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VendaMais-261-negociacao

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Entrevista<br />

William Ury, cofundador do Programa de Negociação da Universidade de<br />

Harvard e um dos mais renomados especialistas em negociação e mediação do mundo,<br />

descomplica teorias e indica o caminho para você se tornar um negociador de sucesso<br />

ANO 22 I Nº <strong>261</strong> I MARÇO-ABRIL/2017 I R$ 19,50<br />

vendamais.com.br<br />

C O N H E C I M E N T O S I H A B I L I D A D E S I A T I T U D E S


2<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 3


vendamais<br />

MAR-ABR/17<br />

06 Editorial<br />

Como a prospecção influencia na<br />

negociação?<br />

08 Reservado para você<br />

O que os leitores dizem sobre a<br />

<strong>VendaMais</strong><br />

09 Entre nós<br />

Dicas selecionadas pela nossa equipe<br />

especialmente para você<br />

10 On-line<br />

As últimas pesquisas, novidades e<br />

tendências do mercado<br />

36<br />

12 Manual do líder<br />

Quer engajar sua equipe? Aprenda a<br />

negociar com ela!<br />

14<br />

14 Entrevista<br />

William Ury, cofundador do Programa<br />

de Negociação da Universidade de<br />

Harvard e um dos mais renomados<br />

especialistas em negociação e<br />

mediação do mundo, descomplica<br />

teorias e indica o caminho que você<br />

precisa percorrer para se tornar um<br />

negociador de sucesso<br />

20 Supernegociadores<br />

Saiba o que fazem os profissionais de<br />

vendas que se destacam no momento<br />

da negociação<br />

4 vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


30<br />

50<br />

52<br />

24 Jerônimo Mendes<br />

Uma boa negociação exige um ótimo<br />

preparo<br />

26 Top 10<br />

10 livros para entender os princípios<br />

da negociação e negociar melhor<br />

30 João Kepler<br />

O negociador na era digital<br />

32 Gestão de equipes<br />

Descubra de quantos vendedores sua<br />

equipe comercial precisa<br />

34 JB Vilhena<br />

O mito do “ganha-ganha”<br />

36 Capa<br />

Guia da negociação em vendas<br />

50 Marcelo Ortega<br />

O caminho para negociar melhor<br />

52 Marketing de conteúdo<br />

Como contar histórias que vendem<br />

56 João Alberto Costenaro<br />

Gatilhos mentais na negociação<br />

58 Guilherme Machado<br />

Vendas de ciclo longo: como vencer o<br />

desafio da modernidade<br />

60 César Frazão<br />

Dicas práticas para se preparar para<br />

objeções em uma negociação<br />

62 Marcelo Caetano<br />

Cuide da fidelização e pare de perder<br />

clientes!<br />

56<br />

58<br />

46 Silvia Candeloro<br />

Existe diferença entre homens e<br />

mulheres negociando?<br />

48 Enciclopédia <strong>VendaMais</strong><br />

A arte da negociação<br />

66 Até mais<br />

Você está preparado para conseguir<br />

resultados melhores nas suas<br />

negociações?<br />

67 Ralph Marston<br />

Liberdade para pensar<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 5


EDITORIAL<br />

Raul CANDELORO<br />

Como a<br />

prospecção<br />

influencia na<br />

negociação?<br />

Hoje estou me sentindo até mais inteligente: consegui<br />

citar Dalai Lama, William de Occam, Albert Einstein<br />

e Sun Tzu no mesmo artigo! Vamos começar pelo<br />

Dalai...<br />

“Se quiser saber de onde vem o veneno num<br />

rio, siga-o rio acima, em direção à fonte, e não rio<br />

abaixo.”<br />

Vários colegas meus, especialistas em negociação,<br />

dão, nas próximas páginas, dicas excelentes<br />

e bem específicas sobre como negociar melhor,<br />

os principais erros a evitar, como se preparar<br />

para uma negociação etc. Eu quero dar um passo<br />

atrás e analisar o assunto um pouco mais “de<br />

longe”, como se estivesse voando por cima e observando.<br />

Como disse o Dalai Lama, se queremos descobrir<br />

a causa de alguma coisa (como problemas de<br />

negociação, por exemplo), é melhor ir à fonte.<br />

Vamos, então, seguir rio acima.<br />

Comecemos pelo melhor lugar para começar,<br />

à la Rei de Copas em Alice no País das Maravilhas:<br />

pelo começo, relembrando os passos da venda e<br />

como eles estão coordenados entre si.<br />

1) Planejamento e preparação<br />

2) Prospecção<br />

3) Abordagem<br />

4) Levantamento de necessidades<br />

5) Proposta de valor<br />

6) Negociação<br />

7) Fechamento<br />

8) Pós-venda<br />

Falando especificamente de<br />

nosso material de capa, a conversa<br />

hoje é: será que precisamos melhorar<br />

só a capacidade de negociação<br />

da equipe comercial ou<br />

será que podemos tomar outras<br />

atitudes pré-negociação que podem<br />

fortalecer nossa posição e até<br />

evitar várias situações de fraqueza<br />

nas negociações?<br />

Meu objetivo principal neste<br />

artigo é tirar um pouco o foco de<br />

um passo isolado do outro – seja<br />

de negociação, nosso tema de capa,<br />

ou de prospecção, que os assinantes<br />

têm comentado como principal<br />

desafio atualmente.<br />

Simplificar é ótimo e sou grande<br />

defensor da Lei da Parsimônia,<br />

criada por William de Occam, que<br />

diz o seguinte: “Quando temos<br />

hipóteses concorrentes para explicar<br />

um fenômeno, aquela que<br />

assume menos condições ou variáveis<br />

é que deve ser escolhida.”<br />

Ou seja, na dúvida, escolha o caminho<br />

mais simples.<br />

Por outro lado, isso me faz lembrar<br />

também de Albert Einstein,<br />

que disse, certa vez: “Tudo deveria<br />

ser feito o mais simples possível,<br />

mas não mais simples que isso.”<br />

6<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


Entendeu? Uma coisa é procurar<br />

um caminho simples. Outra é tentar<br />

simplificar algo complexo e, no<br />

processo, acabar eliminando coisas<br />

importantes e comprometendo não<br />

só sua análise, mas, principalmente,<br />

o resultado final.<br />

Quando falamos de problemas<br />

de negociação, estamos falando<br />

de consequências ou de causas?<br />

Tornando a pergunta mais simples<br />

e direta: onde, exatamente, nascem<br />

os problemas que surgem nas negociações<br />

comerciais?<br />

Ou, melhor ainda: por que os<br />

vendedores têm que negociar? (Se<br />

eu fizesse essa pergunta a uma<br />

turma de vendedores, ela facilmente<br />

renderia um workshop de quatro<br />

horas).<br />

Usando a referência do Dalai<br />

Lama, uma ideia inteligente seria<br />

ir “corrente acima”, “subindo” nos<br />

passos da venda, entendendo o que<br />

podemos fazer antes da negociação<br />

para melhorar os resultados durante<br />

ela.<br />

Por exemplo, estas são situações<br />

típicas que influenciam uma negociação<br />

comercial antes mesmo de<br />

ela começar:<br />

1 Taxa baixa de conversão da<br />

equipe de vendas.<br />

1 Levantamento de necessidades<br />

fraco.<br />

1 Perda contínua de clientes.<br />

1 Falta de diferenciais.<br />

1 Despreparo da equipe em todos<br />

os passos da venda anteriores<br />

à negociação.<br />

1 Segmentação errada de clientes.<br />

1 Recrutamento de vendedores<br />

com perfil desalinhado com a<br />

função.<br />

1 Planos de remuneração que estimulam<br />

metas divergentes.<br />

Tudo isso influencia uma negociação<br />

antes mesmo de ela começar.<br />

Nas próximas páginas da revista,<br />

você vai encontrar dezenas de dicas<br />

e conselhos sobre como negociar<br />

melhor. Eu quero que você coloque<br />

tudo isso em prática (pois negociar<br />

bem é fundamental na vida, não só<br />

em vendas), mas, principalmente,<br />

que pense na frase do Dalai Lama<br />

sobre “subir o rio”, procurando a<br />

causa real do problema e não apenas<br />

dando voltas em torno das consequências.<br />

Para terminar, eu tinha prometido<br />

citar Sun Tzu. Farei, no<br />

futuro, um artigo dedicado só à<br />

Arte da guerra, mas já adianto<br />

alguns pensamentos do general<br />

chinês para você avaliar antes de<br />

colocar em prática todas as dicas<br />

sobre negociação desta edição:<br />

1 A suprema arte da guerra é<br />

vencer a batalha sem lutar.<br />

1 Guerreiros vitoriosos primeiro<br />

vencem e depois vão para a batalha.<br />

Guerreiros derrotados<br />

vão primeiro para a batalha e<br />

aí procuram formas de vencer.<br />

1 Se você se conhecer e conhecer<br />

o inimigo, não precisará temer<br />

o resultado de cem batalhas.<br />

1 Aquele que sabe quando lutar<br />

e quando não lutar sempre será<br />

vitorioso.<br />

Coloque essas quatro frases<br />

em um quadro e apresente para<br />

sua equipe antes da próxima reunião<br />

de treinamento, quando forem<br />

falar sobre negociação.<br />

Tudo na vida tem a parte estratégica,<br />

a parte tática e a parte operacional.<br />

Seja estratégico e o resto<br />

todo fica mais fácil. Suba o rio.<br />

Abraço e boas negociações,<br />

Raul Candeloro – Diretor<br />

Site: www.vendamais.com.br<br />

E-mail: raul@vendamais.com.br<br />

Diretor<br />

Raul Candeloro<br />

raul@vendamais.com.br<br />

editor<br />

Natasha Schiebel<br />

natasha@vendamais.com.br<br />

DIREtor DE ARTE<br />

Anderson L.A.<br />

anderson@vendamais.com.br<br />

conselho editorial<br />

Raul Candeloro<br />

Marcelo Caetano<br />

coLABORAÇÃO<br />

Francine Pereira<br />

João Guilherme Brotto<br />

Tom S. Neto<br />

REVISÃO<br />

Lumos Soluções Editoriais<br />

ATENDIMENTO AO LEITOR<br />

atendimento@vendamais.com.br<br />

JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />

Natasha Schiebel<br />

natasha@vendamais.com.br<br />

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<strong>VendaMais</strong> ® é publicada 6 vezes ao ano pela<br />

Editora Quantum e comercializada pela<br />

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Curitiba-PR. CEP: 80251-970<br />

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Horário de atendimento: das 8h às 18h<br />

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Editora Quantum. Tiragem desta edição: 21.000<br />

exemplares. Todos os direitos reservados. A reprodução<br />

total ou parcial deste material é permitida mediante<br />

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e desde que citada a fonte. O conteúdo dos artigos é de<br />

responsabilidade dos autores.<br />

Autores ou consultores que quiserem publicar seus trabalhos<br />

nas áreas de vendas ou marketing entrem em contato com a<br />

equipe editorial pelo telefone: (41) 3022-1000.<br />

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como pela sua produção e compromissos inerentes, é da<br />

agência e do anunciante.<br />

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DE PUBLICAÇÕES<br />

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Nossa missão:<br />

Fazer o Brasil vender melhor.<br />

7


Reservado para Você<br />

Raul candeloro<br />

Responde<br />

Olá!<br />

No episódio “Os primeiros noventa dias de um vendedor na<br />

sua equipe”*, do programa <strong>VendaMais</strong> Responde, vocês dizem que<br />

o novo vendedor deve acompanhar o profissional que melhor segue<br />

os processos da empresa. Meus veteranos não seguem nossos<br />

procedimentos padrão e incentivam os novatos a também não<br />

seguirem. O que posso fazer?<br />

Luiz Alfredo Kiefer<br />

*Acesse bit.ly/90diasvendas e assista!<br />

Luiz Alfredo, que bela pergunta – e que pepino!<br />

Essa situação me lembra de quando eu pedia para meu pai me ajudar<br />

nas tarefas de matemática. Ele me ensinava algumas formas<br />

de resolver um problema, eu ficava impaciente e exasperado, e dizia:<br />

“Pai, eu só quero a resposta!” E ele respondia: “Se eu lhe der um<br />

peixe, amanhã você vai pedir outro. Se eu ensinar a pescar, você vai<br />

poder pegar os seus peixes.”<br />

Imagino que você queria o peixe – é o que geralmente as pessoas<br />

querem. Mas seja paciente, pois vou ensiná-lo a pescar.<br />

O processo de “colocar pessoas a bordo” (onboarding) é uma das<br />

principais oportunidades – mas também uma das grandes falhas –<br />

nos departamentos comerciais. E uma equipe de vendas que boicota<br />

e subverte o processo mostra desalinhamento e falha grave<br />

de liderança. Basicamente, você está dizendo que é refém da equipe.<br />

Não pode ser assim.<br />

Tudo começa com a definição clara dos valores do líder e da<br />

empresa. Se o líder não define, não comunica e não cobra (com<br />

consequências) que os valores sejam vividos, a equipe vai definir<br />

ela mesma esses valores. Isso é um grande problema!<br />

Duas perguntas que eu faria para ajudar a resolver as causas<br />

desse problema – e não apenas lidar com as consequências/os<br />

sintomas – são:<br />

1) Por que os veteranos não seguem as regras? Como isso nasceu<br />

e por que é persistente e generalizado?<br />

2) Por que os veteranos subvertem o processo e não fazem corretamente<br />

a educação/onboarding dos novatos?<br />

Essas perguntas podem ajudar você a fazer uma avaliação do<br />

seu processo de liderança. Entenda que a questão mais importante<br />

aqui é de liderança fraca, que precisa ser revista. É duro de falar,<br />

mas é a verdade.<br />

Tenho dicas mais práticas sobre esse assunto que não couberam<br />

aqui. Então, publiquei um artigo completo em nosso site.<br />

Acesse bit.ly/RaulResponde para ler.<br />

Abraço e boas vendas,<br />

Raul Candeloro<br />

Olá, equipe <strong>VendaMais</strong>!<br />

Tenho 53 anos. Já fui securitário, economiário,<br />

bancário e, atualmente, sou correspondente bancário<br />

com produtos voltados para o comércio varejista. Gosto<br />

de marketing multinível e também de venda direta.<br />

Quero ressaltar que quando leio a revista <strong>VendaMais</strong>,<br />

além de ser plenamente orientado com surpreendente<br />

abrangência, também me sinto revigorado por um<br />

entusiasmo espetacular! A <strong>VendaMais</strong> é uma verdadeira<br />

bússola para os profissionais da área comercial.<br />

Ronaldo Tadeu<br />

Fui monitora de treinamentos de vendas e muitos<br />

(muitos mesmo!) materiais dos meus cursos foram<br />

desenvolvidos a partir dessa revista maravilhosa. Sou<br />

fã do Raul Candeloro. Ele sabe muito!<br />

Marcia Niffa<br />

Participe da seção<br />

Reservado para Você<br />

Envie críticas, sugestões, deixe sua palavra, conte sua história,<br />

divida seus resultados conosco, mostre sua equipe*. O espaço é<br />

todo seu. Estamos esperando por você!<br />

Escreva agora mesmo para: leitor@vendamais.com.br e participe!<br />

*As fotos serão avaliadas pela equipe de redação.<br />

8<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


ENTRE NÓS<br />

Resolvemos fazer algo diferente no Entre Nós desta edição e pedimos a alguns<br />

profissionais da nossa equipe para darem dicas do que leram/assistiram<br />

recentemente. A seleção de sugestões ficou incrível e bem variada, confira!<br />

Pre-suasion (ainda sem tradução no<br />

Brasil), de Robert Cialdini, é a minha<br />

dica este mês. O autor é um cientista e<br />

pesquisador rigoroso que testa hipóteses<br />

e depois apresenta os resultados<br />

de maneira fácil e simples de entender<br />

e aplicar. Em As armas da persuasão (ed.<br />

Elsevier), ele introduziu o conceito dos<br />

gatilhos mentais que ajudam a convencer<br />

as pessoas e, nesta obra, mostra<br />

como você pode criar um cenário de<br />

“pré-encontro” para aumentar as chances<br />

de sucesso na condução de negociações<br />

e situações cotidianas. Recomendo!<br />

Raul Candeloro, diretor da <strong>VendaMais</strong><br />

Confúcio disse: “Escolha um trabalho que<br />

você ama e não terá que trabalhar um<br />

único dia em sua vida.” O problema é que,<br />

muitas vezes, o amor pelo trabalho traz<br />

consigo a dificuldade de se desconectar<br />

e aproveitar a vida em sua plenitude. Enfrentando<br />

esse dilema, encontrei no mindfulness<br />

um caminho para viver de forma<br />

mais leve. O conceito é apresentado em<br />

detalhes em Mindful Work: How Meditation<br />

is Changing Business from the Inside Out,<br />

ainda sem tradução no Brasil. Um livro<br />

cheio de exemplos práticos e teorias descomplicadas<br />

sobre meditação e atenção<br />

plena que podem mudar sua vida!<br />

Natasha Schiebel, jornalista<br />

Uma lição de vida é um filme<br />

baseado em fatos<br />

reais que conta a trajetória<br />

do queniano Kimani<br />

Maruge, que, depois de<br />

ter lutado pela liberdade<br />

de seu país por muito<br />

tempo – chegando a ser<br />

preso e torturado –, resolve,<br />

aos 84 anos, se<br />

matricular na escola. Incentivado<br />

pelo programa<br />

governamental que prometia<br />

“educação primária<br />

para todos”, Maruge encara<br />

uma nova luta para<br />

conseguir permanecer no<br />

colégio e completar seus<br />

estudos. A coragem e a<br />

determinação desse senhor<br />

que entrou para o<br />

Guinness World Records<br />

servem de inspiração para<br />

muitas esferas da vida!<br />

Thalita Uba, revisora<br />

Ao contrário do que o título sugere, Não<br />

há tempo a perder não fala de pressa,<br />

mas de fazer acontecer. No livro, o conhecido<br />

velejador Amyr Klink nos lembra<br />

que grandes feitos não acontecem<br />

da noite para o dia, fala da beleza de<br />

planejar jornadas épicas e dos desafios<br />

de colocar ideias em prática e de transformar<br />

sonhos em realidade. Em uma<br />

história muito envolvente, Klink revela<br />

trechos de sua biografia, nos provoca<br />

a pensar sobre o real sentido de nossa<br />

existência e nos inspira a realizar.<br />

João Guilherme Brotto, jornalista<br />

bit.ly/<br />

historia-unica<br />

A grande lição que tirei da palestra O<br />

perigo da história única da nigeriana<br />

Chimamanda Ngozi Adichie, foi que ao<br />

criar concepções com base apenas em<br />

uma versão, além de corrermos o risco<br />

de sermos preconceituosos, perdemos<br />

a oportunidade de aprender.<br />

Trazendo essa ideia para a realidade<br />

de vendas, cada cliente tem experiências<br />

e necessidades únicas. Entender<br />

essas individualidades fortalece sua<br />

conexão com eles e também faz com<br />

que você perceba que as diferenças<br />

não são o que os separa, mas, sim, o<br />

que verdadeiramente os une.<br />

Assista! bit.ly/historia-unica<br />

Francine Pereira, jornalista<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 9


ON-LINE<br />

POR Francine Pereira<br />

Blockchain:<br />

um novo modelo econômico<br />

vem surgindo<br />

Você já ouviu falar em blockchain?<br />

Não? Mas talvez você já conheça a<br />

bitcoin, uma espécie de moeda digital que<br />

é controlada pelos próprios usuários ao<br />

redor do globo – e não por instituições<br />

bancárias –, não é mesmo? Pois Blockchain<br />

é o esquema de armazenamento e compartilhamento<br />

de informações que permite<br />

que a bitcoin funcione!<br />

Resumidamente, podemos dizer<br />

que o blockchain funciona como um fichário<br />

global em que cada transação<br />

fica registrada digitalmente. “É uma<br />

base de dados descentralizada que armazena<br />

um registro de ativos e transações<br />

numa rede ponto a ponto. É<br />

basicamente um registro público de<br />

quem possui o quê e de quem negocia<br />

o quê”, explica a pesquisadora na área<br />

de política e tecnologia Bettina Warburg.<br />

Bettina defende que essa descentralização<br />

pode dar mais autonomia às<br />

pessoas por meio da redução de incertezas.<br />

Por meio da tecnologia blockchain,<br />

ao comprar algo de alguém na internet,<br />

por exemplo, seria possível confirmar<br />

a credibilidade do vendedor analisando<br />

os registros das transações já efetuadas<br />

por ele. E as possibilidades dessa<br />

tecnologia vão muito além da moeda<br />

digital, já que ela pode ser utilizada<br />

para realizar transações de todos os<br />

tipos no mundo inteiro.<br />

Mais informações,<br />

menos incertezas<br />

Para ajudar a entender a ideia dessa tecnologia,<br />

a pesquisadora faz uma comparação<br />

com a Wikipédia – uma plataforma<br />

que armazena informações que são publicadas<br />

e compartilhadas coletivamente<br />

e estão em constante transformação.<br />

No entanto, enquanto a Wikipédia “guarda”<br />

apenas palavras e imagens, a tecnologia<br />

blockchain permite armazenar qualquer<br />

tipo de ativo digital – bitcoins, contratos,<br />

objetos do mundo real e até mesmo<br />

informações pessoais.<br />

Bettina destaca que o que faz essa<br />

tecnologia ter alto potencial de transformar<br />

a economia é o fato de que ela<br />

tira o poder centralizador de instituições<br />

e o coloca na mão dos usuários. Com o<br />

blockchain seria possível, por exemplo,<br />

transferir dinheiro para qualquer lugar<br />

do mundo sem ter que pagar taxas e<br />

depender de bancos. “As instituições são<br />

ferramentas criadas para reduzir incertezas<br />

de modo a podermos nos conectar<br />

e trocar todo tipo de valor em sociedade.<br />

Acredito que estejamos entrando agora<br />

numa revolução maior e mais radical na<br />

maneira como interagimos e fazemos<br />

negócios, pois, pela primeira vez, podemos<br />

não apenas reduzir incertezas com<br />

relação a instituições políticas e econômicas,<br />

como bancos, corporações ou<br />

governos, mas também fazê-lo por meio<br />

da tecnologia”, esclarece.<br />

Assista à palestra de Bettina no<br />

TED para entender melhor essa<br />

novidade que pode revolucionar a<br />

economia – e, consequentemente,<br />

a forma como fazemos negócios:<br />

bit.ly/blockchain-palestra<br />

10<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


vendamais.com.br<br />

A aquisição da revista <strong>VendaMais</strong> dá direito ao acesso do conteúdo exclusivo<br />

do site <strong>VendaMais</strong> (www.vendamais.com.br). Se você é assinante, basta<br />

digitar seu e-mail e sua senha. Caso tenha adquirido a revista nas bancas,<br />

digite o login “banca” e a palavra-chave “NEGOCIAR”, válida apenas para os<br />

meses de MARÇO e ABRIL.<br />

5 grandes tendências de consumo para 2017<br />

Trendwatching, uma das principais empresas de pesquisa de tendências no mundo, indica que estes serão os<br />

A principais movimentos e características dos consumidores neste ano:<br />

Economia da experiência virtual – As infinitas possibilidades do mundo digital devem se destacar perante<br />

as limitações do mundo físico. O consumidor usará suas experiências virtuais para definir sua identidade e<br />

reafirmar seu status – as experiências que ele vive dirão muito sobre quem ele é.<br />

Mundos separados – O mundo nunca esteve tão globalizado e tão dividido ao mesmo tempo. As marcas que<br />

ajudarem seus consumidores a encontrar sua identidade, suas raízes e sua individualidade e, ao mesmo<br />

tempo, passarem uma mensagem de união global ganharão destaque nesse cenário.<br />

Indivíduos incógnitos – Cada vez mais as empresas têm moldado seus produtos, seus serviços e sua comunicação<br />

de acordo com os perfis dos clientes. No entanto, em 2017, devemos ver os consumidores querendo agir de<br />

forma incógnita – seja para evitar discriminações (de raça, sexo, religião etc.) ou para encontrar novas identidades.<br />

Novas capacidades – Os consumidores atuais já esperam que os processos, produtos e serviços das empresas com<br />

que eles se relacionam sejam sustentáveis. A tendência, agora, é que as organizações não sejam apenas eco-friendly,<br />

mas também encontrem novas formas de valorizar seus recursos e novos caminhos para eliminar desperdícios.<br />

Marcas big brother – A utilização de seus dados pelas empresas já não é novidade. Em 2017, a Trendwatching<br />

prevê que as pessoas estarão cada vez mais predispostas a compartilhar suas informações em troca de<br />

conveniência, personalização e rapidez.<br />

Quer saber mais sobre cada uma dessas tendências e conferir exemplos de marcas que já embarcaram nesses<br />

movimentos? Acesse: bit.ly/tendencias-consumo-2017<br />

De acordo com o relatório Navigating the new digital divide<br />

– Capitalizing on digital influence in retail (Navegando na<br />

divisão digital – Capitalizando a influência digital no varejo, em<br />

uma tradução livre), desenvolvido pela consultoria Delloite,<br />

aproximadamente 64 centavos de cada dólar gastos no<br />

varejo são resultado de influências provocadas pela interação<br />

digital. O estudo descobriu que:<br />

Consumidores influenciados digitalmente compram e<br />

gastam mais. Clientes que usam ferramentas digitais<br />

convertem 20% a mais do que os que não usam tecnologias<br />

digitais em seu processo de compra.<br />

A influência do mundo digital<br />

nas compras do mundo físico Cerca de oito em cada dez consumidores<br />

fazem contato com<br />

marcas e produtos antes de ir a<br />

uma loja física. Dessa forma, eles<br />

são influenciados digitalmente<br />

muito antes do processo de compra<br />

em si.<br />

Você tem aproveitado esses números<br />

a seu favor? Não? Pois está na<br />

hora. Mãos à obra!<br />

Saiba mais em: bit.ly/relatorio-consu<br />

midor-digital<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 11


MANUAL DO LÍDER<br />

Por Francine Pereira<br />

Quer<br />

engajar<br />

sua<br />

equipe?<br />

Aprenda<br />

a negociar<br />

com ela!<br />

Determinação, carisma, autoconfiança,<br />

comunicação. Essas são algumas das habilidades<br />

que a liderança demanda. Porém,<br />

muitas vezes, o talento para negociar é<br />

deixado de lado nessa conta. O advogado<br />

e pesquisador na área de negociação internacional<br />

Jeswald W. Salacuse comenta que,<br />

geralmente, relaciona-se a negociação apenas<br />

com questões externas da organização – negociar com<br />

cliente, com fornecedor, com um parceiro etc.<br />

No entanto, Salacuse, que também é autor do livro Leaders:<br />

How to Manage Smart, Talented, Rich, and Powerful People<br />

(Líderes: Como gerenciar pessoas inteligentes, talentosas, ricas<br />

e poderosas, em uma tradução livre – ainda não lançado no<br />

Brasil), destaca que essa associação está incorreta. Afinal,<br />

como ele explica, a autoridade do líder tem limite e, muitas<br />

vezes, ele precisa não só informar sua equipe, mas negociar<br />

com ela para que as informações sejam efetivamente absorvidas.<br />

“Para persuadir as pessoas que você lidera, você<br />

precisa apelar para os interesses delas, comunicar-se com<br />

elas de forma efetiva e vender a sua visão – tudo isso faz<br />

parte de uma verdadeira negociação”, frisa Salacuse.<br />

Confira as duas dicas do pesquisador para potencializar<br />

o poder de negociação com a equipe e impulsionar o seu<br />

poder de persuasão como líder:<br />

1) Coloque o interesse do<br />

outro em foco.<br />

Salacuse alerta que carisma e hierarquia<br />

não são suficientes para que seus<br />

liderados realmente o sigam. “As pessoas<br />

seguem seus líderes quando<br />

percebem que essa é a opção que mais<br />

atende a seus próprios interesses.<br />

Assim como negociadores focam no<br />

interesse da outra parte, líderes também<br />

devem procurar sempre entender<br />

e satisfazer os interesses de sua equipe”,<br />

detalha o especialista, apontando<br />

que essa é a melhor maneira de<br />

engajar verdadeiramente os profissionais.<br />

2) Encontre a maneira correta<br />

de se comunicar.<br />

Tão importante quanto saber o que comunicar<br />

a seus liderados é entender como<br />

realizar essa comunicação. Salacuse explica<br />

que a forma como você passa uma<br />

mensagem à sua equipe indica o seu nível<br />

de comprometimento e isso, por sua vez,<br />

irá influenciar a forma como suas ideias<br />

serão aceitas. Ele aconselha a sempre<br />

levar em conta o perfil e o estilo do profissional<br />

com o qual você está se comunicando<br />

para que possa realmente persuadi-lo.<br />

“A maneira como você escolhe<br />

se comunicar revela algo sobre você e<br />

sobre sua relação com a pessoa que você<br />

está tentando liderar”, pondera.<br />

12<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


Duas visões diferentes sobre<br />

negociação de salários que<br />

defendem a transparência<br />

Como controlar as emoções e evitar<br />

conflitos na negociação<br />

Como líder, você está constantemente exposto a situações de conflito que requerem<br />

habilidades de negociação – por exemplo: quando dois funcionários estão<br />

discutindo, quando um profissional da equipe o confronta, quando precisa convencer<br />

o seu superior quanto a um tema sobre o qual vocês não concordam e<br />

assim por diante. Nessas ocasiões, é comum que as pessoas acabem ficando mais<br />

emocionais. É seu papel, na posição de líder, tentar contornar<br />

a situação e não deixar que emoções como raiva, frustração<br />

e impulsividade tomem conta da situação.<br />

Como fazer isso? No livro Everyday Negotiation: Navigating<br />

the Hidden Agendas in Bargaining (Negociação no dia a dia: Navegando<br />

nas pautas ocultas da negociação, em uma tradução livre,<br />

ainda sem edição em português), Deborah M. Kolb e Judith<br />

Williams indicam alguns caminhos para lidar com esses conflitos<br />

e tentar chegar a um acordo. Conheça três deles:<br />

Dê um tempo. Muitas vezes, o melhor a se fazer é dar um tempo para que<br />

1) todos esfriem a cabeça e recomponham-se. As autoras explicam que isso<br />

evita piorar a situação, prevenindo o efeito “bola de neve” – que pode, até mesmo,<br />

acabar atingindo você.<br />

Tire a negatividade do ar e assuma uma postura profissional e positiva. Se,<br />

2) por exemplo, um profissional de sua equipe culpar incorretamente a empresa<br />

ou você por algo que não deu certo, ao invés de ficar ofendido, tente mostrar,<br />

por meio de documentos e dados, que o que ele está falando não corresponde<br />

com a realidade e, depois, incentive o debate sobre o que deve ser feito para corrigir<br />

a situação.<br />

Foco no problema, e não nas pessoas. Se dois profissionais de sua equipe<br />

3) estiverem discutindo uma meta ou estratégia e esse debate começar a ficar<br />

um pouco mais “quente”, você deve agir de modo a retomar o foco na questão em<br />

si. Pode dizer, por exemplo: “Vamos deixar os julgamentos pessoais de lado e<br />

focar na decisão que precisamos tomar. Quais são as propostas efetivas?” Assim,<br />

você não estará defendendo ninguém e estará contribuindo para que a questão<br />

seja, de fato, resolvida.<br />

Em 2016, a rede social Reddit divulgou<br />

uma política de recursos humanos polêmica:<br />

as propostas de trabalho para<br />

a contratação de novos profissionais<br />

da empresa vêm com uma oferta de<br />

salário não negociável. O valor é baseado<br />

em pesquisas de mercado de acordo<br />

com a posição oferecida, sem levar<br />

em conta histórico salarial do candidato<br />

ou outros fatores pessoais. Ellen<br />

Pao, CEO interina do Reddit, explica que<br />

a ideia é eliminar a desigualdade de<br />

pagamentos entre homens e mulheres.<br />

Já David Burkus, especialista<br />

em gestão e criatividade,<br />

defende que a melhor<br />

maneira de criar um<br />

ambiente mais equilibrado<br />

em termos de salário é adotar<br />

uma política em que todos<br />

na empresa sabem<br />

exatamente quanto cada<br />

um ganha. Segundo Burkus,<br />

isso é benéfico para os funcionários e<br />

para a empresa, porque quando as pessoas<br />

não conseguem comparar seu salário<br />

com o do colega, elas tendem a se<br />

sentir mal pagas ou até mesmo discriminadas.<br />

Ele cita um estudo feito com<br />

70 mil profissionais, em que dois terços<br />

dos que recebiam dentro da média do<br />

mercado sentiam que estavam sendo<br />

mal remunerados.<br />

O que você acha dessas visões?<br />

Qual você acha que é o melhor caminho<br />

para negociar salários com sua equipe?<br />

Mande um e-mail com a sua opinião<br />

sobre o tema para: leitor@vendamais.<br />

com.br. Seu depoimento poderá ser<br />

publicado na próxima edição da Venda-<br />

Mais e inspirar outros gestores a definir<br />

sua política de negociação salarial!<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 13


ENTREVISTA / Por João Guilherme Brotto com tradução de Thalita Uba /<br />

DIVULGAÇÃO<br />

14<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


Negociação<br />

descomplicada<br />

William Ury é certeiro: “Não há<br />

habilidade mais vital para um<br />

vendedor do que a de saber fazer<br />

uma negociação cooperativa.” Quer<br />

desenvolver essa habilidade? Siga<br />

as dicas que o guru apresentou com<br />

exclusividade para a <strong>VendaMais</strong>!<br />

le é um dos especialistas em negociação<br />

mais influentes do mundo.<br />

Entre mediar conflitos de<br />

guerra, costurar acordos bilionários<br />

e treinar dezenas de milhares<br />

de pessoas nos quatro cantos do<br />

planeta, lá se vão 35 anos de carreira.<br />

Não seria exagero dizer que<br />

o norte-americano William Ury<br />

é uma lenda viva da literatura de<br />

negócios. Um clássico.<br />

Cofundador do Programa de<br />

Negociação da Universidade de<br />

Harvard (EUA), nosso entrevistado desta edição é<br />

autor de diversos best-sellers. Sua obra Como chegar<br />

ao SIM: Como negociar acordos sem fazer concessões,<br />

por exemplo, é o livro de negociação mais vendido<br />

da história. Desde seu lançamento, em 1981, foi<br />

traduzido para 34 idiomas e vendeu mais de 11<br />

milhões de cópias apenas em inglês.<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 15


Ury conversou com exclusividade com a Venda-<br />

Mais sobre o tema central desta edição especial. Um<br />

bate-papo despretensioso, mas provocador, que vai<br />

convidar você a refletir sobre suas atuações enquanto<br />

negociador. Como bem diz nosso convidado, “a<br />

maior barreira [para nos tornarmos bons negociadores]<br />

reside dentro de cada um de nós”.<br />

Rever conceitos, desaprender para aprender,<br />

evoluir. É para isso que estamos todos aqui, certo?<br />

A resposta para a negociação ideal está, muitas<br />

vezes, dentro de você mesmo.<br />

Aliás, você já visitou a sacada hoje? Se não entendeu<br />

a que essa pergunta se refere, continue a<br />

leitura e descubra por que esse é um dos principais<br />

segredos dos negociadores de sucesso…<br />

<strong>VendaMais</strong> – Como você define uma negociação<br />

de sucesso?<br />

William Ury – Uma negociação de sucesso resulta<br />

em um desfecho otimizado, que satisfaça os interesses<br />

principais das duas partes. O processo é eficiente<br />

em tempo e em energia. E o relacionamento melhora<br />

com o resultado da negociação, ao invés de se<br />

deteriorar. A essência de uma negociação bem-sucedida<br />

não é dar o braço a torcer, nem ceder naquilo<br />

que é essencial, mas a busca por um acordo mutuamente<br />

satisfatório.<br />

Quais são os principais erros que os vendedores<br />

cometem quando negociam e que fazem com que<br />

eles não alcancem esse sucesso?<br />

Um dos erros mais comuns é pensar que pegar leve<br />

com a pessoa significa pegar leve com o problema.<br />

É tentar agradar o cliente e dar a ele o que quer que<br />

seja que ele esteja pedindo para fechar a venda. O<br />

que vejo negociadores bem-sucedidos fazendo é<br />

“pegar leve com as pessoas, pegar pesado com o<br />

problema”. Distinguir entre as pessoas – a dimensão<br />

relacional, emocional e psicológica da negociação<br />

– e o problema – as questões substanciais e materiais.<br />

Pegar leve com as pessoas significa ouvir o<br />

cliente com atenção, buscar compreender suas reais<br />

necessidades. Pegar pesado com o problema significa<br />

apostar em uma abordagem conjunta de resolução<br />

de problemas: “Como podemos suprir as suas<br />

necessidades da melhor maneira possível de forma<br />

que a solução seja excelente tanto para você quanto<br />

para nós?”<br />

Ou seja, no fim das contas, talvez o maior obstáculo<br />

para o sucesso nas negociações não seja a outra<br />

parte, por mais difícil que ela pareça ser. A maior<br />

barreira, pela minha experiência, reside dentro de<br />

cada um de nós. É nossa tendência humana e perfeitamente<br />

compreensível a reagir – em outras palavras,<br />

a agir impulsivamente, sem pensar primeiro. Como<br />

diz o velho ditado: “Quando estiver zangado, você<br />

fará o melhor discurso do qual vai se arrepender.” A<br />

fundação de uma negociação bem-sucedida é “ir até<br />

a sacada”, um lugar de calma e perspectiva onde podemos<br />

nos focar nos nossos reais interesses. Afinal<br />

de contas, como podemos querer influenciar os outros<br />

se não conseguimos influenciar a nós mesmos primeiro?<br />

A chave, em negociação, é permanecer rigorosamente<br />

focado no que é mais importante para nós.<br />

Fale mais sobre essa teoria de “ir para a sacada”.<br />

Como podemos saber o melhor momento para<br />

fazer isso?<br />

Ir para a sacada significa se distanciar da situação<br />

e permitir que sua mente adentre uma “sacada mental”<br />

onde você poderá encontrar calma e perspectiva.<br />

Significa manter os olhos no contexto geral e<br />

focar no que é realmente importante para você na<br />

negociação.<br />

Quando uma negociação tropeça em algum tipo<br />

de dificuldade, o primeiro passo é ir para a sacada.<br />

Uma maneira de fazer isso é simplesmente respirar<br />

fundo e fazer uma pausa antes de responder alguma<br />

coisa ou programar intervalos frequentes. A sacada<br />

é o lugar aonde vamos para nos prepararmos para<br />

uma negociação e para onde voltamos depois da<br />

negociação para extrair lições e poder continuar<br />

melhorando nossas habilidades de negociação continuamente.<br />

16<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


Quando você fala sobre “ir para a sacada”, fala<br />

também sobre encontrar a “terceira parte” de uma<br />

negociação. O que quer dizer com isso?<br />

Ir para a sacada nos permite assumir essa terceira<br />

parte da negociação. A partir dessa terceira parte,<br />

você consegue entender o cliente e entender a sua<br />

própria empresa com objetividade e encontrar uma<br />

solução que seja boa para os dois lados. Uma ferramenta<br />

da terceira parte – e que é um dos maiores<br />

poderes que temos em qualquer negociação – é a<br />

habilidade de reestruturar. Se queremos mudar um<br />

jogo de confrontação para um de cooperação, precisamos<br />

aprender a mudar a estrutura, a maneira como<br />

enxergamos a situação. Temos esse poder. Em qualquer<br />

negociação ou conflito, é quase como se houvesse um<br />

holofote, e esse holofote pode estar voltado para os<br />

posicionamentos rígidos – à medida que cada parte<br />

bate o pé e se recusa a se mover –, ou voltado para os<br />

interesses, as motivações, os desejos ou as preocupações<br />

implícitas de cada lado. O holofote pode estar<br />

focado em posicionamentos inflexíveis ou em uma<br />

série de opções criativas para resolver o problema.<br />

Pode estar dando destaque a quem está certo ou a<br />

critérios objetivos de justiça, como preço de mercado.<br />

Reestruturar significa mover o holofote dos posicionamentos<br />

para os interesses, as opções e os critérios.<br />

O que faz de um vendedor um bom negociador?<br />

Um bom negociador é, acima de tudo, um bom ouvinte,<br />

que sabe como se colocar no lugar do outro.<br />

Um bom negociador sabe como defender seus interesses<br />

ao mesmo tempo em que busca uma solução<br />

criativa que supra as necessidades de ambas as partes.<br />

Um bom negociador, portanto, precisa ser capaz<br />

de manter duas perspectivas diferentes na cabeça ao<br />

mesmo tempo – uma do seu próprio lado, e outra do<br />

lado oposto.<br />

Quais são os comportamentos e as atitudes mais<br />

importantes para um bom negociador?<br />

Se você observar os comportamentos de negociadores<br />

de sucesso, vai descobrir que eles ouvem muito mais<br />

do que falam. Costumamos pensar em negociadores<br />

“A essência de<br />

uma negociação<br />

bem-sucedida<br />

não é dar o braço<br />

a torcer, nem<br />

ceder naquilo<br />

que é essencial,<br />

mas a busca por<br />

um acordo<br />

mutuamente<br />

satisfatório.”<br />

(William Ury)<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 17


“Costumamos<br />

pensar em<br />

negociadores<br />

bem-sucedidos<br />

como bons<br />

falantes, mas<br />

ser um bom<br />

ouvinte é ainda<br />

mais<br />

importante.<br />

Trata-se de<br />

escutar, e<br />

trata-se de<br />

respeitar. Ouvir<br />

e respeitar<br />

provavelmente<br />

são as<br />

concessões<br />

mais baratas<br />

que você pode<br />

fazer em uma<br />

negociação.<br />

Não custam<br />

nada, mas<br />

significam<br />

muito para a<br />

outra parte.”<br />

(William Ury)<br />

bem-sucedidos como bons falantes, mas ser um bom<br />

ouvinte é ainda mais importante. Trata-se de escutar,<br />

e trata-se de respeitar. Ouvir e respeitar provavelmente<br />

são as concessões mais baratas que você pode<br />

fazer em uma negociação. Não custam nada, mas<br />

significam muito para a outra parte.<br />

Como a empatia poder ser usada como uma ferramenta<br />

nas negociações?<br />

Negociar é um exercício de influência, de mudar o<br />

pensamento da outra pessoa. Mas como poderíamos<br />

mudar o que outra pessoa pensa se não sabemos o<br />

que ela está pensando? Daí a importância da empatia.<br />

Empatia não é a mesma coisa que solidariedade. Solidariedade<br />

significa “sentir pela pessoa”, ao passo<br />

que empatia significa “entender o que se passa dentro<br />

dela”. Através da empatia, você pode descobrir<br />

quais são as reais necessidades e preocupações do<br />

cliente. Com empatia, você pode encontrar uma maneira<br />

de atender aos interesses da sua empresa e da<br />

outra parte ao mesmo tempo. Muitas vezes, não é<br />

nada fácil, mas com empatia, criatividade e persistência<br />

você frequentemente consegue encontrar a<br />

melhor solução, aquela que cria valor para todos e<br />

realmente resolve o problema.<br />

Como os gerentes de vendas podem dar um fim à<br />

cultura do desconto – uma prática muito popular<br />

entre os profissionais de vendas brasileiros?<br />

A essência de uma negociação de sucesso não é se<br />

render, nem ceder naquilo que é essencial, mas a<br />

busca conjunta por um acordo mutuamente satisfatório.<br />

Mesmo que a outra parte esteja engajada na<br />

“cultura do desconto”, a melhor maneira é passar a<br />

primeira metade da negociação explorando interesses<br />

e padrões independentes de imparcialidade. Use a<br />

pergunta mágica: por quê? “Por que você quer um<br />

desconto? Ajude-me a entender suas necessidades.”<br />

Isso abre caminho para um diálogo de resolução de<br />

problemas que frequentemente pode resultar em uma<br />

solução que satisfaça ambas as partes. Não é fácil<br />

mudar uma cultura, mas o melhor primeiro passo é<br />

fazer boas perguntas que abordem as motivações, as<br />

necessidades e as preocupações implícitas do cliente.<br />

Uma pesquisa que fizemos recentemente mostrou<br />

que muitos vendedores são maus negociadores<br />

porque sofrem de ansiedade. Como resolver isso?<br />

Como uma pessoa pode ser menos ansiosa?<br />

A chave para o sucesso, como eu falei antes, é aprender<br />

a ir para a sacada – um local de calma mental<br />

e emocional –, onde você pode ficar de olho no<br />

prêmio. A partir da perspectiva de claridade e calma<br />

que paira na sacada, vamos negociar com muito<br />

mais eficiência. Uma maneira de aumentar a<br />

autoconfiança e tratar a ansiedade é dar um passo<br />

atrás por um instante, analisar a situação com objetividade,<br />

e avaliar sua MAPAN – sua Melhor<br />

Alternativa Para um Acordo Negociado. Como você<br />

vai satisfazer seus interesses se, por algum motivo,<br />

não conseguir chegar a um acordo? O que<br />

pode fazer para melhorar sua MAPAN? Você conseguiria<br />

encontrar outro cliente em potencial ou<br />

pode conversar com outra pessoa da empresa? MA-<br />

PAN é sinônimo de poder. Se você desenvolver uma<br />

boa alternativa para satisfazer seus interesses, vai<br />

ter mais confiança e mais poder.<br />

Como criar um objetivo inteligente para uma negociação?<br />

Vá para a sacada e reflita sobre seus interesses implícitos.<br />

Continue se perguntando “por quê”. Priorize<br />

suas metas. Seu objetivo, por exemplo, pode não ser<br />

18<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


apenas um acordo de curto prazo, mas um relacionamento<br />

de longa duração mutuamente lucrativo.<br />

O que fazer quando um prospect diz: “É caro demais/<br />

Não tenho esse dinheiro”?<br />

Não trate isso como um problema, mas como uma<br />

oportunidade, uma chance para explorar e saber mais<br />

sobre os interesses do seu prospect. Ao invés de forçar<br />

a outra parte a um fechamento, o que pode simplesmente<br />

criar mais resistência, faça o oposto e veja se<br />

você consegue atraí-lo na direção de um possível<br />

acordo ao tratar de suas preocupações e mostrar o<br />

valor que o seu produto ou serviço poderia trazer<br />

para ela. Construa uma “ponte de ouro” para o cliente,<br />

facilitando as coisas ao máximo para que ele tome<br />

a decisão que você gostaria que ele tomasse.<br />

Como as técnicas de storytelling podem ajudar uma<br />

negociação a ter mais sucesso?<br />

Como antropólogo, eu sempre fui um grande fã do<br />

poder da história para tocar as pessoas, educar e<br />

influenciar. Se você pode contar uma boa história<br />

sobre um uso bem-sucedido do seu produto ou serviço,<br />

isso pode ajudar a fechar a venda. Enxergue seu<br />

trabalho como o de alguém que está ajudando um<br />

cliente a criar uma história em sua própria mente<br />

sobre como o seu produto ou serviço vai ajudá-lo a<br />

ter sucesso nos negócios.<br />

1 Entenda o conceito de storytelling e saiba como usá-lo no<br />

seu dia a dia em vendas lendo a reportagem “A arte de contar<br />

histórias que vendem” (p. 52)<br />

Conte-nos sobre a negociação mais difícil da qual<br />

você já participou e como ela terminou.<br />

Acho que as negociações mais difíceis estão no domínio<br />

da guerra e da paz. Talvez a mais difícil que<br />

eu já encarei tenha sido a mediação entre os grandes<br />

líderes da Rússia e da Chechênia. Milhares de pessoas<br />

estavam morrendo e nós conseguimos chegar a<br />

uma trégua temporária. Não conseguimos, contudo,<br />

o apoio financeiro necessário da comunidade global<br />

para criar condições econômicas para a paz. Sem<br />

emprego e sem esperança, os jovens homens voltaram<br />

a lutar e logo a guerra recomeçou. Foi de partir o<br />

coração, mas ressaltou a importância de criar as<br />

condições econômicas e sociais certas para a paz.<br />

Essa lição me motivou a começar um projeto com<br />

parceiros brasileiros no Oriente Médio para criar o<br />

Caminho de Abraão (www.abrahampath.org), um<br />

caminho como o de Santiago de Compostela. O Caminho<br />

de Abraão, agora ativo, com 2 mil quilômetros<br />

de trilhas de caminhada e hospedagem em casas de<br />

famílias em dezenas de vilas no Oriente Médio, está<br />

lentamente criando condições econômicas e sociais<br />

para uma transformação da região. Nosso lema é: um<br />

passo de cada vez. Convidamos todo mundo a caminhar<br />

conosco para ajudar a criar um mundo melhor<br />

e mais pacífico para nossas crianças.<br />

Quais são seus principais conselhos para profissionais<br />

de vendas que querem se tornar negociadores<br />

melhores?<br />

As empresas estão reconhecendo que as velhas técnicas<br />

de vendas de pressionar o comprador não são<br />

adequadas para criar as parcerias de longa duração<br />

que elas buscam com os clientes. Além disso, os<br />

clientes estão ficando mais sofisticados e demandando<br />

soluções especiais que são únicas para suas necessidades.<br />

Isso requer que se customize cada venda<br />

e exige que a empresa confira mais amplitude ao<br />

vendedor para que ele possa negociar uma venda<br />

mutuamente lucrativa. Provavelmente não há habilidade<br />

mais vital para um vendedor do que a de saber<br />

fazer uma negociação cooperativa.<br />

Livro: Como chegar<br />

ao SIM: Como<br />

negociar acordos sem<br />

fazer concessões<br />

Autores: Roger<br />

Fisher, William Ury e<br />

Bruce Patton<br />

Editora: Solomon<br />

Livro: Supere o não:<br />

Negociando com<br />

pessoas difíceis<br />

Autor: William Ury<br />

Editora: Best Seller<br />

Livro: Como chegar<br />

ao sim com você<br />

mesmo: O primeiro<br />

passo em qualquer<br />

negociação, conflito<br />

ou conversa difícil<br />

Autor: William Ury<br />

Editora: Sextante<br />

Livro: O poder do não<br />

positivo: Como dizer<br />

não e ainda assim<br />

chegar ao sim<br />

Autor: William Ury<br />

Editora: Elsevier<br />

1 A palestra de William Ury no TED já foi assistida por mais de 1,5 milhão<br />

de pessoas. Junte-se a elas e descubra o caminho entre o “não” e o “sim”<br />

acessando bit.ly/TED-William-Ury<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 19


Supernegociadores / DA REDAÇÃO /<br />

Arquivo Pessoal<br />

Grandes negociadores,<br />

grandes lições<br />

20<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


Segredo do sucesso:<br />

jogo de cintura<br />

Certa vez, atendi um cliente que, na hora do fechamento,<br />

falou: “Eu só fecho se você baixar o preço”, e<br />

começou a me colocar em uma saia justa na frente da<br />

esposa e da profissional que me acompanhava.<br />

Eu, com muita sutileza, perguntei qual era o ramo<br />

de negócios em que ele atuava. Ele respondeu que tinha<br />

uma empresa de prestação de serviços. Com essa informação<br />

em mãos, perguntei: “Posso chegar na sua<br />

empresa dizendo o quanto quero pagar, apresentando<br />

o preço que considero ideal para o que você vende?”<br />

Apesar de perceber que ele estava assustado, continuei:<br />

“A negociação tem que ser boa para ambas as<br />

partes. Eu descrevi todas as qualidades e todos os<br />

diferenciais do meu produto para fazê-lo entender que<br />

a questão é valor, não preço, mas se o que você quer<br />

é pagar menos, sinta-se à vontade para ir atrás de<br />

outros fornecedores no mercado. O que posso garantir<br />

é que, aqui, o produto que você está comprando é<br />

único e diferenciado, trabalhado artesanalmente, o<br />

que justifica o preço que está sendo cobrado.”<br />

Eu sei que podia ter perdido a venda, mas sabia<br />

que o que estava falando era a verdade. Resultado? O<br />

cliente assinou o cheque e finalizou a compra exatamente<br />

no valor que eu havia determinando. Para mim,<br />

fica claro que o preço não é um determinante na<br />

venda. O que realmente faz a diferença é<br />

a posição do vendedor.<br />

Suzi Boleta, gerente comercial<br />

Segredo do sucesso:<br />

amostra grátis e valor agregado<br />

Nossos objetivos eram simples: entender as grandes dificuldades<br />

enfrentadas na hora de negociar, descobrir quais são<br />

os erros mais comuns em negociação – e que, muitas vezes,<br />

levam a resultados indesejados – e conhecer as melhores<br />

práticas dos supernegociadores para, então, produzir um verdadeiro<br />

guia para ajudar você a melhorar seus resultados em negociação.<br />

Para isso, ao longo de quase três meses entrevistamos centenas<br />

de vendedores, gerentes de vendas e diretores comerciais de empresas<br />

dos mais diversos tamanhos e segmentos. O resultado foi a mais<br />

completa pesquisa sobre negociação já feita no Brasil, que é a base<br />

desta edição especial sobre o tema. E é dela que vêm as histórias a<br />

seguir. Um pequeno recorte do que alguns dos melhores negociadores<br />

do Brasil têm feito e uma grande fonte de inspiração para você<br />

que quer se tornar um negociador melhor. Acompanhe e aprenda!<br />

Atuo no segmento de telecomunicações, na venda<br />

dos serviços de voz e dados para o mercado corporativo.<br />

Esta é uma das histórias mais marcantes<br />

para mim...<br />

Um de meus clientes estava mudando de endereço.<br />

Ele ia deixar o Centro do Rio de Janeiro para se mudar<br />

para a Barra da Tijuca. Na ocasião, avisou a operadora<br />

da qual era cliente (uma concorrente da minha<br />

empresa) que precisava fazer a alteração de cadastro.<br />

Para sua indignação, a operadora não lhe deu a devida<br />

atenção, então ele resolveu buscar outras alternativas.<br />

Entramos na concorrência para esse atendimento,<br />

mas o nosso preço era o maior dentre todos os concorrentes.<br />

Nossos diferenciais eram o prazo de entrega<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 21


e o atendimento, porém o cliente estava reticente, pois<br />

tínhamos apenas sete anos de mercado e nossa marca<br />

não era tão conhecida quanto as outras.<br />

A solução que encontramos foi a seguinte: convidamos<br />

o prospect para vir até nossa empresa<br />

para conhecer a área de tecnologia e a nossa diretoria<br />

e oferecemos um teste de 15 dias do serviço<br />

de voz para que ele visse na prática o funcionamento<br />

do nosso serviço. Além disso, indicamos alguns<br />

grandes clientes da nossa carteira para que ele<br />

averiguasse nossa idoneidade no funcionamento<br />

de nossos serviços e atendimento. Foram 60 dias<br />

de negociações e trabalho pelo nosso lado. No final,<br />

recebemos o “sim” do cliente e trouxemos toda a<br />

sua rede de dados e voz para nossa base, cumprindo<br />

o prometido e ainda ajudando em algumas soluções<br />

de TI que ele tinha dificuldades de implantar.<br />

Hoje, temos um faturamento em telecomunicações<br />

na casa de R$ 15 mil apenas com<br />

esse cliente.<br />

Alexandre Teixeira, gerente comercial<br />

Segredo do sucesso:<br />

dedicação e disposição para conquistar<br />

confiança<br />

Recentemente, assumimos o atendimento, por meio<br />

de um distribuidor, de uma grande rede varejista de<br />

supermercados no Rio de Janeiro que, até então,<br />

recebia atendimento direto da indústria e que tinha<br />

se sentido desprestigiada com essa mudança. O cenário<br />

era adverso e delicado. Agendada a primeira<br />

reunião, fizemos nosso dever de casa, visitando todas<br />

as lojas, identificando os perfis do mercado, das<br />

regiões, do público consumidor, dos funcionários,<br />

dos formadores de opinião e dos decisores, do mix<br />

de produtos existente, recomendado e encontrado,<br />

e assim por diante.<br />

Cumprida essa etapa, preparamos e apresentamos<br />

os cenários encontrados, os pontos fortes, os<br />

aspectos que precisavam de melhoria, as ameaças,<br />

mas, principalmente, as oportunidades e os ganhos<br />

que a rede teria com nossos produtos e serviços. A<br />

partir desse momento, conseguimos reverter a percepção<br />

do cliente e ganhamos a confiança dele. Em<br />

pouco tempo, fomos considerados um dos melhores<br />

fornecedores para se trabalhar. Missão<br />

dada, cliente satisfeito!<br />

Roberto Lavinas, gerente comercial<br />

Segredo do sucesso:<br />

“perder” hoje para ganhar amanhã<br />

Há cerca de um mês, iniciamos conversas com uma<br />

multinacional para assumir seu parque de impressão.<br />

Inicialmente, nos passaram uma demanda que<br />

não refletia a realidade e, com isso, criou-se um<br />

impasse em que a empresa não queria fechar um<br />

contrato longo, entendendo que perderia dinheiro<br />

com isso. Dessa forma, chegamos ao consenso de<br />

oferecer o serviço por um prazo de três meses, uma<br />

espécie de test drive em que validaremos a real necessidade<br />

do cliente e, com base nisso, se tudo der<br />

certo, fecharemos um contrato de longo<br />

prazo. Todos saíram ganhando.<br />

Julio Cesar de Paula, diretor<br />

Segredo do sucesso:<br />

ofereceu? Entregue!<br />

Certa vez, atendi um casal jovem que queria móveis<br />

planejados para o apartamento que tinham acabado<br />

de comprar. Eles vieram conhecer a loja, pois foram<br />

indicados por algumas pessoas que já haviam feito<br />

negócio conosco. Conversamos, fizemos o briefing de<br />

necessidade para poder desenvolver o projeto, e quando<br />

chegamos no quesito valor de investimento, foi bem<br />

difícil fazer eles se abrirem e falarem quanto realmente<br />

desejavam investir. No final, acabaram cedendo.<br />

Em outro dia, vieram à loja para a apresentação e<br />

não gostaram muito da nossa proposta, pois apesar de<br />

o valor ter ficado dentro do orçamento, não continha<br />

tudo o que eles estavam imaginando. Pediram, então,<br />

algumas alterações para que o resultado fosse o que<br />

eles esperavam. Obviamente, o valor final subiu um<br />

pouco, mas como eles estavam dispostos a pagar à<br />

vista, oferecemos um bom desconto para aproximar o<br />

valor do que tinha sido solicitado no briefing. Eles ficaram<br />

de pensar e ver outro orçamento para comparar.<br />

Poucas horas depois, disseram que tinham conseguido<br />

uma proposta melhor em outra loja que, além<br />

de apresentar um orçamento final mais baixo que o<br />

nosso, ofereceu vários brindes. Conversamos por um<br />

bom tempo ao telefone e explicamos as diferenças de<br />

fazer móveis planejados com uma empresa com uma<br />

fábrica grande, com garantias, e com uma pequena<br />

em que o dono é vendedor, negociador e fabricante.<br />

Ofereci tudo o que podíamos para continuar no “ganha-ganha”,<br />

mas eles foram irredutíveis e disseram<br />

“A negociação tem<br />

que ser boa para<br />

ambas as partes. Eu<br />

descrevi todas as<br />

qualidades e todos<br />

os diferenciais do<br />

meu produto para<br />

fazê-lo entender<br />

que a questão é<br />

valor, não preço,<br />

mas se o que você<br />

quer é pagar menos,<br />

sinta-se à vontade<br />

para ir atrás de<br />

outros fornecedores<br />

no mercado.”<br />

(Suzi Boleta)<br />

“Antes de entrar<br />

em qualquer<br />

negociação,<br />

devemos conhecer<br />

muito bem as<br />

necessidades do<br />

cliente, nossa<br />

capacidade para<br />

atendê-las e,<br />

principalmente,<br />

nossos diferenciais<br />

em relação à<br />

concorrência.<br />

Assim, adquirimos<br />

mais autoconfiança<br />

e os preços e<br />

prazos se tornam<br />

secundários no<br />

fechamento do<br />

negócio.”<br />

(Lúcio Flávio Gouvêa)<br />

22<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


que fechariam com o concorrente. Agradeci a atenção e o tempo investido<br />

conosco e disse que, se mudassem de ideia, a proposta ainda estaria de pé.<br />

Dois dias depois o rapaz ligou perguntando se poderia ir à loja para<br />

fecharmos o contrato, pois a outra loja tinha voltado atrás na negociação<br />

e o que seria brinde, agora já seria cobrado. Fechamos a venda e o cliente<br />

ficou satisfeito, pois todos saíram ganhando com essa<br />

negociação.<br />

Lisandra Menezes, gerente comercial<br />

Segredo do sucesso:<br />

informação é poder!<br />

Recentemente, gerenciei um processo de vendas de uma empresa nacional<br />

de porte médio para um grande cliente, multinacional, disputando com<br />

concorrentes maiores e também multinacionais.<br />

Na segunda rodada de negociação, inevitavelmente nos deparamos com<br />

as variáveis “preço e prazo” para o fornecimento mensal de uma grande<br />

quantidade de produtos. Embora eu já tivesse apresentado descontos e os<br />

preços e prazos estarem estrangulados, solicitei, para ganhar tempo, alguns<br />

dias extras para analisar mais possíveis descontos. Deram-me mais dois dias.<br />

E como foram preciosos esses dois dias! Sabendo que não tinha mais descontos<br />

e prazos para ofertar, foquei em buscar alguma diferenciação a meu favor...<br />

Minha estratégia foi a seguinte: visitei clientes do meu cliente para entender<br />

os pontos fortes e fracos e logo descobri que a entrega dos produtos<br />

era concentrada em poucos dias, no início de cada mês, com pouca disponibilidade<br />

de espaço para estocagem. Portanto, a logística era o diferencial que<br />

eu procurava! Tínhamos ociosidade na produção e nossa planta industrial<br />

era a mais próxima das unidades de recepção do cliente.<br />

Voltei para a próxima rodada não com uma oferta de mais desconto, mas<br />

com um cronograma de entrega que atenderia às necessidades do cliente.<br />

Fechamos o negócio e fornecemos para esse cliente durante quatro anos, até<br />

que ele desativou aquela unidade. Durante todo o período de fornecimento,<br />

fomos pressionados por mais descontos a cada alteração de preços que, necessariamente,<br />

apresentávamos, mas nunca cedemos a essa pressão porque<br />

nosso atendimento era impecável.<br />

Conclusão: antes de entrar em qualquer negociação, devemos conhecer<br />

muito bem as necessidades do cliente, nossa capacidade para atendê-las e,<br />

principalmente, nossos diferenciais em relação à concorrência. Assim, adquirimos<br />

mais autoconfiança e os preços e prazos se tornam<br />

secundários no fechamento do negócio.<br />

Lúcio Flávio Gouvêa, gerente comercial<br />

Agora é com você!<br />

Gostou das histórias reunidas aqui?<br />

Então continue a leitura desta revista, prepare-se para ser um supernegociador<br />

como todos os personagens desta seção e comece a construir a sua<br />

própria história de sucesso!<br />

23


Preparação e planejamento<br />

Jerônimo Mendes<br />

Uma boa negociação<br />

exige um ótimo preparo<br />

O<br />

ato de negociar é tão antigo quanto a origem humana – afinal, desde<br />

que nascemos somos induzidos a negociar todos os dias, por diferentes<br />

meios (choro, concessões, diálogos, gestos, negações e assim por<br />

diante), a fim de conseguir o que queremos para sobreviver.<br />

A palavra “negociação” tem uma relação direta com o trabalho<br />

desde os tempos mais remotos. No início, o trabalho tinha caráter de<br />

castigo e era tido como punição para os pecados. Os poderosos, déspotas,<br />

imperadores, reis, tiranos etc. enalteciam o ócio, que era considerado<br />

uma virtude, um prêmio, um sinal de força, uma manifestação<br />

do prazer. Ao contrário dos “pobres mortais”, quando os poderosos<br />

desejavam fazer alguma coisa de concreto, eles apelavam para<br />

o nec + otium (não + ócio, em latim), ou seja, eles negavam o ócio, mas<br />

sem efetivamente trabalhar. O que eles faziam, afinal, era negociar<br />

algo em troca, geralmente, de concessões para o povo.<br />

A maioria das pessoas pensa que o ato de negociar refere-se apenas<br />

a dinheiro e negócios, mas, na prática, todos negociam o tempo<br />

24<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


todo, de maneira instintiva e, por<br />

vezes, nem se dão conta de que é<br />

isso que estão fazendo.<br />

O surgimento de um negociador<br />

Ninguém nasce sabendo negociar,<br />

mas algumas pessoas vão aprendendo<br />

e demonstrando mais habilidade<br />

do que outras em razão<br />

da sua própria história de vida.<br />

Filhos de pais negociantes tendem<br />

a se tornar mais hábeis do que<br />

outras pessoas que não cresceram<br />

em ambientes de negociação.<br />

Por outro lado, boa parte nem<br />

sabe que possui excelentes instrumentos<br />

de negociação – conhecimento<br />

técnico, experiência,<br />

habilidades etc. – e, portanto, não<br />

utiliza esse arsenal para extrair<br />

o melhor proveito possível das<br />

situações.<br />

Na maioria das negociações,<br />

é desejável que a outra parte se<br />

sinta confortável quanto àquilo<br />

que foi decidido para que se<br />

possa avançar e criar um relacionamento<br />

duradouro e valioso<br />

para todas as partes envolvidas.<br />

Como diz David Brown<br />

em seu livro Os segredos da negociação,<br />

negociar funciona da<br />

forma “toma lá, dá cá” e é, dessa<br />

forma, uma maneira de encontrarmos<br />

uma solução de<br />

compromisso e concordarmos<br />

quanto a um caminho que nos<br />

permita avançar. Dessa forma,<br />

antes de começar a negociar, é<br />

necessário estar preparado para<br />

o “toma lá, dá cá”.<br />

O que é preciso fazer para<br />

melhorar sua performance<br />

como negociador<br />

Você já sabe muita coisa a respeito<br />

desse assunto, mas, às vezes,<br />

é necessário reorganizar as ideias<br />

e aplicá-las de maneira mais técnica,<br />

considerando que a outra<br />

parte também está se preparando<br />

e, portanto, as percepções são<br />

recíprocas.<br />

Em primeiro lugar, lembre-se:<br />

vender é diferente de negociar.<br />

Se alguém não souber essa simples<br />

distinção, é provável que se torne<br />

um péssimo vendedor e, acima<br />

de tudo, um mau negociante.<br />

Quando você vende, está persuadindo<br />

um potencial comprador<br />

a comprar certo produto ou<br />

serviço. E, na maioria das vezes,<br />

o comprador sequer argumenta,<br />

por várias razões: conhecimento<br />

prévio do produto, inexistência<br />

de outra opção, primeira necessidade,<br />

relação com a marca etc.<br />

Quando você negocia, provavelmente<br />

discute preço, embalagem,<br />

valor, qualidade, quantidade,<br />

prazo de entrega, forma de pagamento<br />

etc. e sempre tem que<br />

chegar a um bom acordo sobre<br />

tudo isso.<br />

Diz o ditado: a boa preparação<br />

evita o mau desempenho. Por isso,<br />

algumas questões são fundamentais<br />

antes de partir para o campo<br />

de batalha – ou melhor, para o<br />

ambiente de negociação. Assim,<br />

você terá muito mais chances de<br />

chegar a um acordo satisfatório<br />

para ambos os lados. Vejamos:<br />

1. Saiba com quem você está lidando:<br />

Expectativas, preferências,<br />

cultura, comportamento,<br />

pressões, opções (concorrentes),<br />

posição do negociador<br />

(autoridade, cargo) etc.<br />

Parte do sucesso na negociação<br />

está diretamente relacionada<br />

ao conhecimento sobre<br />

a empresa e as pessoas com<br />

quem você vai negociar.<br />

2. Estabeleça objetivos claros:<br />

Conheça suas limitações e<br />

faça uma lista de itens nos<br />

quais você pode ou não fazer<br />

concessões. Ou seja: saiba o<br />

que é e o que não é negociável<br />

– caso contrário, você pode<br />

acabar concedendo mais do<br />

que o necessário e ganhando<br />

menos do que deveria. Como<br />

diz Stephen Covey, autor do<br />

best-seller Os 7 hábitos das pessoas<br />

altamente eficazes: comece<br />

tendo o fim em mente e<br />

tudo caminhará para isso.<br />

3. Estude as possíveis abordagens<br />

da outra parte: Em tudo<br />

na vida existe ação e reação.<br />

Em negociação, não é diferente.<br />

Dessa forma, lembre-se das<br />

diferenças de percepção: não<br />

é o que você diz ou pensa, é<br />

o que o seu cliente percebe. O<br />

que tem mais valor para quem<br />

está do outro lado da mesa?<br />

Coloque-se no lugar da outra<br />

parte, além de considerar a<br />

sua própria posição, assim<br />

será mais fácil reconhecer o<br />

que é mais importante para<br />

os dois lados.<br />

4. Planeje suas táticas: Quem<br />

fala primeiro? Qual a pergunta<br />

de abertura? Como você<br />

vai conduzir o jogo? Vai começar<br />

com a parte mais fácil<br />

da negociação ou com a mais<br />

difícil? Você pode ter várias<br />

ideias, mas como vai utilizar<br />

tudo isso no calor da emoção?<br />

A conversa deve ser curta ou<br />

demorada? Use todo o seu conhecimento<br />

sobre a outra parte<br />

para decidir a tática certa<br />

a ser adotada.<br />

Por fim, como afirmou o Duque<br />

de Wellington, famoso general<br />

britânico, o tempo dedicado ao<br />

reconhecimento jamais é desperdiçado.<br />

Portanto, quanto melhor<br />

a preparação, maiores as chances<br />

de fechar um negócio que seja,<br />

acima de tudo, bom e duradouro<br />

para ambas as partes.<br />

“Diz o ditado: a<br />

boa preparação<br />

evita o mau<br />

desempenho.<br />

Por isso,<br />

algumas<br />

questões são<br />

fundamentais<br />

antes de partir<br />

para o campo<br />

de batalha – ou<br />

melhor, para o<br />

ambiente de<br />

negociação.”<br />

Jerônimo Mendes – Administrador,<br />

coach, empreendedor<br />

e palestrante. É autor<br />

dos livros A atitude muda<br />

tudo, Empreendedorismo<br />

para jovens e Manual do empreendedor.<br />

Visite o site:<br />

www.jeronimomendes.<br />

com.br<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 25


Top 10 / Por Francine Pereira<br />

10 livros<br />

para entender<br />

os princípios<br />

da negociação<br />

e negociar<br />

melhor<br />

ma edição temática sobre negociação<br />

não podia deixar de<br />

lado as principais obras sobre<br />

o assunto. Pensando em ajudá-<br />

-lo a desenvolver suas habilidades<br />

de influenciador e de<br />

negociador, reunimos nas páginas<br />

a seguir dez dos principais<br />

livros relacionados a esses<br />

temas. Descubra títulos e autores<br />

que são autoridades em<br />

negociação e aprenda a influenciar<br />

as pessoas de maneira eficiente<br />

e justa, alcançando seus<br />

objetivos ao mesmo tempo em<br />

que constrói relacionamentos<br />

duradouros e produtivos.<br />

Como chegar ao sim<br />

Como negociar acordos sem<br />

fazer concessões<br />

Autores: Roger Fisher, William<br />

Ury e Bruce Patton<br />

Quando você entra em uma<br />

negociação, quer evitar ao<br />

máximo o conflito e acaba<br />

aceitando as condições impostas<br />

pela outra parte sem<br />

reclamar? Ou você é daqueles<br />

que fazem de tudo para<br />

defender os seus interesses,<br />

mesmo prejudicando o outro?<br />

E se a gente dissesse que<br />

pode existir um meio-termo<br />

mais vantajoso para todos?<br />

É o que Roger Fisher,<br />

William Ury e Bruce Patton,<br />

professores do programa de<br />

negociação da Universidade<br />

de Harvard (EUA), apontam<br />

no livro Como chegar ao sim.<br />

Os pesquisadores defendem<br />

uma negociação baseada em<br />

princípios, na qual se buscam<br />

benefícios mútuos. Assim,<br />

ao invés de cada um defender<br />

seu lado, ambos almejam um<br />

resultado bom para todas as<br />

partes.<br />

Dica: Em sua palestra no TED,<br />

William Ury, um dos autores deste<br />

livro, fala mais sobre os conceitos<br />

abordados na obra. Assista ao vídeo<br />

em bit.ly/como-chegar-ao-sim<br />

26<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


Inteligência emocional<br />

A teoria revolucionária que redefine<br />

o que é ser inteligente<br />

Autor: Daniel Goleman<br />

Provavelmente, você já ficou<br />

impressionado ao saber que<br />

determinada pessoa tinha um<br />

QI (quociente de inteligência)<br />

alto e ficou se perguntando<br />

o que é que ela “fez” para ser<br />

tão inteligente, não é mesmo?<br />

Mas você já parou para pensar<br />

que talvez um QI alto não<br />

seja suficiente para conquistar<br />

o sucesso? Nesta obra, o<br />

psicólogo Daniel Goleman<br />

mostra, por meio de estudos<br />

científicos, que a inteligência<br />

emocional é muito mais importante<br />

para ter êxito em<br />

qualquer âmbito – pessoal e<br />

profissional.<br />

Segundo ele, ter esse tipo<br />

de inteligência bem desenvolvida<br />

nos ajuda a entender<br />

e a controlar nossas próprias<br />

emoções e também a saber<br />

identificar e lidar com as emoções<br />

de outras pessoas – habilidades<br />

fundamentais no<br />

processo de negociação!<br />

Negociação<br />

Como lidar com objeções utilizando<br />

soluções eficazes e realizar<br />

acordos personalizados<br />

Autor: Raul Candeloro<br />

A rejeição faz parte do processo<br />

comercial, concorda? Afinal,<br />

se todo mundo sempre<br />

dissesse “sim” às ofertas de<br />

uma empresa, não precisaríamos<br />

de vendedores. Este livro<br />

foi desenvolvido por Raul Candeloro,<br />

diretor da <strong>VendaMais</strong>,<br />

justamente com o objetivo de<br />

ajudar profissionais de vendas<br />

a superarem as objeções dos<br />

clientes e transformarem os<br />

nãos em sins.<br />

Nele, você aprenderá como<br />

se preparar para uma<br />

negociação, entenderá o que<br />

é uma negociação perfeita e<br />

descobrirá como lidar com<br />

diferentes tipos de objeções,<br />

como colocar seu preço na<br />

perspectiva correta e até como<br />

negociar por telefone.<br />

Dica: Essa obra faz parte da coleção<br />

Introdução aos passos da venda,<br />

que aborda cada uma das etapas<br />

do processo comercial. Saiba mais<br />

em bit.ly/passos-da-venda<br />

Negocie qualquer coisa<br />

com qualquer pessoa<br />

Estratégias práticas para obter<br />

ótimos acordos em suas relações<br />

pessoais e profissionais<br />

Autor: Eduardo Ferraz<br />

O título deste livro deve ter<br />

chamado sua atenção. Afinal,<br />

quem é que não gostaria de<br />

saber negociar qualquer coisa<br />

com qualquer pessoa, certo?<br />

Com mais de 25 anos de<br />

atuação na área de gestão de<br />

pessoas, Eduardo Ferraz reúne<br />

em sua obra lições sobre<br />

como conduzir uma negociação<br />

de sucesso construindo<br />

uma relação positiva e duradoura<br />

com a outra parte.<br />

Ao ler o livro, você aprenderá<br />

a dizer “não” sem ofender,<br />

a expor seus talentos sem<br />

parecer arrogante, a lidar com<br />

pessoas difíceis, a reagir corretamente<br />

a propostas absurdas,<br />

a evitar conflitos e muito<br />

mais.<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 27


Refém na mesa de<br />

negociações<br />

Como os líderes podem superar<br />

conflitos, influenciar os outros e<br />

aumentar o desempenho<br />

Autor: George Kohlrieser<br />

Imagine que você foi sequestrado<br />

e sua vida está nas mãos<br />

de um profissional que está<br />

negociando com os bandidos.<br />

Esse profissional precisa ter<br />

habilidades de negociação,<br />

certo? Durante anos, esse foi<br />

exatamente o trabalho do psicólogo<br />

George Kohlrieser: ele<br />

era negociador de reféns.<br />

Com base em sua experiência,<br />

ele escreveu este livro<br />

em que revela técnicas utilizadas<br />

em negociações de reféns<br />

e que podem ser aplicadas<br />

com sucesso em qualquer<br />

transação comercial. Nele,<br />

Kohlrieser apresenta os sete<br />

fatores-chave para a resolução<br />

de problemas complicados e<br />

ensina como os líderes podem<br />

desenvolver e acessar as habilidades<br />

fundamentais para<br />

criar um clima positivo e de<br />

confiança em suas equipes.<br />

Dica: Para saber mais sobre o trabalho<br />

de Kohlrieser e descobrir como<br />

as técnicas aprendidas em campo<br />

por ele podem ser aplicadas na gestão,<br />

assista à palestra que está disponível<br />

em bit.ly/<strong>negociacao</strong>-refem<br />

Negocie para vencer<br />

Instrumentos práticos e criativos<br />

para chegar ao sim<br />

Autor: William Ury<br />

Para negociar, é preciso saber<br />

falar. Mas é ainda mais importante<br />

saber ouvir. É só<br />

ouvindo que você conseguirá<br />

entender, por exemplo,<br />

por que o outro lado insiste<br />

em dizer "não". É prestando<br />

atenção nas necessidades e<br />

nos desejos da outra parte<br />

que você poderá encontrar<br />

um caminho para chegar a<br />

um acordo final. É o que o<br />

antropologista e cofundador<br />

do programa de negociação<br />

da Universidade de Harvard<br />

(EUA) William Ury ensina<br />

neste livro.<br />

Se você quer aprender estratégias<br />

comprovadas para<br />

transformar oponentes em<br />

parceiros de negociação, este<br />

livro é para você. A obra<br />

traz lições sobre como manter<br />

o controle mesmo sob pressão,<br />

de que forma neutralizar a<br />

agressividade, como descobrir<br />

o que o outro lado quer e quais<br />

são os caminhos para conseguir<br />

acordos que satisfaçam<br />

as diferentes partes em uma<br />

negociação.<br />

Consiga o que você quer<br />

As 12 estratégias que vão fazer<br />

de você um negociador competente<br />

em qualquer situação<br />

Autor: Stuart Diamond<br />

Qualquer que seja a sua personalidade,<br />

você pode aprender<br />

a negociar melhor e conseguir<br />

o que quer. Essa é a<br />

proposta deste livro escrito<br />

por Stuart Diamond, um dos<br />

maiores especialistas do mundo<br />

em negociação. Nele, o autor<br />

ensina as estratégias de<br />

seu prestigiado curso de negociação<br />

da Wharton Business<br />

School (EUA) e ressalta<br />

a importância de valorizar o<br />

outro e ter empatia para conseguir<br />

chegar a um acordo<br />

de sucesso. Diamond defende,<br />

ainda, uma negociação baseada<br />

na ajuda mútua, e não no<br />

poder. Segundo ele, às vezes<br />

é preciso entender que vale<br />

mais a pena perder hoje para<br />

conseguir ganhar amanhã.<br />

Concorda?<br />

Dica: Em seu site (em inglês),<br />

Diamond explica mais sobre a<br />

metodologia do livro e mostra<br />

exemplos de como ela pode ser<br />

aplicada em diferentes segmentos:<br />

gettingmore.com<br />

28<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


Seu cliente pode<br />

pagar mais<br />

Como valorizar o que você faz<br />

Autor: Ian Brooks<br />

Qual você diria que é a principal<br />

objeção dos seus clientes<br />

na hora de negociar uma<br />

compra? “Preço” passou pela<br />

sua cabeça, certo? Normal.<br />

Em vendas, grande parte das<br />

negociações gira em torno<br />

desse fator. Mas, então, como<br />

agir nesses casos para não<br />

ceder à pressão por desconto<br />

e acabar desvalorizando o<br />

seu produto ou serviço?<br />

É justamente isso que você<br />

irá aprender lendo este<br />

livro de Ian Brooks, especialista<br />

em gestão com mais de<br />

15 obras publicadas. Saiba<br />

como valorizar o seu trabalho<br />

durante a negociação e aprenda<br />

a transmitir os valores e<br />

benefícios de forma que o seu<br />

cliente não se importe em<br />

pagar mais.<br />

As armas da persuasão<br />

Como influenciar e não se deixar<br />

influenciar<br />

Autor: Robert B. Cialdini<br />

Este livro, que já pode ser<br />

considerado um clássico entre<br />

os guias de gestão e negociação,<br />

traz lições importantes<br />

sobre como influenciar<br />

o comportamento das pessoas.<br />

Por meio de informações<br />

de pesquisas científicas e<br />

histórias de pessoas comuns<br />

e de empresas de diferentes<br />

portes e segmentos, o psicólogo<br />

Robert B. Cialdini mostra<br />

quais são os fatores fundamentais<br />

para convencer<br />

alguém a dizer “sim”.<br />

Segundo ele, existem seis<br />

princípios psicológicos básicos<br />

que governam o comportamento<br />

humano e que podem<br />

ser utilizados como “armas<br />

da persuasão”. São eles:<br />

reciprocidade, compromisso<br />

e coerência, aprovação social,<br />

afeição, autoridade e escassez.<br />

Acesse bit.ly/video-armas<br />

-persuasao e assista à palestra<br />

em que Cialdini fala um<br />

pouco sobre cada um desses<br />

princípios – que são abordados<br />

de forma mais aprofundada<br />

no livro.<br />

Supere o não<br />

Negociando com pessoas difíceis<br />

Autor: William Ury<br />

Toda negociação tem suas<br />

dificuldades específicas. Mas<br />

existem alguns casos ainda<br />

mais desafiadores – quando<br />

você precisa convencer alguém<br />

que não está disposto<br />

a negociar, por exemplo. Neste<br />

livro, você terá acesso a<br />

dicas práticas sobre como lidar<br />

com esse tipo de situação.<br />

A obra revela quais são os<br />

principais desafios que precisam<br />

ser superados em qualquer<br />

negociação e indica estratégias<br />

sobre como derrubar<br />

essas barreiras. O autor explica,<br />

ainda, a importância da<br />

empatia e ensina como criar<br />

um clima favorável para o<br />

acordo, além dos caminhos<br />

para chegar ao fechamento.<br />

E aí,<br />

por qual livro<br />

você vai<br />

começar?<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 29


Negociação pela internet<br />

João Kepler<br />

O negociador<br />

na era digital<br />

E<br />

30 vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017<br />

mpresas e marcas de diferentes segmentos de mercado estão hoje na<br />

internet, seja de forma ativa ou passiva, através de postagens e comentários<br />

de clientes e consumidores em redes sociais, blogs e sites.<br />

Saber como aproveitar esse novo momento, com novos consumidores,<br />

novas mídias, novos canais, novas audiências e novas formas de publicidade<br />

é fundamental para vender mais.<br />

Nesse novo contexto, a pergunta é inevitável: você já pensou em<br />

negociar com seu cliente mesmo que a venda seja realizada em um<br />

ambiente virtual? Se você é vendedor e se assustou com essa possibilidade,<br />

fique atento! Cada vez mais você poderá se valer de recursos<br />

e ferramentas digitais para converter o maior número de vendas<br />

possível. O ponto principal é: como entender, usar, trabalhar e maximizar<br />

todos esses recursos disponíveis de forma assertiva e profissional<br />

a favor do fechamento da venda ou do aumento de conversão?


5 dicas para negociar melhor<br />

O primeiro passo para acompanhar<br />

essa evolução é entender<br />

que, hoje, tudo está baseado nas<br />

pessoas, em suas conexões, na<br />

capacidade de engajamento e na<br />

relevância social. As marcas não<br />

são mais aquilo que imaginam<br />

ser, mas o que seus clientes dizem<br />

que elas são. Com isso, qualquer<br />

empreendimento deve ter total<br />

atenção à interação virtual justamente<br />

porque o comportamento<br />

de compra se remodelou tanto<br />

no meio on-line como no off-line.<br />

Vender pela internet exige<br />

novas habilidades, bem como dedicação<br />

em tempo integral. O<br />

vendedor digital não precisa trabalhar<br />

perfumado e de barba feita,<br />

mas precisa ter presença e relevância<br />

social para conseguir<br />

fisgar e conquistar novos compradores<br />

ou até mesmo manter<br />

sua atual carteira de clientes.<br />

Está claro, portanto, que, dentre<br />

os tantos passos da venda que<br />

a internet possibilita, precisamos<br />

pensar especialmente na negociação.<br />

Dessa forma, tenho quatro<br />

dicas que considero preciosas e<br />

vou compartilhá-las com você.<br />

1)<br />

Sempre inicie as<br />

negociações.<br />

Você deve iniciar o processo<br />

porque quem controla o início<br />

das negociações tende a controlar<br />

como elas acabam. Se você<br />

deixar o cliente começar a negociação,<br />

vai acabar abrindo mão<br />

do controle – muitas vezes sem<br />

perceber.<br />

1 Como fazer isso na internet:<br />

Faça uma lista de fornecedores<br />

que possam lhe ofertar o melhor<br />

custo-benefício e entre em contato<br />

com cada um tentando uma<br />

contraproposta. Além disso,<br />

pesquise no mercado se os preços<br />

estão compatíveis e quais<br />

estratégias as lojas estão utilizando<br />

para casar vendas. Depois<br />

dessa análise, veja no que será<br />

melhor investir na sua área: em<br />

um preço individual mais baixo<br />

ou em pacotes promocionais.<br />

2)<br />

Negocie sempre<br />

por escrito.<br />

Negociar primeiro para<br />

depois formalizar o que foi<br />

acordado acrescenta um tempo<br />

desnecessário à transação. Se você<br />

elaborar o seu acordo por escrito<br />

durante a negociação, estará<br />

preparado para pedir a assinatura<br />

do cliente no momento em<br />

que a decisão de compra for feita.<br />

1 Como fazer isso na internet:<br />

Crie um cadastro obrigatório em<br />

seu site para todos os que quiserem<br />

comprar seus produtos. Dessa<br />

forma, você terá uma rede extensa<br />

de possíveis consumidores,<br />

aos quais poderá enviar e-mails<br />

e contatar anunciando futuras<br />

ofertas. Para incrementar esse<br />

processo, ofereça descontos aos<br />

que indicarem novos consumidores<br />

e cadastrá-los, assim você<br />

irá fidelizar os clientes e atingirá<br />

um público maior a cada dia.<br />

3)<br />

Mantenha-se frio.<br />

A mesa de negociação<br />

pode estar carregada<br />

de agendas, egos, emoções e prioridades.<br />

Grandes negociadores<br />

sabem como permanecer frios e<br />

tranquilos, fornecendo soluções<br />

e se mantendo na liderança.<br />

1 Como fazer isso na internet:<br />

A internet é sua aliada aqui. Você<br />

não precisa responder os contatos<br />

de seus clientes imediatamente.<br />

Use o tempo a seu favor<br />

para deixar a emoção de lado e<br />

ser racional em toda negociação<br />

com os clientes virtuais.<br />

4)<br />

Esteja no seu<br />

terreno.<br />

A melhor maneira de<br />

estar em uma posição mais confortável<br />

na negociação é realizá-la<br />

dentro da sua empresa. Isso o ajuda<br />

e fortalece porque geralmente<br />

as pessoas ficam mais confiantes<br />

e descontraídas quando estão em<br />

um terreno que já conhecem ou<br />

dominam.<br />

1 Como fazer isso na internet:<br />

Comunique-se sempre pelos canais<br />

oficiais da sua empresa. Não<br />

use seus perfis pessoais ou seu<br />

e-mail particular para falar em<br />

nome da companhia.<br />

5)<br />

Use as objeções<br />

de seus clientes a<br />

seu favor.<br />

A partir do momento em que você<br />

entende que a objeção do cliente<br />

é uma oportunidade que ele<br />

está dando a você de explicar<br />

melhor como pode ajudá-lo, você<br />

vai enxergá-la com outros olhos.<br />

Isso significa que nem sempre as<br />

dúvidas do seu cliente são um<br />

problema. Elas podem, sim, ser<br />

oportunidades. O (bom) relacionamento<br />

ainda é a única saída<br />

para o sucesso em qualquer negociação.<br />

1 Como fazer isso na internet:<br />

Leve em consideração a opinião<br />

de seus clientes para atualizar<br />

periodicamente as promoções e<br />

divulgá-las em anúncios ou mesmo<br />

nas redes sociais gratuitamente.<br />

Isso pode ajudar você a<br />

vender mais.<br />

Sucesso e boas vendas!<br />

“Negociar primeiro<br />

para depois<br />

formalizar o que<br />

foi acordado<br />

acrescenta<br />

um tempo<br />

desnecessário<br />

à transação. Se<br />

você elaborar o<br />

seu acordo por<br />

escrito durante a<br />

negociação, estará<br />

preparado para<br />

pedir a assinatura<br />

do cliente no<br />

momento em que a<br />

decisão de compra<br />

for feita.”<br />

João Kepler Braga é reconhecido<br />

como o palestrante<br />

mais sintonizado com a<br />

inovação e a convergência<br />

digital no Brasil. É espalhador<br />

de ideias digitais e acredita<br />

que só a aplicação na<br />

prática pode realmente mostrar<br />

como tudo funciona.<br />

Visite o site:<br />

www.joaokepler.com.br<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 31


Gestão de equipes<br />

Descubra<br />

de quantos<br />

vendedores sua<br />

equipe comercial<br />

precisa<br />

Por Aroldo Maciel<br />

iariamente, os gestores de vendas<br />

enfrentam muitos desafios para atingir<br />

os resultados planejados. Tais<br />

desafios passam pela definição do<br />

perfil do profissional ideal para a<br />

equipe, pelo recrutamento e pela<br />

seleção desses candidatos, pelo treinamento,<br />

pela gestão do preço e da<br />

“vida” do produto e por todas aquelas<br />

atividades – cada uma com a sua devida importância<br />

– que, somadas, têm o objetivo de maximizar<br />

os resultados da organização.<br />

Dentre todas as atividades de um gestor comercial,<br />

existe aquela em que é preciso avaliar o mercado/<br />

cenário econômico de atuação da empresa e definir<br />

o tamanho da equipe comercial. Tarefa fácil? Longe<br />

disso! Aliás, no meu ponto de vista, essa é uma das<br />

atividades mais desafiadoras para um gestor, pois,<br />

para fazer uma análise completa desse assunto, nos<br />

deparamos com uma quantidade imensa de variáveis.<br />

Por isso, proponho um exercício de relacionar algumas<br />

delas. Você topa? Então vamos lá!<br />

1 Desejamos/precisamos trabalhar com representantes<br />

comerciais (profissionais autônomos) e/<br />

ou vendedores com registro em carteira de trabalho<br />

(CLT)?<br />

1 Qual é o tamanho do mercado em que atuamos?<br />

1 Temos uma curva ABC dos<br />

nossos clientes? E, se tivermos,<br />

nós a usamos como uma<br />

ferramenta de trabalho?<br />

1 Qual é a densidade demográfica<br />

dos nossos clientes e onde<br />

eles estão localizados?<br />

1 Como atuam os nossos concorrentes?<br />

1 Qual é o nosso momento econômico<br />

– crise, crescimento<br />

ou estagnação?<br />

1 Qual é o tipo de produto que<br />

ofertamos e o ticket médio<br />

das nossas vendas?<br />

1 Como se dá o nosso processo<br />

de venda (vendemos para outras<br />

empresas – B2B – ou para<br />

o consumidor final – B2C)?<br />

1 Qual é o tamanho do nosso<br />

canal de distribuição?<br />

Se mais da metade dos gestores<br />

tiver as respostas para 50%<br />

das perguntas acima, acredito<br />

que já será um sucesso.<br />

Convém, aqui, fazer um parêntese<br />

para relatar o que digo<br />

sobre a revista <strong>VendaMais</strong> quando<br />

a indico para alguém: ela nos<br />

faz lembrar, de forma muito simples,<br />

de coisas de singular importância<br />

no nosso dia a dia e<br />

que a correria não nos permite<br />

investir tempo para avaliar. Estou<br />

escrevendo isso pensando<br />

nas perguntas que sugeri acima,<br />

pois tenho certeza de que, nesse<br />

momento, assim como eu, você<br />

se lembrou do quanto isso é importante.<br />

Depois de ter as respostas para<br />

as questões sugeridas acima,<br />

32<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


“Tanto estruturas<br />

inchadas como<br />

profissionais<br />

sobrecarregados<br />

podem destruir sua<br />

empresa. Descubra<br />

quantos profissionais<br />

de vendas você precisa<br />

ter na equipe levando<br />

em consideração o<br />

atual momento dela e<br />

não cometa esse erro!”<br />

Agora que temos os códigos,<br />

vamos à fórmula:<br />

QNV = QTC/{[QHDD/<br />

(TMV+TMD)] x QDUM}<br />

Para deixar a ideia mais clara,<br />

vamos fazer um cálculo com caráter<br />

explicativo com as seguintes<br />

premissas:<br />

QTC: 400<br />

TMV: 1 hora<br />

TMD: 1 hora<br />

QHDD: 8<br />

QDUM: 22<br />

disso, podemos evoluir muito mais<br />

com esse estudo, pois podemos<br />

precisar, num futuro próximo, avaliar<br />

a frequência de visitas ao cliente<br />

(FVC) – ou seja, em função da<br />

curva ABC de clientes, definir em<br />

quanto tempo o vendedor deverá<br />

retornar ao cliente de acordo com<br />

a sua importância para a empresa<br />

e assim por diante. Mas isso é um<br />

assunto para um próximo artigo.<br />

Fica, então, o convite para você<br />

fazer seu cálculo e se lembrar de<br />

que acertar nessa etapa do processo<br />

vai ajudar a garantir negociações<br />

mais produtivas lá na frente!<br />

podemos iniciar um raciocínio<br />

para montar uma fórmula que<br />

vai nos ajudar a definir a quantidade<br />

de vendedores necessários<br />

para uma operação de vendas.<br />

Primeiro, é importante estabelecer<br />

os códigos da fórmula e seus<br />

respectivos significados.<br />

CÓDIGO<br />

QDUM<br />

QHDD<br />

QNV<br />

QTC<br />

QVD<br />

QVPM<br />

TMD<br />

TMV<br />

DESCRIÇÃO<br />

QUANTIDADE DIAS ÚTEIS/MÊS<br />

QUANTIDADE DE HORAS DISPONÍVEIS/DIA<br />

QUANTIDADE NECESSÁRIA DE VENDEDORES<br />

QUANTIDADE DE CLIENTES<br />

QUANTIDADE DE VISITAS/DIA<br />

QUANTIDADE DE VISITAS POSSÍVEIS/MÊS<br />

TEMPO MÉDIO DE DESLOCAMENTO<br />

TEMPO MÉDIO DE VISITAS<br />

Ou seja:<br />

QNV= 400/{[8/(1+1)] x 22}<br />

QNV= 400/[(8/2] x 22]<br />

QNV= 400/(4 x 22)<br />

QNV= 400/88<br />

QNV= 4,5445<br />

Portanto, imaginando as premissas<br />

citadas acima, são necessários<br />

entre quatro e cinco vendedores<br />

para dar conta do trabalho<br />

dessa empresa.<br />

É importante salientar que estamos,<br />

aqui, imaginando clientes<br />

de igual importância para a organização,<br />

mas se for definido que<br />

existem clientes mais ou menos<br />

relevantes e que a variável para<br />

diferenciar os clientes A e B, por<br />

exemplo, é o tempo dedicado a eles,<br />

será preciso alterar o valor do tempo<br />

médio de visita (TMV). Além<br />

Agora é sua vez!<br />

Preencha a tabela abaixo, descubra<br />

quantos profissionais de vendas<br />

você precisa ter na sua equipe e<br />

reveja a estrutura do seu time comercial<br />

hoje mesmo. Tanto estruturas<br />

inchadas como profissionais<br />

sobrecarregados podem destruir<br />

sua empresa. Descubra quantos<br />

profissionais de vendas você precisa<br />

ter na sua equipe levando em<br />

consideração o atual momento<br />

dela e não cometa esse erro!<br />

Quantos profissionais de vendas você precisa ter na sua equipe?<br />

Código Descrição Valores<br />

QTC Quantidade de clientes<br />

TMD Tempo médio de deslocamento<br />

TMV Tempo médio de visitas<br />

QVD Quantidade de visitas por dia<br />

QDUM Quantidade de dias úteis por mês<br />

QHDD Quantidade de horas disponíveis em cada dia<br />

QVPM Quantidade de visitas possíveis no mês<br />

QNV Quantidade necessária de vendedores<br />

QNV = QTC/{[QHDD/(TMV+TMD)] x QDUM} = ?<br />

Boas vendas!<br />

Aroldo Maciel é especialista em Marketing,<br />

Inteligência Econômica e Comércio Exterior<br />

pela PUCRS e possui MBA em Gestão Comercial<br />

pela FGV. É consultor independente e<br />

sócio-diretor da GlobalMac.<br />

E-mail: acm_1000@yahoo.com.br<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 33


Liderança<br />

J.B. Vilhena<br />

O mito do “ganha-ganha”<br />

Em gestão, muitos mitos vão sendo criados impunemente – ou, às<br />

vezes, inocentemente. Há os que acreditam de verdade que a propaganda<br />

é a alma do negócio. Os que chegam a jurar que o cliente<br />

tem sempre razão. Além dos que defendem, com unhas e dentes,<br />

que é melhor vender alguma coisa que o cliente não quer ou não<br />

precisa comprar do que sair da entrevista sem nem um “pedidinho”.<br />

E por aí vai.<br />

Nos seminários e palestras que faço, sempre procuro discutir os<br />

deletérios efeitos que a crença em alguns desses mitos acaba por<br />

produzir nas organizações.<br />

Hoje, quero conversar com você sobre um dos mais frequentes<br />

mitos da negociação: o do método “ganha-ganha”.<br />

Se recorrermos a qualquer dicionário, verificaremos que a palavra<br />

“método” pode ser traduzida como a forma ou o processo de<br />

se fazer alguma coisa. Inspirados pelo mito, alguns negociadores chegam à conclusão de<br />

34<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


que é possível percorrer cada passo<br />

do processo de negociação “ganhando”<br />

alguma coisa. Vejamos se<br />

essa ideia faz sentido.<br />

Se toda negociação tem origem<br />

numa divergência quanto aos meios<br />

e numa convergência quanto aos<br />

fins, o único método possível para<br />

chegar a um acordo favorável para<br />

ambas as partes seria o “cede-cede”.<br />

Tomemos por base uma negociação<br />

comercial. O lado A quer<br />

vender um produto, mas só pode<br />

entregá-lo em 90 dias. O lado B quer<br />

comprar o produto – eis aí a tal<br />

convergência quanto os fins –, mas<br />

precisa recebê-lo em, no máximo,<br />

45 dias – logo, há aqui uma divergência<br />

quanto aos meios. Supondo<br />

que os prazos reivindicados pelas<br />

partes sejam verdadeiros, a única<br />

forma de estabelecer um acordo é<br />

obtendo uma concessão de cada<br />

lado e, por exemplo, fechando o<br />

negócio para entrega daqui a 70<br />

dias – assim, ambos tiveram que<br />

ceder um pouquinho, certo?<br />

Meu objetivo não é negar que,<br />

frequentemente, as partes pedem<br />

muito mais do que consideram<br />

aceitável. A tática, aqui, é fingir<br />

que se está fazendo concessões<br />

para obter contrapartidas do outro<br />

(em outras palavras: aquilo que<br />

dizemos ser o máximo que podemos<br />

conceder é, na verdade, apenas<br />

o mínimo). Algumas vezes,<br />

batemos pé para uma determinada<br />

solicitação quando o que verdadeiramente<br />

queremos é algo<br />

bastante diferente (chamamos<br />

isso de “agenda oculta”). Nesse<br />

caso, a estratégia é levar a outra<br />

parte a conceder coisas que ela<br />

imagina não serem o nosso principal<br />

objetivo (um exemplo seria<br />

o cliente que insiste em redução<br />

de preço quando o que realmente<br />

lhe interessa é uma extensão no<br />

prazo do pagamento). Mas isso<br />

seria praticar o “ganha-perde”, não<br />

é verdade?<br />

Existem inúmeras táticas que,<br />

embora levem ao “ganha-perde”,<br />

são amplamente utilizadas com a<br />

intenção de forçar o outro lado a<br />

fazer concessões além do que seria<br />

considerado razoável:<br />

2 Cobertor: Revelar tudo aquilo<br />

que queremos para depois definir<br />

do que abriremos mão (a<br />

analogia é: vamos deixar os pés<br />

ou a cabeça descoberta?).<br />

2 Colchete: Isolar aquilo que a<br />

outra parte mais deseja, visando<br />

colocá-la na defensiva.<br />

2 Surpresa: Mudar subitamente<br />

o objeto da negociação, deixando<br />

a outra parte desconcertada<br />

e despreparada para negociar.<br />

2 Intimidação: Ameaçar a outra<br />

parte – sugerindo encerrar a<br />

negociação imediatamente, por<br />

exemplo.<br />

2 Silêncio: Não emitir qualquer<br />

opinião ou crítica quanto ao<br />

que está sendo proposto, visando<br />

desorientar a outra parte.<br />

2 Drible: Insistir em uma determinada<br />

coisa quando o que<br />

realmente interessa é outra.<br />

2 Autoridade limitada: Criar uma<br />

instância superior que precisa<br />

ser consultada antes de dar uma<br />

resposta final sobre uma proposta.<br />

2 Mocinho/bandido: Negociadores<br />

que trabalham em dupla. Um<br />

faz o papel do bonzinho enquanto<br />

e o outro é o vilão.<br />

Ao conversar sobre esse tipo<br />

de artimanha com os participantes<br />

dos eventos em que palestro, um<br />

número muito grande afirma utilizar-se<br />

desses recursos para obter<br />

o acordo. Sua opinião é que estão<br />

agindo da forma que propõem os<br />

livros e manuais (infelizmente,<br />

muitos deles realmente propõem<br />

isso) e, consequentemente, não se<br />

percebem infringindo qualquer<br />

limite ético ou moral.<br />

Sinceramente, eu não penso assim.<br />

É por isso que sempre enfatizo<br />

que é melhor perder um bom negócio<br />

do que fazer um mau negócio.<br />

Acredito sinceramente que o<br />

principal elemento da negociação<br />

é o comportamental. Por isso valorizo<br />

tanto o autoconhecimento.<br />

Mas há coisas que você, como gestor,<br />

pode incentivar a equipe a fazer<br />

visando a melhora da performance<br />

como negociador:<br />

a) Incentive as pessoas a se debruçarem<br />

sobre o processo para<br />

identificar os pontos fortes da<br />

sua oferta e os pontos fortes da<br />

oferta da outra parte, para que<br />

as concessões obrigatórias que<br />

farão possam ser recompensadas<br />

com vantagens – financeiras,<br />

emocionais, estratégicas<br />

– oferecidas pelo outro lado.<br />

b) Defina a empatia como uma<br />

das melhores estratégias para<br />

conseguir pensar como o outro<br />

pensa.<br />

c) Esclareça que a ideia de ganhar<br />

em uma negociação não implica<br />

que a outra parte tenha<br />

que perder.<br />

d) Estabeleça limites de autoridade<br />

para os negociadores,<br />

permitindo que eles exercitem<br />

sua capacidade de convencimento<br />

e troca.<br />

e) Reforce comportamentos que<br />

levam à construção de confiança<br />

entre as partes e desestimule<br />

aqueles que levam os outros<br />

a desconfiar de nós.<br />

Por último, vale a pena dizer<br />

que minha crença é que o “ganha-<br />

-ganha” existe, sim, mas não durante<br />

processo. Ele é atingido<br />

quando, ao final da negociação,<br />

cada parte avalia as concessões<br />

que fez e as compara com os resultados<br />

que obteve e chega à conclusão<br />

de que, realmente, valeu a<br />

pena todo o esforço.<br />

“Se toda<br />

negociação tem<br />

origem numa<br />

divergência quanto<br />

aos meios e numa<br />

convergência<br />

quanto aos fins,<br />

o único método<br />

possível para<br />

chegar a um<br />

acordo favorável<br />

para ambas as<br />

partes seria o<br />

‘cede-cede’.”<br />

J.B. Vilhena é coordenador<br />

acadêmico do MBA em<br />

Gestão Comercial da FGV,<br />

doutorando em Gestão de<br />

Negócios pela FGV/Rennes<br />

(França), consultor e palestrante.<br />

E-mail: jbvilhena@uol.<br />

com.br<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 35


CAPA<br />

EDIÇÃO ESPECIAL NEGOCIAÇÃO<br />

Por Natasha Schiebel<br />

36<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


“Como funciona o<br />

processo de negociação<br />

em sua empresa?”<br />

“Ah, eu começo<br />

apresentando o preço cheio,<br />

vou gradativamente dando<br />

descontos e aguardo a<br />

reação do cliente para ver<br />

até onde vou.”<br />

“Quanto, em média, você dá de desconto por mês?”<br />

“Eu trabalho com descontos progressivos. Quanto mais o<br />

meu cliente compra, mais descontos ele ganha.”<br />

“Qual é o limite de desconto que você pode dar para<br />

cada cliente?”<br />

“Não existe um limite pré-determinado. A gente avalia<br />

cada caso e define quanto pode oferecer.”<br />

“Então vale tudo para fechar uma venda?”<br />

“Não queremos perder um cliente, né?”<br />

“Os vendedores da sua empresa recebem<br />

treinamentos periódicos sobre negociação?”<br />

“Na verdade, isso não é algo que conseguimos fazer<br />

com uma periodicidade bem definida. Fazemos quando<br />

dá. Sei que deveria estruturar melhor os programas de<br />

capacitação, mas sinto dificuldade em desenvolver<br />

esses materiais e fechar um calendário de ações de<br />

desenvolvimento. O acúmulo de atribuições tem<br />

dificultado o processo.”<br />

Os diálogos que abrem esta reportagem<br />

revelam três problemas comuns a muitas<br />

empresas quando o assunto é negociação:<br />

visão equivocada sobre o que é negociar<br />

(definitivamente, desconto não é a única opção de<br />

uma negociação!), ausência de uma matriz de concessões<br />

que defina até onde o profissional pode ir<br />

para fechar uma venda e falta de um programa de<br />

capacitação voltado a desenvolver conhecimentos,<br />

habilidades e atitudes necessários para transformar<br />

bons vendedores em grandes negociadores.<br />

A gente bem que queria dizer que essas conversas<br />

aconteceram apenas em um cenário fictício, mas estaríamos<br />

mentindo. A verdade é que, infelizmente,<br />

esses são depoimentos sinceros dados por profissionais<br />

de vendas que participaram da mais ampla pesquisa<br />

sobre negociação já feita no Brasil. Mas a pior parte é<br />

que esses relatos retratam apenas alguns dos problemas<br />

de negociação que as pessoas enfrentam...<br />

Ao longo de três meses (de dezembro de 2016 a<br />

fevereiro de 2017), vendedores, supervisores, gerentes,<br />

diretores comerciais e sócios/fundadores de<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 37


EDIÇÃO ESPECIAL NEGOCIAÇÃO<br />

empresas dos mais diversos portes e segmentos nos<br />

ajudaram a identificar os principais desafios enfrentados<br />

por equipes de vendas na hora de negociar,<br />

a entender quais são os erros que mais prejudicam<br />

os resultados das negociações, o que faz um profissional<br />

mediano se tornar um excelente negociador<br />

e assim por diante.<br />

Esta revista é o resultado de um intenso trabalho<br />

de análise dos dados coletados. Pensando em<br />

não deixar nenhuma dúvida sem resposta e em<br />

apresentar as melhores práticas em negociação que<br />

descobrimos examinando as respostas dos participantes<br />

do estudo, dedicamos esta edição quase<br />

inteira a debater esse tema que, segundo um levantamento<br />

que realizamos no ano passado, ocupa o<br />

segundo lugar no ranking das maiores preocupações<br />

dos profissionais de vendas* atualmente. O propósito<br />

do conteúdo que você vai ler nas próximas<br />

páginas é, portanto, ir além das linhas gerais do<br />

debate sobre o tema, sendo um verdadeiro guia<br />

para orientá-lo no desenvolvimento de uma cultura<br />

positiva de negociação na sua empresa.<br />

Vamos, juntos, analisar os erros cometidos com<br />

mais frequência, definir o que é uma negociação<br />

de sucesso e apontar o caminho para a construção<br />

de uma equipe de negociadores de verdade. Venha<br />

com a gente e aprenda!<br />

*Em primeiro lugar no ranking<br />

de preocupações dos profissionais<br />

de vendas está a prospecção<br />

de clientes, tema que ganhou<br />

uma edição especial da Venda-<br />

Mais – também baseada em<br />

uma pesquisa – em maio de 2015.<br />

Acesse bit.ly/guia-prospeccao<br />

para ler.<br />

Perfil dos participantes da pesquisa<br />

sobre negociação em vendas<br />

Gerente comercial – 28%<br />

Vendedor – 22,4%<br />

Sócio/fundador – 14,4%<br />

Representante comercial – 14,4%<br />

Supervisor comercial – 10,4%<br />

Diretor comercial – 1,6%<br />

Outro – 8,8%<br />

Entendendo as grandes dificuldades e<br />

os erros mais comuns em negociação<br />

Você já deve ter ouvido alguém falar que o primeiro<br />

passo para resolver um problema é reconhecê-lo<br />

e entendê-lo, não? Assim, é inegável que os participantes<br />

da nossa pesquisa sobre negociação já<br />

avançaram alguns metros na maratona que vai<br />

levá-los ao sucesso nessa etapa da venda. Afinal,<br />

ao serem indagados sobre suas grandes dificuldades<br />

ao negociar com um cliente e sobre os erros que<br />

cometem durante o processo de negociação, eles<br />

não pouparam esforços para nos ajudar a desenhar<br />

um mapa dos fatores que jogam contra o sucesso<br />

dos negociadores de suas equipes.<br />

No que diz respeito aos desafios, algumas respostas<br />

se repetiram em dezenas de formulários,<br />

com destaque para:<br />

1 Objeções a preço – Os clientes querem sempre<br />

pagar o menor valor possível, e muitas vezes os<br />

vendedores veem o desconto como a única forma<br />

de contornar essa objeção. Mas não precisa<br />

ser assim. A dinâmica de grupo proposta por<br />

César Frazão no artigo “Dicas práticas para se<br />

preparar para objeções em uma negociação” (p.<br />

60) indica um outro caminho muito mais interessante.<br />

1 Dificuldades para conduzir o fechamento<br />

– Depois de concluída a negociação, muitos<br />

vendedores ficam de papo furado e não conduzem<br />

o cliente ao fechamento. Acredite: oportunidades<br />

ainda são perdidas por causa disso.<br />

1 Concorrência forte e, muitas vezes, desleal<br />

– “Cobrimos o menor preço” é algo que dá calafrios<br />

em vendedores que vendem valor, e não<br />

preço, mas muitas vezes eles mesmos acabam<br />

cedendo à estratégia do concorrente para não<br />

perder um cliente. Já tentou ir por outro caminho?<br />

1 Não conseguir falar com quem decide – e<br />

perder tempo com influenciadores. O problema,<br />

aqui, pode estar na falta de planejamento.<br />

É na etapa que antecede a negociação que<br />

você deve identificar com quem deve falar para<br />

negociar uma venda. Se fizer o dever de casa,<br />

as chances de isso acontecer diminuem drasticamente.<br />

38<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


1 Falar demais e ouvir de menos – E, consequentemente,<br />

não entender o que realmente<br />

importa para o cliente, acabando por fazer uma<br />

proposta que pode até ser lucrativa para a empresa,<br />

mas que não satisfaz as necessidades de<br />

quem está comprando. A pessoa pode até fechar<br />

aquela compra, mas dificilmente se tornará fiel<br />

à marca e um promotor da empresa.<br />

1 Objeções das mais variadas – “Não sei se<br />

preciso disso agora”, “Vou falar com minha esposa”,<br />

e assim por diante são pedras no sapato<br />

com as quais vendedores bem-preparados sabem<br />

lidar facilmente.<br />

Da mesma forma, os erros mais prejudiciais ao<br />

sucesso em uma negociação também se repetiram<br />

na nossa pesquisa. Estes foram os 20 mais citados:<br />

1) Achar que toda negociação é “ganha–perde”.<br />

2) Não fazer um levantamento de necessidades<br />

correto.<br />

3) Não qualificar corretamente os prospects.*<br />

4) Começar a dar sinais de possíveis<br />

descontos e concessões<br />

antes mesmo de o cliente falar<br />

qualquer coisa. Como diz<br />

Marcelo Caetano, diretor da<br />

<strong>VendaMais</strong> e autor do livro<br />

Chega de desconto! – Venda valor<br />

antes que seu lucro acabe, desconto é parte do<br />

jogo, mas não deve ser o jogo em si. Existem muitas<br />

outras ferramentas que podem ser usadas a<br />

seu favor durante uma negociação, e você precisa<br />

explorá-las para se diferenciar da concorrência.<br />

5) Negociar com a pessoa errada.<br />

6) Tratar todas as objeções da mesma forma, como<br />

se fossem iguais.<br />

7) Achar que preço e prazo são as únicas alavancas<br />

que você tem para negociar.<br />

8) Achar que negociar é conceder.<br />

9) Não saber dizer “não”.<br />

10) Não entender o processo de compra do cliente.<br />

11) Ofender-se ou reagir negativamente a técnicas<br />

manipulativas do cliente.<br />

*Aqui, entramos novamente a questão do PCI (perfil de cliente ideal), conceito desenvolvido<br />

por Raul Candeloro e que você confere abaixo.<br />

Definindo o perfil do cliente ideal (PCI) da sua empresa<br />

a) Escolha entre três e cinco clientes de sua carteira que você considera clientes ideais,<br />

aqueles que se todos os clientes fossem como eles, você seria o vendedor mais feliz<br />

do mundo. Analise-os, identifique o que eles têm em comum (quais são as características<br />

demográficas, geográficas e psicográficas semelhantes e qual seu perfil de<br />

consumo) e anote tudo.<br />

b) Escolha as três características mais importantes dentre as listadas.<br />

c) Defina quais são os problemas que você ajuda esses clientes a resolver.<br />

d) Destaque três diferenciais que esses clientes valorizam em sua empresa (além do preço).<br />

e) Junte tudo e crie o descritivo de cliente ideal: “Meu cliente ideal é aquele que tem tais<br />

características, está procurando resolver os problemas x, y e z e valoriza estes diferenciais.”<br />

“Quando uma equipe<br />

negocia preço, ela faz<br />

isso essencialmente<br />

porque o líder permite.”<br />

(Raul Candeloro)<br />

“Com o PCI, você tem muito mais eficiência, porque aproveita melhor cada contato.<br />

Você também tem mais chances de receber indicações, pois, ao trabalhar focado em um<br />

determinado grupo de clientes potenciais, eles conseguem entender claramente o que<br />

você está oferecendo e podem indicá-lo para outras pessoas que podem se beneficiar<br />

do uso de seus produtos e serviços”, explica Raul Candeloro, diretor da <strong>VendaMais</strong> e<br />

especialista em alta performance em vendas.<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 39


EDIÇÃO ESPECIAL NEGOCIAÇÃO<br />

Como agir com cada tipo de negociador<br />

Assim como existem diferentes tipos de amigos, existem<br />

diferentes tipos de negociadores. Entender o que define<br />

cada perfil e saber como lidar com eles é essencial para o<br />

sucesso em negociações. Sabendo disso, Silvia Candeloro<br />

apresenta dicas para ajudá-lo a negociar com clientes analíticos,<br />

relacionais, controladores e experimentais:<br />

1 Se o cliente for ANALíTICO, prepare sua apresentação com<br />

muita informação. Tenha em mente que é um cliente que<br />

precisa se sentir muito seguro com a decisão que tomar.<br />

Por isso, gráficos, planilhas, artigos, depoimentos e tudo<br />

mais que mostrar que sua empresa é idônea, que o produto/serviço<br />

é bom, que o preço está justo etc. vão ajudar na<br />

sua apresentação. Mesmo assim, não espere uma decisão<br />

imediata, pois o processo decisório dos analíticos é mais<br />

lento. A boa notícia é que, depois de convencidos, tornam-<br />

-se clientes fiéis.<br />

1 Se o cliente for RELACIONAL, vá com tempo e disposição<br />

para uma conversa inicial. Sem ter uma boa conexão, o relacional<br />

tem dificuldade em confiar e ter vontade de fazer<br />

negócio. Tenha em mente que o cliente relacional não decide<br />

nada sozinho e tente descobrir quem são os influenciadores<br />

– se conseguir chegar até eles, você terá mais chances<br />

de sucesso. Como a pessoa relacional tem essa necessidade<br />

de aceitação social, argumentos como “esse é o mais<br />

vendido” ou simplesmente mostrar que muita gente – de<br />

preferência pessoas que, de alguma forma, se destacam –<br />

gosta e compra seu produto/serviço vai ajudá-lo a decidir.<br />

1 Se o cliente for CONTROLADOR, prepare-se bem para uma<br />

apresentação rápida e de impacto, pois, ao contrário do relacional,<br />

esse perfil de comprador quer pouco papo. Esteja<br />

pronto para uma contraproposta, que pode ser muito agressiva<br />

ou, às vezes, até indecente. O controlador precisa – mais<br />

que os outros – sair da sala de reuniões com a sensação de<br />

que fez um excelente negócio, que a proposta era irrecusável.<br />

Sendo assim, cuide para que ele sinta que levou vantagem.<br />

Não espere desse perfil muita fidelidade – ele ficará com você<br />

enquanto achar que está sendo bom para ele.<br />

1 Se o cliente for EXPERIMENTAL, tenha em mente que dinheiro,<br />

para ele, não tem muito valor e, portanto, dar desconto<br />

só fará você faturar menos. O que ele realmente<br />

valoriza é a inovação, o inusitado, a criatividade, a exclusividade,<br />

o design. Foque sua apresentação nesse sentido,<br />

mostrando como seu produto/serviço fará com que o cliente<br />

se destaque no seu meio/segmento.<br />

12) Falar demais.<br />

13) Não prestar atenção de verdade ao que o cliente<br />

está dizendo.<br />

14) “Achar” que já sabe ou que já entendeu como o<br />

cliente é, o que ele quer, do que gosta etc.<br />

15) Falta de planejamento e preparação.<br />

16) Superestimar o poder, a autoridade ou a habilidade<br />

do outro.<br />

17) Subestimar seu próprio poder, autoridade ou<br />

habilidade.<br />

18) Ficar ansioso para fechar a venda logo.<br />

19) Ceder demais.<br />

20) Ir direto ao preço.<br />

Se você ou sua equipe costuma cometer algum<br />

(ou alguns) desses erros, deve saber que as consequências<br />

são óbvias, né? Perda de vendas, lucratividade<br />

abalada, comissionamento menor, dificuldade<br />

para fidelizar clientes, abalo na credibilidade<br />

e estresse e desperdício de energia. Ou seja, um<br />

pacote de resultados ruins que precisa ser abolido<br />

da sua empresa.<br />

Diretrizes de uma negociação eficaz<br />

Para começar a reverter esse cenário negativo e tirar<br />

de cada negociação o melhor possível para ambas as<br />

partes, você precisa primeiro entender que:<br />

1 Você não tem de ser agressivo para ser um bom<br />

negociador.<br />

1 Negociação não é uma luta.<br />

1 A maioria das pessoas tem um talento natural<br />

para negociar.<br />

1 Você não precisa comprometer sua ética para<br />

conseguir o que quer da negociação.<br />

1 Você não precisa “levar a melhor” para negociar<br />

com eficiência.<br />

1 A negociação nem sempre é um processo formal.<br />

1 Não há regras para negociar.<br />

1 Tudo que é produto de negociação é negociável.<br />

1 O cliente pode sempre pedir um acordo melhor<br />

1 É preciso aprender a dizer “não”.<br />

1 É importante buscar soluções criativas para chegar<br />

a um acordo.<br />

Além disso, você deve definir o que é uma negociação<br />

ideal para o seu negócio, para aquela venda.<br />

40<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


Definindo suas próprias expectativas e considerando<br />

que o cliente também terá as dele, você<br />

terá uma base para começar a pensar no seu processo<br />

de negociação. E é aí que o seu sucesso nessa<br />

etapa da venda começa a ser construído.<br />

Desenhando um processo efetivo de<br />

negociação<br />

Para buscar uma solução para os problemas apontados<br />

pelos participantes da nossa pesquisa, fomos investigar<br />

a raiz dos erros e dos desafios apresentados por<br />

eles. Nessa busca, fizemos as seguintes descobertas:<br />

Márcio Miranda<br />

Para isso, Márcio Miranda, um dos maiores especialistas<br />

em negociação no Brasil, sugere a utilização<br />

da técnica que ele chama de “minimax”, que tem<br />

como ponto de partida as seguintes questões:<br />

1 Qual o mínimo que estou disposto a aceitar?<br />

1 Qual o máximo que posso esperar?<br />

1 Qual o mínimo que posso conceder?<br />

1 Qual o máximo que posso oferecer em troca?<br />

Da mesma forma, o cliente também terá seu<br />

“minimax”, mas como dificilmente você saberá qual<br />

é, a recomendação de Miranda é que você leve em<br />

conta as seguintes regras:<br />

1. Não parta do princípio de que o cliente é ponderado.<br />

2. Não assuma que os valores do cliente são os<br />

mesmos que você teria se estivesse no lugar<br />

dele.<br />

3. Tenha por base tudo que conseguiu pesquisar<br />

sobre o cliente.<br />

4. Continue fazendo perguntas ao cliente.<br />

a) A maioria das empresas não tem um processo<br />

efetivo de negociação.<br />

b) Pouco se investe na capacitação dos profissionais<br />

de vendas no que diz respeito às habilidades<br />

necessárias para ser um bom negociador.<br />

c) Menos da metade das organizações que participaram<br />

da nossa pesquisa define metas claras<br />

de negociação.<br />

A boa notícia é que é só cabe a você resolver<br />

esses problemas. E a gente pode ajudar na missão!<br />

Você sente, hoje, que sua empresa tem um processo efetivo<br />

de negociação?<br />

Sim – 20%<br />

Não – 55%<br />

Não souberam responder ou<br />

deram respostas confusas – 25%<br />

Os vendedores de sua empresa recebem treinamentos periódicos<br />

de negociação?<br />

Sim – 23%<br />

Não – 51%<br />

Não souberam responder ou<br />

deram respostas confusas – 26%<br />

Existem metas quantitativas claras e definidas de negociação<br />

na sua empresa?<br />

Sim – 40%<br />

Não – 60%<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 41


EDIÇÃO ESPECIAL NEGOCIAÇÃO<br />

3 etapas de uma negociação eficiente<br />

O ponto alto de uma negociação pode até acontecer<br />

dentro de quatro paredes, com as duas partes reunidas<br />

para “bater o martelo”, mas a verdade é que<br />

uma negociação eficiente começa muito antes de<br />

cliente e vendedor se encontrarem para negociar e<br />

também não termina depois que o acordo é fechado.<br />

Existem ações importantes que devem ser colocadas<br />

em prática antes, durante e depois da reunião.<br />

E é sobre ela que falaremos a seguir.<br />

1) Antes da reunião<br />

a) Planejamento<br />

Verdade seja dita: falta de planejamento não é um<br />

problema exclusivo de negociadores. É quase um<br />

mal da humanidade. A maioria das pessoas parece<br />

preferir deixar as coisas acontecerem naturalmente<br />

– em todos os aspectos da vida – e aí depois<br />

reclama porque as coisas saíram do controle.<br />

Obviamente, um bom planejamento não garante<br />

que tudo aconteça como você imaginava, mas,<br />

como destaca Silvia Candeloro no curso on-line<br />

Negociação de Alta Performance (NAP), do Instituto<br />

<strong>VendaMais</strong>, quando não há um planejamento<br />

prévio em uma negociação, é isto o que acontece:<br />

1 Não sabemos exatamente onde queremos chegar,<br />

por isso qualquer resultado, mesmo ruim, parece<br />

satisfatório.<br />

1 Deixamos de ganhar muito dinheiro e de aproveitar<br />

oportunidades importantes.<br />

1 Negociamos de forma competitiva, o que limita<br />

o relacionamento e os ganhos futuros.<br />

1 Perdemos credibilidade e, muitas vezes, o negócio<br />

quando nos encontramos com um comprador<br />

mais preparado que nós.<br />

1 Negociamos sem levar em consideração as<br />

crenças e os valores de cada um, ou seja, achamos<br />

que o nosso ponto de vista é o único correto<br />

e isso causa um grande distanciamento<br />

com o comprador.<br />

1 Improvisamos muito mais do que o desejado.<br />

Em outras palavras, sem planejamento, começa-se<br />

tudo errado!<br />

Silvia Candeloro<br />

Se não é isso que você quer que aconteça nas<br />

suas negociações, dedique o máximo de tempo<br />

possível a essa etapa anterior ao início do processo<br />

de negociação e aproveite para:<br />

1 Conhecer a si mesmo, sua empresa, seus concorrentes,<br />

o mercado, seu produto ou serviço e<br />

seu cliente;<br />

1 Determinar seus objetivos;<br />

1 Decidir tudo o que é negociável, além do preço;<br />

1 Definir sua Zona de Possíveis Acordos (ZOPA);<br />

1 Construir sua MAPAN (Melhor Alternativa<br />

para um Acordo Negociado);<br />

1 Listar as objeções mais comuns e se preparar<br />

para encará-las;<br />

1 Estabelecer sua lista de concessões.<br />

“Que seu cliente vai lhe pedir alguma coisa, isso é<br />

certeza! Então, a melhor saída é se preparar para esse<br />

momento pensando nas trocas. Isso mesmo: você também<br />

deve se preparar para pedir algo do seu cliente! Fazer<br />

isso no improviso é muito arriscado, seja estratégico<br />

e saiba o que vale a pena trocar”, aconselha Silvia.<br />

42<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


"Quando negociamos com um<br />

plano B, ou seja, uma boa segunda<br />

OPÇão, negociamos bem melhor!"<br />

(Silvia Candeloro)<br />

Por último, não se esqueça de pensar em um plano<br />

B. “Como negociamos quando vamos atender<br />

aquele cliente que pode representar o fechamento da<br />

nossa meta mensal e não temos outro que possa<br />

substituí-lo caso ele não feche? É muita pressão, não<br />

é mesmo? Cedemos mais do que precisaríamos, damos<br />

desconto, aumentamos prazo de pagamento,<br />

diminuímos o prazo de entrega, enfim, aceitamos os<br />

pedidos do cliente sem muita resistência. Muitas vezes,<br />

isso nos complica internamente com nossa própria<br />

empresa, além de deixar o cliente acostumado a achar<br />

que é ele quem ‘manda’, o que não é nada favorável.<br />

Quando negociamos com um plano B, ou seja, uma<br />

boa segunda opção, negociamos bem melhor!<br />

Prospecção contínua é uma excelente forma de conseguir<br />

ter boas opções sempre, sem depender de alguns<br />

poucos clientes para atingir seus objetivos”, orienta.<br />

A especialista sugere, ainda, que você faça tudo<br />

isso de forma oficial. Ou seja, que coloque no papel<br />

essas informações que podem ser cruciais durante<br />

a negociação. Assim, as ideias ficarão mais claras<br />

e seu planejamento de fato tomará forma, o que<br />

permite que você passe para a próxima etapa.<br />

2) Durante a reunião<br />

Já durante a reunião, uma boa forma de conduzir<br />

a negociação é dividindo-a em cinco etapas:<br />

a) Abertura – Momento em que você deve buscar<br />

entrar em sintonia com o cliente, interpretar o que a<br />

linguagem corporal dele diz, falar de forma assertiva,<br />

usando a voz para inspirar, e usar as armas da persuasão<br />

a seu favor (nosso colunista João Alberto<br />

Costenaro fala sobre isso no artigo “Gatilhos mentais<br />

na negociação”, que inicia na página 58).<br />

b) Entendendo o outro – Esta é a etapa em que<br />

você deve fazer perguntas estratégicas, ouvir atentamente<br />

as respostas e usar as informações a seu favor.<br />

Aproveite para entender os motivadores de compra do<br />

seu cliente e começar a desenhar, na sua mente, como<br />

deve ser a apresentação da solução ideal para ele.<br />

c) Apresentando uma solução – A “hora do<br />

show!” Para garantir que ela seja um sucesso, demonstre<br />

que você tem conhecimento, cuide com a<br />

sua linguagem corporal, use dados, informações,<br />

estatísticas e experiências positivas de outros clientes<br />

a seu favor, mescle seriedade com humor, fale<br />

das características de seu produto ou serviço – mas<br />

sem esquecer, principalmente, dos benefícios que o<br />

que você vende pode gerar para o prospect –, deixe<br />

o cliente participar do debate (monólogos são péssimos<br />

para negociações) e, por fim, faça o que Silvia<br />

Candeloro chama de “silêncio mágico”. “Deixe o<br />

cliente à vontade para pensar ali mesmo e não pressione,<br />

senão ele irá pensar em casa e já sabemos que<br />

quando o cliente nos deixa, muitas vezes não volta<br />

e é mais difícil reativar a negociação”, destaca.<br />

d) Superando objeções – Na etapa de planejamento<br />

da negociação, você deve ter listado as objeções<br />

mais frequentes e se preparado para encará-las.<br />

Esta é a hora de colocar essa preparação à prova.<br />

e) Entrando num acordo – Neste momento, você<br />

precisa conduzir o seu cliente ao fechamento.<br />

Existem diversas formas de fazer isso. No curso<br />

NAP (Negociação de Alta Performance), Raul e<br />

Silvia Candeloro ensinam sete métodos diferentes.<br />

O mais natural e suave que existe chama-se “fechamento<br />

assumido”: “Assim que o cliente sinaliza<br />

que gostou da proposta, o vendedor deve conduzir<br />

a conversa como se tivesse fechado o negócio, apesar<br />

de não ter havido uma confirmação clara. Se<br />

todos os passos foram feitos corretamente, essa é a<br />

técnica mais tranquila e fácil de usar”, revelam.<br />

NAP – Negociação de Alta Performance, curso<br />

on-line comandado por Raul e Silvia Candeloro<br />

Turmas contínuas. Faça sua inscrição e inicie o<br />

curso imediatamente! bit.ly/NAP-IVM<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 43


EDIÇÃO ESPECIAL NEGOCIAÇÃO<br />

3) Depois da reunião<br />

Depois de colocar todos esses passos em prática,<br />

chega a hora de analisar sua performance, descobrir<br />

quais foram seus pontos fortes e fracos e começar<br />

a se preparar para a próxima negociação<br />

levando isso em consideração, porque a roda nunca<br />

para de girar!<br />

"Nós NãO podemos vender a<br />

qualquer custo."<br />

(Marcelo Caetano)<br />

<strong>VendaMais</strong> Responde:<br />

Qual é o papel do líder<br />

nas negociações?<br />

O lado operacional da venda é sempre<br />

de responsabilidade do vendedor.<br />

Ele apresenta o produto ou<br />

serviço ao prospect, fala sobre os<br />

diferenciais daquela oferta – e da<br />

empresa que representa –, revela<br />

quais são o preço e o prazo de entrega<br />

e negocia as condições de<br />

fechamento.<br />

Já a parte estratégica, na maioria<br />

das vezes, cabe ao líder de vendas.<br />

Ou ao menos é assim que deveria<br />

ser... Afinal, como destaca o<br />

diretor da <strong>VendaMais</strong> Raul Candeloro<br />

em um dos episódios mais<br />

recentes do programa <strong>VendaMais</strong><br />

Responde, em que tem a companhia<br />

de seu sócio Marcelo Caetano,<br />

“quando uma equipe negocia preço,<br />

ela faz isso essencialmente<br />

porque o líder permite.”<br />

A opinião de Caetano sintetiza<br />

o que o debate se propõe a esclarecer:<br />

“Não se pode vender a qualquer<br />

custo!”<br />

Quer saber sobre o que mais<br />

os dois refletem nessa conversa<br />

cheia de insights preciosos? Assista<br />

ao episódio completo acessando<br />

bit.ly/vmresponde-<strong>negociacao</strong>.<br />

44<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


Teste: Você é um bom negociador?<br />

Desenvolvido por Marcelo Ortega, palestrante, consultor e treinador de equipes comerciais<br />

Questão Sim Não<br />

1. Faço uma minuciosa pesquisa sobre a área em que estou<br />

negociando antes de começar um diálogo com meu cliente?<br />

2. Considero os dois lados do assunto antes de iniciar a<br />

negociação?<br />

3. Tenho um plano de recuo quando as coisas não caminham da<br />

maneira que espero?<br />

4.<br />

5.<br />

Tenho um plano específico para a negociação antes de iniciá-la?<br />

Levo em conta o tipo de personalidade da pessoa com a qual<br />

estou negociando?<br />

6. Faço uma previsão das possíveis objeções e concordâncias<br />

que o cliente poderá fazer?<br />

7. Determino o estilo e as táticas necessárias em cada<br />

negociação?<br />

8. Mantenho minhas emoções fora do processo de negociação<br />

e nunca levo as coisas para o lado pessoal?<br />

9. Sinto-me confortável e confiante durante o processo de<br />

negociação?<br />

10. Sei em que ponto sou mais vulnerável no processo de<br />

negociação?<br />

TOTAL<br />

Marcelo Ortega<br />

Considere que cada questão para a qual você responde “sim” vale um ponto. Quantos<br />

pontos você obteve no teste? O vendedor de sucesso deve tirar nota 10, mas se você ainda<br />

não chegou lá, reveja todas as questões em que assinalou "não". O que você poderia fazer<br />

para mudar essas respostas?<br />

De modo geral, podemos definir seu perfil de negociação a partir desse teste desta forma:<br />

1 Acima de sete respostas “sim”: Muito bem, você deve ter facilidade em fechar negócios!<br />

1 Entre quatro e sete respostas “sim”: Precisa trabalhar mais em seus pontos fracos, melhorar<br />

sua maneira de negociar e buscar avanços baseados nas técnicas e ideias compartilhadas<br />

nesta revista.<br />

1 Abaixo de quatro respostas “sim”: Cuidado, você pode estar na área errada ou vendas<br />

não é para você! Mas não desanime, existem formas de melhorar – só é preciso determinação<br />

e prática!<br />

Esse processo de autoavaliação deve ser realizado constantemente; assim, você sempre<br />

poderá pensar sobre os itens que deve aprimorar, se esforçar e trabalhar para melhorá-los.<br />

O maior desafio de um negociador é ter de superar objeções mantendo a calma e a eficiência<br />

na comunicação e poder de persuasão.<br />

Às negociações!<br />

Com a ajuda deste manual de<br />

negociação, das teorias e técnicas<br />

apresentadas pelos colunistas da<br />

<strong>VendaMais</strong> ao longo desta edição,<br />

das histórias inspiradoras<br />

contadas nas reportagens especiais<br />

e de um esforço de sua parte<br />

para colocar todas as boas lições<br />

em prática, seu caminho<br />

daqui em diante será muito mais<br />

tranquilo, e os diálogos que abriram<br />

esta matéria dificilmente<br />

serão ouvidos na sua empresa.<br />

Boas negociações!<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 45


Comportamento<br />

Silvia Candeloro<br />

Existe diferença entre homens<br />

e mulheres negociando?<br />

Aresposta para essa pergunta é: sim! E se mudarmos a<br />

pergunta para: no Brasil, o machismo prejudica de<br />

alguma forma as mulheres quando negociam? Minha<br />

resposta é: muito pouco.<br />

É claro que existem algumas regiões e culturas<br />

em que o machismo é mais presente, mas se a mulher<br />

tiver uma postura profissional e segura e profundo<br />

conhecimento do assunto que está sendo tratado,<br />

terá grandes chances de conseguir se posicionar e<br />

fazer uma excelente negociação.<br />

Três aspectos precisam ser analisados para entender<br />

o assunto: o preconceito, a energia e as diferenças<br />

(e o que podemos aprender com elas). É sobre isso que<br />

vamos falar a seguir.<br />

1<br />

Preconceito<br />

O preconceito permeia todas as áreas de interação<br />

humana, e no ambiente profissional<br />

não é diferente. O princípio básico<br />

para uma negociação justa e que<br />

tenha um bom fechamento, deixando<br />

ambos satisfeitos com o desfecho,<br />

é conseguir estabelecer um<br />

relacionamento satisfatório, com<br />

um mínimo de respeito. Alguns<br />

fatores que tornam esse relacionamento<br />

mais trabalhoso são:<br />

1 Ser rotulado como inexperiente<br />

por ser muito jovem, ou ter passado<br />

da meia-idade e acharem que<br />

está defasado e tem pouca energia.<br />

1 Não transmitir segurança ou<br />

credibilidade quando se comunica<br />

– talvez pelo tom de voz, pela falta<br />

de eloquência na transmissão<br />

46<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


das ideias, por ter um vocabulário<br />

simples para seu interlocutor, pela<br />

postura corporal ou até pela<br />

forma de se vestir.<br />

1 Não demonstrar profundo conhecimento<br />

sobre o assunto que<br />

está sendo tratado.<br />

1 Sexo, orientação sexual, obesidade,<br />

ser estrangeiro e/ou não dominar<br />

bem o idioma, uma cultura,<br />

religião ou qualquer coisa que pareça<br />

“inferior” para a pessoa com<br />

quem quer negociar.<br />

2<br />

Energia<br />

Por definição, energia é<br />

a capacidade de qualquer<br />

corpo de produzir trabalho, ação<br />

ou movimento. Assim como na<br />

física, o encontro de dois corpos<br />

pode causar atração ou repulsão,<br />

dependendo da carga energética<br />

de cada um. Vou contar dois<br />

exemplos que vão ajudar na compreensão.<br />

Exemplo número 1: Nos meus<br />

treinamentos de negociação, costumo<br />

fazer uma dinâmica em que<br />

quatro voluntários são filmados<br />

negociando. Ao final, apresento<br />

um cenário mais complexo, que<br />

vai além de decidir quanto desconto<br />

e qual prazo de pagamento<br />

se deve dar. Isso requer habilidade<br />

em entender a verdadeira situação<br />

de cada uma das partes e ser<br />

criativo para chegar a um bom<br />

acordo. Normalmente, o que acontece<br />

é o seguinte:<br />

1 A maioria dos que se oferecem<br />

como voluntários para participar<br />

das dinâmicas são homens.<br />

1 Quando apenas homens participam<br />

e eles sabem que estão<br />

sendo avaliados, é comum que se<br />

tornem muito competitivos e façam<br />

as piores negociações possíveis<br />

– isso quando chegam ao<br />

fechamento, pois, algumas vezes,<br />

a “queda de braço” é tão grande<br />

que a negociação não avança, já<br />

que ninguém quer ceder.<br />

1 Quando alguma mulher participa,<br />

a chance de fechar aumenta<br />

muito e com soluções mais criativas<br />

e ótimos resultados para as duas<br />

partes.<br />

Exemplo número 2: Dois homens<br />

entre cinquenta e sessenta anos<br />

entram numa loja de carros importados.<br />

Aparece para atendê-los uma<br />

vendedora jovem, muito arrumada,<br />

vestida com roupas curtas e insinuantes<br />

e uma postura bastante<br />

sensual. Fico pensando: se fosse<br />

um casal ou duas mulheres, será<br />

que apareceria um vendedor com<br />

outro estilo? Provável, não é?<br />

Deixando de lado as questões<br />

morais desse comportamento, veja<br />

que, nas duas situações, a energia<br />

que se estabelece (ou pretende<br />

se estabelecer) entre as partes é um<br />

fator decisivo para o resultado do<br />

processo de vendas.<br />

Quando dois homens entram<br />

em um estado de competição, gera-<br />

-se uma energia de repulsão e, com<br />

isso, a dificuldade de um bom acordo.<br />

Quando um homem e uma<br />

mulher sentam para negociar, existe<br />

uma grande chance de uma leve<br />

e discreta atração – mesmo quando<br />

não é algo estrategicamente<br />

pensado, como no segundo exem -<br />

plo. Essa atração muitas vezes resulta<br />

em uma vontade quase inconsciente<br />

de ser bem visto pela<br />

outra parte, de querer agradar (e<br />

isso até atrapalha na hora de ser<br />

mais direto e objetivo), mas que,<br />

de uma forma geral, faz com que<br />

as negociações, apesar de terem<br />

mais rodeios e floreios, acabem<br />

bem. Duas mulheres negociando<br />

têm uma chance maior de chegar<br />

a um resultado ótimo e ir muito<br />

além, trocar experiências, informações,<br />

sugestões de boas escolas<br />

para os filhos e ainda dicas de<br />

assuntos variados.<br />

3<br />

As diferenças e o que<br />

podemos aprender com<br />

o sexo oposto<br />

Obviamente, cada pessoa tem suas<br />

características próprias, mas, em<br />

termos gerais:<br />

1 Mulheres se comprometem<br />

muito rápido e, por isso, acabam<br />

aceitando a primeira oferta. Não<br />

seja tão impulsiva, negocie!<br />

1 Homens são mais seguros e<br />

ousados. Consideram-se aptos a<br />

um novo desafio mesmo quando<br />

atendem a apenas 60% dos requisitos<br />

necessários. As mulheres se<br />

sentem inseguras, mesmo quando<br />

estão 100% aptas. Mulheres, sejam<br />

mais confiantes e se valorizem!<br />

1 Mulheres são excelentes analisando<br />

e entendendo o cenário<br />

geral, não apenas o assunto que<br />

está sendo negociado. Com isso,<br />

conseguem ser criativas e encontrar<br />

soluções interessantes e diferentes.<br />

1 Homens dificilmente dizem “eu<br />

não sei negociar” ou “me sinto mal<br />

negociando”. Já as mulheres não se<br />

cansam de repetir que não gostam<br />

e/ou não conseguem negociar. Isso<br />

só dificulta seu trabalho. Chega<br />

disso! Treine diariamente, mesmo<br />

com coisas simples.<br />

1 Mulheres são mal vistas, mesmo<br />

por outras mulheres, quando negociam<br />

em causa própria. Para amenizar<br />

esse tipo de mal-estar, evite<br />

dizer “eu quero” ou “eu preciso”. Estude<br />

e embase suas demandas em<br />

fatos e não em necessidades pessoais.<br />

1 Mulheres são mais emotivas e<br />

não têm problemas em mostrar seus<br />

sentimentos, podem ir do riso ao<br />

choro sem constrangimento. Os homens<br />

são mais discretos e nem todos<br />

sabem lidar com essa característica<br />

feminina. Homens, nós somos assim<br />

e nem por isso estamos em TPM!<br />

Como vemos, cada um tem<br />

suas habilidades, e aprender com<br />

as diferenças é o melhor caminho.<br />

“O princípio<br />

básico para uma<br />

negociação justa<br />

e que tenha um<br />

bom fechamento,<br />

deixando ambos<br />

satisfeitos com<br />

o desfecho,<br />

é conseguir<br />

estabelecer um<br />

relacionamento<br />

satisfatório, com<br />

um mínimo de<br />

respeito.”<br />

Silvia Candeloro é especialista<br />

e estudiosa na área<br />

de negociação, treina equipes<br />

comerciais e assessora<br />

empresários e executivos,<br />

além de ser palestrante.<br />

Possui MBA em<br />

Gestão Empresarial pela<br />

FGV, é professora de Negociação<br />

no Centro Europeu<br />

e autora do Kit de Negociação<br />

<strong>VendaMais</strong>. Foi, durante<br />

16 anos, sócia e diretora<br />

da Editora Quantum.<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 47


s /Por Natasha Schiebel<br />

A arte da negociação<br />

maioria dos profissionais<br />

de vendas é louco<br />

por fechamento. Quer<br />

ver o dinheiro no bolso,<br />

o cliente satisfeito<br />

e um relacionamento<br />

produtivo começando.<br />

Porém, para chegar ao<br />

último passo da venda,<br />

é preciso, antes,<br />

passar por diversas<br />

outras etapas – incluindo, claro, a negociação,<br />

em que seus argumentos são postos<br />

à mesa e o cliente está pronto para<br />

questioná-los.<br />

Nem sempre essa é uma missão fácil.<br />

O caminho para o sucesso nas negociações<br />

passa por saber exatamente o que é sucesso<br />

nesse passo da venda, quais as habilidades<br />

do bom negociador, como desenvolvê-las,<br />

qual o papel das emoções<br />

nas negociações e assim por diante. E é<br />

sobre tudo isso (e muito mais) que conversamos<br />

com o especialista norte-americano<br />

Michael Wheeler, professor da<br />

Harvard Business School e autor e coautor<br />

de dez livros (incluindo<br />

A arte da negociação).<br />

Leia parte<br />

da entrevista concedida<br />

por Wheeler à<br />

<strong>VendaMais</strong> em dezembro<br />

de 2014* e<br />

aprenda a ser um negociador<br />

de sucesso!<br />

1 *A entrevista completa está disponível em<br />

bit.ly/entrevista-<strong>negociacao</strong>. Não deixe de ler!<br />

Foto: Divulgação<br />

48<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


<strong>VendaMais</strong> – Qual é a sua definição<br />

para sucesso em negociação?<br />

Michael Wheeler – Há três testes<br />

de sucesso em negociação. Especificamente,<br />

para chegar ao sucesso,<br />

é preciso ter a habilidade de:<br />

1 Chegar a um consenso – quando<br />

for possível.<br />

1 Gerar valor agregado de uma<br />

maneira criativa na resolução<br />

de problemas.<br />

1 Obter pequenas conquistas<br />

antes de elas se transformarem<br />

em conflitos custosos.<br />

Em todos esses casos, sucesso<br />

também significa negociar de<br />

uma maneira que esteja de acordo<br />

com seus valores e, quando<br />

possível, manter um bom relacionamento<br />

com as pessoas com<br />

quem você negocia.<br />

Quais são as características de<br />

um bom negociador?<br />

Negociadores efetivos são emocionalmente<br />

equilibrados. Eles<br />

aceitam o fato de que nem tudo<br />

que acontece está sob seu controle<br />

– a pessoa com quem negociam<br />

pode ser tão inteligente e determinada<br />

quanto eles próprios e<br />

outros grupos podem não estar<br />

propensos a falar e fazer exatamente<br />

o que eles querem – e também<br />

não seguem scripts de outras<br />

pessoas. E eles se sentem confortáveis<br />

com isso, focam no que<br />

podem influenciar por contra<br />

própria e começam o processo<br />

com sua própria atitude.<br />

É possível desenvolver esse<br />

equilíbrio emocional, essa consciência<br />

de que nem tudo está<br />

sob seu controle?<br />

Com certeza. Mas, para isso, é<br />

preciso uma avaliação honesta<br />

de seus pontos fortes e fracos.<br />

Algumas pessoas são ótimas<br />

analiticamente, pensam como<br />

jogadores de xadrez e têm excelente<br />

noção de como o processo<br />

irá se desdobrar, movimento<br />

por movimento. Mas essas<br />

mesmas pessoas podem não<br />

ser tão fortes no que diz respeito<br />

ao relacionamento interpessoal,<br />

à persuasão e a conquistar<br />

a confiança dos interlocutores.<br />

Por isso é tão importante ter um<br />

mentor ou um colega para quem<br />

você possa pedir conselhos sobre<br />

como se desenvolver. Eles<br />

podem ajudá-lo a trabalhar cada<br />

vez mais os seus pontos fortes<br />

e minimizar os fracos – um processo<br />

que faz parte do caminho<br />

para o sucesso.<br />

Qual é o papel das emoções<br />

nas negociações? O que um negociador<br />

deve fazer com suas<br />

emoções se quiser alcançar o<br />

sucesso?<br />

Negociar deixa muitas pessoas<br />

ansiosas. Naturalmente, elas se<br />

preocupam em saber se vão ou<br />

não atingir seus objetivos. Além<br />

disso, muitos se preocupam com<br />

a própria performance. Tudo isso<br />

é compreensível, mas contraprodutivo,<br />

pois faz com que as pessoas<br />

fiquem na defensiva, interfere<br />

no poder que elas têm de<br />

escutar. Isso tudo as distrai do<br />

foco da tarefa em questão.<br />

Nós precisamos ir para uma<br />

negociação calmos e alertas. Também<br />

precisamos ser tanto pacientes<br />

quanto proativos. E deveríamos<br />

nos preocupar em ser criativos<br />

e práticos.<br />

Pessoas diferentes têm maneiras<br />

diversas de alcançar esse<br />

“status”. Eu conheço algumas que<br />

precisam apenas de um lugar<br />

quieto para se focar. Outras preferem<br />

ouvir música. Há, também,<br />

quem necessite de alguns minutos<br />

de ioga e quem utilize lembranças<br />

de negociações exemplares<br />

para se preparar.<br />

O fato é que o que funciona<br />

para alguns pode não funcionar<br />

para outros. Mas de uma coisa<br />

eu tenho certeza: antes de começar<br />

uma negociação, você precisa<br />

de um intervalo “limpo”, precisa<br />

deixar de lado o que estava<br />

fazendo antes.<br />

Qual é a importância da linguagem<br />

corporal na negociação?<br />

Nós nos comunicamos de diversas<br />

maneiras, não apenas por meio<br />

de palavras, das ofertas que fazemos<br />

ou das questões que perguntamos.<br />

O tom da nossa voz,<br />

nossas expressões faciais, nossa<br />

postura, todos os nossos movimentos<br />

comunicam algo aos nossos<br />

interlocutores e, por isso, influenciam<br />

no andamento das<br />

negociações.<br />

Em sala de aula, às vezes eu<br />

mostro aos meus alunos vídeos<br />

de outras pessoas negociando,<br />

mas deixo o vídeo sem som. Mesmo<br />

assim, os alunos conseguem<br />

dizer se a negociação está indo<br />

bem ou não. Culpa, claro, da linguagem<br />

corporal.<br />

Não é um gesto em particular<br />

que é revelador – se uma pessoa<br />

coça a orelha, por exemplo –, é<br />

como a interação acontece. O<br />

comportamento dos negociadores<br />

está interligado ou não? Explico<br />

essa ideia com exemplos.<br />

No caso 1, você pode observar<br />

as duas pessoas se inclinando<br />

para frente na mesa, claramente<br />

tentando achar uma solução para<br />

um problema. Em outro caso,<br />

um negociador pode estar muito<br />

ativo, enquanto o outro só<br />

ouve. É óbvio que nesse segundo<br />

caso as pessoas ainda estão<br />

se conectando.<br />

“Nós<br />

precisamos<br />

ir para uma<br />

negociação<br />

calmos e<br />

alertas.<br />

Também<br />

precisamos<br />

ser tanto<br />

pacientes<br />

quanto<br />

proativos. E<br />

deveríamos<br />

nos preocupar<br />

em ser<br />

criativos e<br />

práticos.”<br />

(Michael Wheeler)<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 49


Negociação de alto impacto<br />

Marcelo Ortega<br />

CO caminho para negociar melhor<br />

ada venda é uma negociação. E, geralmente, as negociações focam 3. Sua habilidade em ser transparente<br />

e não resistente<br />

em dois temas principais: valor e preço. Clientes sempre irão demandar<br />

preço menor com maior valor agregado, como uma tática Clientes respeitam vendedores que<br />

talvez desleal – mas natural – de exercer pressão sobre o vendedor. demonstram transparência, mas<br />

Grandes negociadores sabem que uma boa negociação em valorizam ainda mais aqueles que<br />

vendas não significa passar por cima do cliente que quer “o maior evitam resistência ou impedimentos<br />

aos desejos deles, procurando<br />

pedaço da torta”, mas encontrar caminhos para fazer com que, no<br />

final, tenha-se a maior quantidade de “torta” possível para os dois ouvi-los atentamente para entender<br />

lados.<br />

suas reais necessidades. Bons negociadores<br />

são flexíveis e têm trans-<br />

podem ajudá-lo a entrar no pódio dos grandes negociadores: parência para dizer quando é pos-<br />

Sabendo disso, inicio meu artigo listando quatro fatores que<br />

sível ou não oferecer uma concessão.<br />

Bons clientes entendem e são<br />

transparentes e leais quando se<br />

deparam com bons negociadores.<br />

1. Sua atitude<br />

Diga ao cliente que você aprecia a oportunidade de fazer negócios com<br />

ele. Além disso, deixe claro que o mais importante para você é criar uma<br />

situação em que os dois lados saiam ganhando. Demonstre sua seriedade<br />

e a necessidade de finalizar o que foi negociado mediante um contrato<br />

entre as partes contendo tudo o que foi dito.<br />

2. Seu planejamento<br />

Quando vendedores que têm pouca experiência em negociar precisam<br />

solucionar problemas ao longo do processo, eles tendem a pensar que o<br />

melhor a fazer é encontrar uma única solução para o cliente. Grandes<br />

negociadores criam diferentes alternativas e constantemente envolvem<br />

o futuro cliente na busca dessas soluções.<br />

4. Sua energia ao negociar<br />

Muitas vezes, vendedores que se<br />

sentem em desvantagem em uma<br />

negociação canalizam energia negativa<br />

nas palavras e atitudes perante<br />

o cliente, o que pode gerar<br />

conflitos desnecessários. Quando<br />

isso acontecer com você, analise<br />

as objeções e reflita: elas são de<br />

50<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


ordem pessoal ou profissional?<br />

Quando lidamos com foco profissional,<br />

temos mais facilidade em<br />

nos livrar de estímulos emocionais<br />

que nos impedem de manter a calma,<br />

pensar antes de falar e focar<br />

sempre no consenso. A energia ao<br />

negociar é fundamental e sinais de<br />

agressividade e ansiedade podem<br />

colocar tudo a perder. Por isso, sempre<br />

veja as coisas sob o ponto de<br />

vista profissional.<br />

Como apresentar sua<br />

proposta de valor<br />

Com base nisso, para que você seja<br />

bem-sucedido ao oferecer uma<br />

solução, sugiro atenção ao trilhar<br />

o seguinte caminho:<br />

a Seja capaz de oferecer fatos e<br />

benefícios, em vez de afirmações.<br />

As afirmações não são suficientemente<br />

bem-fundamentadas e não<br />

apresentam evidências importantes<br />

para a confiabilidade do cliente.<br />

Os benefícios, por sua vez, focam<br />

na verdadeira razão de compra do<br />

cliente específico com o qual você<br />

está negociando!<br />

a Não imagine que todos os clientes<br />

são iguais.<br />

As pessoas são diferentes umas das<br />

outras nos mais diversos sentidos.<br />

Por que, então, os clientes deveriam<br />

ser iguais? Isso significa que você<br />

deverá utilizar uma abordagem diferente<br />

para cada estilo de cliente.<br />

a Foque nas necessidades do<br />

cliente.<br />

O cliente só comprará se o produto/serviço<br />

for o que ele realmente<br />

quer. Por isso, invista em descobrir<br />

as reais necessidades e desejos dele<br />

e ofereça a melhor solução para<br />

cada caso.<br />

a Dramatize sem enganar.<br />

Use o seu lado ator para criar uma<br />

situação ou escolher as palavras e<br />

atitudes certas para criar a sintonia<br />

necessária com o seu cliente. Mas<br />

lembre-se: isso não significa ludibriá-lo!<br />

a Invista na sua “caixa de ferramentas”.<br />

Você deve portar fatos (artigos de<br />

jornais e revistas, dados estatísticos,<br />

depoimentos etc.). Essas evidências<br />

podem seguir a fórmula CADA<br />

CASE:<br />

Comprovação<br />

Apresentação de artefatos ou objetos<br />

(como um relatório ou um certificado)<br />

que comprovam a qualidade de sua<br />

empresa.<br />

Acontecimento<br />

Declarações verdadeiras que<br />

sustentam o que você está falando.<br />

Depoimento<br />

Reconhecimento das capacidades do<br />

seu produto/serviço, de forma falada<br />

ou escrita, de alguém que já utilizou<br />

seu produto/serviço.<br />

Apresentação<br />

Demonstrações físicas – provavelmente<br />

com o apoio do próprio produto<br />

– que ilustrem um ponto.<br />

Caso de sucesso<br />

Uma situação em que seu produto ou<br />

serviço tenha obtido um resultado de<br />

sucesso.<br />

Artefato<br />

Algo físico que apoie sua solução, algo<br />

que o cliente possa ver e tocar.<br />

Semelhança<br />

Uma comparação (do seu produto<br />

ou serviço) com algo familiar ao<br />

cliente.<br />

Estatísticas<br />

Números relevantes que apoiem as<br />

suas afirmações.<br />

Além disso, tenha em mente<br />

que as objeções dos clientes nem<br />

sempre são racionais – frequentemente,<br />

na verdade, são de ordem<br />

emocional. Se queremos criar<br />

relacionamentos de negócios duradouros,<br />

devemos responder às<br />

necessidades emocionais de nossos<br />

clientes e superar, ao mesmo tempo,<br />

os obstáculos que os impedem<br />

de comprar. Para tanto, destaco<br />

três conselhos valiosos para negociar<br />

com alto impacto:<br />

a) Mostre o valor de compra<br />

e o retorno do investimento.<br />

Muitos consumidores e compradores<br />

só decidirão comprar com você<br />

se entenderem totalmente o valor<br />

de compra e o retorno do investimento.<br />

Sua proposta comercial<br />

deve oferecer um detalhamento de<br />

itens importantes como economia,<br />

facilidade de uso, qualidade do produto,<br />

inovação, durabilidade etc.<br />

Lembre-se de que seu maior concorrente<br />

é a falta de percepção do<br />

cliente sobre o valor que o seu produto<br />

ou serviço tem.<br />

b) Fale aos olhos e ao coração.<br />

Faça o cliente imaginar o quanto<br />

a vida dele vai melhorar com o<br />

investimento em sua proposta. O<br />

cliente é o protagonista da venda<br />

e deve, dessa forma, se sentir no<br />

centro das atenções e ter o direito<br />

de optar pelo melhor. Portanto,<br />

mostre seu produto como a opção<br />

mais adequada para ele.<br />

c) Cale-se e venda!<br />

Muitos vendedores insistem em<br />

apresentar sua proposta ou fazer<br />

uma oferta e em seguida dar um<br />

desconto. A insegurança na proposta<br />

é tanta que acabam concedendo<br />

tudo o que têm de margem<br />

de negociação, sem sequer ouvir<br />

a resposta do cliente. Ao apresentar<br />

a proposta, lembre-se de perguntar<br />

como o cliente a vê e se cale.<br />

Quem fala demais nesse momento<br />

cede mais e fica sem nada<br />

para negociar depois.<br />

Pronto para negociar?<br />

“Grandes<br />

negociadores<br />

criam diferentes<br />

alternativas e<br />

constantemente<br />

envolvem o futuro<br />

cliente na busca<br />

dessas soluções.”<br />

Marcelo Ortega é palestrante,<br />

consultor e treinador de equipes<br />

comerciais. Autor dos livros<br />

Sucesso em vendas, Inteligência<br />

em vendas, RedBook<br />

e de diversos artigos, vídeos,<br />

áudios e materiais de educação<br />

continuada em vendas.<br />

Visite: www.marceloortega.<br />

com.br<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 51


Marketing de conteúdo / Por João Guilherme Brotto /<br />

DIVULGAÇÃO<br />

Como contar<br />

histórias que<br />

vendem<br />

Entenda o conceito de storytelling,<br />

saiba como ele pode ser útil no seu dia a dia em vendas<br />

e descubra o caminho para utilizá-lo a seu favor<br />

52<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


emos falado muito sobre o perfil do<br />

vendedor do futuro aqui na Venda-<br />

Mais. Trata-se de um profissional<br />

atento às mudanças que estão se intensificando<br />

no mundo. Ele é desafiador,<br />

consultivo, empreendedor. Encanta,<br />

surpreende, conquista. Não apenas<br />

em razão do produto/serviço que vende,<br />

mas por quem é e como age.<br />

A diferenciação, na prática, pode<br />

estar presente em pequenas ações. Singelas<br />

no tamanho, mas grandes no impacto. Você sabia, por exemplo, que<br />

a probabilidade de lembrarmos algo que nos foi contado a partir de uma<br />

história é 22 vezes maior do que quando apenas recebemos uma informação<br />

genérica, sem nenhum apelo emocional? O estudo é de Jerome Bruner,<br />

psicólogo que lecionou nas universidades de Harvard (EUA) e Oxford<br />

(Inglaterra) e foi pioneiro nos estudos da ciência cognitiva.<br />

No que diz respeito à relação entre contar histórias e vender, James<br />

McSill, autor do livro 5 lições de storytelling – Fatos, ficção e fantasia (DVS<br />

Editora), é enfático: nos dias de hoje, sem encantamento não há vendas.<br />

“Raramente compramos um produto ou serviço – o que compramos é<br />

o sonho ou a esperança de que aquilo nos fará melhores. Se um vendedor<br />

não souber extremamente bem como funcionam as histórias, não<br />

poderá introduzir um assunto, apresentar uma questão, muito menos<br />

resolver um conflito”, provoca.<br />

James McSill<br />

Storytelling na abordagem<br />

Imagine que seu telefone toca. Quem liga é um<br />

vendedor de assinaturas da <strong>VendaMais</strong>. Ele pode<br />

falar algo como:<br />

a) Estou entrando em contato para oferecer a assinatura<br />

da <strong>VendaMais</strong>. Por apenas R$ 240 por<br />

ano, você vai receber o melhor conteúdo de vendas<br />

do Brasil a cada dois meses em sua casa. Quer comprar?<br />

Não é a oferta mais inspiradora e cativante do<br />

mundo, certo? Mas e se ele dissesse algo assim:<br />

b) Olá! Imagino que você tenha um grande desafio<br />

para fechar vendas. Sei bem como é isso, porque<br />

há um ano eu sofria exatamente do mesmo problema.<br />

Posso contar uma breve história sobre como<br />

eu o solucionei?<br />

Decidi ouvir o conselho de um leitor que me<br />

contou uma história fascinante sobre como aumentou<br />

em 200% seu índice de fechamento apenas por<br />

colocar em prática o que leu em uma reportagem.<br />

Por sinal, ele atua no mesmo mercado que você.<br />

Quer saber mais detalhes sobre o que ele fez? Posso<br />

mandar um vídeo por WhatsApp para você em<br />

que ele conta tudo.<br />

Ah, a matéria a que ele se refere foi publicada<br />

em uma edição antiga da <strong>VendaMais</strong>. Acredito<br />

fortemente que essa história vai revolucionar a<br />

forma como você negocia e vende. Se você tiver<br />

interesse em conhecer os detalhes, tenho uma proposta<br />

especial para você. Faça a sua assinatura da<br />

revista que eu vou mandar de presente essa edição<br />

que comentei.<br />

A assinatura custa apenas R$ 240 por ano, o que<br />

é ínfimo perto dos resultados que você vai poder<br />

gerar apenas com o brinde que vou mandar. Imagine<br />

o que será capaz de alcançar quando a revista<br />

começar a chegar em suas mãos fresquinha a cada<br />

bimestre?<br />

Como bem resume McSill, “uma história adequadamente<br />

alinhada tem o poder de encantar.<br />

Vender é mudar uma trajetória, mostrar as vantagens<br />

de uma narrativa futura”.<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 53


EXERCÍCIO<br />

Como usar histórias em vendas<br />

“Toda história deve ter um personagem que se<br />

esforça até as últimas gotas de sangue e suor para<br />

superar obstáculos aparentemente intransponíveis<br />

com o objetivo de atingir um fim satisfatório.<br />

E, assim, passa por um processo de transformação<br />

para melhor”, explica McSill. Esse personagem<br />

pode ser você, a própria pessoa com<br />

quem está negociando ou um antigo cliente que<br />

teve um “final feliz”.<br />

O autor aponta que a história, quando utilizada<br />

para fins corporativos/comerciais, tem sempre<br />

a intenção de liderar pessoas para o futuro e<br />

gerar mudanças. “Para isso, você terá de criar um<br />

cenário muito claro do futuro do qual está falando<br />

e mostrar as etapas para se chegar ao objetivo<br />

final: a mudança”, complementa o autor.<br />

O segredo, segundo ele, é atribuir significados<br />

emocionais a elementos técnicos. Em outras palavras,<br />

tem a ver com a velha máxima de transformar<br />

características em benefícios.<br />

Exemplos de histórias que levam a agir<br />

A tabela abaixo mostra alguns exemplos de como,<br />

com que objetivo e em que situações você pode usar<br />

histórias durante suas negociações:<br />

Construa uma história a partir de um caso de sucesso. O ponto<br />

de partida pode ser os benefícios que o seu serviço ou produto<br />

gera ou a missão da sua empresa – que, provavelmente, tem a<br />

ver com ajudar, agregar, contribuir; ou seja, se você a cumpre,<br />

naturalmente terá boas fontes para colocar o exercício em prática.<br />

Lembre-se disso.<br />

Sabendo que uma boa história tem o poder de inspirar, motivar,<br />

envolver, informar, desafiar, educar, instigar, emocionar e<br />

despertar desejos, faça um levantamento de clientes que podem<br />

servir de “fonte”. Em seguida, entreviste-os (preferencialmente<br />

em vídeo) a partir das perguntas abaixo, que foram inspiradas<br />

na fórmula SEPAPIAG. Criada por Raul Candeloro para ajudar<br />

vendedores a terem uma conversa mais inteligente e produtiva<br />

com os clientes, ela é a base para um levantamento de necessidades<br />

cirúrgico.<br />

A fórmula SEPAPIAG:<br />

1 Situação do cliente.<br />

1 Expectativas do cliente.<br />

1 Problemas que o cliente está enfrentando ou procurando<br />

resolver.<br />

1 Aprofundamento do problema (o que chamamos de “dor” ou<br />

sintomas e consequências do problema).<br />

1 Preocupações do cliente (coisas de que ele tem medo, receio,<br />

quer evitar).<br />

1 Irritadores (o que irrita o cliente?).<br />

1 Alternativas que o cliente pode estar analisando.<br />

1 Ganhos/benefícios que o cliente terá ao comprar seu produto/serviço.<br />

OBJETIVO<br />

PALAVRA-CHAVE<br />

AÇÃO<br />

COMO USAR<br />

DICA<br />

Encorajar ações<br />

de mudança<br />

Motivar<br />

Evidenciar um<br />

acontecimento<br />

em que uma<br />

ação similar foi<br />

efetivada.<br />

Conte uma história de um cliente<br />

atendido que tem um perfil parecido<br />

com o do comprador com quem você<br />

está negociando agora e teve bons<br />

resultados graças à sua solução.<br />

Essa tática possibilita que o<br />

interlocutor imagine formas de fazer<br />

algo semelhante.<br />

Foque em um personagem (cliente)<br />

inspirado em eventos reais e<br />

recentes. Frases iniciadas com<br />

“Imagine se...” e “E se...” caem muito<br />

bem aqui.<br />

Despertar<br />

confiança/<br />

divulgar quem<br />

você é<br />

Envolver<br />

Comunicar uma<br />

experiência<br />

pessoal.<br />

A ideia é envolver emocionalmente<br />

o interlocutor. É o tipo de história<br />

baseada na sua experiência pessoal.<br />

A intenção é estimular reflexões no<br />

cliente do tipo “agora eu sei por que<br />

ele está me falando tudo isso”, “não<br />

sabia disso a respeito dele”.<br />

Você é o personagem principal,<br />

passível de falhas e fraquezas, mas<br />

forte para enfrentá-las. Quando<br />

empregada com sucesso, essa<br />

modalidade de história desperta<br />

surpresa e gera empatia e conexão.<br />

Estimular a<br />

visualização do<br />

futuro<br />

Informar/<br />

integrar<br />

Mostrar o antes/<br />

depois.<br />

Seu plano, aqui, é contar uma história<br />

de um cliente cuja vida você/sua<br />

empresa mudou.<br />

Faça o interlocutor “visualizar” o futuro.<br />

Para isso, a história precisa ser boa e<br />

ter a ver com a realidade do prospect.<br />

Além disso, traçar objetivos claros para<br />

o futuro é fundamental. Por exemplo:<br />

“Daqui a um ano, você estará…”<br />

Fonte: Camila Prietto e Ricardo Laranjeira em 5 lições de storytelling – Fatos, ficção e fantasia<br />

54<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


SEPAPIAG voltada ao storytelling<br />

Roteiro de perguntas para uma entrevista com o cliente focada<br />

na construção de uma história<br />

As perguntas a seguir foram definidas a partir da SEPAPIAG<br />

e de técnicas jornalísticas de entrevista que contribuem<br />

para que a construção do personagem seja robusta e se<br />

torne fonte das principais matérias-primas de uma boa história:<br />

fatos, números e riqueza de detalhes.<br />

Uma entrevista como essa pode resultar em um estudo<br />

de caso completo, em uma postagem em seu blog, em um<br />

material impresso, ou em um vídeo para o YouTube, o Facebook,<br />

o LinkedIn ou o WhatsApp.<br />

1 - Qual é seu grande sonho/objetivo?<br />

2 - Que problemas você enfrentava antes de nos contratar?<br />

3 - Quando e como percebeu que éramos a solução ideal?<br />

4 - Como está sua situação após nos contratar?<br />

5 - O que você ganhou com as melhorias que promovemos?<br />

6 - O que espera para o futuro?<br />

7 - Você nos recomendaria a outros? Por quê?<br />

Com o material apurado, construa a narrativa de sua<br />

história a partir de uma lógica que contemple a seguinte<br />

estrutura:<br />

1 - Objetivo do cliente (SONHO).<br />

2 - Situação do seu cliente antes de você (PROBLEMA).<br />

3 - Situação do seu cliente depois de você (SOLUÇÃO).<br />

4 - Como isso aconteceu (MÉTODO).<br />

Campeonato de contação<br />

de histórias de vendas<br />

Já que estamos falando sobre como contar histórias<br />

que vendem, vamos aproveitar a ocasião para lançar<br />

um desafio. Escreva um texto, grave um áudio<br />

ou vídeo contando uma história baseada em sua<br />

própria trajetória, em uma venda memorável que<br />

fez, em como você ajudou seu cliente a resolver um<br />

problema, em algum ensinamento que a <strong>VendaMais</strong><br />

proporcionou a você e/ou qualquer outro exemplo<br />

que você acredite que se encaixe.<br />

Os autores das três melhores histórias vão<br />

ganhar uma assinatura de 12 meses da <strong>VendaMais</strong>.<br />

Envie sua história para leitor@vendamais.com.br.<br />

O resultado será divulgado em nosso portal e canais<br />

nas redes sociais no dia 5 de maio de 2017.<br />

Para saber mais<br />

Uma habilidade essencial para o vendedor do futuro<br />

Dependendo do seu ponto de vista, essa conversa que tivemos hoje se<br />

trata mais de marketing do que de vendas. Pode ser. Mas cada vez mais<br />

ações de “não venda” se tornam fundamentais para vender. Falamos<br />

sobre isso em uma reportagem publicada em novembro de 2015, que<br />

você pode ler aqui: bit.ly/nao-venda.<br />

Mais do que nunca, os departamentos de vendas e marketing precisam<br />

estar alinhados. Portanto, construa a ponte necessária para que os<br />

vendedores sejam catalizadores de boas histórias e os profissionais de<br />

marketing, o responsáveis por torná-las públicas. Esse ciclo precisa funcionar<br />

em perfeita sintonia.<br />

Se você colocar o exercício proposto em prática continuamente,<br />

com o tempo terá vários vídeos que contam histórias preciosas de<br />

sucesso de seus clientes. Esse material pode, inclusive, ser uma ferramenta<br />

para antecipar objeções que podem vir a surgir em negociações.<br />

O storytelling, quando bem feito, tem o poder de criar conexões com<br />

o cliente. Acaba sendo uma ferramenta natural para aliviar o peso de<br />

negociações.<br />

Há um provérbio africano que diz que “se o leão não contar a própria<br />

história, o caçador o fará”. Você vai esperar que ele chegue ou assumirá<br />

as rédeas de sua própria história?<br />

Entrevista exclusiva com James<br />

McSill: bit.ly/storytelling-vendas<br />

Livros:<br />

5 lições de storytelling – Fatos,<br />

ficção e fantasia<br />

Autor: James McSill<br />

Editora: DVS Editora<br />

Book in a box – Técnicas básicas<br />

para estruturação de romances<br />

comerciais<br />

Autores: James McSill e Camila<br />

Prietto<br />

Editora: DVS Editora<br />

Storytelling para resultados –<br />

Como usar estórias no ambiente<br />

empresarial<br />

Autores: Alfredo Castro e James<br />

McSill<br />

Editora: Qualitymark<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 55


MAPA DA MINA<br />

João Alberto Costenaro<br />

Gatilhos<br />

mentais na<br />

negociação<br />

E<br />

u estava ansioso com o início da reunião. Na convocação,<br />

a ameaça era de cancelamento de um contrato<br />

grande de locação de equipamentos. Os clientes<br />

estavam muito insatisfeitos. Eu havia levantado os<br />

dados disponíveis sobre tudo o que estava acontecendo<br />

no serviço, mas não tinha ideia do que ia<br />

acontecer na reunião. Naquele tempo, eu não sabia<br />

que tinha que me preparar para uma negociação.<br />

Por via das dúvidas, levei meu chefe junto. Mas,<br />

afinal, o que devemos fazer para que uma negociação<br />

seja bem-sucedida – sob o nosso ponto de vista?<br />

Fazemos negociações em nossas relações de<br />

trabalho o tempo todo. Para aquelas que são mais<br />

56<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


elevantes, são muitas as recomendações<br />

conhecidas – que vão<br />

desde a preparação antecipada<br />

até a execução dos itens negociados.<br />

No mundo moderno, busca-se<br />

colocar foco na aplicação dos<br />

conhecimentos da neurologia<br />

como instrumento de negociação.<br />

Assim, vemos cunhadas<br />

algumas expressões – às vezes<br />

até um tanto exageradas – sobre<br />

recursos que podem ser usados<br />

enquanto negociamos. Estamos<br />

falando de mecanismos que trabalham<br />

no nível de nosso subconsciente,<br />

independente de<br />

nossa vontade. Alguns desses<br />

novos conhecimentos são, de<br />

fato, valiosos e, uma vez que entendamos<br />

seu funcionamento,<br />

podemos utilizá-los no nível<br />

consciente para uma negociação<br />

vitoriosa até com relativa facilidade.<br />

Os estudos mais divulgados<br />

sobre o assunto são do psicólogo<br />

norte-americano Robert Cialdini.<br />

Ele elenca seis fatores de persuasão<br />

que, depois, outros estudiosos<br />

passaram a chamar de “gatilhos<br />

mentais”.<br />

Como atuam os<br />

gatilhos mentais<br />

Autoridade – Estudos mostram que<br />

levamos mais a sério aquilo que<br />

ouvimos de uma autoridade. Portanto,<br />

devemos criar nossa imagem<br />

de expert no assunto que estamos<br />

negociando para que nossas ideias<br />

sejam aceitas. Também devemos<br />

usar referências de pessoas que<br />

são nomes reconhecidos naquele<br />

tema. Foi o que eu acabei de fazer<br />

aqui, ao citar o professor Cialdini.<br />

Escassez – Para começar, vamos<br />

esclarecer uma coisa: aquilo que<br />

falta é mais valioso do que o que<br />

se tem em abundância. O arroz,<br />

por exemplo, é um alimento muito<br />

mais importante na alimentação<br />

básica das pessoas que o camarão.<br />

No entanto, o crustáceo<br />

é muitas vezes mais caro, devido<br />

à sua escassez. O mesmo vale<br />

para as negociações. Na hora de<br />

negociar, você deve buscar mostrar<br />

em quais aspectos seus produtos<br />

ou serviços são raros em<br />

comparação com outras opções.<br />

Pode ser algo exclusivo, ou algum<br />

prazo de oferta que se esgota. O<br />

pulo do gato, aqui, é conseguir<br />

provocar o sentimento de que<br />

haverá uma perda caso o cliente<br />

não compre de você.<br />

Reciprocidade – Quando oferecemos<br />

um presente a alguém,<br />

essa atitude costuma engatilhar<br />

um desejo de retribuir. Esse desejo<br />

de reciprocidade é um dos<br />

movimentos internos mais poderosos<br />

nas relações humanas. E<br />

não seria diferente na negociação.<br />

Por isso, as concessões precisam<br />

ser bem lentas e comedidas. Assim,<br />

elas serão mais valorizadas<br />

e você receberá contrapartidas<br />

mais interessantes.<br />

Afeição – À medida que entramos<br />

em contato com nossos clientes,<br />

construímos um relacionamento.<br />

Quanto mais afeição você criar,<br />

mais concessões vai obter. Estudos<br />

mostram que as pessoas são muito<br />

mais abertas e generosas com<br />

aqueles de quem mais gostam.<br />

Prova social – Quando estamos<br />

diante de um grupo de pessoas,<br />

tendemos a seguir a maioria. Estudos<br />

mostram que buscamos<br />

aprovação social o tempo todo.<br />

Se você vai sozinho a uma negociação<br />

e tem que lidar com várias<br />

pessoas, há um risco muito elevado<br />

de o grupo impor suas posições.<br />

Já o inverso pode lhe dar<br />

a vantagem ou equilibrar esse<br />

aspecto. Mostrar que sua oferta<br />

é muito popular ou até líder de<br />

mercado reforça esse gatilho.<br />

Compromisso e coerência – Os<br />

psicólogos comportamentais reforçam,<br />

ainda, o poder de dois<br />

fatores que agem em paralelo:<br />

compromisso e coerência. A<br />

coerência é uma força tão poderosa<br />

que nos motiva a agir até<br />

contra nossos melhores interesses.<br />

Na negociação, o segredo é<br />

conseguir compromissos prévios<br />

em estágios anteriores da venda,<br />

nos quais ainda não predomina<br />

a seriedade da decisão final. Na<br />

“hora H”, a coerência será exigida<br />

e trazer seus benefícios.<br />

Na prática<br />

Analisando hoje a negociação<br />

em que eu estava prestes a entrar<br />

– aquela do parágrafo inicial<br />

deste artigo –, percebo que três<br />

gatilhos mentais me auxiliaram<br />

de forma inconsciente. O primeiro<br />

foi a autoridade. Meu gerente<br />

era um profundo conhecedor do<br />

nosso negócio e se fez ouvir. Depois,<br />

usamos a escassez a nosso<br />

favor. Éramos o fornecedor mais<br />

importante do mercado. Então,<br />

pedimos um voto de confiança<br />

e um pequeno prazo para rever<br />

os processos para corrigir o erro.<br />

Além disso, eu havia criado uma<br />

relação muito boa com o gerente<br />

do setor do cliente. Assim,<br />

usei-me da afeição, mantive o<br />

contrato e ganhei um cliente satisfeito.<br />

Todos esses gatilhos mentais<br />

agem para sua vantagem, para o<br />

benefício da contraparte e podem<br />

ser igualmente bons para ambos.<br />

Sua habilidade de empregá-los<br />

juntamente com as outras técnicas<br />

de negociação apresentadas<br />

ao longo desta edição pode fazer<br />

de você um vencedor.<br />

“Durante a<br />

negociação, você<br />

deve buscar mostrar<br />

em quais aspectos<br />

seus produtos ou<br />

serviços são raros<br />

em comparação com<br />

outras opções. Pode<br />

ser algo exclusivo,<br />

ou algum prazo de<br />

oferta que se esgota.<br />

O pulo do gato, aqui,<br />

é conseguir provocar<br />

o sentimento de que<br />

haverá uma perda<br />

caso o cliente opte<br />

por não comprar de<br />

você.”<br />

João Alberto Costenaro é<br />

consultor, palestrante e<br />

instrutor nas áreas de vendas,<br />

liderança e coaching.<br />

É trainer licenciado pela<br />

Corporate Coach U International.<br />

Visite o site:<br />

www.seleta.com.br<br />

E-mail:<br />

seleta@seleta.com.br<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 57


Venda de ciclo longo<br />

Vendas de ciclo<br />

longo: como<br />

vencer o desafio<br />

da modernidade<br />

Por Guilherme Machado<br />

mbora todos queiram vender mais, poucos<br />

são os profissionais que buscam<br />

entender o processo de vendas para definir<br />

estratégias para melhorar sua performance.<br />

Nosso dever é garantir que<br />

esse panorama mude. Meu objetivo, aqui,<br />

é ajudar nas vendas de ciclo longo.<br />

Como o próprio nome já descreve, a<br />

venda de ciclo longo é uma venda mais demorada,<br />

que envolve várias etapas do processo até sua conclusão.<br />

São processos que podem demorar mais de um<br />

ano, e suas características são:<br />

1 Elevado custo financeiro.<br />

1 Alto valor agregado.<br />

1 Muitos decisores.<br />

1 Necessidade de demonstração do produto ou serviço.<br />

1 Necessidade de aprovação de crédito/orçamento.<br />

Se há pouco tempo essas vendas já geravam desgaste<br />

para o vendedor, que queria finalizá-las de<br />

imediato, nos dias de hoje acredito ser ainda pior, pois<br />

temos dois agravantes:<br />

1. Acesso irrestrito à informação por meio da internet.<br />

2. Inúmeras opções de escolha.<br />

No que tange ao primeiro ponto,<br />

o acesso à internet garante ao<br />

consumidor facilidade de informação,<br />

mas fez o início do processo<br />

de vendas migrar do contato físico<br />

com um vendedor para o espaço<br />

digital. Quando o cliente chega até<br />

nós, ele já sabe muito sobre o produto<br />

e sobre a concorrência.<br />

Assim como em outros segmentos,<br />

no mercado imobiliário (minha<br />

área de atuação) pesquisas comprovaram<br />

que cerca de 60% do tempo<br />

da jornada de compra dos interessados<br />

em imóveis já se dá na<br />

internet – considerando desde a<br />

pesquisa das opções até o fechamento<br />

do negócio.<br />

Tal fato deixa o comprador muito<br />

poderoso. Entretanto, o que muitos<br />

vendedores não sabem é que,<br />

ao mesmo tempo em que eles estão<br />

empoderados por tanta informação,<br />

também estão muito medrosos.<br />

Sim, medrosos! Com tanta informação,<br />

fica difícil, para eles, entender<br />

qual é a melhor opção para<br />

o seu problema, o que os torna mais<br />

inseguros, ajudando a aumentar o<br />

ciclo de vendas.<br />

No que diz respeito às inúmeras<br />

opções de escolha, encontramos<br />

um paradoxo: várias opções x facilidade<br />

de escolha. Ter opções deveria<br />

tornar a decisão mais fácil,<br />

mas não é bem isso que acontece.<br />

Quando temos muitas opções, acreditamos<br />

verdadeiramente que uma<br />

opção será a perfeita frente à nossa<br />

necessidade. Porém, isso gera<br />

mais insegurança, corroborando<br />

ainda mais para o aumento do tempo<br />

de conclusão do negócio. Essa<br />

tese é defendida pelo psicólogo<br />

norte-americano Barry Schwartz,<br />

que estuda a ligação entre psicologia<br />

e economia.<br />

Esse processo mais longo e mais<br />

complexo exige muito mais do vendedor.<br />

Ele precisa ser capaz de entregar,<br />

em seu atendimento, muito<br />

mais do que o cliente já sabe; precisa<br />

gerar insights, transformando<br />

as informações do cliente em algo<br />

58<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


e entrega; então, toda vez que tiver<br />

algum contato com o cliente, deve<br />

saber o que tem que fazer para<br />

finalizar aquele passo e avançar<br />

no processo. Além de conseguir<br />

melhorar a performance, isso garante<br />

ao cliente a percepção de<br />

avanço na negociação.<br />

que realmente concretize o atendimento<br />

de suas necessidades.<br />

No caso do mercado imobiliário,<br />

isso significa que o corretor<br />

precisa conseguir entender o estilo<br />

do cliente, seu perfil de consumo,<br />

o motivo pelo qual ele tem essa<br />

demanda e como tudo isso se encaixa<br />

em sua vida. Eu mesmo já<br />

cansei de atender clientes com uma<br />

demanda inicial específica e que<br />

acabaram comprando um imóvel<br />

totalmente diferente do que tinham<br />

em mente. Isso se deveu à minha<br />

habilidade de gerar um relacionamento<br />

de amizade para conseguir<br />

fazer o comprador enxergar o “outro<br />

lado” de sua demanda.<br />

Mas não é fácil. É necessário<br />

ter autocontrole emocional para<br />

administrar a ansiedade frente à<br />

pressão por resultados e estar muito<br />

bem-preparado para entender e<br />

atender esse cliente mais exigente<br />

e “inseguro”. Nosso desafio está<br />

em construir a confiança necessária<br />

junto ao consumidor.<br />

“Cerca de 60% do tempo<br />

da jornada de compra dos<br />

interessados em imóveis<br />

já se dá na internet –<br />

considerando desde a<br />

pesquisa das opções até o<br />

fechamento do negócio.”<br />

É por isso que é preciso entender<br />

que vender não é simplesmente<br />

um dom ou uma arte, mas uma<br />

ciência. Ou seja, há técnicas e processos<br />

que devem ser compreendidos,<br />

aplicados e avaliados. Quando<br />

há técnica, o vendedor consegue<br />

gerenciar melhor a negociação,<br />

minimizar objeções e reduzir<br />

o ciclo de venda, tornando o processo<br />

mais produtivo.<br />

Na minha trajetória profissional,<br />

identifiquei duas grandes técnicas<br />

que considero os pilares para<br />

reduzir o ciclo de vendas.<br />

1) Transformar uma venda de ciclo<br />

longo em pequenos ciclos.<br />

Isso exige que o vendedor faça um<br />

bom planejamento e defina os objetivos<br />

de cada etapa com objetivo<br />

2) Analisar a fundo o perfil do cliente,<br />

sobretudo seu perfil comportamental.<br />

Se o cliente é objetivo, o vendedor<br />

precisa ser objetivo. Se é detalhista,<br />

o vendedor precisa valorizar os<br />

detalhes, e assim por diante. Uma<br />

análise equivocada poderá levar à<br />

perda da venda.<br />

Uso uma técnica de identificação<br />

do perfil do cliente – a persona –<br />

que é uma representação do seu<br />

cliente ideal baseada no cruzamento<br />

entre o perfil de comportamento<br />

e o perfil de consumo do seu cliente.<br />

Neste link, compartilho um exercício<br />

que ajudará você a identificar<br />

a persona do seu negócio: bit.ly/<br />

personaguilhermemachado<br />

Com essas técnicas, você, vendedor,<br />

será capaz de compreender<br />

a pessoa por trás do cliente e elaborar<br />

estratégias mais eficazes.<br />

Assim, será possível não só reduzir<br />

o tempo para a consolidação da<br />

venda como também ressignificar<br />

o conceito de “ciclo longo”, que,<br />

agora, ao invés de significar uma<br />

venda demorada, passará a ter um<br />

novo sentido: de ciclos de relacionamentos<br />

duradouros, de oportunidades<br />

reais de fidelização e de<br />

indicação para novas vendas.<br />

Guilherme Machado tem vinte anos de experiência<br />

no mercado imobiliário, é especialista<br />

em vendas, criador do movimento Quebre<br />

as regras e palestrante.<br />

Acesse: www.guilhermemachado.com<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 59


Dinâmica de grupo<br />

César Frazão<br />

Mas...?<br />

E se…?<br />

Não dá para…?<br />

Dicas práticas para se preparar<br />

para objeções em uma negociação<br />

Objeções fazem parte da venda, disso todos os vendedores já sabem,<br />

não é nenhuma novidade. A pergunta, então, é: se todo mundo sabe<br />

que, ao longo da negociação, é normal que surjam objeções – as quais,<br />

naturalmente, fazem com que as chances de fechamento diminuam<br />

–, por que tão pouca gente se prepara para enfrentá-las?<br />

Preguiça, amadorismo, falta de comprometimento ou mesmo falta<br />

de orientação da liderança são alguns dos motivos mais comuns.<br />

Mas eles precisam ser eliminados do seu vocabulário!<br />

Nos dias de hoje, em que o preço tem um impacto ainda maior<br />

na decisão de compra do cliente e a concorrência apela cada vez<br />

mais para preços absurdamente baixos, os compradores adquiriram<br />

um grande poder nas negociações e estão ganhando de lavada –<br />

especialmente de vendedores despreparados. Não existe outra<br />

60<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


solução para este momento a<br />

não ser se preparar para as objeções<br />

que já sabemos que irão<br />

aparecer durante o processo de<br />

negociação.<br />

Na prática<br />

A falta de preparo da equipe de<br />

call center na hora de rebater objeções<br />

era uma das principais<br />

queixas do gestor comercial de<br />

uma empresa de São Paulo que<br />

me contratou para um treinamento<br />

recentemente. Para ajudá-lo a<br />

minimizar esse problema, propus<br />

a seguinte dinâmica:<br />

1) Para começar, levantei quais<br />

eram as dez principais objeções<br />

que os vendedores ouviam<br />

e listei todas elas no<br />

quadro.<br />

2) Na sequência, dividi a equipe<br />

em trios e cada grupo ficou<br />

responsável por elaborar os<br />

possíveis argumentos para<br />

uma determinada barreira.<br />

3) Depois, cada grupo apresentou<br />

suas reflexões com calma,<br />

para que todos pudessem<br />

ouvir.<br />

4) Os participantes dos outros<br />

grupos contribuíram, então,<br />

com mais alguns pontos que<br />

tinham em mente, contando<br />

saídas que já haviam encontrado<br />

em situações anteriores<br />

– ampliando, assim, a lista de<br />

soluções.<br />

5) Como o processo foi repetido<br />

em cada grupo até que todos<br />

os participantes tivessem exposto<br />

todos os seus argumentos<br />

e experiências ao lidar com<br />

aqueles dez entraves principais,<br />

terminamos a atividade<br />

com dez listas de soluções para<br />

tais problemas.<br />

6) Todo o material foi digitalizado<br />

e entregue aos vendedores<br />

com uma espécie de “manual<br />

para lidar com objeções”.<br />

7) Para encerrar a atividade, solicitei<br />

que todos estudassem<br />

com seriedade o manual e<br />

decorassem aquelas respostas<br />

para um teste que seria feito<br />

uma semana após o fim do<br />

treinamento. E o teste teria<br />

caráter eliminatório, ou seja,<br />

quem não soubesse as respostas<br />

que estavam no manual<br />

não estaria apto a continuar<br />

na função de vendas.<br />

O resultado<br />

Você deve estar pensando que,<br />

depois desse treinamento, todos<br />

os vendedores estudaram e se<br />

prepararam corretamente para o<br />

temido teste, não é mesmo? Infelizmente,<br />

não foi isso que aconteceu.<br />

Quatro vendedores (cerca<br />

de 10% da equipe) sequer pegaram<br />

o manual para dar uma lida! É<br />

verdade que esse é um dado normal.<br />

Estudos apontam que, geralmente,<br />

aproximadamente 10%<br />

dos profissionais de qualquer<br />

equipe de vendas não estão engajados<br />

e gostariam de trocar de<br />

emprego – só não têm coragem<br />

de pedir a conta. É inegável, contudo,<br />

que essa situação também<br />

é muito decepcionante...<br />

Por outro lado, depois desse<br />

processo simples, o nível da parte<br />

da equipe que estava realmente<br />

engajada elevou, e todos os<br />

profissionais se tornaram experts<br />

em contornar as objeções<br />

mais comuns naquele negócio.<br />

Bacana, né? Mas ainda não contei<br />

o melhor...<br />

A contraprova<br />

Dias depois do treinamento, um<br />

cliente ligou para fazer a cotação<br />

de um pedido. Uma vendedora<br />

atendeu, mandou orçamento e,<br />

após uma hora, o cliente ligou de<br />

volta para “negociar”. O que ele<br />

alegou que precisava para fechar<br />

a compra? “Um desconto!”, nas<br />

palavras dele.<br />

Bem-preparada (essa era a<br />

objeção número sete do nosso<br />

manual), a vendedora usou prontamente<br />

um dos argumentos<br />

que havíamos ensaiado. O diálogo<br />

entre eles foi mais ou menos<br />

assim:<br />

Vendedora: “Desconto, infelizmente,<br />

não posso dar, já que esse<br />

é nosso valor mínimo. Existe alguma<br />

outra coisa que eu possa<br />

fazer pelo senhor?” (Ela não titubeou,<br />

fez a declaração e ficou em<br />

silêncio completo.)<br />

Cliente: “Não consegue tirar mais<br />

nada desse preço mesmo?”<br />

Vendedora: “Sinto muito, bem<br />

que eu gostaria, mas esse é nosso<br />

preço mínimo, pois nossos<br />

custos aumentaram muito nos<br />

últimos tempos. Mas posso ajudá-lo<br />

na forma de pagamento.<br />

Se parcelarmos em mais vezes,<br />

isso o ajudaria a fechar o negócio<br />

agora?”<br />

Para nossa felicidade, o cliente<br />

parcelou em mais vezes e fechou,<br />

o que nos fez ter ainda mais<br />

certeza de que ter processos e<br />

argumentos pré-estabelecidos e<br />

ensaiados ajuda a prever objeções<br />

que possivelmente surgirão em<br />

uma negociação.<br />

A lição que fica é: não dá mais<br />

para tentar vender só no improviso.<br />

Quanto mais você se preparar<br />

para a venda, mais irá vender.<br />

Simples assim.<br />

Boas vendas e sucesso!<br />

“Não dá mais<br />

para tentar<br />

vender só no<br />

improviso.<br />

Quanto mais<br />

você se preparar<br />

para a venda,<br />

mais irá vender.”<br />

César Frazão é palestrante<br />

e instrutor de vendas,<br />

especializado em técnicas<br />

de vendas e motivação<br />

Visite o site:<br />

www.cesarfrazao.com.br<br />

E-mail:<br />

cesarfrazao@cesarfrazao.<br />

com.br<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 61


Direto das Soluções <strong>VendaMais</strong><br />

Marcelo Caetano<br />

Pare de<br />

perder<br />

clientes!<br />

Fidelização de clientes – um ponto muitas vezes deixado de<br />

lado nas empresas – é um assunto muito importante e que<br />

gosto de trazer à tona em meus artigos. Já falei algumas<br />

vezes sobre essa estatística, mas gosto sempre de lembrar:<br />

normalmente, apenas 10% da verba de marketing de uma<br />

empresa são designados para fidelizar clientes. Os outros<br />

90% vão para a comunicação com o mercado de maneira<br />

geral ou para atrair novos clientes. Obviamente, é um grande<br />

equívoco. Vamos falar sobre isso?<br />

Para começar, é importante falar de outra verba que é<br />

muito recorrente na fidelização de clientes: o desconto. Se<br />

você somar o que perde com descontos aos 10% que são<br />

investidos em fidelização, verá que esse número cresce<br />

bastante. A verdade, contudo, é que o desconto também não<br />

é utilizado estrategicamente e grande parte das vezes conquista<br />

apenas clientes oportunistas, que buscam somente<br />

preço baixo.<br />

Para piorar, vivemos um grande modismo de prospecção<br />

de clientes e geração de leads para garantir a salvação das<br />

empresas. Mas a verdade é que de nada adianta gerar leads<br />

ou prospectar incansavelmente se a perda de clientes não<br />

for controlada ou pelo menos profundamente estudada. O<br />

que quero, portanto, é ajudá-lo a fidelizar clientes. E para<br />

isso, vou dividir o processo em algumas etapas que considero<br />

fundamentais.<br />

62<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


Empunhe<br />

essa<br />

bandeira<br />

Monitore a<br />

satisfação dos<br />

clientes<br />

Desenvolva<br />

múltiplos<br />

contatos na sua<br />

empresa<br />

Quantifique<br />

suas perdas<br />

CLIENTE<br />

Crie pontos<br />

de ancoragem<br />

dentro do<br />

cliente<br />

Monitore<br />

clientes préinativos<br />

e<br />

inativados<br />

Venda mais<br />

mix para seus<br />

clientes<br />

“O desgaste da<br />

base custa muito<br />

caro para as<br />

empresas. Fazer<br />

uma gestão justa,<br />

realmente próxima<br />

da fidelização<br />

de clientes, e<br />

monitorar os<br />

indicadores<br />

de perto é<br />

uma grande<br />

lição e, acima<br />

de tudo, uma<br />

demonstração de<br />

que os clientes<br />

são realmente<br />

importantes para<br />

sua empresa.”<br />

Quantifique suas perdas –<br />

Quantos clientes sua<br />

empresa perdeu em 2016?<br />

E em 2015? Isso representa<br />

qual percentual da sua carteira?<br />

Quanto você deixou de ganhar<br />

com essas perdas? Mais um cálculo<br />

importante: pegue seu ticket<br />

médio (TM) do ano e multiplique<br />

pelo número de clientes que inativaram<br />

(CI). Pronto, você terá o<br />

custo da perda de clientes para<br />

sua empresa. Quando tiver a real<br />

dimensão desse indicador, você<br />

verá que qualquer investimento<br />

é válido para conter essa avalanche<br />

de perdas.<br />

1 2<br />

Monitore clientes pré-<br />

-inativos e inativados –<br />

Sempre que trabalho a<br />

gestão de carteira, gosto<br />

de criar dois degraus para conter<br />

o abandono de clientes.<br />

O primeiro chamo de pré-<br />

-inativos (por exemplo: se o tempo<br />

de atividade do ciclo de compra<br />

em uma empresa é de três<br />

meses e os clientes estão sem<br />

comprar há mais de dois meses,<br />

então eles estão em pré-inatividade).<br />

Minha sugestão é que a<br />

empresa comunique ao vendedor<br />

quais são os clientes que estão<br />

pré-inativos para que ele identifique<br />

os motivos e aja a tempo de<br />

evitar a inatividade. Não espere<br />

que sua equipe comercial identifique<br />

esse cliente sozinha. Assuma<br />

essa responsabilidade! Se ela<br />

também correr atrás, ótimo – você<br />

terá ainda mais segurança.<br />

Em seguida vêm os inativados,<br />

ou seja, os clientes que ficaram<br />

inativos no mês vigente.<br />

Gosto de usar essa denominação<br />

para chamar a atenção para esses<br />

clientes, para que não caiam<br />

na vala comum dos inativos. Nesse<br />

caso, sugiro uma ação da empresa<br />

através do departamento<br />

de marketing ou da central de<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 63


inteligência para pesquisar e entender<br />

o que aconteceu com o<br />

cliente (ou seja, sem a intervenção<br />

do vendedor). Estas são algumas<br />

das perguntas que devem ser feitas<br />

nesse contato:<br />

1 Sua empresa foi trocada pelo<br />

concorrente? Se sim, qual?<br />

1 O cliente substituiu seus produtos<br />

ou serviços por outros?<br />

1 O cliente parou de utilizar os<br />

produtos ou serviços que você<br />

oferece? Por quê?<br />

1 Houve algum problema no<br />

atendimento? O que pode ser<br />

melhorado?<br />

O simples fato de entender o<br />

cenário já deixará sua equipe muito<br />

mais atenta.<br />

Quanto mais próximo do momento<br />

de abandono do cliente você<br />

agir, maior sua possibilidade<br />

de sucesso. Se você antecipar esse<br />

momento trabalhando os pré-inativos,<br />

isso aumenta ainda mais.<br />

ATIVO PRÉ-INATIVO INATIVADO INATIVO<br />

Ponto focal. Este é o momento em<br />

que você deve agir, pois quanto<br />

mais rápido você for, melhores<br />

serão os seus resultados.<br />

Venda mais mix para seus<br />

3<br />

clientes – Quanto mais<br />

itens o cliente consome<br />

da sua empresa, menor<br />

é a probabilidade de abandono.<br />

Por isso é tão importante monitorar<br />

a venda de mix.<br />

A lógica é muito simples: o mercado<br />

é dinâmico e é comum que<br />

um produto se torne obsoleto ra-<br />

pidamente ou seja suplantado por<br />

um concorrente com alguma inovação<br />

tecnológica ou que faça uma<br />

ação agressiva de preço. Em qualquer<br />

um desses casos, é muito difícil<br />

evitar a perda do cliente. E o<br />

pior é que as empresas costumam<br />

ter dezenas de itens no portfólio,<br />

mas como o vendedor só vende os<br />

produtos carro-chefe, quando eles,<br />

por um motivo ou outro, deixam<br />

de ser consumidos pelo cliente, a<br />

empresa tem um grande problema.<br />

Com isso, você chega a um grande<br />

fator de risco de abandono do cliente:<br />

baixo consumo de mix.<br />

Para resolver esse problema,<br />

crie uma planilha de seus clientes<br />

em ordem de consumo de mix e<br />

veja qual é o valor médio de consumo,<br />

identifique quem está abaixo<br />

e crie um plano de ação para<br />

esses clientes. Quando forçamos,<br />

por meio de uma campanha, que<br />

a equipe aumente sua venda de<br />

mix, há boas chances de vender<br />

mais itens para quem já compra<br />

bem. Isso é bom<br />

para o caixa da<br />

empresa e pode<br />

aumentar o mix<br />

médio por cliente<br />

sem corrigir<br />

a distorção do<br />

grande grupo<br />

de clientes que<br />

compra poucos<br />

itens. No entanto,<br />

já vi dezenas<br />

de campanhas<br />

de venda de mix<br />

gerarem resultados<br />

distorcidos. Por isso, sugiro<br />

que as ações sejam específicas<br />

para clientes de baixo consumo<br />

de mix.<br />

Crie pontos de ancoragem<br />

4<br />

dentro do cliente – Todo<br />

CRM que se preze tem os<br />

contatos do cliente registrados.<br />

Aquilo não é figurativo.<br />

Quanto mais pontos de contato<br />

sua empresa tiver dentro do cliente,<br />

maior será a possibilidade de<br />

conseguir fidelizá-lo.<br />

Há alguns meses, fui a uma<br />

empresa que é mestre nisso. Ela<br />

vende óleo lubrificante para grandes<br />

indústrias – um mercado altamente<br />

competitivo, no qual a<br />

diferenciação dos produtos não<br />

dura muito tempo e tudo vira<br />

commodity rapidamente. Mas o<br />

departamento de marketing da<br />

empresa, em conjunto com a equipe<br />

comercial, mapeou os influenciadores<br />

e os tomadores de decisão<br />

em cada cliente. A empresa<br />

percebeu que havia, em média,<br />

três pessoas nas empresas que<br />

eram os principais pontos de contato<br />

– o comprador, o engenheiro<br />

e o operador de máquina que faz<br />

a substituição do óleo. Qualquer<br />

um desses tinha o poder de comprometer<br />

a relação da empresa<br />

com o cliente e interromper o<br />

fornecimento do produto. Dessa<br />

forma, o pessoal do marketing<br />

começou a sugerir ações para a<br />

equipe comercial com o intuito<br />

de fortalecer a relação com esses<br />

parceiros. Primeiramente, os decisores<br />

e influenciadores foram<br />

cadastrados. E pasme: constatou-<br />

-se que 90% dos cadastros tinham,<br />

até aquele momento, apenas o<br />

nome do decisor principal! Veja<br />

que tem, aí, uma mudança de<br />

cultura muito grande, tanto do<br />

departamento de marketing<br />

quanto da equipe comercial. Tudo<br />

fica mais complexo, mas também<br />

gera uma segurança maior.<br />

A primeira ação – que durou<br />

mais de um ano – foi traçada para<br />

aumentar os pontos de ancoragem<br />

dentro do cliente. Em seguida, o<br />

departamento de marketing desenvolveu,<br />

dentre outras coisas, ações<br />

para cada um dos influenciadores<br />

mapeados, fez um treinamento<br />

específico para os operadores de<br />

64<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


máquina e alguns grupos foram<br />

chamados a visitar a fábrica. O resultado<br />

foi extraordinário.<br />

E você, sabe quais são os tomadores<br />

de decisão nos seus clientes?<br />

E os influenciadores? Quais<br />

são ações direcionadas a cada um<br />

desses grupos?<br />

5<br />

Desenvolva múltiplos contatos<br />

na sua empresa –<br />

Quanto mais pessoas da<br />

sua empresa tiverem<br />

contato com o cliente, maior será<br />

a chance de mantê-lo fiel. Aqui<br />

vivemos aquele velho drama: se<br />

os clientes se relacionam apenas<br />

com o vendedor ou com o representante,<br />

acabam sendo deles, e<br />

não da empresa. Sempre reforço<br />

esse ponto. O contato com o cliente<br />

deve se dar por uma cogestão<br />

dos vendedores e das empresas.<br />

Por isso, é muito importante manter<br />

pontos de monitoramento e<br />

relacionamento com os clientes<br />

além do trabalho do vendedor.<br />

Isso é fundamental por alguns<br />

motivos:<br />

a) Sua empresa tem que estar próxima<br />

do mercado para manter<br />

uma visão própria e clara sobre<br />

a movimentação.<br />

b) Seu cliente tem que perceber<br />

que, se precisar de algo, ele terá<br />

um suporte além do vendedor.<br />

c) Caso o cliente não esteja satisfeito<br />

com o vendedor, ele precisa<br />

ter a quem recorrer. E é normal<br />

que isso aconteça, é comum que<br />

a relação extenue em algum momento.<br />

Se você estiver distante,<br />

o cliente vai embora sem que você<br />

saiba o motivo ou tenha a oportunidade<br />

de recuperá-lo.<br />

É muito fácil fazer isso. Nós<br />

desenvolvemos inúmeras centrais<br />

de inteligência em vendas (CIV)<br />

nas empresas para monitorar a<br />

satisfação do cliente e pesquisar<br />

sobre a qualidade em todo processo<br />

comercial, na entrega etc.<br />

É impressionante como os clientes<br />

gostam disso, sentem-se seguros,<br />

e, com o tempo, a equipe comercial<br />

também aceita muito bem esse<br />

processo. É um back-up da equipe<br />

comercial. Se o processo falha por<br />

algum motivo, alguém tem que<br />

entrar em ação rapidamente.<br />

Monitore a satisfação dos<br />

6<br />

clientes – Monitorar a<br />

satisfação dos clientes é<br />

muito importante, mas,<br />

há algum tempo, tem ficado claro<br />

que mesmo clientes satisfeitos<br />

podem abandonar seus fornecedores.<br />

É claro que a satisfação<br />

reduz a probabilidade de abandono,<br />

mas, além disso, é preciso<br />

monitorar o comportamento do<br />

cliente e da sua empresa em relação<br />

a ele.<br />

Fred Reiccheld criou o índice<br />

NPS (net promoter score). Basicamente,<br />

ele parte do que Reiccheld<br />

chama de “a pergunta definitiva”:<br />

de zero a dez, qual a probabilidade<br />

de você indicar nossos produtos<br />

ou serviços?<br />

1 Se a resposta for de 0 a 6, os<br />

clientes são detratores – e<br />

você precisa buscar saber por<br />

que deram uma nota baixa.<br />

1 De 7 a 8 são neutros – e você<br />

precisa definir o que vai fazer<br />

para melhorar a percepção<br />

deles da sua empresa.<br />

1 De 9 a 10 são promotores – e<br />

você precisa usá-los a seu favor!<br />

A conta é simples – mas funciona:<br />

subtraia o percentual dos<br />

promotores dos detratores e descubra<br />

o seu índice.<br />

7<br />

Empunhe essa bandeira –<br />

Se você considera a fidelização<br />

de clientes<br />

realmente importante e<br />

entende os benefícios que ela<br />

pode gerar para sua empresa,<br />

precisa empunhar essa bandeira<br />

– ou seja, incentivar indicadores<br />

de fidelização e vendedores<br />

que fidelizam clientes deve<br />

fazer parte do seu discurso. Você<br />

precisa viver isso de verdade<br />

para que sua empresa dê a devida<br />

importância a essa questão.<br />

Alguém precisa, contudo, encabeçar<br />

esse projeto! Se não for<br />

você, eleja outra pessoa, e assegure-se<br />

de que os indicadores<br />

de satisfação sejam monitorados<br />

frequentemente.<br />

Mãos à obra!<br />

Temos, aqui, um verdadeiro<br />

manual de fidelização dividido<br />

em etapas para que você minimize<br />

sua perda de clientes. O desgaste<br />

da base custa muito caro<br />

para as empresas. Fazer uma gestão<br />

justa, realmente próxima da<br />

fidelização de clientes, e monitorar<br />

os indicadores de perto é uma<br />

grande lição e, acima de tudo,<br />

uma demonstração de que os<br />

clientes são realmente importantes<br />

para sua empresa.<br />

Mas isso tem que ir além do<br />

discurso. Deve fazer parte das<br />

ações que você adota no dia a dia.<br />

Fique perto dos seus clientes, entenda<br />

as necessidades e comportamentos<br />

dele e seja um especialista<br />

nesse processo. Sua empresa,<br />

seu departamento financeiro<br />

e, acima de tudo, seus clientes<br />

agradecem!<br />

Marcelo Caetano é sócio-diretor da consultoria<br />

Soluções <strong>VendaMais</strong> e autor dos livros<br />

Vendedor fiel, cliente fiel e Chega de desconto!<br />

E-mail: caetano@vendamais.com.br<br />

“Quanto mais<br />

itens o cliente<br />

consome da<br />

sua empresa,<br />

menor é a<br />

probabilidade<br />

de abandono.”<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017 65


ATÉ MAIS / DA REDAÇÃO<br />

Você está preparado para conseguir<br />

resultados melhores nas suas negociações?<br />

Dedicamos uma edição (quase) inteira da <strong>VendaMais</strong> à negociação com um<br />

objetivo simples: garantir que, a partir de agora, você esteja 100% preparado<br />

para sair das mesas de negociação sempre satisfeito com o resultado alcançado.<br />

A bola está com você! Coloque todas as dicas da revista em prática, inspire-se<br />

nas histórias contadas aqui e continue estudando para se tornar um negociador<br />

cada vez melhor. Sua missão é preencher a checklist abaixo uma vez a cada seis<br />

meses até ter certeza de que só respondeu “sim”. Aceita o desafio?<br />

Você sabe como influenciar – e não manipular – na direção de um acordo positivo?<br />

( ) Sim<br />

( ) Não<br />

Você elaborou sua matriz de concessões antes de iniciar a negociação?<br />

( ) Sim<br />

( ) Não<br />

Você está preparado para evitar os principais erros em uma negociação?<br />

( ) Sim<br />

( ) Não<br />

Você sabe como identificar e neutralizar as objeções que venham a surgir?<br />

( ) Sim<br />

( ) Não<br />

Você sabe o que fazer caso seu preço seja questionado?<br />

( ) Sim<br />

( ) Não<br />

Você domina as técnicas para lidar com concessões, reduções e descontos?<br />

( ) Sim<br />

( ) Não<br />

Você tem feito follow-up para saber como deve agir depois de a<br />

negociação ter sido concluída?<br />

( ) Sim<br />

( ) Não<br />

Boas negociações!<br />

66<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017


Liberdade<br />

para pensar<br />

Para ser verdadeiramente<br />

livre, você precisa fazer<br />

o esforço de pensar<br />

por si próprio. Aqueles<br />

que não investem o tempo<br />

necessário e nem se<br />

esforçam para procurar<br />

sinceramente a verdade<br />

estarão sempre sujeitos<br />

à tirania e ao abuso.<br />

Uma vida de qualidade<br />

não ocorre por acaso –<br />

você precisa se esforçar<br />

para pensar, raciocinar<br />

e agir com integridade.<br />

Não existe como fugir<br />

disso. Esforços sinceros<br />

e dedicação geralmente<br />

acabam em alegria. Preguiça<br />

e falta de esforço<br />

geralmente terminam<br />

em sofrimento. Acontece<br />

todos os dias, de milhões<br />

de formas diferentes.<br />

A verdadeira liberdade é<br />

a liberdade “para”: liberdade<br />

para conquistar,<br />

liberdade para pensar,<br />

liberdade para fazer diferente.<br />

Na próxima vez<br />

em que alguém lhe oferecer<br />

alguma forma de<br />

prazer vazio, pense em<br />

como essa proposta é<br />

absurda.<br />

A alegria está no esforço.<br />

A liberdade está na responsabilidade.<br />

Aprenda<br />

com os outros, mas não<br />

deixe que eles pensem<br />

por você. Essa tarefa é<br />

sua. A recompensa, também.<br />

Ralph Marston


68<br />

vendamais.com.br - MARÇO-ABRIL 2017

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