiradoras<br />
contadas nas reportagens especiais<br />
e de um esforço de sua parte<br />
para colocar todas as boas lições<br />
em prática, seu caminho<br />
daqui em diante será muito mais<br />
tranquilo, e os diálogos que abriram<br />
esta matéria dificilmente<br />
serão ouvidos na sua empresa.<br />
Boas negociações!<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 45
Comportamento<br />
Silvia Candeloro<br />
Existe diferença entre homens<br />
e mulheres negociando?<br />
Aresposta para essa pergunta é: sim! E se mudarmos a<br />
pergunta para: no Brasil, o machismo prejudica de<br />
alguma forma as mulheres quando negociam? Minha<br />
resposta é: muito pouco.<br />
É claro que existem algumas regiões e culturas<br />
em que o machismo é mais presente, mas se a mulher<br />
tiver uma postura profissional e segura e profundo<br />
conhecimento do assunto que está sendo tratado,<br />
terá grandes chances de conseguir se posicionar e<br />
fazer uma excelente negociação.<br />
Três aspectos precisam ser analisados para entender<br />
o assunto: o preconceito, a energia e as diferenças<br />
(e o que podemos aprender com elas). É sobre isso que<br />
vamos falar a seguir.<br />
1<br />
Preconceito<br />
O preconceito permeia todas as áreas de interação<br />
humana, e no ambiente profissional<br />
não é diferente. O princípio básico<br />
para uma negociação justa e que<br />
tenha um bom fechamento, deixando<br />
ambos satisfeitos com o desfecho,<br />
é conseguir estabelecer um<br />
relacionamento satisfatório, com<br />
um mínimo de respeito. Alguns<br />
fatores que tornam esse relacionamento<br />
mais trabalhoso são:<br />
1 Ser rotulado como inexperiente<br />
por ser muito jovem, ou ter passado<br />
da meia-idade e acharem que<br />
está defasado e tem pouca energia.<br />
1 Não transmitir segurança ou<br />
credibilidade quando se comunica<br />
– talvez pelo tom de voz, pela falta<br />
de eloquência na transmissão<br />
46<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
das ideias, por ter um vocabulário<br />
simples para seu interlocutor, pela<br />
postura corporal ou até pela<br />
forma de se vestir.<br />
1 Não demonstrar profundo conhecimento<br />
sobre o assunto que<br />
está sendo tratado.<br />
1 Sexo, orientação sexual, obesidade,<br />
ser estrangeiro e/ou não dominar<br />
bem o idioma, uma cultura,<br />
religião ou qualquer coisa que pareça<br />
“inferior” para a pessoa com<br />
quem quer negociar.<br />
2<br />
Energia<br />
Por definição, energia é<br />
a capacidade de qualquer<br />
corpo de produzir trabalho, ação<br />
ou movimento. Assim como na<br />
física, o encontro de dois corpos<br />
pode causar atração ou repulsão,<br />
dependendo da carga energética<br />
de cada um. Vou contar dois<br />
exemplos que vão ajudar na compreensão.<br />
Exemplo número 1: Nos meus<br />
treinamentos de negociação, costumo<br />
fazer uma dinâmica em que<br />
quatro voluntários são filmados<br />
negociando. Ao final, apresento<br />
um cenário mais complexo, que<br />
vai além de decidir quanto desconto<br />
e qual prazo de pagamento<br />
se deve dar. Isso requer habilidade<br />
em entender a verdadeira situação<br />
de cada uma das partes e ser<br />
criativo para chegar a um bom<br />
acordo. Normalmente, o que acontece<br />
é o seguinte:<br />
1 A maioria dos que se oferecem<br />
como voluntários para participar<br />
das dinâmicas são homens.<br />
1 Quando apenas homens participam<br />
e eles sabem que estão<br />
sendo avaliados, é comum que se<br />
tornem muito competitivos e façam<br />
as piores negociações possíveis<br />
– isso quando chegam ao<br />
fechamento, pois, algumas vezes,<br />
a “queda de braço” é tão grande<br />
que a negociação não avança, já<br />
que ninguém quer ceder.<br />
1 Quando alguma mulher participa,<br />
a chance de fechar aumenta<br />
muito e com soluções mais criativas<br />
e ótimos resultados para as duas<br />
partes.<br />
Exemplo número 2: Dois homens<br />
entre cinquenta e sessenta anos<br />
entram numa loja de carros importados.<br />
Aparece para atendê-los uma<br />
vendedora jovem, muito arrumada,<br />
vestida com roupas curtas e insinuantes<br />
e uma postura bastante<br />
sensual. Fico pensando: se fosse<br />
um casal ou duas mulheres, será<br />
que apareceria um vendedor com<br />
outro estilo? Provável, não é?<br />
Deixando de lado as questões<br />
morais desse comportamento, veja<br />
que, nas duas situações, a energia<br />
que se estabelece (ou pretende<br />
se estabelecer) entre as partes é um<br />
fator decisivo para o resultado do<br />
processo de vendas.<br />
Quando dois homens entram<br />
em um estado de competição, gera-<br />
-se uma energia de repulsão e, com<br />
isso, a dificuldade de um bom acordo.<br />
Quando um homem e uma<br />
mulher sentam para negociar, existe<br />
uma grande chance de uma leve<br />
e discreta atração – mesmo quando<br />
não é algo estrategicamente<br />
pensado, como no segundo exem -<br />
plo. Essa atração muitas vezes resulta<br />
em uma vontade quase inconsciente<br />
de ser bem visto pela<br />
outra parte, de querer agradar (e<br />
isso até atrapalha na hora de ser<br />
mais direto e objetivo), mas que,<br />
de uma forma geral, faz com que<br />
as negociações, apesar de terem<br />
mais rodeios e floreios, acabem<br />
bem. Duas mulheres negociando<br />
têm uma chance maior de chegar<br />
a um resultado ótimo e ir muito<br />
além, trocar experiências, informações,<br />
sugestões de boas escolas<br />
para os filhos e ainda dicas de<br />
assuntos variados.<br />
3<br />
As diferenças e o que<br />
podemos aprender com<br />
o sexo oposto<br />
Obviamente, cada pessoa tem suas<br />
características próprias, mas, em<br />
termos gerais:<br />
1 Mulheres se comprometem<br />
muito rápido e, por isso, acabam<br />
aceitando a primeira oferta. Não<br />
seja tão impulsiva, negocie!<br />
1 Homens são mais seguros e<br />
ousados. Consideram-se aptos a<br />
um novo desafio mesmo quando<br />
atendem a apenas 60% dos requisitos<br />
necessários. As mulheres se<br />
sentem inseguras, mesmo quando<br />
estão 100% aptas. Mulheres, sejam<br />
mais confiantes e se valorizem!<br />
1 Mulheres são excelentes analisando<br />
e entendendo o cenário<br />
geral, não apenas o assunto que<br />
está sendo negociado. Com isso,<br />
conseguem ser criativas e encontrar<br />
soluções interessantes e diferentes.<br />
1 Homens dificilmente dizem “eu<br />
não sei negociar” ou “me sinto mal<br />
negociando”. Já as mulheres não se<br />
cansam de repetir que não gostam<br />
e/ou não conseguem negociar. Isso<br />
só dificulta seu trabalho. Chega<br />
disso! Treine diariamente, mesmo<br />
com coisas simples.<br />
1 Mulheres são mal vistas, mesmo<br />
por outras mulheres, quando negociam<br />
em causa própria. Para amenizar<br />
esse tipo de mal-estar, evite<br />
dizer “eu quero” ou “eu preciso”. Estude<br />
e embase suas demandas em<br />
fatos e não em necessidades pessoais.<br />
1 Mulheres são mais emotivas e<br />
não têm problemas em mostrar seus<br />
sentimentos, podem ir do riso ao<br />
choro sem constrangimento. Os homens<br />
são mais discretos e nem todos<br />
sabem lidar com essa característica<br />
feminina. Homens, nós somos assim<br />
e nem por isso estamos em TPM!<br />
Como vemos, cada um tem<br />
suas habilidades, e aprender com<br />
as diferenças é o melhor caminho.<br />
“O princípio<br />
básico para uma<br />
negociação justa<br />
e que tenha um<br />
bom fechamento,<br />
deixando ambos<br />
satisfeitos com<br />
o desfecho,<br />
é conseguir<br />
estabelecer um<br />
relacionamento<br />
satisfatório, com<br />
um mínimo de<br />
respeito.”<br />
Silvia Candeloro é especialista<br />
e estudiosa na área<br />
de negociação, treina equipes<br />
comerciais e assessora<br />
empresários e executivos,<br />
além de ser palestrante.<br />
Possui MBA em<br />
Gestão Empresarial pela<br />
FGV, é professora de Negociação<br />
no Centro Europeu<br />
e autora do Kit de Negociação<br />
<strong>VendaMais</strong>. Foi, durante<br />
16 anos, sócia e diretora<br />
da Editora Quantum.<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 47
s /Por Natasha Schiebel<br />
A arte da negociação<br />
maioria dos profissionais<br />
de vendas é louco<br />
por fechamento. Quer<br />
ver o dinheiro no bolso,<br />
o cliente satisfeito<br />
e um relacionamento<br />
produtivo começando.<br />
Porém, para chegar ao<br />
último passo da venda,<br />
é preciso, antes,<br />
passar por diversas<br />
outras etapas – incluindo, claro, a negociação,<br />
em que seus argumentos são postos<br />
à mesa e o cliente está pronto para<br />
questioná-los.<br />
Nem sempre essa é uma missão fácil.<br />
O caminho para o sucesso nas negociações<br />
passa por saber exatamente o que é sucesso<br />
nesse passo da venda, quais as habilidades<br />
do bom negociador, como desenvolvê-las,<br />
qual o papel das emoções<br />
nas negociações e assim por diante. E é<br />
sobre tudo isso (e muito mais) que conversamos<br />
com o especialista norte-americano<br />
Michael Wheeler, professor da<br />
Harvard Business School e autor e coautor<br />
de dez livros (incluindo<br />
A arte da negociação).<br />
Leia parte<br />
da entrevista concedida<br />
por Wheeler à<br />
<strong>VendaMais</strong> em dezembro<br />
de 2014* e<br />
aprenda a ser um negociador<br />
de sucesso!<br />
1 *A entrevista completa está disponível em<br />
bit.ly/entrevista-<strong>negociacao</strong>. Não deixe de ler!<br />
Foto: Divulgação<br />
48<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
<strong>VendaMais</strong> – Qual é a sua definição<br />
para sucesso em negociação?<br />
Michael Wheeler – Há três testes<br />
de sucesso em negociação. Especificamente,<br />
para chegar ao sucesso,<br />
é preciso ter a habilidade de:<br />
1 Chegar a um consenso – quando<br />
for possível.<br />
1 Gerar valor agregado de uma<br />
maneira criativa na resolução<br />
de problemas.<br />
1 Obter pequenas conquistas<br />
antes de elas se transformarem<br />
em conflitos custosos.<br />
Em todos esses casos, sucesso<br />
também significa negociar de<br />
uma maneira que esteja de acordo<br />
com seus valores e, quando<br />
possível, manter um bom relacionamento<br />
com as pessoas com<br />
quem você negocia.<br />
Quais são as características de<br />
um bom negociador?<br />
Negociadores efetivos são emocionalmente<br />
equilibrados. Eles<br />
aceitam o fato de que nem tudo<br />
que acontece está sob seu controle<br />
– a pessoa com quem negociam<br />
pode ser tão inteligente e determinada<br />
quanto eles próprios e<br />
outros grupos podem não estar<br />
propensos a falar e fazer exatamente<br />
o que eles querem – e também<br />
não seguem scripts de outras<br />
pessoas. E eles se sentem confortáveis<br />
com isso, focam no que<br />
podem influenciar por contra<br />
própria e começam o processo<br />
com sua própria atitude.<br />
É possível desenvolver esse<br />
equilíbrio emocional, essa consciência<br />
de que nem tudo está<br />
sob seu controle?<br />
Com certeza. Mas, para isso, é<br />
preciso uma avaliação honesta<br />
de seus pontos fortes e fracos.<br />
Algumas pessoas são ótimas<br />
analiticamente, pensam como<br />
jogadores de xadrez e têm excelente<br />
noção de como o processo<br />
irá se desdobrar, movimento<br />
por movimento. Mas essas<br />
mesmas pessoas podem não<br />
ser tão fortes no que diz respeito<br />
ao relacionamento interpessoal,<br />
à persuasão e a conquistar<br />
a confiança dos interlocutores.<br />
Por isso é tão importante ter um<br />
mentor ou um colega para quem<br />
você possa pedir conselhos sobre<br />
como se desenvolver. Eles<br />
podem ajudá-lo a trabalhar cada<br />
vez mais os seus pontos fortes<br />
e minimizar os fracos – um processo<br />
que faz parte do caminho<br />
para o sucesso.<br />
Qual é o papel das emoções<br />
nas negociações? O que um negociador<br />
deve fazer com suas<br />
emoções se quiser alcançar o<br />
sucesso?<br />
Negociar deixa muitas pessoas<br />
ansiosas. Naturalmente, elas se<br />
preocupam em saber se vão ou<br />
não atingir seus objetivos. Além<br />
disso, muitos se preocupam com<br />
a própria performance. Tudo isso<br />
é compreensível, mas contraprodutivo,<br />
pois faz com que as pessoas<br />
fiquem na defensiva, interfere<br />
no poder que elas têm de<br />
escutar. Isso tudo as distrai do<br />
foco da tarefa em questão.<br />
Nós precisamos ir para uma<br />
negociação calmos e alertas. Também<br />
precisamos ser tanto pacientes<br />
quanto proativos. E deveríamos<br />
nos preocupar em ser criativos<br />
e práticos.<br />
Pessoas diferentes têm maneiras<br />
diversas de alcançar esse<br />
“status”. Eu conheço algumas que<br />
precisam apenas de um lugar<br />
quieto para se focar. Outras preferem<br />
ouvir música. Há, também,<br />
quem necessite de alguns minutos<br />
de ioga e quem utilize lembranças<br />
de negociações exemplares<br />
para se preparar.<br />
O fato é que o que funciona<br />
para alguns pode não funcionar<br />
para outros. Mas de uma coisa<br />
eu tenho certeza: antes de começar<br />
uma negociação, você precisa<br />
de um intervalo “limpo”, precisa<br />
deixar de lado o que estava<br />
fazendo antes.<br />
Qual é a importância da linguagem<br />
corporal na negociação?<br />
Nós nos comunicamos de diversas<br />
maneiras, não apenas por meio<br />
de palavras, das ofertas que fazemos<br />
ou das questões que perguntamos.<br />
O tom da nossa voz,<br />
nossas expressões faciais, nossa<br />
postura, todos os nossos movimentos<br />
comunicam algo aos nossos<br />
interlocutores e, por isso, influenciam<br />
no andamento das<br />
negociações.<br />
Em sala de aula, às vezes eu<br />
mostro aos meus alunos vídeos<br />
de outras pessoas negociando,<br />
mas deixo o vídeo sem som. Mesmo<br />
assim, os alunos conseguem<br />
dizer se a negociação está indo<br />
bem ou não. Culpa, claro, da linguagem<br />
corporal.<br />
Não é um gesto em particular<br />
que é revelador – se uma pessoa<br />
coça a orelha, por exemplo –, é<br />
como a interação acontece. O<br />
comportamento dos negociadores<br />
está interligado ou não? Explico<br />
essa ideia com exemplos.<br />
No caso 1, você pode observar<br />
as duas pessoas se inclinando<br />
para frente na mesa, claramente<br />
tentando achar uma solução para<br />
um problema. Em outro caso,<br />
um negociador pode estar muito<br />
ativo, enquanto o outro só<br />
ouve. É óbvio que nesse segundo<br />
caso as pessoas ainda estão<br />
se conectando.<br />
“Nós<br />
precisamos<br />
ir para uma<br />
negociação<br />
calmos e<br />
alertas.<br />
Também<br />
precisamos<br />
ser tanto<br />
pacientes<br />
quanto<br />
proativos. E<br />
deveríamos<br />
nos preocupar<br />
em ser<br />
criativos e<br />
práticos.”<br />
(Michael Wheeler)<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 49
Negociação de alto impacto<br />
Marcelo Ortega<br />
CO caminho para negociar melhor<br />
ada venda é uma negociação. E, geralmente, as negociações focam 3. Sua habilidade em ser transparente<br />
e não resistente<br />
em dois temas principais: valor e preço. Clientes sempre irão demandar<br />
preço menor com maior valor agregado, como uma tática Clientes respeitam vendedores que<br />
talvez desleal – mas natural – de exercer pressão sobre o vendedor. demonstram transparência, mas<br />
Grandes negociadores sabem que uma boa negociação em valorizam ainda mais aqueles que<br />
vendas não significa passar por cima do cliente que quer “o maior evitam resistência ou impedimentos<br />
aos desejos deles, procurando<br />
pedaço da torta”, mas encontrar caminhos para fazer com que, no<br />
final, tenha-se a maior quantidade de “torta” possível para os dois ouvi-los atentamente para entender<br />
lados.<br />
suas reais necessidades. Bons negociadores<br />
são flexíveis e têm trans-<br />
podem ajudá-lo a entrar no pódio dos grandes negociadores: parência para dizer quando é pos-<br />
Sabendo disso, inicio meu artigo listando quatro fatores que<br />
sível ou não oferecer uma concessão.<br />
Bons clientes entendem e são<br />
transparentes e leais quando se<br />
deparam com bons negociadores.<br />
1. Sua atitude<br />
Diga ao cliente que você aprecia a oportunidade de fazer negócios com<br />
ele. Além disso, deixe claro que o mais importante para você é criar uma<br />
situação em que os dois lados saiam ganhando. Demonstre sua seriedade<br />
e a necessidade de finalizar o que foi negociado mediante um contrato<br />
entre as partes contendo tudo o que foi dito.<br />
2. Seu planejamento<br />
Quando vendedores que têm pouca experiência em negociar precisam<br />
solucionar problemas ao longo do processo, eles tendem a pensar que o<br />
melhor a fazer é encontrar uma única solução para o cliente. Grandes<br />
negociadores criam diferentes alternativas e constantemente envolvem<br />
o futuro cliente na busca dessas soluções.<br />
4. Sua energia ao negociar<br />
Muitas vezes, vendedores que se<br />
sentem em desvantagem em uma<br />
negociação canalizam energia negativa<br />
nas palavras e atitudes perante<br />
o cliente, o que pode gerar<br />
conflitos desnecessários. Quando<br />
isso acontecer com você, analise<br />
as objeções e reflita: elas são de<br />
50<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
ordem pessoal ou profissional?<br />
Quando lidamos com foco profissional,<br />
temos mais facilidade em<br />
nos livrar de estímulos emocionais<br />
que nos impedem de manter a calma,<br />
pensar antes de falar e focar<br />
sempre no consenso. A energia ao<br />
negociar é fundamental e sinais de<br />
agressividade e ansiedade podem<br />
colocar tudo a perder. Por isso, sempre<br />
veja as coisas sob o ponto de<br />
vista profissional.<br />
Como apresentar sua<br />
proposta de valor<br />
Com base nisso, para que você seja<br />
bem-sucedido ao oferecer uma<br />
solução, sugiro atenção ao trilhar<br />
o seguinte caminho:<br />
a Seja capaz de oferecer fatos e<br />
benefícios, em vez de afirmações.<br />
As afirmações não são suficientemente<br />
bem-fundamentadas e não<br />
apresentam evidências importantes<br />
para a confiabilidade do cliente.<br />
Os benefícios, por sua vez, focam<br />
na verdadeira razão de compra do<br />
cliente específico com o qual você<br />
está negociando!<br />
a Não imagine que todos os clientes<br />
são iguais.<br />
As pessoas são diferentes umas das<br />
outras nos mais diversos sentidos.<br />
Por que, então, os clientes deveriam<br />
ser iguais? Isso significa que você<br />
deverá utilizar uma abordagem diferente<br />
para cada estilo de cliente.<br />
a Foque nas necessidades do<br />
cliente.<br />
O cliente só comprará se o produto/serviço<br />
for o que ele realmente<br />
quer. Por isso, invista em descobrir<br />
as reais necessidades e desejos dele<br />
e ofereça a melhor solução para<br />
cada caso.<br />
a Dramatize sem enganar.<br />
Use o seu lado ator para criar uma<br />
situação ou escolher as palavras e<br />
atitudes certas para criar a sintonia<br />
necessária com o seu cliente. Mas<br />
lembre-se: isso não significa ludibriá-lo!<br />
a Invista na sua “caixa de ferramentas”.<br />
Você deve portar fatos (artigos de<br />
jornais e revistas, dados estatísticos,<br />
depoimentos etc.). Essas evidências<br />
podem seguir a fórmula CADA<br />
CASE:<br />
Comprovação<br />
Apresentação de artefatos ou objetos<br />
(como um relatório ou um certificado)<br />
que comprovam a qualidade de sua<br />
empresa.<br />
Acontecimento<br />
Declarações verdadeiras que<br />
sustentam o que você está falando.<br />
Depoimento<br />
Reconhecimento das capacidades do<br />
seu produto/serviço, de forma falada<br />
ou escrita, de alguém que já utilizou<br />
seu produto/serviço.<br />
Apresentação<br />
Demonstrações físicas – provavelmente<br />
com o apoio do próprio produto<br />
– que ilustrem um ponto.<br />
Caso de sucesso<br />
Uma situação em que seu produto ou<br />
serviço tenha obtido um resultado de<br />
sucesso.<br />
Artefato<br />
Algo físico que apoie sua solução, algo<br />
que o cliente possa ver e tocar.<br />
Semelhança<br />
Uma comparação (do seu produto<br />
ou serviço) com algo familiar ao<br />
cliente.<br />
Estatísticas<br />
Números relevantes que apoiem as<br />
suas afirmações.<br />
Além disso, tenha em mente<br />
que as objeções dos clientes nem<br />
sempre são racionais – frequentemente,<br />
na verdade, são de ordem<br />
emocional. Se queremos criar<br />
relacionamentos de negócios duradouros,<br />
devemos responder às<br />
necessidades emocionais de nossos<br />
clientes e superar, ao mesmo tempo,<br />
os obstáculos que os impedem<br />
de comprar. Para tanto, destaco<br />
três conselhos valiosos para negociar<br />
com alto impacto:<br />
a) Mostre o valor de compra<br />
e o retorno do investimento.<br />
Muitos consumidores e compradores<br />
só decidirão comprar com você<br />
se entenderem totalmente o valor<br />
de compra e o retorno do investimento.<br />
Sua proposta comercial<br />
deve oferecer um detalhamento de<br />
itens importantes como economia,<br />
facilidade de uso, qualidade do produto,<br />
inovação, durabilidade etc.<br />
Lembre-se de que seu maior concorrente<br />
é a falta de percepção do<br />
cliente sobre o valor que o seu produto<br />
ou serviço tem.<br />
b) Fale aos olhos e ao coração.<br />
Faça o cliente imaginar o quanto<br />
a vida dele vai melhorar com o<br />
investimento em sua proposta. O<br />
cliente é o protagonista da venda<br />
e deve, dessa forma, se sentir no<br />
centro das atenções e ter o direito<br />
de optar pelo melhor. Portanto,<br />
mostre seu produto como a opção<br />
mais adequada para ele.<br />
c) Cale-se e venda!<br />
Muitos vendedores insistem em<br />
apresentar sua proposta ou fazer<br />
uma oferta e em seguida dar um<br />
desconto. A insegurança na proposta<br />
é tanta que acabam concedendo<br />
tudo o que têm de margem<br />
de negociação, sem sequer ouvir<br />
a resposta do cliente. Ao apresentar<br />
a proposta, lembre-se de perguntar<br />
como o cliente a vê e se cale.<br />
Quem fala demais nesse momento<br />
cede mais e fica sem nada<br />
para negociar depois.<br />
Pronto para negociar?<br />
“Grandes<br />
negociadores<br />
criam diferentes<br />
alternativas e<br />
constantemente<br />
envolvem o futuro<br />
cliente na busca<br />
dessas soluções.”<br />
Marcelo Ortega é palestrante,<br />
consultor e treinador de equipes<br />
comerciais. Autor dos livros<br />
Sucesso em vendas, Inteligência<br />
em vendas, RedBook<br />
e de diversos artigos, vídeos,<br />
áudios e materiais de educação<br />
continuada em vendas.<br />
Visite: www.marceloortega.<br />
com.br<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 51
Marketing de conteúdo / Por João Guilherme Brotto /<br />
DIVULGAÇÃO<br />
Como contar<br />
histórias que<br />
vendem<br />
Entenda o conceito de storytelling,<br />
saiba como ele pode ser útil no seu dia a dia em vendas<br />
e descubra o caminho para utilizá-lo a seu favor<br />
52<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
emos falado muito sobre o perfil do<br />
vendedor do futuro aqui na Venda-<br />
Mais. Trata-se de um profissional<br />
atento às mudanças que estão se intensificando<br />
no mundo. Ele é desafiador,<br />
consultivo, empreendedor. Encanta,<br />
surpreende, conquista. Não apenas<br />
em razão do produto/serviço que vende,<br />
mas por quem é e como age.<br />
A diferenciação, na prática, pode<br />
estar presente em pequenas ações. Singelas<br />
no tamanho, mas grandes no impacto. Você sabia, por exemplo, que<br />
a probabilidade de lembrarmos algo que nos foi contado a partir de uma<br />
história é 22 vezes maior do que quando apenas recebemos uma informação<br />
genérica, sem nenhum apelo emocional? O estudo é de Jerome Bruner,<br />
psicólogo que lecionou nas universidades de Harvard (EUA) e Oxford<br />
(Inglaterra) e foi pioneiro nos estudos da ciência cognitiva.<br />
No que diz respeito à relação entre contar histórias e vender, James<br />
McSill, autor do livro 5 lições de storytelling – Fatos, ficção e fantasia (DVS<br />
Editora), é enfático: nos dias de hoje, sem encantamento não há vendas.<br />
“Raramente compramos um produto ou serviço – o que compramos é<br />
o sonho ou a esperança de que aquilo nos fará melhores. Se um vendedor<br />
não souber extremamente bem como funcionam as histórias, não<br />
poderá introduzir um assunto, apresentar uma questão, muito menos<br />
resolver um conflito”, provoca.<br />
James McSill<br />
Storytelling na abordagem<br />
Imagine que seu telefone toca. Quem liga é um<br />
vendedor de assinaturas da <strong>VendaMais</strong>. Ele pode<br />
falar algo como:<br />
a) Estou entrando em contato para oferecer a assinatura<br />
da <strong>VendaMais</strong>. Por apenas R$ 240 por<br />
ano, você vai receber o melhor conteúdo de vendas<br />
do Brasil a cada dois meses em sua casa. Quer comprar?<br />
Não é a oferta mais inspiradora e cativante do<br />
mundo, certo? Mas e se ele dissesse algo assim:<br />
b) Olá! Imagino que você tenha um grande desafio<br />
para fechar vendas. Sei bem como é isso, porque<br />
há um ano eu sofria exatamente do mesmo problema.<br />
Posso contar uma breve história sobre como<br />
eu o solucionei?<br />
Decidi ouvir o conselho de um leitor que me<br />
contou uma história fascinante sobre como aumentou<br />
em 200% seu índice de fechamento apenas por<br />
colocar em prática o que leu em uma reportagem.<br />
Por sinal, ele atua no mesmo mercado que você.<br />
Quer saber mais detalhes sobre o que ele fez? Posso<br />
mandar um vídeo por WhatsApp para você em<br />
que ele conta tudo.<br />
Ah, a matéria a que ele se refere foi publicada<br />
em uma edição antiga da <strong>VendaMais</strong>. Acredito<br />
fortemente que essa história vai revolucionar a<br />
forma como você negocia e vende. Se você tiver<br />
interesse em conhecer os detalhes, tenho uma proposta<br />
especial para você. Faça a sua assinatura da<br />
revista que eu vou mandar de presente essa edição<br />
que comentei.<br />
A assinatura custa apenas R$ 240 por ano, o que<br />
é ínfimo perto dos resultados que você vai poder<br />
gerar apenas com o brinde que vou mandar. Imagine<br />
o que será capaz de alcançar quando a revista<br />
começar a chegar em suas mãos fresquinha a cada<br />
bimestre?<br />
Como bem resume McSill, “uma história adequadamente<br />
alinhada tem o poder de encantar.<br />
Vender é mudar uma trajetória, mostrar as vantagens<br />
de uma narrativa futura”.<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 53
EXERCÍCIO<br />
Como usar histórias em vendas<br />
“Toda história deve ter um personagem que se<br />
esforça até as últimas gotas de sangue e suor para<br />
superar obstáculos aparentemente intransponíveis<br />
com o objetivo de atingir um fim satisfatório.<br />
E, assim, passa por um processo de transformação<br />
para melhor”, explica McSill. Esse personagem<br />
pode ser você, a própria pessoa com<br />
quem está negociando ou um antigo cliente que<br />
teve um “final feliz”.<br />
O autor aponta que a história, quando utilizada<br />
para fins corporativos/comerciais, tem sempre<br />
a intenção de liderar pessoas para o futuro e<br />
gerar mudanças. “Para isso, você terá de criar um<br />
cenário muito claro do futuro do qual está falando<br />
e mostrar as etapas para se chegar ao objetivo<br />
final: a mudança”, complementa o autor.<br />
O segredo, segundo ele, é atribuir significados<br />
emocionais a elementos técnicos. Em outras palavras,<br />
tem a ver com a velha máxima de transformar<br />
características em benefícios.<br />
Exemplos de histórias que levam a agir<br />
A tabela abaixo mostra alguns exemplos de como,<br />
com que objetivo e em que situações você pode usar<br />
histórias durante suas negociações:<br />
Construa uma história a partir de um caso de sucesso. O ponto<br />
de partida pode ser os benefícios que o seu serviço ou produto<br />
gera ou a missão da sua empresa – que, provavelmente, tem a<br />
ver com ajudar, agregar, contribuir; ou seja, se você a cumpre,<br />
naturalmente terá boas fontes para colocar o exercício em prática.<br />
Lembre-se disso.<br />
Sabendo que uma boa história tem o poder de inspirar, motivar,<br />
envolver, informar, desafiar, educar, instigar, emocionar e<br />
despertar desejos, faça um levantamento de clientes que podem<br />
servir de “fonte”. Em seguida, entreviste-os (preferencialmente<br />
em vídeo) a partir das perguntas abaixo, que foram inspiradas<br />
na fórmula SEPAPIAG. Criada por Raul Candeloro para ajudar<br />
vendedores a terem uma conversa mais inteligente e produtiva<br />
com os clientes, ela é a base para um levantamento de necessidades<br />
cirúrgico.<br />
A fórmula SEPAPIAG:<br />
1 Situação do cliente.<br />
1 Expectativas do cliente.<br />
1 Problemas que o cliente está enfrentando ou procurando<br />
resolver.<br />
1 Aprofundamento do problema (o que chamamos de “dor” ou<br />
sintomas e consequências do problema).<br />
1 Preocupações do cliente (coisas de que ele tem medo, receio,<br />
quer evitar).<br />
1 Irritadores (o que irrita o cliente?).<br />
1 Alternativas que o cliente pode estar analisando.<br />
1 Ganhos/benefícios que o cliente terá ao comprar seu produto/serviço.<br />
OBJETIVO<br />
PALAVRA-CHAVE<br />
AÇÃO<br />
COMO USAR<br />
DICA<br />
Encorajar ações<br />
de mudança<br />
Motivar<br />
Evidenciar um<br />
acontecimento<br />
em que uma<br />
ação similar foi<br />
efetivada.<br />
Conte uma história de um cliente<br />
atendido que tem um perfil parecido<br />
com o do comprador com quem você<br />
está negociando agora e teve bons<br />
resultados graças à sua solução.<br />
Essa tática possibilita que o<br />
interlocutor imagine formas de fazer<br />
algo semelhante.<br />
Foque em um personagem (cliente)<br />
inspirado em eventos reais e<br />
recentes. Frases iniciadas com<br />
“Imagine se...” e “E se...” caem muito<br />
bem aqui.<br />
Despertar<br />
confiança/<br />
divulgar quem<br />
você é<br />
Envolver<br />
Comunicar uma<br />
experiência<br />
pessoal.<br />
A ideia é envolver emocionalmente<br />
o interlocutor. É o tipo de história<br />
baseada na sua experiência pessoal.<br />
A intenção é estimular reflexões no<br />
cliente do tipo “agora eu sei por que<br />
ele está me falando tudo isso”, “não<br />
sabia disso a respeito dele”.<br />
Você é o personagem principal,<br />
passível de falhas e fraquezas, mas<br />
forte para enfrentá-las. Quando<br />
empregada com sucesso, essa<br />
modalidade de história desperta<br />
surpresa e gera empatia e conexão.<br />
Estimular a<br />
visualização do<br />
futuro<br />
Informar/<br />
integrar<br />
Mostrar o antes/<br />
depois.<br />
Seu plano, aqui, é contar uma história<br />
de um cliente cuja vida você/sua<br />
empresa mudou.<br />
Faça o interlocutor “visualizar” o futuro.<br />
Para isso, a história precisa ser boa e<br />
ter a ver com a realidade do prospect.<br />
Além disso, traçar objetivos claros para<br />
o futuro é fundamental. Por exemplo:<br />
“Daqui a um ano, você estará…”<br />
Fonte: Camila Prietto e Ricardo Laranjeira em 5 lições de storytelling – Fatos, ficção e fantasia<br />
54<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
SEPAPIAG voltada ao storytelling<br />
Roteiro de perguntas para uma entrevista com o cliente focada<br />
na construção de uma história<br />
As perguntas a seguir foram definidas a partir da SEPAPIAG<br />
e de técnicas jornalísticas de entrevista que contribuem<br />
para que a construção do personagem seja robusta e se<br />
torne fonte das principais matérias-primas de uma boa história:<br />
fatos, números e riqueza de detalhes.<br />
Uma entrevista como essa pode resultar em um estudo<br />
de caso completo, em uma postagem em seu blog, em um<br />
material impresso, ou em um vídeo para o YouTube, o Facebook,<br />
o LinkedIn ou o WhatsApp.<br />
1 - Qual é seu grande sonho/objetivo?<br />
2 - Que problemas você enfrentava antes de nos contratar?<br />
3 - Quando e como percebeu que éramos a solução ideal?<br />
4 - Como está sua situação após nos contratar?<br />
5 - O que você ganhou com as melhorias que promovemos?<br />
6 - O que espera para o futuro?<br />
7 - Você nos recomendaria a outros? Por quê?<br />
Com o material apurado, construa a narrativa de sua<br />
história a partir de uma lógica que contemple a seguinte<br />
estrutura:<br />
1 - Objetivo do cliente (SONHO).<br />
2 - Situação do seu cliente antes de você (PROBLEMA).<br />
3 - Situação do seu cliente depois de você (SOLUÇÃO).<br />
4 - Como isso aconteceu (MÉTODO).<br />
Campeonato de contação<br />
de histórias de vendas<br />
Já que estamos falando sobre como contar histórias<br />
que vendem, vamos aproveitar a ocasião para lançar<br />
um desafio. Escreva um texto, grave um áudio<br />
ou vídeo contando uma história baseada em sua<br />
própria trajetória, em uma venda memorável que<br />
fez, em como você ajudou seu cliente a resolver um<br />
problema, em algum ensinamento que a <strong>VendaMais</strong><br />
proporcionou a você e/ou qualquer outro exemplo<br />
que você acredite que se encaixe.<br />
Os autores das três melhores histórias vão<br />
ganhar uma assinatura de 12 meses da <strong>VendaMais</strong>.<br />
Envie sua história para leitor@vendamais.com.br.<br />
O resultado será divulgado em nosso portal e canais<br />
nas redes sociais no dia 5 de maio de 2017.<br />
Para saber mais<br />
Uma habilidade essencial para o vendedor do futuro<br />
Dependendo do seu ponto de vista, essa conversa que tivemos hoje se<br />
trata mais de marketing do que de vendas. Pode ser. Mas cada vez mais<br />
ações de “não venda” se tornam fundamentais para vender. Falamos<br />
sobre isso em uma reportagem publicada em novembro de 2015, que<br />
você pode ler aqui: bit.ly/nao-venda.<br />
Mais do que nunca, os departamentos de vendas e marketing precisam<br />
estar alinhados. Portanto, construa a ponte necessária para que os<br />
vendedores sejam catalizadores de boas histórias e os profissionais de<br />
marketing, o responsáveis por torná-las públicas. Esse ciclo precisa funcionar<br />
em perfeita sintonia.<br />
Se você colocar o exercício proposto em prática continuamente,<br />
com o tempo terá vários vídeos que contam histórias preciosas de<br />
sucesso de seus clientes. Esse material pode, inclusive, ser uma ferramenta<br />
para antecipar objeções que podem vir a surgir em negociações.<br />
O storytelling, quando bem feito, tem o poder de criar conexões com<br />
o cliente. Acaba sendo uma ferramenta natural para aliviar o peso de<br />
negociações.<br />
Há um provérbio africano que diz que “se o leão não contar a própria<br />
história, o caçador o fará”. Você vai esperar que ele chegue ou assumirá<br />
as rédeas de sua própria história?<br />
Entrevista exclusiva com James<br />
McSill: bit.ly/storytelling-vendas<br />
Livros:<br />
5 lições de storytelling – Fatos,<br />
ficção e fantasia<br />
Autor: James McSill<br />
Editora: DVS Editora<br />
Book in a box – Técnicas básicas<br />
para estruturação de romances<br />
comerciais<br />
Autores: James McSill e Camila<br />
Prietto<br />
Editora: DVS Editora<br />
Storytelling para resultados –<br />
Como usar estórias no ambiente<br />
empresarial<br />
Autores: Alfredo Castro e James<br />
McSill<br />
Editora: Qualitymark<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 55
MAPA DA MINA<br />
João Alberto Costenaro<br />
Gatilhos<br />
mentais na<br />
negociação<br />
E<br />
u estava ansioso com o início da reunião. Na convocação,<br />
a ameaça era de cancelamento de um contrato<br />
grande de locação de equipamentos. Os clientes<br />
estavam muito insatisfeitos. Eu havia levantado os<br />
dados disponíveis sobre tudo o que estava acontecendo<br />
no serviço, mas não tinha ideia do que ia<br />
acontecer na reunião. Naquele tempo, eu não sabia<br />
que tinha que me preparar para uma negociação.<br />
Por via das dúvidas, levei meu chefe junto. Mas,<br />
afinal, o que devemos fazer para que uma negociação<br />
seja bem-sucedida – sob o nosso ponto de vista?<br />
Fazemos negociações em nossas relações de<br />
trabalho o tempo todo. Para aquelas que são mais<br />
56<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
elevantes, são muitas as recomendações<br />
conhecidas – que vão<br />
desde a preparação antecipada<br />
até a execução dos itens negociados.<br />
No mundo moderno, busca-se<br />
colocar foco na aplicação dos<br />
conhecimentos da neurologia<br />
como instrumento de negociação.<br />
Assim, vemos cunhadas<br />
algumas expressões – às vezes<br />
até um tanto exageradas – sobre<br />
recursos que podem ser usados<br />
enquanto negociamos. Estamos<br />
falando de mecanismos que trabalham<br />
no nível de nosso subconsciente,<br />
independente de<br />
nossa vontade. Alguns desses<br />
novos conhecimentos são, de<br />
fato, valiosos e, uma vez que entendamos<br />
seu funcionamento,<br />
podemos utilizá-los no nível<br />
consciente para uma negociação<br />
vitoriosa até com relativa facilidade.<br />
Os estudos mais divulgados<br />
sobre o assunto são do psicólogo<br />
norte-americano Robert Cialdini.<br />
Ele elenca seis fatores de persuasão<br />
que, depois, outros estudiosos<br />
passaram a chamar de “gatilhos<br />
mentais”.<br />
Como atuam os<br />
gatilhos mentais<br />
Autoridade – Estudos mostram que<br />
levamos mais a sério aquilo que<br />
ouvimos de uma autoridade. Portanto,<br />
devemos criar nossa imagem<br />
de expert no assunto que estamos<br />
negociando para que nossas ideias<br />
sejam aceitas. Também devemos<br />
usar referências de pessoas que<br />
são nomes reconhecidos naquele<br />
tema. Foi o que eu acabei de fazer<br />
aqui, ao citar o professor Cialdini.<br />
Escassez – Para começar, vamos<br />
esclarecer uma coisa: aquilo que<br />
falta é mais valioso do que o que<br />
se tem em abundância. O arroz,<br />
por exemplo, é um alimento muito<br />
mais importante na alimentação<br />
básica das pessoas que o camarão.<br />
No entanto, o crustáceo<br />
é muitas vezes mais caro, devido<br />
à sua escassez. O mesmo vale<br />
para as negociações. Na hora de<br />
negociar, você deve buscar mostrar<br />
em quais aspectos seus produtos<br />
ou serviços são raros em<br />
comparação com outras opções.<br />
Pode ser algo exclusivo, ou algum<br />
prazo de oferta que se esgota. O<br />
pulo do gato, aqui, é conseguir<br />
provocar o sentimento de que<br />
haverá uma perda caso o cliente<br />
não compre de você.<br />
Reciprocidade – Quando oferecemos<br />
um presente a alguém,<br />
essa atitude costuma engatilhar<br />
um desejo de retribuir. Esse desejo<br />
de reciprocidade é um dos<br />
movimentos internos mais poderosos<br />
nas relações humanas. E<br />
não seria diferente na negociação.<br />
Por isso, as concessões precisam<br />
ser bem lentas e comedidas. Assim,<br />
elas serão mais valorizadas<br />
e você receberá contrapartidas<br />
mais interessantes.<br />
Afeição – À medida que entramos<br />
em contato com nossos clientes,<br />
construímos um relacionamento.<br />
Quanto mais afeição você criar,<br />
mais concessões vai obter. Estudos<br />
mostram que as pessoas são muito<br />
mais abertas e generosas com<br />
aqueles de quem mais gostam.<br />
Prova social – Quando estamos<br />
diante de um grupo de pessoas,<br />
tendemos a seguir a maioria. Estudos<br />
mostram que buscamos<br />
aprovação social o tempo todo.<br />
Se você vai sozinho a uma negociação<br />
e tem que lidar com várias<br />
pessoas, há um risco muito elevado<br />
de o grupo impor suas posições.<br />
Já o inverso pode lhe dar<br />
a vantagem ou equilibrar esse<br />
aspecto. Mostrar que sua oferta<br />
é muito popular ou até líder de<br />
mercado reforça esse gatilho.<br />
Compromisso e coerência – Os<br />
psicólogos comportamentais reforçam,<br />
ainda, o poder de dois<br />
fatores que agem em paralelo:<br />
compromisso e coerência. A<br />
coerência é uma força tão poderosa<br />
que nos motiva a agir até<br />
contra nossos melhores interesses.<br />
Na negociação, o segredo é<br />
conseguir compromissos prévios<br />
em estágios anteriores da venda,<br />
nos quais ainda não predomina<br />
a seriedade da decisão final. Na<br />
“hora H”, a coerência será exigida<br />
e trazer seus benefícios.<br />
Na prática<br />
Analisando hoje a negociação<br />
em que eu estava prestes a entrar<br />
– aquela do parágrafo inicial<br />
deste artigo –, percebo que três<br />
gatilhos mentais me auxiliaram<br />
de forma inconsciente. O primeiro<br />
foi a autoridade. Meu gerente<br />
era um profundo conhecedor do<br />
nosso negócio e se fez ouvir. Depois,<br />
usamos a escassez a nosso<br />
favor. Éramos o fornecedor mais<br />
importante do mercado. Então,<br />
pedimos um voto de confiança<br />
e um pequeno prazo para rever<br />
os processos para corrigir o erro.<br />
Além disso, eu havia criado uma<br />
relação muito boa com o gerente<br />
do setor do cliente. Assim,<br />
usei-me da afeição, mantive o<br />
contrato e ganhei um cliente satisfeito.<br />
Todos esses gatilhos mentais<br />
agem para sua vantagem, para o<br />
benefício da contraparte e podem<br />
ser igualmente bons para ambos.<br />
Sua habilidade de empregá-los<br />
juntamente com as outras técnicas<br />
de negociação apresentadas<br />
ao longo desta edição pode fazer<br />
de você um vencedor.<br />
“Durante a<br />
negociação, você<br />
deve buscar mostrar<br />
em quais aspectos<br />
seus produtos ou<br />
serviços são raros<br />
em comparação com<br />
outras opções. Pode<br />
ser algo exclusivo,<br />
ou algum prazo de<br />
oferta que se esgota.<br />
O pulo do gato, aqui,<br />
é conseguir provocar<br />
o sentimento de que<br />
haverá uma perda<br />
caso o cliente opte<br />
por não comprar de<br />
você.”<br />
João Alberto Costenaro é<br />
consultor, palestrante e<br />
instrutor nas áreas de vendas,<br />
liderança e coaching.<br />
É trainer licenciado pela<br />
Corporate Coach U International.<br />
Visite o site:<br />
www.seleta.com.br<br />
E-mail:<br />
seleta@seleta.com.br<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 57
Venda de ciclo longo<br />
Vendas de ciclo<br />
longo: como<br />
vencer o desafio<br />
da modernidade<br />
Por Guilherme Machado<br />
mbora todos queiram vender mais, poucos<br />
são os profissionais que buscam<br />
entender o processo de vendas para definir<br />
estratégias para melhorar sua performance.<br />
Nosso dever é garantir que<br />
esse panorama mude. Meu objetivo, aqui,<br />
é ajudar nas vendas de ciclo longo.<br />
Como o próprio nome já descreve, a<br />
venda de ciclo longo é uma venda mais demorada,<br />
que envolve várias etapas do processo até sua conclusão.<br />
São processos que podem demorar mais de um<br />
ano, e suas características são:<br />
1 Elevado custo financeiro.<br />
1 Alto valor agregado.<br />
1 Muitos decisores.<br />
1 Necessidade de demonstração do produto ou serviço.<br />
1 Necessidade de aprovação de crédito/orçamento.<br />
Se há pouco tempo essas vendas já geravam desgaste<br />
para o vendedor, que queria finalizá-las de<br />
imediato, nos dias de hoje acredito ser ainda pior, pois<br />
temos dois agravantes:<br />
1. Acesso irrestrito à informação por meio da internet.<br />
2. Inúmeras opções de escolha.<br />
No que tange ao primeiro ponto,<br />
o acesso à internet garante ao<br />
consumidor facilidade de informação,<br />
mas fez o início do processo<br />
de vendas migrar do contato físico<br />
com um vendedor para o espaço<br />
digital. Quando o cliente chega até<br />
nós, ele já sabe muito sobre o produto<br />
e sobre a concorrência.<br />
Assim como em outros segmentos,<br />
no mercado imobiliário (minha<br />
área de atuação) pesquisas comprovaram<br />
que cerca de 60% do tempo<br />
da jornada de compra dos interessados<br />
em imóveis já se dá na<br />
internet – considerando desde a<br />
pesquisa das opções até o fechamento<br />
do negócio.<br />
Tal fato deixa o comprador muito<br />
poderoso. Entretanto, o que muitos<br />
vendedores não sabem é que,<br />
ao mesmo tempo em que eles estão<br />
empoderados por tanta informação,<br />
também estão muito medrosos.<br />
Sim, medrosos! Com tanta informação,<br />
fica difícil, para eles, entender<br />
qual é a melhor opção para<br />
o seu problema, o que os torna mais<br />
inseguros, ajudando a aumentar o<br />
ciclo de vendas.<br />
No que diz respeito às inúmeras<br />
opções de escolha, encontramos<br />
um paradoxo: várias opções x facilidade<br />
de escolha. Ter opções deveria<br />
tornar a decisão mais fácil,<br />
mas não é bem isso que acontece.<br />
Quando temos muitas opções, acreditamos<br />
verdadeiramente que uma<br />
opção será a perfeita frente à nossa<br />
necessidade. Porém, isso gera<br />
mais insegurança, corroborando<br />
ainda mais para o aumento do tempo<br />
de conclusão do negócio. Essa<br />
tese é defendida pelo psicólogo<br />
norte-americano Barry Schwartz,<br />
que estuda a ligação entre psicologia<br />
e economia.<br />
Esse processo mais longo e mais<br />
complexo exige muito mais do vendedor.<br />
Ele precisa ser capaz de entregar,<br />
em seu atendimento, muito<br />
mais do que o cliente já sabe; precisa<br />
gerar insights, transformando<br />
as informações do cliente em algo<br />
58<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
e entrega; então, toda vez que tiver<br />
algum contato com o cliente, deve<br />
saber o que tem que fazer para<br />
finalizar aquele passo e avançar<br />
no processo. Além de conseguir<br />
melhorar a performance, isso garante<br />
ao cliente a percepção de<br />
avanço na negociação.<br />
que realmente concretize o atendimento<br />
de suas necessidades.<br />
No caso do mercado imobiliário,<br />
isso significa que o corretor<br />
precisa conseguir entender o estilo<br />
do cliente, seu perfil de consumo,<br />
o motivo pelo qual ele tem essa<br />
demanda e como tudo isso se encaixa<br />
em sua vida. Eu mesmo já<br />
cansei de atender clientes com uma<br />
demanda inicial específica e que<br />
acabaram comprando um imóvel<br />
totalmente diferente do que tinham<br />
em mente. Isso se deveu à minha<br />
habilidade de gerar um relacionamento<br />
de amizade para conseguir<br />
fazer o comprador enxergar o “outro<br />
lado” de sua demanda.<br />
Mas não é fácil. É necessário<br />
ter autocontrole emocional para<br />
administrar a ansiedade frente à<br />
pressão por resultados e estar muito<br />
bem-preparado para entender e<br />
atender esse cliente mais exigente<br />
e “inseguro”. Nosso desafio está<br />
em construir a confiança necessária<br />
junto ao consumidor.<br />
“Cerca de 60% do tempo<br />
da jornada de compra dos<br />
interessados em imóveis<br />
já se dá na internet –<br />
considerando desde a<br />
pesquisa das opções até o<br />
fechamento do negócio.”<br />
É por isso que é preciso entender<br />
que vender não é simplesmente<br />
um dom ou uma arte, mas uma<br />
ciência. Ou seja, há técnicas e processos<br />
que devem ser compreendidos,<br />
aplicados e avaliados. Quando<br />
há técnica, o vendedor consegue<br />
gerenciar melhor a negociação,<br />
minimizar objeções e reduzir<br />
o ciclo de venda, tornando o processo<br />
mais produtivo.<br />
Na minha trajetória profissional,<br />
identifiquei duas grandes técnicas<br />
que considero os pilares para<br />
reduzir o ciclo de vendas.<br />
1) Transformar uma venda de ciclo<br />
longo em pequenos ciclos.<br />
Isso exige que o vendedor faça um<br />
bom planejamento e defina os objetivos<br />
de cada etapa com objetivo<br />
2) Analisar a fundo o perfil do cliente,<br />
sobretudo seu perfil comportamental.<br />
Se o cliente é objetivo, o vendedor<br />
precisa ser objetivo. Se é detalhista,<br />
o vendedor precisa valorizar os<br />
detalhes, e assim por diante. Uma<br />
análise equivocada poderá levar à<br />
perda da venda.<br />
Uso uma técnica de identificação<br />
do perfil do cliente – a persona –<br />
que é uma representação do seu<br />
cliente ideal baseada no cruzamento<br />
entre o perfil de comportamento<br />
e o perfil de consumo do seu cliente.<br />
Neste link, compartilho um exercício<br />
que ajudará você a identificar<br />
a persona do seu negócio: bit.ly/<br />
personaguilhermemachado<br />
Com essas técnicas, você, vendedor,<br />
será capaz de compreender<br />
a pessoa por trás do cliente e elaborar<br />
estratégias mais eficazes.<br />
Assim, será possível não só reduzir<br />
o tempo para a consolidação da<br />
venda como também ressignificar<br />
o conceito de “ciclo longo”, que,<br />
agora, ao invés de significar uma<br />
venda demorada, passará a ter um<br />
novo sentido: de ciclos de relacionamentos<br />
duradouros, de oportunidades<br />
reais de fidelização e de<br />
indicação para novas vendas.<br />
Guilherme Machado tem vinte anos de experiência<br />
no mercado imobiliário, é especialista<br />
em vendas, criador do movimento Quebre<br />
as regras e palestrante.<br />
Acesse: www.guilhermemachado.com<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 59
Dinâmica de grupo<br />
César Frazão<br />
Mas...?<br />
E se…?<br />
Não dá para…?<br />
Dicas práticas para se preparar<br />
para objeções em uma negociação<br />
Objeções fazem parte da venda, disso todos os vendedores já sabem,<br />
não é nenhuma novidade. A pergunta, então, é: se todo mundo sabe<br />
que, ao longo da negociação, é normal que surjam objeções – as quais,<br />
naturalmente, fazem com que as chances de fechamento diminuam<br />
–, por que tão pouca gente se prepara para enfrentá-las?<br />
Preguiça, amadorismo, falta de comprometimento ou mesmo falta<br />
de orientação da liderança são alguns dos motivos mais comuns.<br />
Mas eles precisam ser eliminados do seu vocabulário!<br />
Nos dias de hoje, em que o preço tem um impacto ainda maior<br />
na decisão de compra do cliente e a concorrência apela cada vez<br />
mais para preços absurdamente baixos, os compradores adquiriram<br />
um grande poder nas negociações e estão ganhando de lavada –<br />
especialmente de vendedores despreparados. Não existe outra<br />
60<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
solução para este momento a<br />
não ser se preparar para as objeções<br />
que já sabemos que irão<br />
aparecer durante o processo de<br />
negociação.<br />
Na prática<br />
A falta de preparo da equipe de<br />
call center na hora de rebater objeções<br />
era uma das principais<br />
queixas do gestor comercial de<br />
uma empresa de São Paulo que<br />
me contratou para um treinamento<br />
recentemente. Para ajudá-lo a<br />
minimizar esse problema, propus<br />
a seguinte dinâmica:<br />
1) Para começar, levantei quais<br />
eram as dez principais objeções<br />
que os vendedores ouviam<br />
e listei todas elas no<br />
quadro.<br />
2) Na sequência, dividi a equipe<br />
em trios e cada grupo ficou<br />
responsável por elaborar os<br />
possíveis argumentos para<br />
uma determinada barreira.<br />
3) Depois, cada grupo apresentou<br />
suas reflexões com calma,<br />
para que todos pudessem<br />
ouvir.<br />
4) Os participantes dos outros<br />
grupos contribuíram, então,<br />
com mais alguns pontos que<br />
tinham em mente, contando<br />
saídas que já haviam encontrado<br />
em situações anteriores<br />
– ampliando, assim, a lista de<br />
soluções.<br />
5) Como o processo foi repetido<br />
em cada grupo até que todos<br />
os participantes tivessem exposto<br />
todos os seus argumentos<br />
e experiências ao lidar com<br />
aqueles dez entraves principais,<br />
terminamos a atividade<br />
com dez listas de soluções para<br />
tais problemas.<br />
6) Todo o material foi digitalizado<br />
e entregue aos vendedores<br />
com uma espécie de “manual<br />
para lidar com objeções”.<br />
7) Para encerrar a atividade, solicitei<br />
que todos estudassem<br />
com seriedade o manual e<br />
decorassem aquelas respostas<br />
para um teste que seria feito<br />
uma semana após o fim do<br />
treinamento. E o teste teria<br />
caráter eliminatório, ou seja,<br />
quem não soubesse as respostas<br />
que estavam no manual<br />
não estaria apto a continuar<br />
na função de vendas.<br />
O resultado<br />
Você deve estar pensando que,<br />
depois desse treinamento, todos<br />
os vendedores estudaram e se<br />
prepararam corretamente para o<br />
temido teste, não é mesmo? Infelizmente,<br />
não foi isso que aconteceu.<br />
Quatro vendedores (cerca<br />
de 10% da equipe) sequer pegaram<br />
o manual para dar uma lida! É<br />
verdade que esse é um dado normal.<br />
Estudos apontam que, geralmente,<br />
aproximadamente 10%<br />
dos profissionais de qualquer<br />
equipe de vendas não estão engajados<br />
e gostariam de trocar de<br />
emprego – só não têm coragem<br />
de pedir a conta. É inegável, contudo,<br />
que essa situação também<br />
é muito decepcionante...<br />
Por outro lado, depois desse<br />
processo simples, o nível da parte<br />
da equipe que estava realmente<br />
engajada elevou, e todos os<br />
profissionais se tornaram experts<br />
em contornar as objeções<br />
mais comuns naquele negócio.<br />
Bacana, né? Mas ainda não contei<br />
o melhor...<br />
A contraprova<br />
Dias depois do treinamento, um<br />
cliente ligou para fazer a cotação<br />
de um pedido. Uma vendedora<br />
atendeu, mandou orçamento e,<br />
após uma hora, o cliente ligou de<br />
volta para “negociar”. O que ele<br />
alegou que precisava para fechar<br />
a compra? “Um desconto!”, nas<br />
palavras dele.<br />
Bem-preparada (essa era a<br />
objeção número sete do nosso<br />
manual), a vendedora usou prontamente<br />
um dos argumentos<br />
que havíamos ensaiado. O diálogo<br />
entre eles foi mais ou menos<br />
assim:<br />
Vendedora: “Desconto, infelizmente,<br />
não posso dar, já que esse<br />
é nosso valor mínimo. Existe alguma<br />
outra coisa que eu possa<br />
fazer pelo senhor?” (Ela não titubeou,<br />
fez a declaração e ficou em<br />
silêncio completo.)<br />
Cliente: “Não consegue tirar mais<br />
nada desse preço mesmo?”<br />
Vendedora: “Sinto muito, bem<br />
que eu gostaria, mas esse é nosso<br />
preço mínimo, pois nossos<br />
custos aumentaram muito nos<br />
últimos tempos. Mas posso ajudá-lo<br />
na forma de pagamento.<br />
Se parcelarmos em mais vezes,<br />
isso o ajudaria a fechar o negócio<br />
agora?”<br />
Para nossa felicidade, o cliente<br />
parcelou em mais vezes e fechou,<br />
o que nos fez ter ainda mais<br />
certeza de que ter processos e<br />
argumentos pré-estabelecidos e<br />
ensaiados ajuda a prever objeções<br />
que possivelmente surgirão em<br />
uma negociação.<br />
A lição que fica é: não dá mais<br />
para tentar vender só no improviso.<br />
Quanto mais você se preparar<br />
para a venda, mais irá vender.<br />
Simples assim.<br />
Boas vendas e sucesso!<br />
“Não dá mais<br />
para tentar<br />
vender só no<br />
improviso.<br />
Quanto mais<br />
você se preparar<br />
para a venda,<br />
mais irá vender.”<br />
César Frazão é palestrante<br />
e instrutor de vendas,<br />
especializado em técnicas<br />
de vendas e motivação<br />
Visite o site:<br />
www.cesarfrazao.com.br<br />
E-mail:<br />
cesarfrazao@cesarfrazao.<br />
com.br<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 61
Direto das Soluções <strong>VendaMais</strong><br />
Marcelo Caetano<br />
Pare de<br />
perder<br />
clientes!<br />
Fidelização de clientes – um ponto muitas vezes deixado de<br />
lado nas empresas – é um assunto muito importante e que<br />
gosto de trazer à tona em meus artigos. Já falei algumas<br />
vezes sobre essa estatística, mas gosto sempre de lembrar:<br />
normalmente, apenas 10% da verba de marketing de uma<br />
empresa são designados para fidelizar clientes. Os outros<br />
90% vão para a comunicação com o mercado de maneira<br />
geral ou para atrair novos clientes. Obviamente, é um grande<br />
equívoco. Vamos falar sobre isso?<br />
Para começar, é importante falar de outra verba que é<br />
muito recorrente na fidelização de clientes: o desconto. Se<br />
você somar o que perde com descontos aos 10% que são<br />
investidos em fidelização, verá que esse número cresce<br />
bastante. A verdade, contudo, é que o desconto também não<br />
é utilizado estrategicamente e grande parte das vezes conquista<br />
apenas clientes oportunistas, que buscam somente<br />
preço baixo.<br />
Para piorar, vivemos um grande modismo de prospecção<br />
de clientes e geração de leads para garantir a salvação das<br />
empresas. Mas a verdade é que de nada adianta gerar leads<br />
ou prospectar incansavelmente se a perda de clientes não<br />
for controlada ou pelo menos profundamente estudada. O<br />
que quero, portanto, é ajudá-lo a fidelizar clientes. E para<br />
isso, vou dividir o processo em algumas etapas que considero<br />
fundamentais.<br />
62<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
Empunhe<br />
essa<br />
bandeira<br />
Monitore a<br />
satisfação dos<br />
clientes<br />
Desenvolva<br />
múltiplos<br />
contatos na sua<br />
empresa<br />
Quantifique<br />
suas perdas<br />
CLIENTE<br />
Crie pontos<br />
de ancoragem<br />
dentro do<br />
cliente<br />
Monitore<br />
clientes préinativos<br />
e<br />
inativados<br />
Venda mais<br />
mix para seus<br />
clientes<br />
“O desgaste da<br />
base custa muito<br />
caro para as<br />
empresas. Fazer<br />
uma gestão justa,<br />
realmente próxima<br />
da fidelização<br />
de clientes, e<br />
monitorar os<br />
indicadores<br />
de perto é<br />
uma grande<br />
lição e, acima<br />
de tudo, uma<br />
demonstração de<br />
que os clientes<br />
são realmente<br />
importantes para<br />
sua empresa.”<br />
Quantifique suas perdas –<br />
Quantos clientes sua<br />
empresa perdeu em 2016?<br />
E em 2015? Isso representa<br />
qual percentual da sua carteira?<br />
Quanto você deixou de ganhar<br />
com essas perdas? Mais um cálculo<br />
importante: pegue seu ticket<br />
médio (TM) do ano e multiplique<br />
pelo número de clientes que inativaram<br />
(CI). Pronto, você terá o<br />
custo da perda de clientes para<br />
sua empresa. Quando tiver a real<br />
dimensão desse indicador, você<br />
verá que qualquer investimento<br />
é válido para conter essa avalanche<br />
de perdas.<br />
1 2<br />
Monitore clientes pré-<br />
-inativos e inativados –<br />
Sempre que trabalho a<br />
gestão de carteira, gosto<br />
de criar dois degraus para conter<br />
o abandono de clientes.<br />
O primeiro chamo de pré-<br />
-inativos (por exemplo: se o tempo<br />
de atividade do ciclo de compra<br />
em uma empresa é de três<br />
meses e os clientes estão sem<br />
comprar há mais de dois meses,<br />
então eles estão em pré-inatividade).<br />
Minha sugestão é que a<br />
empresa comunique ao vendedor<br />
quais são os clientes que estão<br />
pré-inativos para que ele identifique<br />
os motivos e aja a tempo de<br />
evitar a inatividade. Não espere<br />
que sua equipe comercial identifique<br />
esse cliente sozinha. Assuma<br />
essa responsabilidade! Se ela<br />
também correr atrás, ótimo – você<br />
terá ainda mais segurança.<br />
Em seguida vêm os inativados,<br />
ou seja, os clientes que ficaram<br />
inativos no mês vigente.<br />
Gosto de usar essa denominação<br />
para chamar a atenção para esses<br />
clientes, para que não caiam<br />
na vala comum dos inativos. Nesse<br />
caso, sugiro uma ação da empresa<br />
através do departamento<br />
de marketing ou da central de<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 63
inteligência para pesquisar e entender<br />
o que aconteceu com o<br />
cliente (ou seja, sem a intervenção<br />
do vendedor). Estas são algumas<br />
das perguntas que devem ser feitas<br />
nesse contato:<br />
1 Sua empresa foi trocada pelo<br />
concorrente? Se sim, qual?<br />
1 O cliente substituiu seus produtos<br />
ou serviços por outros?<br />
1 O cliente parou de utilizar os<br />
produtos ou serviços que você<br />
oferece? Por quê?<br />
1 Houve algum problema no<br />
atendimento? O que pode ser<br />
melhorado?<br />
O simples fato de entender o<br />
cenário já deixará sua equipe muito<br />
mais atenta.<br />
Quanto mais próximo do momento<br />
de abandono do cliente você<br />
agir, maior sua possibilidade<br />
de sucesso. Se você antecipar esse<br />
momento trabalhando os pré-inativos,<br />
isso aumenta ainda mais.<br />
ATIVO PRÉ-INATIVO INATIVADO INATIVO<br />
Ponto focal. Este é o momento em<br />
que você deve agir, pois quanto<br />
mais rápido você for, melhores<br />
serão os seus resultados.<br />
Venda mais mix para seus<br />
3<br />
clientes – Quanto mais<br />
itens o cliente consome<br />
da sua empresa, menor<br />
é a probabilidade de abandono.<br />
Por isso é tão importante monitorar<br />
a venda de mix.<br />
A lógica é muito simples: o mercado<br />
é dinâmico e é comum que<br />
um produto se torne obsoleto ra-<br />
pidamente ou seja suplantado por<br />
um concorrente com alguma inovação<br />
tecnológica ou que faça uma<br />
ação agressiva de preço. Em qualquer<br />
um desses casos, é muito difícil<br />
evitar a perda do cliente. E o<br />
pior é que as empresas costumam<br />
ter dezenas de itens no portfólio,<br />
mas como o vendedor só vende os<br />
produtos carro-chefe, quando eles,<br />
por um motivo ou outro, deixam<br />
de ser consumidos pelo cliente, a<br />
empresa tem um grande problema.<br />
Com isso, você chega a um grande<br />
fator de risco de abandono do cliente:<br />
baixo consumo de mix.<br />
Para resolver esse problema,<br />
crie uma planilha de seus clientes<br />
em ordem de consumo de mix e<br />
veja qual é o valor médio de consumo,<br />
identifique quem está abaixo<br />
e crie um plano de ação para<br />
esses clientes. Quando forçamos,<br />
por meio de uma campanha, que<br />
a equipe aumente sua venda de<br />
mix, há boas chances de vender<br />
mais itens para quem já compra<br />
bem. Isso é bom<br />
para o caixa da<br />
empresa e pode<br />
aumentar o mix<br />
médio por cliente<br />
sem corrigir<br />
a distorção do<br />
grande grupo<br />
de clientes que<br />
compra poucos<br />
itens. No entanto,<br />
já vi dezenas<br />
de campanhas<br />
de venda de mix<br />
gerarem resultados<br />
distorcidos. Por isso, sugiro<br />
que as ações sejam específicas<br />
para clientes de baixo consumo<br />
de mix.<br />
Crie pontos de ancoragem<br />
4<br />
dentro do cliente – Todo<br />
CRM que se preze tem os<br />
contatos do cliente registrados.<br />
Aquilo não é figurativo.<br />
Quanto mais pontos de contato<br />
sua empresa tiver dentro do cliente,<br />
maior será a possibilidade de<br />
conseguir fidelizá-lo.<br />
Há alguns meses, fui a uma<br />
empresa que é mestre nisso. Ela<br />
vende óleo lubrificante para grandes<br />
indústrias – um mercado altamente<br />
competitivo, no qual a<br />
diferenciação dos produtos não<br />
dura muito tempo e tudo vira<br />
commodity rapidamente. Mas o<br />
departamento de marketing da<br />
empresa, em conjunto com a equipe<br />
comercial, mapeou os influenciadores<br />
e os tomadores de decisão<br />
em cada cliente. A empresa<br />
percebeu que havia, em média,<br />
três pessoas nas empresas que<br />
eram os principais pontos de contato<br />
– o comprador, o engenheiro<br />
e o operador de máquina que faz<br />
a substituição do óleo. Qualquer<br />
um desses tinha o poder de comprometer<br />
a relação da empresa<br />
com o cliente e interromper o<br />
fornecimento do produto. Dessa<br />
forma, o pessoal do marketing<br />
começou a sugerir ações para a<br />
equipe comercial com o intuito<br />
de fortalecer a relação com esses<br />
parceiros. Primeiramente, os decisores<br />
e influenciadores foram<br />
cadastrados. E pasme: constatou-<br />
-se que 90% dos cadastros tinham,<br />
até aquele momento, apenas o<br />
nome do decisor principal! Veja<br />
que tem, aí, uma mudança de<br />
cultura muito grande, tanto do<br />
departamento de marketing<br />
quanto da equipe comercial. Tudo<br />
fica mais complexo, mas também<br />
gera uma segurança maior.<br />
A primeira ação – que durou<br />
mais de um ano – foi traçada para<br />
aumentar os pontos de ancoragem<br />
dentro do cliente. Em seguida, o<br />
departamento de marketing desenvolveu,<br />
dentre outras coisas, ações<br />
para cada um dos influenciadores<br />
mapeados, fez um treinamento<br />
específico para os operadores de<br />
64<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
máquina e alguns grupos foram<br />
chamados a visitar a fábrica. O resultado<br />
foi extraordinário.<br />
E você, sabe quais são os tomadores<br />
de decisão nos seus clientes?<br />
E os influenciadores? Quais<br />
são ações direcionadas a cada um<br />
desses grupos?<br />
5<br />
Desenvolva múltiplos contatos<br />
na sua empresa –<br />
Quanto mais pessoas da<br />
sua empresa tiverem<br />
contato com o cliente, maior será<br />
a chance de mantê-lo fiel. Aqui<br />
vivemos aquele velho drama: se<br />
os clientes se relacionam apenas<br />
com o vendedor ou com o representante,<br />
acabam sendo deles, e<br />
não da empresa. Sempre reforço<br />
esse ponto. O contato com o cliente<br />
deve se dar por uma cogestão<br />
dos vendedores e das empresas.<br />
Por isso, é muito importante manter<br />
pontos de monitoramento e<br />
relacionamento com os clientes<br />
além do trabalho do vendedor.<br />
Isso é fundamental por alguns<br />
motivos:<br />
a) Sua empresa tem que estar próxima<br />
do mercado para manter<br />
uma visão própria e clara sobre<br />
a movimentação.<br />
b) Seu cliente tem que perceber<br />
que, se precisar de algo, ele terá<br />
um suporte além do vendedor.<br />
c) Caso o cliente não esteja satisfeito<br />
com o vendedor, ele precisa<br />
ter a quem recorrer. E é normal<br />
que isso aconteça, é comum que<br />
a relação extenue em algum momento.<br />
Se você estiver distante,<br />
o cliente vai embora sem que você<br />
saiba o motivo ou tenha a oportunidade<br />
de recuperá-lo.<br />
É muito fácil fazer isso. Nós<br />
desenvolvemos inúmeras centrais<br />
de inteligência em vendas (CIV)<br />
nas empresas para monitorar a<br />
satisfação do cliente e pesquisar<br />
sobre a qualidade em todo processo<br />
comercial, na entrega etc.<br />
É impressionante como os clientes<br />
gostam disso, sentem-se seguros,<br />
e, com o tempo, a equipe comercial<br />
também aceita muito bem esse<br />
processo. É um back-up da equipe<br />
comercial. Se o processo falha por<br />
algum motivo, alguém tem que<br />
entrar em ação rapidamente.<br />
Monitore a satisfação dos<br />
6<br />
clientes – Monitorar a<br />
satisfação dos clientes é<br />
muito importante, mas,<br />
há algum tempo, tem ficado claro<br />
que mesmo clientes satisfeitos<br />
podem abandonar seus fornecedores.<br />
É claro que a satisfação<br />
reduz a probabilidade de abandono,<br />
mas, além disso, é preciso<br />
monitorar o comportamento do<br />
cliente e da sua empresa em relação<br />
a ele.<br />
Fred Reiccheld criou o índice<br />
NPS (net promoter score). Basicamente,<br />
ele parte do que Reiccheld<br />
chama de “a pergunta definitiva”:<br />
de zero a dez, qual a probabilidade<br />
de você indicar nossos produtos<br />
ou serviços?<br />
1 Se a resposta for de 0 a 6, os<br />
clientes são detratores – e<br />
você precisa buscar saber por<br />
que deram uma nota baixa.<br />
1 De 7 a 8 são neutros – e você<br />
precisa definir o que vai fazer<br />
para melhorar a percepção<br />
deles da sua empresa.<br />
1 De 9 a 10 são promotores – e<br />
você precisa usá-los a seu favor!<br />
A conta é simples – mas funciona:<br />
subtraia o percentual dos<br />
promotores dos detratores e descubra<br />
o seu índice.<br />
7<br />
Empunhe essa bandeira –<br />
Se você considera a fidelização<br />
de clientes<br />
realmente importante e<br />
entende os benefícios que ela<br />
pode gerar para sua empresa,<br />
precisa empunhar essa bandeira<br />
– ou seja, incentivar indicadores<br />
de fidelização e vendedores<br />
que fidelizam clientes deve<br />
fazer parte do seu discurso. Você<br />
precisa viver isso de verdade<br />
para que sua empresa dê a devida<br />
importância a essa questão.<br />
Alguém precisa, contudo, encabeçar<br />
esse projeto! Se não for<br />
você, eleja outra pessoa, e assegure-se<br />
de que os indicadores<br />
de satisfação sejam monitorados<br />
frequentemente.<br />
Mãos à obra!<br />
Temos, aqui, um verdadeiro<br />
manual de fidelização dividido<br />
em etapas para que você minimize<br />
sua perda de clientes. O desgaste<br />
da base custa muito caro<br />
para as empresas. Fazer uma gestão<br />
justa, realmente próxima da<br />
fidelização de clientes, e monitorar<br />
os indicadores de perto é uma<br />
grande lição e, acima de tudo,<br />
uma demonstração de que os<br />
clientes são realmente importantes<br />
para sua empresa.<br />
Mas isso tem que ir além do<br />
discurso. Deve fazer parte das<br />
ações que você adota no dia a dia.<br />
Fique perto dos seus clientes, entenda<br />
as necessidades e comportamentos<br />
dele e seja um especialista<br />
nesse processo. Sua empresa,<br />
seu departamento financeiro<br />
e, acima de tudo, seus clientes<br />
agradecem!<br />
Marcelo Caetano é sócio-diretor da consultoria<br />
Soluções <strong>VendaMais</strong> e autor dos livros<br />
Vendedor fiel, cliente fiel e Chega de desconto!<br />
E-mail: caetano@vendamais.com.br<br />
“Quanto mais<br />
itens o cliente<br />
consome da<br />
sua empresa,<br />
menor é a<br />
probabilidade<br />
de abandono.”<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 65
ATÉ MAIS / DA REDAÇÃO<br />
Você está preparado para conseguir<br />
resultados melhores nas suas negociações?<br />
Dedicamos uma edição (quase) inteira da <strong>VendaMais</strong> à negociação com um<br />
objetivo simples: garantir que, a partir de agora, você esteja 100% preparado<br />
para sair das mesas de negociação sempre satisfeito com o resultado alcançado.<br />
A bola está com você! Coloque todas as dicas da revista em prática, inspire-se<br />
nas histórias contadas aqui e continue estudando para se tornar um negociador<br />
cada vez melhor. Sua missão é preencher a checklist abaixo uma vez a cada seis<br />
meses até ter certeza de que só respondeu “sim”. Aceita o desafio?<br />
Você sabe como influenciar – e não manipular – na direção de um acordo positivo?<br />
( ) Sim<br />
( ) Não<br />
Você elaborou sua matriz de concessões antes de iniciar a negociação?<br />
( ) Sim<br />
( ) Não<br />
Você está preparado para evitar os principais erros em uma negociação?<br />
( ) Sim<br />
( ) Não<br />
Você sabe como identificar e neutralizar as objeções que venham a surgir?<br />
( ) Sim<br />
( ) Não<br />
Você sabe o que fazer caso seu preço seja questionado?<br />
( ) Sim<br />
( ) Não<br />
Você domina as técnicas para lidar com concessões, reduções e descontos?<br />
( ) Sim<br />
( ) Não<br />
Você tem feito follow-up para saber como deve agir depois de a<br />
negociação ter sido concluída?<br />
( ) Sim<br />
( ) Não<br />
Boas negociações!<br />
66<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017
Liberdade<br />
para pensar<br />
Para ser verdadeiramente<br />
livre, você precisa fazer<br />
o esforço de pensar<br />
por si próprio. Aqueles<br />
que não investem o tempo<br />
necessário e nem se<br />
esforçam para procurar<br />
sinceramente a verdade<br />
estarão sempre sujeitos<br />
à tirania e ao abuso.<br />
Uma vida de qualidade<br />
não ocorre por acaso –<br />
você precisa se esforçar<br />
para pensar, raciocinar<br />
e agir com integridade.<br />
Não existe como fugir<br />
disso. Esforços sinceros<br />
e dedicação geralmente<br />
acabam em alegria. Preguiça<br />
e falta de esforço<br />
geralmente terminam<br />
em sofrimento. Acontece<br />
todos os dias, de milhões<br />
de formas diferentes.<br />
A verdadeira liberdade é<br />
a liberdade “para”: liberdade<br />
para conquistar,<br />
liberdade para pensar,<br />
liberdade para fazer diferente.<br />
Na próxima vez<br />
em que alguém lhe oferecer<br />
alguma forma de<br />
prazer vazio, pense em<br />
como essa proposta é<br />
absurda.<br />
A alegria está no esforço.<br />
A liberdade está na responsabilidade.<br />
Aprenda<br />
com os outros, mas não<br />
deixe que eles pensem<br />
por você. Essa tarefa é<br />
sua. A recompensa, também.<br />
Ralph Marston
68<br />
vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017