03.04.2019 Views

VendaMais-258-V6-planejamento-estrategico-comercial

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Entrevista<br />

Fred Rocha e Leandro Branquinho, idealizadores<br />

da expedição O melhor vendedor do Brasil, contam o que descobriram viajando<br />

pelo país por dois meses atrás de supervendedores e histórias inspiradoras<br />

ANO 22 I Nº <strong>258</strong> I SETEMBRO-OUTUBRO/2016 I R$ 19,50<br />

vendamais.com.br<br />

C O N H E C I M E N T O S I H A B I L I D A D E S I A T I T U D E S<br />

As 10<br />

principais<br />

armadilhas do<br />

<strong>planejamento</strong><br />

estratégico<br />

<strong>comercial</strong><br />

Como turbinar<br />

os 6 cilindros<br />

do seu motor<br />

de vendas<br />

FIDELIZAÇÃO<br />

Gestão da carteira<br />

Reativação de clientes<br />

Prospecção<br />

Inovação<br />

Gestão de mix<br />

A METODOLOGIA QUE VAI<br />

ACELERAR SEUS RESULTADOS<br />

Conheça uma nova forma de conduzir o <strong>planejamento</strong> estratégico <strong>comercial</strong> da sua<br />

empresa e saiba como ela pode fazer o motor das suas vendas render muito mais


2<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 3


vendamais<br />

SET-OUT/16<br />

06 Editorial<br />

7 comportamentos dos líderes de alta<br />

performance<br />

10 Reservado para você<br />

O que os leitores dizem sobre a Venda-<br />

Mais<br />

11 Entre nós<br />

Onde estivemos, novidades e lançamentos<br />

12 On-line<br />

Ideias e iniciativas criativas para você<br />

se inspirar e inovar<br />

14 Manual do líder<br />

Cinco perguntas fundamentais para se<br />

fazer em uma entrevista de contratação<br />

40<br />

16 Marketing pessoal<br />

Qual é o ronco do seu motor?<br />

22<br />

18 JB Vilhena<br />

Seus professores lhe ensinaram lições<br />

de liderança. Está na hora de usá-las<br />

com sua equipe de vendas!<br />

20 João Kepler<br />

Descubra por que todo vendedor precisa<br />

ter um perfil empreendedor<br />

22 Entrevista<br />

Fred Rocha e Leandro Branquinho,<br />

idealizadores da expedição O melhor<br />

vendedor do Brasil, contam o que descobriram<br />

viajando pelo país por dois<br />

meses atrás de supervendedores e<br />

histórias inspiradoras<br />

4<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


28<br />

16<br />

20<br />

28 Supervendedor<br />

Você seria capaz de vender até bosta<br />

em lata?<br />

32 Marcelo Caetano<br />

Quer melhorar os resultados de vendas<br />

da sua empresa? Comece mudando a<br />

forma como você faz a gestão da carteira<br />

de clientes!<br />

52 Marcelo Ortega<br />

Entenda como a matriz estratégica de<br />

prospecção pode ajudar você a atingir<br />

os clientes ideais<br />

54 Comportamento<br />

Descubra a ciência por trás de comportamentos<br />

que podem ajudar ou prejudicar<br />

suas vendas<br />

50<br />

36 Alta performance em vendas<br />

10 listas que toda pessoa de alta performance<br />

deveria ter<br />

60 Jerônimo Mendes<br />

Conheça as bases do pensamento inovador<br />

capaz de fomentar a cultura empreendedora<br />

na sua empresa<br />

38 José Ricardo Noronha<br />

Conheça uma ferramenta que vai ajudar<br />

você a segmentar melhor sua carteira<br />

de clientes e, assim, vender mais<br />

40 Capa<br />

Conheça <strong>V6</strong>, a metodologia de <strong>planejamento</strong><br />

estratégico <strong>comercial</strong> que vai<br />

fazer o motor das suas vendas render<br />

muito mais<br />

48 César Frazão<br />

Inspire-se para motivar sua equipe de<br />

vendas usando ferramentas diferentes<br />

das que você está acostumado<br />

50 Silvia Candeloro<br />

Saiba como agir em três cenários diferentes<br />

de negociações ruins<br />

62 Thiago Concer<br />

Saiba como agir na hora de demitir um<br />

vendedor de sua equipe<br />

64 Gestão de Equipe<br />

Gestão baseada em valores: a chave<br />

para transformar sua equipe <strong>comercial</strong><br />

66 Até mais<br />

As 10 principais armadilhas do <strong>planejamento</strong><br />

estratégico <strong>comercial</strong><br />

67 Ralph Marston<br />

Preparação x Execução<br />

32<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 5


EDITORIAL<br />

Raul CANDELORO<br />

7 comportamentos<br />

dos líderes de alta<br />

performance<br />

Um dos temas que mais têm<br />

surgido nas pesquisas que fazemos<br />

aqui na <strong>VendaMais</strong> (especialmente<br />

entre os alunos do<br />

meu curso on-line Gestão de<br />

Equipes Comerciais – o GEC)<br />

tem sido o de engajamento das<br />

equipes. É um assunto sobre o<br />

qual se fala muito pouco, tanto<br />

em livros quanto em cursos, e a<br />

verdade é que a maior parte das<br />

empresas quebra, ou compromete<br />

seus resultados, por falhas<br />

básicas gerenciais.<br />

Aliás, se existe um "problema<br />

de mão de obra" no Brasil, com<br />

certeza é o do escalão intermediário,<br />

que faz o meio de campo<br />

tático entre o estratégico da diretoria<br />

e o operacional do resto<br />

da equipe. Nunca precisamos<br />

tanto de gerentes e nunca estivemos<br />

tão desfalcados. Basta ver a<br />

quantidade de gente terceirizando<br />

a responsabilidade de maus<br />

resultados na equipe.<br />

Esse é um assunto delicado,<br />

mas muito importante de trazer à<br />

tona – não adianta tentar esconder<br />

a falta de capacitação da liderança<br />

e depois responsabilizar a equipe.<br />

Para abrir o debate, aponto três<br />

sinais claros de boa liderança de<br />

acordo com Jim Collins, um dos<br />

grandes gurus da administração<br />

e autor do best-seller Empresas feitas<br />

para durar:<br />

Entrega consistente de resultados.<br />

Compartilhamento do sucesso<br />

com a equipe.<br />

Desenvolvimento de pessoas<br />

para sucedê-lo na liderança.<br />

Na <strong>VendaMais</strong>, treinamos<br />

equipes de vendas – algo que,<br />

por sinal, fazemos muito bem.<br />

Mas sabemos com certeza absoluta<br />

que não adianta nada só treinar<br />

a equipe se a cultura da empresa<br />

e os líderes não evoluírem<br />

também.<br />

Pensando nisso, desenvolvi<br />

um teste que pode ser muito útil<br />

para trabalhar as lideranças da<br />

sua empresa. As estatísticas apresentadas<br />

no texto estão todas baseados<br />

nos estudos feitos por Ott<br />

Jõgi, um dos responsáveis pelo<br />

aplicativo Weekdone (weekdone.<br />

com), que é utilizado no mundo<br />

inteiro por empresas que querem<br />

aproximar suas equipes, facilitar<br />

6<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


o feedback de líderes para seus<br />

vendedores e melhorar a produtividade<br />

por meio de um sistema<br />

simples e que pode ser compartilhado<br />

entre todos os profissionais<br />

do time.<br />

A ideia é que este teste ajude<br />

você e sua equipe a mapearem<br />

suas competências, buscando<br />

pontos de melhoria e também<br />

melhores práticas entre a equipe.<br />

Numa escala de zero a dez,<br />

cada líder deve fazer uma autoavaliação,<br />

justificando sua nota.<br />

Depois, escolhe-se um ou dois<br />

pontos prioritários para desenvolver,<br />

como "tarefa de casa",<br />

para cada um dos envolvidos.<br />

Vamos lá?<br />

1.<br />

Elogiar mais<br />

Se existe uma coisa que<br />

todas as pesquisas sobre<br />

engajamento e clima interno mostram<br />

é que os vendedores estão<br />

carentes.<br />

79% das pessoas que mudam<br />

de emprego citam a “falta de reconhecimento”<br />

como o principal<br />

motivo.<br />

81% dos funcionários dizem<br />

raramente – ou nunca – receber<br />

elogios.<br />

76% dos funcionários nunca<br />

receberam uma nota de elogio ou<br />

parabéns escrita pelo seu chefe.<br />

Com base nisso, responda:<br />

De zero a dez, que nota você<br />

se dá como líder para este item<br />

– elogios e reconhecimento<br />

da equipe?<br />

O que tem feito de certo nessa<br />

área?<br />

O que pode fazer para melhorar?<br />

2.<br />

Estabelecer<br />

objetivos e indicadores<br />

claros<br />

90% das pessoas dizem que ou<br />

não têm objetivos claros e bem<br />

definidos ou, se têm, não têm um<br />

plano claro de como chegar lá.<br />

De acordo com a sua realidade:<br />

De zero a dez, que nota você<br />

se dá como líder para este item<br />

– estabelecimento de metas<br />

claras e objetivas e de processos<br />

claros e objetivos para<br />

atingir essas metas?<br />

O que tem feito de certo nessa<br />

área?<br />

O que pode fazer para melhorar?<br />

3.<br />

Definir e monitorar<br />

com frequência os<br />

indicadores<br />

Líderes proativos fazem reuniões<br />

semanais usando um processo simples,<br />

analisando os números do que<br />

foi planejado, do que foi executado,<br />

situações a resolver, planos de ação.<br />

Nada de ficar esperando o mês<br />

acabar. Bons líderes não lideram<br />

olhando o espelho retrovisor, analisando<br />

o que já aconteceu – eles<br />

olham para frente.<br />

E você:<br />

De zero a dez, que nota se dá<br />

como líder para este item –<br />

definição e monitoria dos indicadores?<br />

O que tem feito de certo nessa<br />

área?<br />

O que pode fazer para melhorar?<br />

4.<br />

Estar aberto a<br />

feedback e sugestões<br />

da equipe<br />

64% dos líderes tomam decisões<br />

sem pedir opiniões.<br />

47% das empresas têm sistemas<br />

formais de pedir a opinião<br />

das equipes.<br />

Das empresas que pedem<br />

Diretor<br />

Raul Candeloro<br />

raul@vendamais.com.br<br />

editor<br />

Natasha Schiebel<br />

natasha@vendamais.com.br<br />

DIREtor DE ARTE<br />

Anderson L.A.<br />

anderson@vendamais.com.br<br />

conselho editorial<br />

Raul Candeloro<br />

Marcelo Caetano<br />

coLABORAÇÃO<br />

Francine Pereira<br />

João Guilherme Brotto<br />

Tom S. Neto<br />

REVISÃO<br />

Lumos Soluções Editoriais<br />

ATENDIMENTO AO LEITOR<br />

atendimento@vendamais.com.br<br />

JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />

Natasha Schiebel<br />

natasha@vendamais.com.br<br />

MTB 0008336/PR<br />

<strong>VendaMais</strong> ® é publicada 6 vezes ao ano pela<br />

Editora Quantum e <strong>comercial</strong>izada pela<br />

Editora Intellimax Ltda.<br />

Curitiba-PR. CEP: 80251-970<br />

Site: www.vendamais.com.br<br />

Para Anunciar:<br />

publicidade@vendamais.com.br<br />

(41) 3022-1000<br />

Para acessar o midiakit <strong>VendaMais</strong>:<br />

www.vendamais.com.br/anuncie<br />

Horário de atendimento: das 8h às 18h<br />

0800-647-6247<br />

Horário de atendimento: das 9h às 18h<br />

Editora Quantum. Tiragem desta edição: 21.000<br />

exemplares. Todos os direitos reservados. A reprodução<br />

total ou parcial deste material é permitida mediante<br />

autorização prévia e expressa da Editora Quantum Ltda.,<br />

e desde que citada a fonte. O conteúdo dos artigos é de<br />

responsabilidade dos autores.<br />

Autores ou consultores que quiserem publicar seus trabalhos<br />

nas áreas de vendas ou marketing entrem em contato com a<br />

equipe editorial pelo telefone: (41) 3022-1000.<br />

A responsabilidade pelo conteúdo dos anúncios, bem<br />

como pela sua produção e compromissos inerentes, é da<br />

agência e do anunciante.<br />

SISTEMA DE GESTÃO INTERNA<br />

Tivel<br />

www.teck.com.br/tivel<br />

PRÉ-IMPRESSÃO e impressÃo:<br />

Prol Editora Gráfica – (11) 2169-6199<br />

dISTRIBUIÇÃO PARA ASSINANTES:<br />

Empresa Brasileira de Correios<br />

OPERAÇÃO EM BANCAS:<br />

Assessoria Edicase<br />

www.edicase.com.br<br />

Distribuição exclusiva em bancas<br />

DINAP S/A – DISTRIBUIDORA NACIONAL<br />

DE PUBLICAÇÕES<br />

www.twitter.com/vendamais<br />

facebook.com/<strong>VendaMais</strong><br />

Nossa missão:<br />

Fazer o Brasil vender melhor.<br />

7


opinião das equipes, só 37% colocam<br />

alguma das ideias em prática.<br />

Exemplos de perguntas interessantes<br />

para fazer para a equipe:<br />

a) O que você acha que poderíamos<br />

fazer para melhorar em "x"?<br />

b) Quem, dentro da equipe, você<br />

acha que merece um elogio?<br />

c) Se você pudesse mudar uma<br />

coisa aqui, o que seria?<br />

d) Consegue citar três coisas boas<br />

que aconteceram esta semana<br />

no trabalho?<br />

Tendo isso em mente, responda:<br />

De zero a dez, que nota você<br />

se dá como líder para este item<br />

– abertura ao feedback e sugestões<br />

da equipe?<br />

O que tem feito de certo nessa<br />

área?<br />

O que pode fazer para melhorar?<br />

5.<br />

Dar feedback<br />

continuamente<br />

a) Pessoas querem feedback<br />

semanal, não mensal – e<br />

muito menos semestral ou anual.<br />

(Isso inclui diretores, gerentes e<br />

supervisores, também!)<br />

b) Não tenho dados estatísticos<br />

para citar aqui, mas eu diria que<br />

99% dos líderes nunca receberam<br />

feedback nem tiveram proatividade<br />

de buscar mais conhecimento<br />

e informação sobre como dar<br />

corretamente feedback de maneira<br />

positiva e construtiva.<br />

c) Lembre-se da regra do 3:1 –<br />

ambientes positivos têm em média<br />

três elogios ou comentários<br />

positivos para uma crítica ou comentário<br />

negativo.<br />

E aí:<br />

De zero a dez, que nota você<br />

se dá como líder para este item<br />

– dar feedback para a equipe?<br />

O que tem feito de certo nessa<br />

área?<br />

O que pode fazer para melhorar?<br />

Desafio: Pergunte para sua<br />

equipe que nota ela dá para<br />

você.<br />

"Bons líderes não lideram<br />

olhando o espelho retrovisor,<br />

analisando o que já aconteceu<br />

– eles olham para frente."<br />

6.<br />

Focar no tripé<br />

satisfação de<br />

clientes x clima<br />

interno x rentabilidade<br />

Empresas que conseguem essas<br />

três coisas têm uma vantagem<br />

competitiva consistente e uma<br />

posição privilegiada no mercado.<br />

O problema é quando um ou dois<br />

elementos do tripé ficam desequilibrados<br />

por demandas ou<br />

pressões de curto prazo. Líderes<br />

de alta performance estão sempre<br />

cuidando dos três pontos.<br />

7.<br />

Assim, pergunto:<br />

De zero a dez, que nota você<br />

se dá como líder para este item<br />

– foco no tripé satisfação de<br />

clientes x clima interno x rentabilidade?<br />

O que tem feito de certo nessa<br />

área?<br />

O que pode fazer para melhorar?<br />

Fazer reuniões<br />

mais produtivas<br />

Lista das reclamações<br />

mais comuns por parte da equipe<br />

no que diz respeito às reuniões:<br />

a) Chamar com frequência para<br />

reuniões emergenciais que não<br />

estavam marcadas.<br />

b) Reuniões sem agenda clara<br />

definida, sem foco.<br />

c) Reuniões longas e cansativas<br />

demais.<br />

d) Reuniões em que nada fica<br />

definido ou decidido.<br />

e) Reuniões em que se decide<br />

algo, mas depois fica tudo “solto",<br />

sem acompanhamento (ou seja,<br />

falta de follow-up).<br />

f) Excesso de reuniões.<br />

Com base nisso, responda:<br />

De zero a dez, que nota você<br />

se dá como líder para este item<br />

– reuniões produtivas?<br />

O que tem feito de certo nessa<br />

área?<br />

O que pode fazer para melhorar?<br />

Parafraseando Jim Collins,<br />

empresas de sucesso sustentável<br />

precisam de líderes nível 5.<br />

Líder nível 1 é uma pessoa com<br />

muita habilidade individual.<br />

Líder nível 2 trabalha bem em<br />

equipe.<br />

Líder nível 3 contribui com recursos<br />

e conhecimento para as<br />

metas e objetivos do grupo.<br />

Líder nível 4 estimula as pessoas<br />

a atingirem objetivos cada vez<br />

mais elevados.<br />

Líder nível 5 constrói processos<br />

e sistemas que transformam a<br />

empresa numa máquina de excelência.<br />

Nada melhor do que revisar<br />

e aprimorar esses sete pontos para<br />

evoluir no processo de liderança<br />

de alta performance.<br />

Abraço e boas vendas.<br />

Raul Candeloro – Diretor<br />

Site: www.vendamais.com.br<br />

E-mail: raul@vendamais.com.br<br />

8<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 9


Reservado para Você<br />

Muito boa a entrevista com o Jonathan Farrington*! A Venda-<br />

Mais é sensacional, mudou minha maneira de pensar e minha<br />

maneira de trabalhar a minha própria conta bancária. Procuro<br />

andar e escutar pessoas que também tenham essa<br />

visão crescente, de melhoria, e busco me afastar dos pessimistas<br />

e daqueles que sempre reclamam. Para mim, esse é<br />

o primeiro passo para iniciar a busca por um novo rumo.<br />

Anderson de Oliveira Souza<br />

--> A entrevista citada por Souza está disponível em: bit.ly/ent-vm-jf<br />

Nela, Jonathan Farrington, britânico que é coeditor da revista Top Sales e diretor da consultoria Jonathan<br />

Farrington & Associates, conta como visualiza os vendedores de alta performance hoje, fala sobre como<br />

imagina que será a rotina em vendas em cinco anos, revela quais são as grandes dificuldades dos líderes<br />

de vendas atualmente e muito mais. É uma nova (e interessante) análise sobre o processo de vendas.<br />

Raul Candeloro,<br />

Parece infinita a sua capacidade de nos surpreender<br />

positivamente. Obrigado por compartilhar tanto conhecimento<br />

e tanta sabedoria. Continue assim. Eu sou seu fã<br />

desde que a <strong>VendaMais</strong> se chamava Técnicas de Vendas.<br />

Certa vez, na década de 1990, ao participar de um evento<br />

em Campinas (SP), vi pela primeira vez alguém falar sobre a<br />

importância do pós-venda, citando o caso pessoal de uma<br />

médica que o atendeu e depois ligou para saber como ele<br />

estava. Quem estava no palco era o saudoso palestrante<br />

Eduardo Botelho, que, na ocasião, distribuiu exemplares da<br />

revista entre os participantes. O resto é história!<br />

A <strong>VendaMais</strong> foi o norte no início da minha carreira. Aprendi<br />

e continuo aprendendo muito com a revista. Todas as<br />

edições contribuíram para formar o vendedor que sou hoje.<br />

Tive o prazer de conhecer pessoas especiais e que, de alguma<br />

forma, fazem parte da minha vida como amigos, parceiros<br />

e mestres, e também aprendi muito com Raul Candeloro,<br />

"pai" da revista. Seu conhecimento na área parece não<br />

esgotar e quem o ouve falar sobre vendas percebe que ele<br />

realmente leva a sério sua missão de vida. Toda pessoa que<br />

se considera vendedora precisa ler a <strong>VendaMais</strong>!<br />

Alexandre Vial Manzione<br />

Saúde e sucesso!<br />

Francisco Bonfati<br />

via Facebook (facebook.com/vendamais)<br />

Participe da seção<br />

Reservado para Você<br />

Envie críticas, sugestões, deixe sua palavra, conte sua história,<br />

divida seus resultados conosco, mostre sua equipe*. O espaço é<br />

todo seu. Estamos esperando por você!<br />

Escreva agora mesmo para: leitor@vendamais.com.br e participe!<br />

*As fotos serão avaliadas pela equipe de redação.<br />

10<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


ENTRE NÓS<br />

Você pediu,<br />

a <strong>VendaMais</strong><br />

mudou<br />

Conhecer os clientes, entender suas<br />

necessidades, adequar-se ao que seu<br />

público-alvo procura, adaptar-se às<br />

mudanças e evoluções do mercado... A<br />

gente fala sobre a importância disso<br />

tudo (e muito mais!) para o sucesso da<br />

sua empresa edição após edição da<br />

<strong>VendaMais</strong>.<br />

E como em casa de ferreiro o espeto<br />

precisa ser de adamantium – nas palavras<br />

de nosso diretor Raul Candeloro<br />

–, um dos maiores prazeres da nossa<br />

equipe é conversar com assinantes e<br />

leitores eventuais para descobrir quais<br />

são, na visão deles – na sua visão, aliás<br />

–, os pontos fortes e fracos da nossa<br />

publicação, o que podemos melhorar, o<br />

que precisamos fazer para que a nossa<br />

missão – que é fazer o Brasil vender<br />

melhor – não fique apenas no papel.<br />

BIMESTRAL<br />

Foi assim que chegamos ao novo<br />

formato da <strong>VendaMais</strong>. Atendendo aos<br />

pedidos de muitos de nossos leitores,<br />

a partir desta edição a revista volta a<br />

ser bimestral e ter 68 páginas. Tamanho<br />

menor por edição, frequência maior de<br />

publicação. Modelo ideal para encaixar<br />

a leitura da revista à sua rotina profissional<br />

e acelerar a implementação das<br />

boas ideias retiradas de cada edição na<br />

sua empresa. Que tal?<br />

Quer contribuir para tornar a <strong>VendaMais</strong><br />

uma revista ainda melhor? Escreva para<br />

leitor@vendamais.com.br e apresente<br />

suas sugestões. Juntos somos<br />

mais fortes e vamos mais longe!<br />

<strong>VendaMais</strong> no Fórum<br />

E-commerce Brasil 2016<br />

No fim de julho, João Guilherme Brotto, jornalista que integra a equipe de redação<br />

da <strong>VendaMais</strong>, esteve em São Paulo acompanhando o Fórum E-commerce Brasil<br />

2016. Durante os dois dias de evento, Brotto conversou com expositores, conheceu<br />

histórias de empresas que estão se destacando vendendo pela internet e<br />

assistiu a diversas palestras que deixaram lições preciosas para quem sabe que<br />

o futuro é digital. Estas foram algumas delas:<br />

Experiência do usuário em lojas virtuais – Por Austin Knight, da HubSpot.<br />

Conteúdo personalizado e canais alternativos de venda com CRM, afiliação e e-mail<br />

– Por Gustavo Daher, da Wine.com.br, e Felipe Soares, das Lojas Colombo.<br />

Tecnologia e mensuração de resultados na prática – Por Rodrigo Rodrigues, do<br />

Google.<br />

A cobertura completa do evento você lerá na edição de novembro/dezembro.<br />

Não perca!<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 11


ON-LINE<br />

POR Francine Pereira<br />

O poder do<br />

WhatsApp e<br />

do Android<br />

Uma pesquisa realizada pelo instituto<br />

especializado em marketing digital<br />

eMarketer mostrou que quase a metade<br />

das pessoas que possuem celular<br />

no Brasil (44,9%) consideram o<br />

WhatsApp o aplicativo mais importante<br />

em seu dispositivo móvel. Em<br />

segundo lugar, com apenas 9,4%, vem<br />

o Facebook. Além disso, o estudo revela<br />

que de cada dez smartphones no<br />

país, oito são Androids. E o que isso<br />

indica? Que grande parte da população<br />

– e provavelmente de seu público – utiliza<br />

a plataforma Android e o WhatsApp<br />

como canal de comunicação em seu<br />

cotidiano. Entender a maneira como<br />

seus clientes se comunicam é de extrema<br />

importância para construir um relacionamento<br />

com eles.<br />

Que tal, então, incluir o WhatsApp nas<br />

suas estratégias de venda e fidelização<br />

de clientes?<br />

Contudo, sabemos que, ao mesmo<br />

tempo em que o aplicativo pode ser<br />

uma excelente ferramenta, também<br />

traz riscos à produtividade da equipe.<br />

Para entender como utilizá-lo da melhor<br />

maneira possível, sugerimos a leitura<br />

deste artigo, que mostra como equilibrar<br />

o uso desse canal no dia a dia:<br />

bit.ly/whatsapp_aliado_vilao<br />

Marcas com opinião<br />

Você já deve ter ouvido por aí que a marca de sua empresa precisa ser neutra. Mas será mesmo que<br />

isso é verdade sempre? Já falamos na <strong>VendaMais</strong> sobre a tendência do marketing 3.0, conceito cada<br />

vez mais presente no dia a dia das empresas e que prega que o relacionamento com os clientes seja<br />

baseado em valores. Nesse sentido, recentemente a Apple fez uma ação em defesa dos direitos LGBT.<br />

A marca se posicionou publicamente contra a legislação do estado da Carolina do Norte (EUA), que<br />

impede as cidades de protegerem gays e bissexuais da discriminação e restringe os direitos das pessoas<br />

transexuais. Se formos analisar, a lei em si não prejudicaria o mercado da empresa, mas o posicionamento<br />

da Apple mostra que cada vez mais as organizações devem reconhecer que se importam<br />

não apenas com o que vendem, mas também com as causas que afetam seus consumidores.<br />

A sua marca se engaja nas causas de seus clientes? Para entender mais sobre o movimento do<br />

marketing 3.0, leia nossa reportagem em que Philip Kotler, grande guru do marketing, fala sobre essa<br />

tendência: http://bit.ly/marketing_philip_kotler<br />

12<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


vendamais.com.br<br />

A aquisição da revista <strong>VendaMais</strong> dá direito ao acesso do conteúdo exclusivo<br />

do site <strong>VendaMais</strong> (www.vendamais.com.br). Se você é assinante, basta<br />

digitar seu e-mail e sua senha. Caso tenha adquirido a revista nas bancas,<br />

digite o login “banca” e a palavra-chave “METODOLOGIA”, válida apenas para<br />

os meses de SETEMBRO e OUTUBRO de 2016.<br />

A internet daqui<br />

a 15 anos<br />

A tecnologia muda tão rápido que, muitas<br />

vezes, nem percebemos o impacto<br />

causado pela sua evolução. Há dez anos,<br />

por exemplo, a velocidade da internet<br />

jamais possibilitaria toda a interação<br />

que temos hoje pela rede. Como será<br />

que a web irá se desenvolver daqui para<br />

frente? De acordo com Jayson De-<br />

Mers, colunista do site Forbes, estas<br />

deverão ser as principais mudanças na<br />

internet nos próximos 15 anos:<br />

1) A conexão será permanente e automática:<br />

Com a crescente utilização<br />

da web (para aplicativos e comunicação),<br />

a conexão constante<br />

deverá ser uma realidade no futuro.<br />

2) A realidade virtual será mais presente<br />

no dia a dia: A próxima geração<br />

de dispositivos deverá possibilitar<br />

ao usuário acessar aplicativos<br />

de realidade virtual e realidade<br />

aumentada.<br />

3) A privacidade será cada vez mais<br />

rara: Com a conexão constante e o<br />

crescimento do uso de aplicativos,<br />

a privacidade será mais rara, podendo<br />

até surgir negócios relacionados<br />

a isso.<br />

4) A internet das coisas deverá amadurecer:<br />

A internet das coisas já<br />

é uma realidade, conectando relógios<br />

e geladeiras, por exemplo.<br />

Em 15 anos, essa conexão se estenderá<br />

para veículos, carteiras e<br />

muito mais.<br />

5) Pessoas e negócios terão dificuldade<br />

em acompanhar as mudanças:<br />

Se hoje a evolução da internet<br />

e da tecnologia já acontece de forma<br />

muito rápida, no futuro essa<br />

velocidade de mudanças deve aumentar<br />

ainda mais.<br />

Cabe a você estar sempre de olho<br />

nas novidades e pensar em maneiras de<br />

utilizá-las no seu dia a dia em vendas. No<br />

futuro, mais do que um diferencial, seguir<br />

o que é tendência será uma obrigação de<br />

quem quer se manter vivo no mercado!<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

Panorama digital<br />

no Brasil<br />

O Brasil tem, atualmente:<br />

81,3<br />

milhões<br />

de usuários<br />

de desktop.<br />

60,4<br />

milhões<br />

de usuários de<br />

smartphone.<br />

11,8<br />

milhões<br />

de usuários<br />

de tablet.<br />

É o que revela uma análise feita pela empresa<br />

de pesquisa de mercado comScore. Segundo<br />

o estudo, ao todo, a população digital no país<br />

corresponde a 100,3 milhões de pessoas.<br />

Confira alguns insights importantes para conhecer<br />

o perfil do consumidor digital nesse cenário:<br />

Dispositivos móveis correspondem a 72% do<br />

total de tempo gasto no Brasil em plataformas<br />

digitais.<br />

Usuários multiplataformas ou apenas mobile<br />

(ou seja, que só utilizam a internet em<br />

smartphones ou tablets) são a grande maioria,<br />

e os acessos exclusivamente por dispositivos<br />

móveis não param de crescer.<br />

62% dos millennials (pessoas que têm entre<br />

18 e 34 anos) são usuários mobile, e 19% não<br />

utilizam desktop em nenhum momento.<br />

Apenas entre os participantes da pesquisa<br />

com 55 anos ou mais o uso exclusivo de<br />

desktop é maior (55%).<br />

Mais da metade dos compradores on-line<br />

possui menos de 35 anos.<br />

Para conferir a pesquisa na íntegra, acesse: http://<br />

bit.ly/panorama_digital<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 13


MANUAL DO LÍDER<br />

Por Francine Pereira<br />

Cinco<br />

perguntas<br />

fundamentais<br />

para se fazer<br />

em uma<br />

entrevista de<br />

contratação<br />

ocê já notou que o processo de recrutamento<br />

e seleção de profissionais funciona<br />

como uma venda? Pense bem: sua<br />

empresa precisa investigar os consumidores<br />

para entender quem são os clientes<br />

ideais e saber o que precisa ser feito para<br />

conquistá-los, certo? Da mesma forma,<br />

é necessário avaliar qual é o perfil dos<br />

profissionais que você busca e oferecer<br />

benefícios e atrativos que os façam querer<br />

trabalhar com você. Por isso, assim<br />

como no processo de conquistar um consumidor,<br />

as perguntas feitas na hora de<br />

selecionar um profissional também são<br />

fundamentais para garantir o sucesso da contratação.<br />

Para ajudá-lo nessa importante etapa, separamos algumas dicas de especialistas<br />

sobre o que perguntar na hora da entrevista de contratação para garantir<br />

que os valores, os objetivos e as habilidades estejam alinhados e que atendam<br />

às necessidades das duas partes.<br />

1Qual outra empresa (além da nossa) você admira? Por quê?<br />

Kathryn Minshew, fundadora da consultoria The Muse, que é focada<br />

em coaching e desenvolvimento de carreiras, explica que a identificação<br />

de valores é uma questão essencial na hora de selecionar os<br />

profissionais e que isso deve acontecer dos dois lados. O profissional precisa<br />

Kathryn<br />

Minshew<br />

14<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


estar alinhado ao clima e aos objetivos da empresa, mas a<br />

organização também precisa se encaixar nas metas e visões<br />

de carreira que o candidato tem a longo prazo. E é por isso, ela<br />

destaca, que essa pergunta é fundamental.<br />

O candidato admira uma empresa porque ela é conhecida<br />

por ser flexível e ter uma atmosfera descontraída? Ou ele<br />

gosta de determinada organização porque ela oferece oportunidades<br />

de crescimento?<br />

Kathryn destaca que essa pergunta ajudará você a perceber<br />

quais são os valores do candidato e entender o que ele<br />

preza em uma empresa – o que, por sua vez, irá mostrar se<br />

vocês combinam ou não.<br />

2Sob quais condições você realiza o seu<br />

melhor trabalho?<br />

Você está contratando alguém, pensando que<br />

ele dará o máximo de si para fazer o trabalho,<br />

certo? Mas como é que você vai ajudá-lo a alcançar a excelência?<br />

Oferecer o ambiente adequado para que seus colaboradores<br />

trabalhem bem é o primeiro passo para tornar a equipe<br />

eficiente. Kathryn aponta que essa pergunta pode ser muito<br />

útil nesse sentido. Novamente, a resposta vai indicar as principais<br />

necessidades do candidato e vai ajudar você a entender<br />

se a empresa está alinhada a essas condições. “Faça essa<br />

pergunta e escolha o profissional que não apenas sobreviverá<br />

na empresa, mas que prosperará no ambiente de trabalho”,<br />

aconselha Kathryn.<br />

3Poderia descrever um ambiente de trabalho<br />

no qual você não se sente confortável?<br />

A especialista explica que cada candidato é único.<br />

Alguns não gostam de trabalhar sob pressão, outros precisam<br />

de espaço para serem criativos, e ainda há aqueles que preferem<br />

trabalhar sozinhos. O importante é alcançar o equilíbrio:<br />

tentar criar um ambiente que ofereça possibilidades diversas,<br />

mas também procurar não contratar pessoas que não conseguem<br />

dar o seu melhor em situações que são inevitáveis na<br />

companhia.<br />

Depois de entender qual é o ambiente de trabalho ideal,<br />

é importante saber quais são as circunstâncias em que o<br />

candidato não se sente confortável para trabalhar. Se, ao<br />

falar sobre isso, você praticamente o ouviu descrever a sua<br />

empresa, já sabe que ele não é a melhor escolha.<br />

4Se pudesse escolher qualquer personagem<br />

(de livro, filme, seriado) para ser<br />

seu colega de trabalho, quem seria?<br />

Pode parecer meio estranho perguntar isso, mas<br />

Kathryn destaca que esse tipo de pergunta ajuda a quebrar o<br />

gelo e, ao mesmo tempo, revela muito sobre a personalidade<br />

Geoffrey James<br />

do profissional. Ele gostaria de trabalhar com o Forrest, do<br />

filme Forrest Gump: O contador de histórias, porque gosta de<br />

ouvir histórias? Ou preferiria trabalhar com a Dory, de Procurando<br />

Nemo, porque gosta de pessoas alegres e descontraídas?<br />

A resposta a essa questão, além de mostrar os interesses do<br />

candidato fora do ambiente de trabalho, também vai indicar<br />

o tipo de pessoas com as quais ele gosta de trabalhar – uma<br />

dica e tanto que vai ajudar você a entender se ele se daria bem<br />

com os colaboradores da empresa.<br />

5Como você resolveria este problema<br />

específico da nossa empresa?<br />

Geoffrey James, fundador do blog Sales Source<br />

(salessource.com.au), que é focado em recrutamento<br />

de profissionais de marketing e vendas, comenta<br />

que essa pergunta é essencial na entrevista de seleção de<br />

candidatos.<br />

Ele aponta que o problema apresentado deve ser inerente<br />

ao negócio da organização – e, de preferência, único da<br />

empresa –, e orienta que você exponha um desafio que estão<br />

buscando superar. Além disso, James defende que você seja<br />

bem detalhista na apresentação da questão. “Quanto mais<br />

específica e detalhada for sua pergunta, mais forçará o entrevistado<br />

a aplicar suas experiências e conhecimentos individuais<br />

na solução daquele problema”, pontua. O especialista<br />

ressalta, ainda, que, ao ouvir as respostas, você saberá quem<br />

é o candidato ideal. Além disso, como bônus, conseguirá obter<br />

algumas boas ideias para solucionar a tal dificuldade!<br />

Ir além do questionário padrão e fazer essas perguntas<br />

ajudará você a entender se o candidato é o profissional ideal<br />

para o que você busca e também vai mostrar se sua empresa<br />

pode ajudá-lo a se desenvolver e evoluir em sua carreira. Todos<br />

têm a ganhar com isso!<br />

“Quanto mais<br />

específica e<br />

detalhada for<br />

sua pergunta,<br />

mais forçará<br />

o entrevistado<br />

a aplicar suas<br />

experiências e<br />

conhecimentos<br />

individuais na<br />

solução daquele<br />

problema em<br />

questão.”<br />

(Geoffrey James)<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 15


Marketing Pessoal<br />

Ricardo Ventura<br />

Qual é o ronco do seu motor?<br />

Harley-Davidson. Quem é amante de motocicletas sabe<br />

que essa marca é única. O ronco do motor, uma das principais<br />

características das motos H-D, pode ser reconhecido de longe, e é<br />

um dos motivos que atraem compradores para a empresa. Impactante,<br />

o tradicional ruído faz os proprietários sentirem orgulho<br />

de suas motos – orgulho que, aliás, é um dos atributos do branding<br />

da marca.<br />

Fazendo uma analogia entre esse fato e a sua vida, digo: você<br />

também precisa encontrar seu ronco do motor, aquele ruído que fará<br />

você ser reconhecido!<br />

16 vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


O conceito<br />

A marca pessoal – ou personal<br />

branding – é a imagem que você<br />

transmite a outras pessoas por<br />

meio da forma como se comunica,<br />

das suas peculiaridades, da<br />

sua identificação com grupos sociais<br />

e assim por diante.<br />

Construir uma marca pessoal<br />

forte se tornou algo mais que<br />

necessário no mercado nos últimos<br />

anos. Atualmente, o que é<br />

transmitido para o mundo precisa<br />

ser trabalhado, desenvolvido<br />

e protegido, porque os serviços<br />

e produtos oferecidos precisam<br />

ter algo impactante para as pessoas<br />

que talvez se interessem por<br />

eles. E, muitas vezes, esse algo a<br />

mais é justamente o personal<br />

branding da empresa ou da pessoa<br />

responsável por aquele produto<br />

ou serviço.<br />

Uma marca pessoal forte é tão<br />

importante que, com o tempo, os<br />

consumidores passam a associar<br />

as características que a definem<br />

diretamente à pessoa que ela representa.<br />

O ronco da Harley-Davidson,<br />

por exemplo, é marcante<br />

e pode até ser excessivo para alguns.<br />

Mas quando um apaixonado<br />

por motos o ouve, ele o associa<br />

imediatamente à empresa.<br />

Harley-Davidson,<br />

Facebook e você!<br />

Nos anos 1990, algumas marcas<br />

japonesas perceberam o impacto<br />

da Harley-Davidson no mercado<br />

e notaram como o barulho do<br />

motor conquistava os consumidores.<br />

Querendo se destacar tanto<br />

quanto a fabricante de motos<br />

mais famosa do mundo, essas<br />

marcas tentaram copiar a característica.<br />

Porém, após uma briga<br />

judicial por plágio, a Harley-Davidson<br />

conquistou a patente. O<br />

ronco, então, se tornou uma marca<br />

importante no branding da<br />

empresa. Trabalhá-lo passou a ser<br />

uma estratégia de marketing para<br />

a montadora.<br />

Aplicar estratégias de marketing<br />

e vendas na sua personalidade<br />

também pode ajudá-lo a ter<br />

características marcantes. Essa é<br />

uma tendência no mundo todo, o<br />

que confere ao personal branding<br />

uma grande parcela de responsabilidade<br />

pelo sucesso profissional.<br />

"Busque entender<br />

suas principais<br />

características<br />

para que elas<br />

se tornem sua<br />

principal marca."<br />

Ele é ainda mais relevante<br />

para profissionais que vendem<br />

sua imagem para o mundo e necessitam<br />

transmitir algo bom<br />

para atrair novos consumidores.<br />

Mark Zuckerberg (o criador do<br />

Facebook), por exemplo, usa calças<br />

e camisetas sempre iguais<br />

porque, segundo ele, dessa forma<br />

ele deixa de perder tempo com<br />

coisas superficiais – como a escolha<br />

da roupa – e pode se dedicar<br />

a solucionar questões maiores.<br />

Isso, é claro, faz parte da marca<br />

pessoal que ele está construindo.<br />

Afinal, sempre que vir um grande<br />

empresário de calça jeans e<br />

camiseta preta, você automaticamente<br />

se lembrará do fundador<br />

do Facebook.<br />

Assim como a Harley-Davidson<br />

possui sua marca registrada<br />

e Zuckerberg tem fortes traços<br />

de características pessoais, você<br />

também precisa cuidar de pequenos<br />

detalhes que façam parte de<br />

sua personalidade e trabalhem<br />

para que sua identidade seja reconhecida<br />

no mercado.<br />

A minha marca pessoal<br />

e as lições para você<br />

Como experiência pessoal, eu me<br />

tornei conhecido por ser um palestrante<br />

que vai contra tudo o que<br />

os outros estão falando. Fui um<br />

dos primeiros do Brasil a subir no<br />

palco sem terno. Também possuo<br />

experiência com vendas para desconstruir<br />

todas as dicas já ultrapassadas<br />

que outros palestrantes<br />

estavam ensinando. E essas se tornaram<br />

as minhas principais características,<br />

ajudaram a “dar cara” à<br />

minha marca pessoal.<br />

Uma parte importante da<br />

construção da minha imagem é<br />

que, em nenhum momento, eu<br />

fugi dos meus princípios na construção<br />

do personal branding. Nunca<br />

me inspirei em outros profissionais<br />

da minha área, e isso me<br />

ajudou a construir uma personalidade<br />

única.<br />

Minha sugestão é que você<br />

faça o mesmo! Busque entender<br />

suas principais características<br />

para que elas se tornem sua principal<br />

marca. Não venda para seus<br />

clientes o que você não é de verdade.<br />

Se você tentar fazer isso,<br />

soará tão falso quanto as motos<br />

japonesas que tentavam imitar a<br />

Harley-Davidson. As características<br />

construídas em torno da sua<br />

imagem devem estar presentes<br />

em tudo o que você faz. Assim, os<br />

consumidores irão reconhecer sua<br />

marca e se identificar com ela.<br />

Ao construir meu personal<br />

branding, eu não criei falsas características,<br />

apenas trabalhei<br />

para mostrar as melhores que<br />

tenho. Eu procurei o ronco do<br />

meu motor. E você também deve<br />

procurar o seu!<br />

Ricardo Ventura é mentor<br />

de palestrantes/treinadores<br />

e criador do Centro de Formação<br />

de Treinadores e Palestrantes<br />

(CFTP).<br />

Visite o site:<br />

www.serpalestrante.com.br<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 17


Liderança<br />

J.B. Vilhena<br />

O que os nossos<br />

professores nos<br />

ensinaram?<br />

Já que o mês dos professores está logo aí,<br />

gostaria de conversar um pouco sobre o que aprendemos<br />

na escola e os reflexos desses ensinamentos<br />

sobre o exercício da liderança.<br />

Começo com uma reflexão. As cinco definições<br />

abaixo foram retiradas do dicionário Houaiss ou<br />

da Wikipédia. Qual delas você considera que representa<br />

a melhor forma de desenvolver pessoas?<br />

( ) Educação – Aplicação de métodos próprios<br />

para assegurar a formação e o desenvolvimento<br />

físico, intelectual e moral de um ser humano.<br />

( ) Ensino – Transferência de conhecimento e de<br />

informação, especialmente de caráter geral, na<br />

maioria das vezes em local destinado a esse fim<br />

(escola, oficina, etc.).<br />

( ) Instrução – Ação ou efeito de transmitir conhecimento<br />

ou formar determinada habilidade.<br />

( ) Treinamento – Tornar destro, hábil e capaz<br />

por meio de instrução, disciplina ou exercício.<br />

( ) Coaching – O coach é alguém que instrui particularmente,<br />

visando preparar uma pessoa<br />

para um trabalho específico ou importante.<br />

Imagino que possa ter sido difícil para você<br />

fazer uma escolha, porque, na verdade, o líder utiliza<br />

todas essas ferramentas para desenvolver seus<br />

liderados.<br />

Em primeiro lugar, ele precisa ser um educador.<br />

Muitas vezes temos, na nossa equipe, pessoas que<br />

não aprenderam em casa sequer a utilizar aquelas<br />

“palavrinhas mágicas” (obrigado, por favor, com<br />

licença, desculpe) para facilitar o relacionamento.<br />

Como resultado, vemos pessoas despreparadas<br />

para conviver em grupo, o que afeta diretamente<br />

o sucesso das estratégias comerciais.<br />

18<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


Outra ferramenta importante<br />

para a liderança em vendas é o<br />

ensino. Hoje, as escolas ensinam<br />

muito menos do que já foram capazes<br />

de fazer no passado. O resultado<br />

da piora acentuada no<br />

ensino formal é que, muitas vezes,<br />

os líderes precisam ensinar coisas<br />

básicas – como escrever um texto,<br />

por exemplo – para pessoas<br />

que têm curso superior ou mesmo<br />

pós-graduação.<br />

A instrução é algo fundamental<br />

para o correto desempenho<br />

profissional. Líderes sabem<br />

que precisam transmitir conhecimentos<br />

e desenvolver habilidades<br />

para tornar seus liderados<br />

aptos para o exercício de suas<br />

funções.<br />

Treinamento também já foi<br />

uma responsabilidade das organizações,<br />

mas o que verificamos<br />

hoje é que as empresas estão cada<br />

vez menos dispostas a treinar<br />

seu pessoal, preferindo contratar<br />

pessoas já preparadas. Uma evidência<br />

disso é a valorização dos<br />

sistemas de certificação. Se um<br />

profissional foi certificado por<br />

uma instituição idônea (como a<br />

FGV ou o Instituto <strong>VendaMais</strong>),<br />

significa que adquiriu conhecimentos,<br />

habilidades e atitudes<br />

através do autoinvestimento. Isso<br />

permite que as organizações contratem<br />

mão de obra qualificada<br />

a custos menores.<br />

Quanto à questão do coaching,<br />

para simplificar, começo por afirmar<br />

que o papel do coach não é<br />

dizer o que a pessoa precisa fazer.<br />

Também não é ensinar a alguém<br />

a forma adequada de cumprir<br />

uma tarefa. Acredito – inspirado<br />

pelas ideias de David Rock, especialista<br />

em neuroliderança –<br />

que coaching significa extrair das<br />

pessoas o que elas têm de melhor.<br />

Em outras palavras, compreendo<br />

que as pessoas saibam as respostas<br />

para a maioria de seus<br />

problemas, desafios e dificuldades.<br />

O que elas não conseguem<br />

é acessar esse repositório de conhecimentos<br />

e torná-los operacionais.<br />

O problema é que, muitas<br />

vezes, nos tornamos reféns<br />

de hábitos e comportamentos e<br />

não conseguimos mudar nosso<br />

modelo mental. Nesses casos, o<br />

coaching pode ser uma importante<br />

ferramenta de autoconhecimento<br />

e de mudança.<br />

Uma segunda reflexão tem<br />

origem em um artigo escrito por<br />

Ana Priscila Batista e Lidia Natalia<br />

Dobrianskyj Weber – “Estilos<br />

de liderança de professores:<br />

aplicando o modelo de estilos<br />

parentais” (disponível em bit.<br />

ly/lideranca-professores). As<br />

autoras categorizaram quatro<br />

estilos de liderança utilizados<br />

pelos professores em sala de aula:<br />

autoritário, permissivo, negligente<br />

e participativo. Analise<br />

e veja como eles certamente<br />

também estão presentes nas<br />

equipes comerciais.<br />

No estilo autoritário estão<br />

os professores que valorizam a<br />

autoridade, a ordem e a estrutura<br />

tradicional sem atentar para<br />

as demandas da criança. Esses<br />

profissionais buscam a obediência<br />

sem considerar que, nessa<br />

etapa da escolarização, seu papel<br />

precisa ser de ensinar os alunos<br />

a seguirem regras. Eles não permitem<br />

que as crianças participem<br />

de decisões, consideram pouco o<br />

que elas sentem ou falam e não<br />

demonstram interesse e afetividade<br />

por elas.<br />

No estilo permissivo, por<br />

outro lado, encontramos os professores<br />

que não estabelecem<br />

regras e limites apropriados e<br />

não monitoram os comportamentos,<br />

sempre realizando os<br />

desejos das crianças. Eles deixam<br />

os alunos fazerem o que quiserem<br />

e, muitas vezes, supervalorizam<br />

a opinião das crianças e deixam<br />

a autoridade de lado.<br />

No estilo negligente, os professores<br />

não estabelecem regras<br />

e limites, não monitoram o comportamento<br />

dos alunos e também<br />

não se envolvem e não são<br />

afetivos com as crianças. Podem<br />

ser aqueles professores que estão<br />

sobrecarregados com várias atividades,<br />

que apresentam problemas<br />

pessoais, ou que não<br />

gostam da profissão, mas se veem<br />

obrigados a exercê-la por<br />

precisarem do dinheiro e não<br />

terem alternativa.<br />

Já no estilo participativo,<br />

os professores propiciam atividades<br />

que estimulam os aspectos<br />

físico, cognitivo, afetivo e social<br />

da criança de forma afetuosa,<br />

em um ambiente agradável e<br />

acolhedor de aprendizagem nas<br />

mais diversas situações, ao mesmo<br />

tempo em que não deixam<br />

de ser claros e coerentes em relação<br />

aos limites e às regras da<br />

escola e da sala. Eles propõem<br />

atividades, exigem obediência,<br />

mantêm a autoridade e fazem<br />

uso de explicações, mas são abertos<br />

a trocas, elogiam e recompensam<br />

quando as crianças se<br />

comportam de forma adequada,<br />

consideram os sentimentos e as<br />

opiniões delas, fornecem alternativas<br />

e fazem-nas participar<br />

das decisões, permitindo o desenvolvimento<br />

da autonomia.<br />

Obviamente, esse é o perfil que<br />

deveríamos ter à frente de nossas<br />

equipes.<br />

Para finalizar, cabe pensar<br />

que, da mesma forma que nossos<br />

mestres fizeram escolhas sobre<br />

a melhor forma de se comportar<br />

frente aos alunos, nós precisamos<br />

nos assegurar de que estamos<br />

agindo da melhor maneira com<br />

nossos vendedores para que, no<br />

futuro, tenhamos orgulho da<br />

nossa postura.<br />

"Líderes sabem<br />

que precisam<br />

transmitir<br />

conhecimentos<br />

e desenvolver<br />

habilidades<br />

para tornar seus<br />

liderados aptos<br />

para o exercício de<br />

suas funções."<br />

J.B. Vilhena é coordenador<br />

acadêmico do MBA em<br />

Gestão Comercial da FGV,<br />

doutorando em Gestão de<br />

Negócios pela FGV/Rennes<br />

(França), consultor e palestrante.<br />

E-mail: jbvilhena@uol.<br />

com.br<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 19


Carreira<br />

João Kepler Braga<br />

Todo vendedor<br />

precisa ter um perfil<br />

empreendedor<br />

A<br />

palavra "empreendedor"<br />

normalmente serve para descrever<br />

a relação de uma pessoa com<br />

o negócio dela. No entanto, na<br />

minha visão, ser empreendedor<br />

é muito mais do que isso. O empreendedorismo<br />

é uma atitude,<br />

uma forma de enxergar e encarar<br />

as coisas, uma maneira de agir (e<br />

reagir), de pensar e de viver.<br />

Acredito que as pessoas que<br />

absorvem tais características<br />

20<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


estarão sempre um passo à frente<br />

– tanto na esfera pessoal quanto<br />

na profissional –, porque ser<br />

empreendedor é compreender<br />

que na vida não existem garantias,<br />

e que o esforço e a dedicação<br />

são necessários e, cedo ou tarde,<br />

serão recompensados.<br />

Vendas e empreendedorismo<br />

Um bom vendedor, independentemente<br />

do que vende (produtos,<br />

ideias, serviços), precisa ter segurança<br />

e conhecimento para se destacar.<br />

Qualquer um pode mudar ou<br />

propor novas etapas e processos na<br />

empresa em que trabalha, aperfeiçoar<br />

técnicas e sugerir mudanças<br />

internas que podem dar outro rumo<br />

a um negócio que já existe. Nada<br />

impede que um vendedor utilize<br />

canais e ferramentas adicionais<br />

para falar com seus clientes, ou que<br />

busque novas alternativas para se<br />

relacionar com os consumidores e,<br />

consequentemente, converter mais<br />

vendas. Tudo é uma questão de<br />

perspectiva e da forma como você<br />

encara o dia a dia e seus desafios.<br />

Tudo isso é empreendedorismo!<br />

E no mundo atual, os profissionais<br />

que se destacam no mercado<br />

têm essa postura, esse comportamento<br />

e essa atitude empreendedora.<br />

Eles aproveitam e criam as<br />

próprias oportunidades. Além disso,<br />

têm claro qual é o seu direcionamento<br />

e se dedicam porque têm<br />

um propósito.<br />

Educação empreendedora<br />

Lancei recentemente um livro intitulado<br />

Educando filhos para empreender.<br />

O objetivo é mostrar para<br />

os pais que é possível preparar<br />

seus filhos para que eles sejam<br />

empreendedores – na vida, não<br />

apenas no âmbito profissional.<br />

Acredito que quando as pessoas<br />

são orientadas desde a infância a<br />

lutar pelos seus objetivos e encontrar<br />

seus propósitos, se tornarão<br />

adultos conscientes e dispostos a<br />

escrever suas próprias histórias<br />

com autonomia e confiança.<br />

Assim, defendo a teoria de que<br />

os pais precisam preparar seus filhos<br />

para o mundo e não tentar<br />

mudar o mundo para eles.<br />

Tenho três filhos e muita satisfação<br />

de dizer que já são empreendedores.<br />

A Maria, de 12 anos, produz<br />

cupcakes desde os oito. O Davi,<br />

de 15, já está no seu terceiro negócio,<br />

e é fundador de uma start-up<br />

chamada List-IT – de listas de material<br />

escolar. O mais velho, Theo,<br />

de 17 anos, é um negociador nato<br />

e produtor de eventos.<br />

Mas o que me deixa feliz não é<br />

o fato de meus filhos terem seus<br />

próprios negócios, mas, sim, de entenderem<br />

que precisam trilhar seus<br />

próprios caminhos, fazer suas escolhas<br />

e arcar com as consequências,<br />

sejam elas positivas ou não.<br />

Desde que eles tenham consciência<br />

de como funciona de verdade a vida,<br />

sem a bolha da superproteção<br />

ou a omissão dos pais que acreditam<br />

que a melhor forma de proteger é<br />

esconder os problemas reais do dia<br />

a dia, essas crianças crescerão fortes,<br />

preparadas e dispostas a vencer<br />

os obstáculos que se apresentam<br />

no decorrer da vida. Terão tanta<br />

confiança em si mesmas que escolherão<br />

se o melhor caminho é ter<br />

o próprio negócio, liderar uma equipe<br />

de vendas (ou ser um vendedor),<br />

ser um acadêmico respeitado no<br />

mercado, enfim... Serão protagonistas<br />

dos seus próprios destinos e<br />

donos das suas escolhas.<br />

No livro eu cito, por exemplo,<br />

as razões para o insucesso. E dentre<br />

os motivos apresentados estão:<br />

deixar passar as oportunidades,<br />

deixar que seus medos sejam maiores<br />

que seus sonhos, não aprender<br />

com os erros, não ter determinação<br />

e ideais claros, não ter paixão pelo<br />

que faz, fazer somente o que foi<br />

mandado, ser incoerente, se abater<br />

com um “não”, entre outros. Por<br />

que destaquei esse capítulo? Porque<br />

todo mundo fala sobre como alcançar<br />

o tão sonhado sucesso, mas<br />

quase ninguém lembra que, para<br />

alcançá-lo, existe um logo caminho<br />

de tentativas, erros, acertos e quedas.<br />

E, mais uma vez, destaco a<br />

importância de ser empreendedor<br />

– afinal, saber como lidar com mudanças<br />

e ser flexível e otimista não<br />

faz mal a ninguém, trabalhe com<br />

o que trabalhar.<br />

Lembre-se sempre de que a conquista<br />

é proporcional à sua persistência.<br />

Quando uma pessoa consegue<br />

alcançar o respeito e a admiração<br />

dos outros, ela passa a ser<br />

vista como uma referência. Pessoas<br />

assim costumam inspirar e ser<br />

lembradas por seus feitos e resultados,<br />

afinal, histórias de sucesso,<br />

de conquistas e de superação sempre<br />

terão espaço e notoriedade em<br />

qualquer época.<br />

Bons motivos para trabalhar o<br />

lado empreendedor de seus vendedores,<br />

não é mesmo?<br />

Características do<br />

vendedor empreendedor<br />

Encara qualquer problema de<br />

frente e busca encontrar a<br />

melhor solução rapidamente.<br />

Tem disposição para fazer coisas<br />

novas, sair da rotina ou<br />

experimentar novas possibilidades.<br />

Tem a capacidade de enxergar<br />

além da sua realidade atual e<br />

do contexto em que vive.<br />

Tem o hábito de tomar iniciativa,<br />

ao invés de simplesmente<br />

aguardar ordens.<br />

É flexível e entende que mudar,<br />

às vezes, é necessário.<br />

Sabe vender o próprio peixe e<br />

tem autonomia e segurança<br />

para tomar suas próprias decisões.<br />

"Ser empreendedor<br />

é compreender<br />

que na vida não<br />

existem garantias,<br />

e que o esforço e<br />

a dedicação são<br />

necessários e, cedo<br />

ou tarde, serão<br />

recompensados."<br />

João Kepler Braga é reconhecido<br />

como o palestrante<br />

mais sintonizado com a<br />

inovação e a convergência<br />

digital no Brasil. Escritor e<br />

pensador que mostra em<br />

suas palestras as melhores<br />

práticas já testadas e desenvolvidas<br />

por anos de<br />

experiência em seus próprios<br />

negócios, é espalhador<br />

de ideias digitais e acredita<br />

que só a aplicação na prática<br />

pode realmente mostrar<br />

como tudo funciona.<br />

Visite o site:<br />

www.joaokepler.com.br<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 21


Entrevista / Por João Guilherme Brotto /<br />

Arquivo Pessoal<br />

Fred Rocha, Leandro Branquinho e Mauro Rocha passaram na sede da <strong>VendaMais</strong> no início da expedição.<br />

Nossa equipe aproveitou para conhecer o roteiro da viagem e o interior da "Tartaruga Ninja"<br />

Uma jornada<br />

épica em busca<br />

do melhor<br />

vendedor do<br />

Brasil<br />

22<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


olocar um motorhome na estrada para rodar por mais<br />

de 13 mil km, 17 estados brasileiros, durante 57 dias com o objetivo<br />

de descobrir boas histórias, conhecer pessoas inspiradoras e encontrar<br />

profissionais de vendas que estão se destacando para, depois,<br />

eleger o melhor vendedor do Brasil. Essa aventura soa como uma<br />

sinopse de filme? Parece coisa de maluco? Na verdade, é o resumo<br />

de uma expedição que entrou para a história do apaixonante mercado<br />

de vendas brasileiro!<br />

Os especialistas em vendas<br />

Fred Rocha e Leandro Branquinho<br />

(que é colunista da <strong>VendaMais</strong>)<br />

embarcaram nessa aventura junto<br />

com “Seu” Mauro Rocha, pai<br />

de Fred, que é viajante de longa<br />

data, cheio de histórias incríveis<br />

para contar e que parece ter encontrado<br />

nas viagens a receita<br />

para a longevidade. Seu Mauro,<br />

aliás, foi o motorista oficial da<br />

Tartaruga Ninja – nome da Kombi<br />

1984 que está na família há<br />

mais de trinta anos e que foi adaptada<br />

com um motor 2012 flex para<br />

tornar possível a realização do<br />

sonho dos três aventureiros.<br />

Um dos motivos que fizeram<br />

Branquinho e Fred transformarem<br />

um desejo simples de pai e filho<br />

de viajarem juntos em um grande<br />

projeto que premiou o personagem<br />

central da seção “Supervendedor”<br />

desta edição foi a vontade de contrapor<br />

os argumentos de que a<br />

crise parou o país e, principalmente,<br />

mostrar que existe um<br />

Brasil que dá certo.<br />

Para entender melhor tudo isso,<br />

trazer para você algumas das boas<br />

histórias que eles encontraram ao<br />

longo da viagem e ainda descobrir<br />

as melhores lições que eles trouxeram<br />

"na mala" no retorno para casa,<br />

batemos um papo com os idealizadores<br />

da expedição O melhor<br />

vendedor do Brasil logo que a aventura<br />

chegou ao fim – em julho deste<br />

ano. Embarque com a gente e<br />

inspire-se no relato dos dois!<br />

<strong>VendaMais</strong> – Quais são as características<br />

comuns entre os<br />

melhores profissionais de vendas<br />

do Brasil que vocês encontraram<br />

ao longo da expedição?<br />

Leandro Branquinho – Os melhores<br />

vendedores e os melhores líderes<br />

que encontramos eram pessoas<br />

com muito brilho nos olhos. Pessoas<br />

que, quando contavam suas<br />

histórias, deixavam claro como<br />

gostavam de ajudar seus clientes.<br />

Em Santa Catarina, conhecemos<br />

um vendedor que devia ter<br />

uns 18 anos. Ele se chama Andrew<br />

e havia sido contratado há pouco<br />

tempo por uma loja de calçados.<br />

Quando percebeu que eu dei uma<br />

paradinha para olhar a vitrine,<br />

veio me atender. Não foi uma<br />

abordagem agressiva. Ele estava<br />

feliz e com muita simpatia me<br />

convidou para entrar. Quando<br />

conversei com sua gerente, descobri<br />

que ele já estava vendendo<br />

mais do que alguns vendedores<br />

veteranos. Segundo ela, os resultados<br />

positivos se davam porque<br />

o jovem vendedor tinha muita<br />

energia e brilho nos olhos.<br />

Na Paraíba, conhecemos a<br />

Dona Hilda Lucena, uma senhora<br />

de 66 anos que é aposentada<br />

e vive de maneira muito confortável<br />

em uma linda cobertura<br />

de frente para o mar. Há pouco<br />

tempo, ela percebeu que suas<br />

amigas tinham dificuldades em<br />

organizar objetos pessoais. Foi<br />

então que Dona Hilda fez um<br />

curso de personal organizer.<br />

Quando notou a dificuldade em<br />

encontrar produtos de organização<br />

pessoal no Brasil, ela mesma<br />

decidiu produzi-los. Não satisfeita,<br />

abriu um e-commerce<br />

para distribuir os produtos para<br />

todo o país. Mas isso, na visão<br />

dela, ainda não era o bastante.<br />

Decidiu, então, produzir um catálogo<br />

para vendas diretas (nos<br />

mesmos moldes de Avon e Natura)<br />

e, recentemente, começou a produzir<br />

vídeos para o YouTube dando<br />

dicas de organização. Quando<br />

conversei com aquela senhora,<br />

era nítida a paixão que ela tinha<br />

por ajudar as pessoas.<br />

VM – Brilho nos olhos e paixão<br />

são fundamentais. Mas não é<br />

só isso que faz um grande<br />

vendedor...<br />

Fred Rocha – Tem um tanto de<br />

técnica, também. Mas antes, algo<br />

muito importante: disciplina.<br />

O vendedor precisa ter etapas<br />

em seu processo <strong>comercial</strong>. Ele<br />

não vai conseguir aplicar nenhuma<br />

técnica de venda se não<br />

for uma pessoa disciplinada.<br />

Aliás, eu não conheço ninguém<br />

que seja disciplinado e pobre. Todo<br />

mundo que é disciplinado, em<br />

qualquer situação, vai estar sempre<br />

um pouquinho acima da média.<br />

Mesmo quando não há talento,<br />

a disciplina faz a diferença.<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 23


O Branquinho usa um termo<br />

maravilhoso, que é dar COR à<br />

empresa.<br />

C: Conhecer<br />

O: Observar<br />

R: Resolver<br />

O vendedor precisa conhecer<br />

todo o “sistema solar” do produto,<br />

precisa conhecer a história do<br />

dono da empresa. Depois, conhecer<br />

o cliente, ouvir o cliente. Às<br />

vezes, o cara está falando e o vendedor<br />

fica tentando adivinhar o<br />

que ele quer dizer. É preciso escutar<br />

de verdade para, depois,<br />

resolver o problema. Em resumo,<br />

é algo que pode ser representado<br />

em uma pirâmide.<br />

Pirâmide do grande vendedor<br />

Conhecer,<br />

observar e<br />

resolver os<br />

problemas<br />

do cliente<br />

15%<br />

25%<br />

Disciplina<br />

60%<br />

Paixão<br />

VM – Por outro lado, quais foram<br />

os erros cometidos por vendedores<br />

que vocês mais viram se repetir<br />

ao longo da viagem?<br />

LB – De vez em quando, escutávamos:<br />

“Eu sou o melhor vendedor<br />

da cidade”, mas quando perguntávamos<br />

o porquê, muitas pessoas<br />

não sabiam responder. Ou seja, a<br />

pessoa não é uma boa profissional,<br />

acha que está fazendo tudo bem-<br />

-feito, mas ao ser questionada, não<br />

tem a menor noção de quais são<br />

seus diferenciais.<br />

VM – Vocês viajaram durante um<br />

período turbulento econômica e<br />

politicamente. Mas, mesmo assim,<br />

encontraram muitas histórias<br />

legais, de gente que está<br />

vendendo, ajudando pessoas,<br />

ganhando dinheiro…<br />

FR – E até gente inaugurando loja,<br />

começando negócios e acreditando.<br />

A crise impacta primeiro quem<br />

está acomodado. O varejo está passando<br />

por um momento em que<br />

perdeu contato com o consumidor.<br />

Os gestores não treinaram suas<br />

equipes e o setor está despreparado.<br />

Aí vem uma crise política, econômica,<br />

de confiança – pode dar<br />

o nome que quiser – e pega o varejo<br />

fragilizado, que começa a fechar<br />

lojas. Mas existem empresas<br />

que se remodelaram, que criaram<br />

propósito, que trabalham para resolver<br />

problemas de clientes e que<br />

estão crescendo. Nós encontramos<br />

muita gente com paixão, com propósito<br />

de resolver os problemas das<br />

pessoas, e esse pessoal está construindo<br />

empresas maravilhosas.<br />

Existe crise? Existe crise para todo<br />

mundo. Mas sofre menos quem<br />

está preparado e quem está ouvindo<br />

o novo consumidor.<br />

VM – O que vocês levaram em<br />

consideração para escolher o melhor<br />

vendedor do Brasil?<br />

LB – Essa foi uma das partes mais<br />

delicadas de nossa busca. Se escolhêssemos<br />

por lucratividade, por<br />

volume, por faturamento ou qualquer<br />

outro índice mais técnico,<br />

limitaríamos nossa pesquisa. Como<br />

o objetivo principal não era<br />

premiar uma pessoa, e, sim, inspirar<br />

muitas outras, demos muito<br />

valor à história. Se a pessoa tinha<br />

uma boa história, nós a classificávamos<br />

para uma análise mais<br />

aprofundada. Também levamos<br />

em consideração criatividade, pontos<br />

de contato com o cliente e presença<br />

na internet.<br />

24<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


"Os melhores<br />

vendedores e<br />

os melhores<br />

líderes que<br />

encontramos<br />

eram pessoas<br />

com muito<br />

brilho nos<br />

olhos. Pessoas<br />

que, quando<br />

contavam<br />

suas histórias,<br />

deixavam claro<br />

como gostavam<br />

de ajudar seus<br />

clientes."<br />

(Leandro Branquinho)<br />

VM – O que pesou a favor do Leonardo<br />

de Matos*, o grande vencedor<br />

do prêmio criado por vocês?<br />

FR – Nosso objetivo era premiar<br />

uma pessoa inspiradora. O Léo<br />

ganhou o prêmio de melhor vendedor<br />

do Brasil por sua paixão, sua<br />

inspiração e mais uma série de<br />

fatores fantásticos. Ele conseguiu<br />

inovar em quase todos os pontos.<br />

A embalagem do produto dele é<br />

extremamente diferenciada, o nome<br />

é fantástico e totalmente disruptivo,<br />

ele usa variados canais de<br />

venda... Enfim, não faltaram bons<br />

motivos para premiá-lo. E o mais<br />

legal é que, alguns anos antes, o<br />

Léo tinha quebrado a empresa de<br />

confecção de que era dono. A Bosta<br />

em Lata foi a solução para a vida<br />

dele. Quando a gente inova, não<br />

pode perguntar para as pessoas:<br />

"Olha, estou dando esse nome para<br />

o meu produto, o que você acha?”<br />

Todo mundo vai falar que é ruim,<br />

que não vai funcionar. Eu tenho<br />

certeza de que o Léo não perguntou<br />

para ninguém. Ele acreditou na<br />

inovação dele e mandou brasa.<br />

*Curioso para conhecer a história do melhor<br />

vendedor do Brasil? Leia a reportagem que se<br />

inicia na página 28. Todos os detalhes estão lá!<br />

VM – Qual é a importância de um<br />

bom líder para o desenvolvimento<br />

de supervendedores?<br />

LB – Acho que a melhor forma de<br />

responder a essa pergunta é contando<br />

duas histórias que vivemos<br />

durante a expedição...<br />

No Paraná, ficamos sabendo de<br />

um promotor de vendas que se veste<br />

de velhinha (com direito a cabelos<br />

brancos e tudo mais) e é conhecido<br />

como “Dona Maria”. A loja em<br />

que ele trabalha se chama Descontão<br />

– pelo nome, já dá para perceber<br />

que se trata de uma loja popular,<br />

certo? E, realmente, o personagem<br />

chama muito a atenção. As crianças<br />

pedem para abraçar, algumas pessoas<br />

pedem para tirar selfies, enfim,<br />

esse promotor atrai muitas pessoas<br />

para dentro da loja. Enquanto o<br />

“Dona Maria” fazia o seu trabalho,<br />

percebemos que a loja inteira tinha<br />

um clima de alegria.<br />

Porém, apesar de o “Dona Maria”<br />

ser a grande atração da loja na<br />

visão dos clientes, quem chamou<br />

mesmo a nossa atenção foi o Leandru,<br />

o gerente de vendas. Em um<br />

de seus bolsos, Leandru carregava<br />

um microfone sem fio. Ele não é o<br />

locutor oficial da loja, mas quando<br />

percebe que algum cliente ainda<br />

não foi atendido ou quando vê que<br />

tem alguém na rua observando a<br />

vitrine, ele assume o papel de locutor<br />

e convida as pessoas a se<br />

aproximarem. Além disso, de vez<br />

em quando, o movimento é realmente<br />

grande e, para não perder<br />

clientes, ele assume o papel de vendedor<br />

– e olha que a equipe de<br />

vendas da loja não é pequena! Perguntei<br />

para duas vendedoras se<br />

elas não se incomodavam com o<br />

fato de o gerente desempenhar o<br />

papel que, em teoria, é delas. As<br />

duas me disseram que ele é um<br />

ótimo líder e o tempo todo está<br />

ajudando cada integrante da equipe,<br />

e que é isso que importa.<br />

No Rio Grande do Sul, conhecemos<br />

uma loja de brinquedos maravilhosa.<br />

Na fachada, tem um relógio<br />

que roda ao contrário; no interior,<br />

o chão é todo acolchoado e<br />

fofinho para que as crianças possam<br />

brincar à vontade e, logo na entrada,<br />

tem um Incrível Hulk enorme com<br />

quem as pessoas costumam tirar<br />

fotos. Mas o que mais chama a atenção<br />

é o clima. Os vendedores não<br />

têm um atendimento padrão. Eles<br />

não ficam com um pezinho para<br />

frente e outro para trás. Eles literalmente<br />

brincam com os clientes. E<br />

brincaram com a gente, também!<br />

O Fred estava com uma câmera<br />

pendurada no pescoço, uma<br />

vendedora se aproximou e perguntou<br />

se poderia fazer umas fotos.<br />

Com muita simpatia, ela pegou a<br />

câmera e começou a nos fotografar.<br />

Notei que outros profissionais também<br />

brincavam com as crianças<br />

enquanto as ajudavam a escolher<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 25


um brinquedo. Obviamente, fui<br />

conversar com a proprietária, a<br />

Fernanda. Ela já é comerciante há<br />

um bom tempo. Tem papelarias em<br />

algumas cidades e me explicou que<br />

sua empresa tem dois pilares: o<br />

primeiro é ter bons produtos com<br />

preços competitivos. E isso ela consegue,<br />

pois já tem uma vasta experiência<br />

em importação. O segundo<br />

pilar é a contratação. Fernanda<br />

me contou que tem muito bem<br />

traçado o perfil dos vendedores<br />

ideais. E é muito rigorosa na seleção<br />

e nos treinamentos.<br />

Ou seja: os melhores líderes são<br />

inspiradores. Sejam eles mais operacionais,<br />

como o Leandru, ou mais<br />

estratégicos, como a Fernanda.<br />

VM – Qual é o papel do gestor em<br />

relação ao COR? Onde ele entra<br />

para que tenhamos mais pessoas<br />

que vendam até "bosta em<br />

lata" no mercado?<br />

FR – Uma coisa que a gente perguntou<br />

em todas as lojas em que entramos<br />

durante a viagem foi: “Você<br />

treina o seu cliente interno – ou<br />

seja, o seu vendedor?” Era comum<br />

ouvirmos aquele comentário clássico:<br />

“Ah, Fred, e se eu treinar e ele<br />

for embora?”, e eu sempre brincava:<br />

“E se você não treinar e ele ficar?”<br />

Atualmente, a maior dificuldade<br />

dos gestores é a disciplina de<br />

reunir a equipe toda segunda-feira<br />

de manhã, pagar uma hora extra<br />

e um café da manhã para a pessoa<br />

estar ali, compartilhar a meta e<br />

ajudar a construí-la. Teremos uma<br />

performance muito melhor se tivermos<br />

a disciplina de reunir toda<br />

a equipe durante uma hora por<br />

semana. Em toda missão se chega<br />

mais rápido ao êxito quando todos<br />

participam do plano e da decisão.<br />

É um time, não é uma empresa.<br />

Você precisa debater questões como:<br />

vamos aumentar o ticket médio?<br />

Vamos trabalhar o produto relacionado?<br />

Vamos aumentar o fluxo<br />

de loja? O que nós vamos fazer?<br />

VM – Quais são as principais dificuldades<br />

enfrentadas pelos<br />

profissionais de vendas Brasil<br />

afora? O que é preciso fazer para<br />

superá-las?<br />

LB – Eu gosto muito de fazer a<br />

seguinte pergunta: “Qual é o seu<br />

maior desafio como vendedor?”.<br />

Ou, ainda: “Que tipo de cliente mais<br />

dá trabalho?”<br />

Em Belo Horizonte, a Oneida,<br />

uma atendente de farmácia, disse<br />

para mim que não tem clientes que<br />

dão trabalho. Não acreditando<br />

26<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


"Existe crise<br />

para todo<br />

mundo. Mas<br />

sofre menos<br />

quem está<br />

preparado e<br />

ouvindo o novo<br />

consumidor."<br />

(Fred Rocha)<br />

muito na sua resposta, eu persisti<br />

e retruquei: “Não é possível. Deve<br />

ter algum cliente que é mais difícil.”<br />

Ela me respondeu mais ou menos<br />

assim: “A maioria das pessoas que<br />

entra em uma farmácia entra com<br />

algum tipo de problema. E o atendente<br />

de farmácia tem que, no mínimo,<br />

se sensibilizar. Muitas vezes,<br />

a culpa não é do cliente. Muitas<br />

vezes, é uma doença que deixa a<br />

pessoa mais abalada. É nosso papel<br />

sempre levar dignidade para todos<br />

que entram na farmácia.”<br />

A Oneida tem um propósito. Ela<br />

sabe exatamente qual é o seu papel.<br />

Talvez, a maior dificuldade de alguns<br />

profissionais de vendas seja<br />

entender qual é o foco do cliente,<br />

quais são suas dores... É preciso ter<br />

noção exata do porquê de os clientes<br />

estarem comprando. Somente<br />

assim será possível dar um passo<br />

em direção à alta performance.<br />

VM – O que os vendedores mais<br />

relataram no sentido de “isso me<br />

incomoda” ou “eu não consigo<br />

vender por conta disso e daquilo”.<br />

Ou seja, quais são os grandes<br />

dramas que os profissionais de<br />

vendas sofrem?<br />

FR – O vendedor costuma ter dificuldade<br />

com o dono do negócio.<br />

O maior parceiro dele é o cara mais<br />

distante que ele tem. É o que acontece<br />

quando a empresa é cheia de<br />

degraus. E degraus altos. Um cara<br />

não consegue falar com outro. Então,<br />

o vendedor não sabe o que<br />

está acontecendo. A gente só cuida<br />

de quem cuida da gente. Toda relação<br />

humana, seja qual for, é de<br />

gente para gente. Portanto, se essa<br />

questão não for bem trabalhada, a<br />

conta não fecha. Para vender, a<br />

gente tem que resolver o problema<br />

dos outros. Só isso.<br />

humanizado ainda é difícil de ser<br />

encontrado. Profissionais que usam<br />

ferramentas como CRM são uma<br />

minoria, e olha que esse conceito<br />

de administração de relacionamento<br />

com cliente existe há mais de<br />

vinte anos.<br />

VM – Quais foram os maiores<br />

ensinamentos que essa viagem<br />

trouxe?<br />

FR – Ah, essa é a melhor pergunta!<br />

No meu caso, a partir de agora<br />

– e cada vez mais – eu vou parar<br />

de pensar em ferramentas para<br />

vender e começar a pensar em gente.<br />

Isso porque uma das coisas que<br />

mais me impressionaram foi o degrau<br />

cultural que existe em nosso<br />

país. A cada 100 quilômetros, o<br />

sotaque muda, o jeito de comer<br />

muda, o jeito de falar muda e o<br />

jeito de comprar e de vender muda.<br />

Esse é o grande aprendizado da<br />

viagem: pensar nas pessoas!<br />

VM – No que os vendedores brasileiros<br />

ainda pecam?<br />

LB – Encontramos muitas histórias<br />

legais, muita gente bacana, mas<br />

treinamento constante é algo muito<br />

raro e serviço de atendimento<br />

ao consumidor que realmente seja<br />

Site oficial: www.omelhorvendedordo<br />

brasil.com.br<br />

Facebook: http://facebook.com/brasil<br />

vendedor<br />

Fique ligado no site e no Facebook do<br />

projeto porque, em breve, Fred Rocha e<br />

Leandro Branquinho lançarão um documentário<br />

e um livro sobre a expedição O<br />

melhor vendedor do Brasil.<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 27


supervendedor / Por João Guilherme Brotto /<br />

João Guilherme Brotto/ARQUIVO PESSOAL<br />

Você seria capaz<br />

de vender até<br />

bosta em lata?<br />

Conheça a história de Leonardo de Matos, vencedor do prêmio O melhor vendedor do Brasil, que<br />

mostra que com criatividade, boas ideias e um bom produto é possível vender até o impensável!<br />

que você faria se fosse dono de uma empresa de confecção e quebrasse<br />

a ponto de gerar uma dívida de R$ 1,5 milhão?<br />

O que poderia significar uma tragédia imensurável para muitos foi o que deu<br />

início à fantástica história de Leonardo de Matos, criador da Bosta em Lata e vencedor<br />

do prêmio O melhor vendedor do Brasil, que você conheceu na entrevista com Fred<br />

Rocha e Leandro Branquinho (página 22).<br />

Em 2011, após fechar as portas de sua empresa, Matos estava em uma situação<br />

tensa. “Quando minha empresa quebrou, entrei em depressão, fiquei muito mal. Mas o fracasso me impulsionou<br />

a ir para a rua atender meu cliente e vender mais”, lembra. Em 2014, ele decidiu contar sua<br />

história no livro Quebrei – Guia politicamente incorreto do empreendedorismo (editora Alta Books) para<br />

desmistificar o glamour do empreendedorismo e mostrar que a vida por trás de um negócio não é fácil.<br />

Quando a empresa fechou, Matos voltou a fazer o que faz de melhor segundo ele mesmo: vender – só que<br />

ainda no segmento de vestuário. Foi aí que ele começou a se recuperar do grande tombo, mas ainda não havia<br />

sequer pensado no produto que, alguns anos depois, seria responsável por torná-lo o melhor vendedor do Brasil.<br />

O começo de tudo<br />

Ao longo de sua carreira como vendedor,<br />

Matos se acostumou a ouvir<br />

coisas como: “Leo, você vende até<br />

fósforo queimado e lata de bosta.”<br />

“De tanto ouvir isso, comecei a<br />

refletir sobre a ideia, mas ainda<br />

sem nada de concreto sobre que<br />

tipo de produto poderia ser <strong>comercial</strong>izado.<br />

Perguntei para minha<br />

esposa se ela compraria bosta em<br />

lata e sua resposta foi um belo e<br />

sonoro ‘não’”, conta.<br />

A negativa serviu como um<br />

impulso para continuar pensando<br />

sobre a ideia. “Vendedor leva mais<br />

‘não’ do que garçom que oferece<br />

linguiça em churrascaria, mas é<br />

graças ao não que se chega ao sim.<br />

Comecei a pesquisar sobre o que<br />

poderia vender com esse nome.<br />

Investigando o agronegócio, me<br />

deparei com o esterco bovino, e<br />

percebi que era um insumo muito<br />

mal explorado. Pensei que poderia<br />

ser um belo adubo se colocado<br />

numa embalagem prática,<br />

bonita e útil para quem mora em<br />

casas e apartamentos pequenos”,<br />

revela. Nascia a Bosta em Lata,<br />

um adubo orgânico para uso doméstico<br />

– mais um exemplo que<br />

deixa claro que é possível colocar<br />

valor até mesmo em produtos que<br />

parecem ser impensáveis!<br />

Como bem disse Fred Rocha,<br />

Matos foi criativo e inovou em<br />

praticamente todos os aspectos<br />

que envolvem o produto, da concepção<br />

à distribuição. “O Leonardo<br />

ganhou o prêmio de melhor<br />

vendedor do Brasil por sua paixão,<br />

sua inspiração e mais uma série<br />

de fatores fantásticos. Ele conseguiu<br />

inovar em quase todos os<br />

pontos. A embalagem é extremamente<br />

diferenciada, o nome é<br />

fantástico e totalmente disruptivo,<br />

e ele ainda usa variados canais<br />

de venda”, pontua.<br />

28<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 29


"O vendedor que<br />

é empreendedor<br />

se destaca<br />

muito mais.<br />

Bate meta,<br />

sai da zona de<br />

conforto e se<br />

surpreende<br />

com a própria<br />

venda. Mas não<br />

é fácil. Tem<br />

que ter plano,<br />

meta, foco e<br />

saber quem vai<br />

buscar."<br />

Quando ficou sabendo que a<br />

caravana d’O melhor vendedor do<br />

Brasil passaria por São José do Rio<br />

Preto (SP), cidade onde mora, Matos<br />

lamentou que estaria viajando,<br />

mas, mesmo assim, entrou em contato<br />

com Rocha e Branquinho. Eles<br />

gostaram da história e pediram<br />

para ele enviar um vídeo contando<br />

mais. “Gravei na hora em Holambra<br />

(SP), onde eu estava, e mandei para<br />

eles. Tudo começou ali. Depois,<br />

eles chegaram à conclusão de me<br />

premiar, o que me deixou extremamente<br />

honrado”, lembra.<br />

Um cuidado especial com<br />

as vendas<br />

Desde quando estava na fase de<br />

pesquisa e desenvolvimento do<br />

produto, o vendedor de adubo planejou<br />

tudo pensando em como o<br />

futuro cliente iria interagir com o<br />

produto. Começou tentando imaginar<br />

como o comprador abriria a<br />

lata, e logo decidiu que não queria<br />

que fosse dessas que precisa de uma<br />

ferramenta especial. “Fui atrás de<br />

uma embalagem prática para que<br />

a pessoa pudesse usar assim que<br />

recebesse o produto. Além disso,<br />

o adubo não fica em contato direto<br />

com a lata. Ele fica isolado, dentro<br />

de um saquinho zipado, para<br />

preservar a lata, que pode ser reutilizada<br />

posteriormente para os<br />

mais diversos fins. Dentro, há,<br />

ainda, uma colher medidora para<br />

facilitar o uso. Por fim, a arte da<br />

embalagem remete a uma pequena<br />

propriedade rural. Tudo isso<br />

para 'quebrar' o nome, que eu imaginei<br />

que pudesse ter restrições,<br />

mas tem tido bem menos do que<br />

eu imaginei”, comemora.<br />

Com o produto bem resolvido,<br />

o supervendedor sabia que precisaria<br />

utilizar diversos canais de<br />

vendas para dar escala. Por isso, fez<br />

parceria com uma grande empresa<br />

atacadista com sede em Holambra,<br />

mas que atua no sul, no sudeste, no<br />

centro-oeste e no nordeste do Brasil<br />

– o que garantiu uma boa distribuição.<br />

A Bosta em Lata também<br />

é vendida em diversas floriculturas,<br />

no site oficial e em marketplaces na<br />

internet. “Vários canais novos têm<br />

surgido, especialmente na internet.<br />

Eu sou um vendedor de venda física.<br />

Gosto de atender meu cliente,<br />

abraçar, tomar café, mas a internet<br />

é uma grande loja que não podemos<br />

mais ignorar”, aconselha.<br />

O segredo do sucesso não<br />

é tão secreto assim<br />

Saber escutar é uma das grandes<br />

virtudes do bom profissional de<br />

vendas. E nessa história isso fica<br />

evidente. Afinal, o produto de Matos<br />

só está no mercado porque ele<br />

teve a perspicácia de perceber um<br />

30<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


padrão nos feedbacks que recebia.<br />

O que poderia ser apenas mais um<br />

comentário bem-humorado (“você<br />

vende até lata de bosta”) foi cultivado<br />

a ponto de se transformar em<br />

uma boa ideia que resultou em um<br />

produto inovador inserido em um<br />

mercado em franca expansão, cujo<br />

crescimento é motivado, dentre<br />

outros fatores, pelo desejo das pessoas<br />

de resgatarem valores antigos<br />

e terem uma relação mais próxima<br />

com o alimento que consomem.<br />

Isso fica visível ao observarmos<br />

que as hortas estão “invadindo” até<br />

as paredes de apartamentos.<br />

Esse olhar atento às tendências<br />

e ao comportamento do consumidor<br />

foi outro ponto importante<br />

para o sucesso da Bosta em Lata.<br />

“Comecei a reparar que, além de<br />

as pessoas postarem fotos de seus<br />

pets nas redes sociais, muita gente<br />

posta fotos de plantas. Isso me deu<br />

forças para criar um produto que<br />

visa atender um público que é apaixonado<br />

por plantas”, revela.<br />

Sobre sair da zona de<br />

conforto<br />

Matos também é um bom exemplo<br />

de reinvenção. Após 14 anos no<br />

dinâmico mercado de moda, foi<br />

preciso coragem para começar do<br />

zero e inovar no tradicional agronegócio.<br />

“Confesso que tive bastante<br />

dificuldade para sair da minha<br />

zona de conforto, mas também<br />

acredito que estamos na vida para<br />

evoluir. Eu vivo para ter um amanhã<br />

cada vez melhor que hoje”, projeta.<br />

Enquanto muita gente confunde<br />

empreendedorismo com abrir uma<br />

empresa, ele lembra que o empreendedorismo<br />

é tudo o que nos dispomos<br />

a fazer. “Às vezes, você vai<br />

comprar um carro e o vendedor<br />

não sabe esclarecer suas dúvidas.<br />

Ele precisa saber absolutamente<br />

tudo sobre o produto. É a informação<br />

que vende. É a resposta que o<br />

cliente quer naquela hora. O vendedor<br />

que é empreendedor se destaca<br />

muito mais. Bate meta, sai da<br />

zona de conforto e se surpreende<br />

com a própria venda. Mas não é<br />

fácil. Tem que ter plano, meta, foco<br />

e saber quem vai buscar”, orienta.<br />

O papel do vendedor em<br />

um mundo cada vez mais<br />

conectado<br />

Não é novidade que as pessoas estão<br />

cada vez mais conectadas. Basta<br />

uma rápida olhada ao redor em<br />

ambientes de grandes aglomerações<br />

para ver, na prática, o que os estudos<br />

têm revelado.<br />

Dados de 2015 da consultoria<br />

comScore mostram que mais de<br />

38 milhões de brasileiros acessam<br />

a internet por meio de tablets e<br />

smartphones. Além disso, o brasileiro<br />

passa, em média, 60% mais<br />

tempo nas redes sociais do que a<br />

média mundial. Por fim, o tempo<br />

gasto na internet já é maior que o<br />

tempo gasto assistindo à televisão,<br />

segundo a Pesquisa de Mídia Brasileira<br />

2015, divulgada pela Secretaria<br />

de Comunicação Social da<br />

Presidência da República.<br />

Esse cenário tem contribuído<br />

para provocar grandes rupturas<br />

no mercado de vendas e evidencia<br />

a necessidade de o vendedor desenvolver<br />

seu lado empreendedor,<br />

aprender a lidar com mudanças<br />

cada vez mais rápidas e evoluir<br />

junto com o mercado. “O vendedor<br />

empreendedor está sempre se reinventando.<br />

Nós precisamos nos<br />

atualizar. O vendedor de sessenta<br />

anos que vendia para o pai, hoje<br />

vende para o neto. Como ele vai<br />

lidar com uma pessoa da geração<br />

Y, que nasceu sem saber ouvir ‘não’<br />

e quer tudo instantaneamente? É<br />

preciso aprender a lidar com esse<br />

público que está dominando o mercado,<br />

principalmente o on-line. As<br />

pessoas vivem no celular. Eu fecho<br />

venda pelo WhatsApp, pelo Facebook<br />

e pelo Instagram. Estou à<br />

disposição do meu cliente onde<br />

quer que ele queira me encontrar.<br />

O futuro é digital”, destaca.<br />

Por fim, Matos fez questão de<br />

deixar um agradecimento pelo prêmio<br />

conquistado. “Esse prêmio é<br />

nosso! É dos vendedores que acordam<br />

cedo e vão batalhar. A gente<br />

sabe que nem todo dia é agradável.<br />

Às vezes, voltamos para casa só<br />

com nãos, mas não podemos desanimar.<br />

A busca é sempre pelo sim.<br />

A busca é por cuidar de nossos<br />

clientes, estar perto deles, ver como<br />

eles estão, se precisam de algo, se<br />

estão com algum problema. É só<br />

resolver os problemas dos clientes<br />

que a gente nunca vai ficar sem<br />

vender”, finaliza.<br />

Saiba mais: www.bostaemlata.com.br<br />

"Eu sou um<br />

vendedor<br />

de venda<br />

física. Gosto<br />

de atender<br />

meu cliente,<br />

abraçar, tomar<br />

café, mas<br />

a internet é<br />

uma grande<br />

loja que não<br />

podemos mais<br />

ignorar."<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 31


Gestão de clientes<br />

Marcelo Caetano<br />

"Acumular<br />

dados de forma<br />

organizada e usar<br />

as informações<br />

do seu cliente<br />

como ferramenta<br />

de venda faz toda<br />

a diferença!"<br />

Você realmente<br />

conhece seu cliente?<br />

erdade seja dita: as empresas estão distantes dos seus clientes! Muitas<br />

delas dedicam parte importante do seu tempo para entender seu público-<br />

-alvo e acreditam que o acúmulo de conhecimento – da própria empresa,<br />

dos concorrentes e, principalmente, dos clientes – trará informações que<br />

levarão a decisões acertadas – seja de novos produtos ou de novas maneiras<br />

de fazer com que esses produtos cheguem até os clientes. Porém, isso é impossível<br />

quando todo o processo acontece atrás de uma mesa!<br />

É sobre isso que quero falar neste artigo: o quanto os tomadores de decisão<br />

se formam cada vez mais dentro dos escritórios, mas poucas vezes no<br />

habitat do cliente. E como isso pode ser ruim para o seu negócio.<br />

32<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


O cenário ideal<br />

O olhar do cliente não tem feito parte das estratégias<br />

das empresas, não tem tido o peso necessário<br />

na decisão das companhias. Raramente – ou quase<br />

nunca – vemos um cliente na mesa de debate. Os<br />

dados dos clientes são estatísticos – e, muitas vezes,<br />

são estatísticas imprecisas. É preciso estar na “casa”<br />

cliente para ver como ele funciona de verdade!<br />

Rogério Mendes, um gestor que respeito muito,<br />

brinca: “As empresas fazem um cálculo hipotético de<br />

procedência duvidosa”, ou seja, apostam no famoso<br />

“chute”, pois tentam, de dentro do escritório, imaginar<br />

o que os clientes pensam, como agem, o que<br />

querem. Ninguém pergunta isso para eles. A resposta<br />

está sempre pronta: “Não sabemos como fazer<br />

pesquisa, não temos esse know-how.” Mas o fato é que<br />

se você não conversar com o seu cliente, se não começar<br />

agora mesmo, nunca terá esse know-how!<br />

Para pensar:<br />

Você sabe de verdade quem é o seu cliente? Não<br />

apenas o que compra seu produto, mas o que<br />

usa seu produto?<br />

Sabe qual produto ele usa quando o escolhido<br />

não é o seu?<br />

Por que, às vezes, ele opta pelo seu produto e,<br />

em outras, pelo do concorrente?<br />

O que você precisa fazer para que seu produto<br />

seja sempre a primeira opção?<br />

O que ele odeia no seu produto ou no produto<br />

do concorrente?<br />

Nos nossos projetos de consultoria, fazemos<br />

uma série de entrevistas para saber o que os clientes<br />

têm a dizer sobre as empresas que são alvo do<br />

nosso trabalho. O que aprendemos em uma única<br />

tarde de entrevistas é mais do aquilo que todas as<br />

pessoas da empresa têm para nos contar. Porque é<br />

a verdade do cliente, a que de fato importa. E quando<br />

não se conhece essa verdade, cada pessoa dentro<br />

da empresa replica e defende o seu próprio ponto<br />

de vista, ou vê apenas o que lhe interessa para sustentar<br />

ou reforçar suas ideias. Como resultado,<br />

tem-se clientes insatisfeitos, resultados de vendas<br />

ruins e decepção geral. Mas as empresas não conseguem<br />

perceber esse problema...<br />

Sempre sugerimos que as empresas coloquem uma<br />

pessoa exclusivamente para pesquisar seus clientes<br />

– os que estão ativos, os que estão em processo de<br />

inativação, os que estão sendo prospectados etc. Essa<br />

pessoa teria um verdadeiro tesouro para apresentar<br />

em cada reunião mensal. Mas poucas vezes conseguimos<br />

isso, porque os gestores argumentam que custa<br />

caro e não traz resultados diretos. Eu pergunto: quanto<br />

custa tomar decisões equivocadas porque ignoramos<br />

a opinião do cliente quando vamos fazer algo?<br />

Sei que o cliente é tendencioso, que ele quer<br />

tudo para ele, que existem empresas que criaram<br />

produtos ou serviços geniais por irem para o lado<br />

contrário do senso comum, mas isso é uma distorção<br />

estatística, um ponto fora da curva. Vejo muito<br />

mais empresas quebrando a cara por não ouvir o<br />

cliente do que casos de sucesso.<br />

Assim, o que proponho é que além dessa pessoa<br />

para ouvir e entender os clientes, você, líder, visite seu<br />

cliente. Mas não como vendedor, como observador...<br />

Na prática 1<br />

Dia desses, perguntei para um varejista quando foi<br />

a última vez que ele foi fazer uma entrega na casa de<br />

um cliente. Ele pensou, disse que fazia muito tempo,<br />

e concordou que precisava mudar isso urgentemente.<br />

Depois de acompanhar algumas entregas, ele<br />

chamou o gestor de marketing e disse: “Você precisa<br />

ir com uma equipe de filmagem captar o<br />

momento em que o cliente recebe os novos produtos,<br />

isso dá uma propaganda da vida real.” E<br />

dá mesmo!<br />

O entregador é a pessoa que entra na casa dos<br />

clientes, entrega e instala produtos. Ele sabe tudo<br />

que a empresa precisa saber, não pode ser ignorado.<br />

Ele é uma arma poderosa de relacionamento, de<br />

informação, poderia preencher um questionário<br />

com o tamanho da casa do cliente, quais marcas<br />

ele tem e assim por diante.<br />

Sugiro que os gestores da sua empresa passem<br />

um dia por mês dentro de cliente e que cada gestor<br />

de outras áreas da sua empresa saia todos os meses<br />

com um vendedor para ver como são os clientes.<br />

Precisamos sair de dentro das salas e ir para a rua,<br />

para o mundo do cliente. É lá que os problemas e<br />

as soluções acontecem!<br />

Posso estar sendo repetitivo, mas volto a questionar:<br />

o que você sabe sobre seus clientes?<br />

Na prática 2<br />

Em outra oportunidade, com a nossa orientação,<br />

uma equipe do departamento financeiro de uma<br />

empresa foi visitar clientes – inclusive alguns que<br />

tinham restrição de crédito. Eles analisaram de<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 33


perto cada caso e perceberam que havia clientes<br />

importantes em meio aos que estavam passando por<br />

um momento difícil. A vontade imediata foi de ajudar,<br />

de entender, e, acima de tudo, de monitorar<br />

para que, assim que eles saíssem dessa situação, a<br />

equipe voltasse a visitá-los.<br />

Dessa forma, os clientes com restrição de crédito<br />

passaram a ser acompanhados quinzenalmente<br />

e, ao primeiro sinal de melhora na condição financeira,<br />

a equipe <strong>comercial</strong> era acionada.<br />

Caramba, ter o departamento financeiro propondo<br />

soluções para vender mais é uma revolução<br />

e tanto na empresa! E isso só aconteceu porque eles<br />

foram para a rua.<br />

Michael Porter sempre falou que a empresa deve<br />

ser um grupo de departamentos que dá suporte<br />

para o <strong>comercial</strong> vender. Nesse caso, isso se tornou<br />

verdade.<br />

Entenda: a solução não foi aquela óbvia que as<br />

equipes comerciais tanto querem – aumentar o<br />

crédito de quem não tem –, mas, sim, uma decisão<br />

estratégica, que gerou a possibilidade de novos negócios<br />

e acelerou a retomada em clientes que apresentavam<br />

melhoras. Isso é muito precioso, vale<br />

muito dinheiro.<br />

Na prática 3<br />

Tenho falado muito sobre a necessidade de o gestor<br />

fazer uma gestão ativa de vendas, que não adianta<br />

apenas treinar, cobrar, motivar, acompanhar, é preciso<br />

dar o caminho para as equipes comerciais,<br />

principalmente nesse momento tempestuoso. Falamos<br />

muito em big data (ato de recolher e armazenar<br />

grandes quantidades de informações para eventual<br />

análise de dados), mas a verdade é que normalmente<br />

não vemos nem ao menos um “mini data”.<br />

Prova disso vem de uma construtora com a qual<br />

trabalhamos. Ela tem um contact center, uma central<br />

de inteligência que, além de vender, deve dar suporte<br />

de informações ao negócio. Nada menos que 30%<br />

das vendas de imóveis começam com um telefonema<br />

ou um chat por ali.<br />

Fomos ver quais informações dos clientes que<br />

entravam em contato estavam armazenadas e como<br />

esses dados eram salvos e o que encontramos foi<br />

um caos, um quebra-cabeça dos mais incompletos.<br />

No intuito de conhecer melhor os clientes, começamos<br />

a organizar a bagunça. Fizemos uma mesa<br />

redonda para saber quais eram os dez principais<br />

dados que a empresa deveria saber de todos os clientes<br />

e chegamos a esta lista:<br />

Nome<br />

CPF<br />

Cidade de residência<br />

Por qual imóvel se interessou<br />

Estado civil<br />

Número de pessoas que moram na casa<br />

Profissão<br />

Local de trabalho<br />

Em que bairro gostaria de morar<br />

Motivo pelo qual deseja mudar<br />

Definimos que os clientes sobre os quais tínhamos<br />

todas essas informações eram nota dez. Em<br />

pouco tempo, porém, notamos que grande parte dos<br />

clientes do banco de dados que a empresa tinha não<br />

passava de uma nota dois. Ou seja, não tem nada de<br />

big data nisso! A partir de então, tanto as atendentes<br />

quanto os corretores passaram a ter como objetivo<br />

chegar à nota dez sempre que recebiam um prospect.<br />

Paralelamente, filtramos os clientes por interessados<br />

e compradores e começamos a ter um padrão dos<br />

que efetivamente fechavam negócio.<br />

Além disso, a construtora aproveitou o lançamento<br />

de um empreendimento de nove torres para<br />

melhorar sua gestão de clientes. Como o lançamento<br />

foi feito em duas dessas torres, cruzamos as informações<br />

dos compradores e descobrimos que eles<br />

eram predominantemente de três bairros e que tinham<br />

determinada faixa de renda. Bingo, a ação<br />

estava clara: era preciso se comunicar com clientes<br />

com perfis semelhantes e agir sobre eles usando<br />

todas as ferramentas possíveis.<br />

Veja que, com ações básicas, a empresa começou<br />

a conhecer melhor seus clientes. Mas queríamos<br />

mais! A ideia era saber o motivo que levou cada<br />

pessoa a procurar o imóvel. E isso dependia das<br />

perguntas-chaves.<br />

Marcamos uma visita à casa antiga dos clientes<br />

e levamos um espumante para parabenizá-los pela<br />

aquisição. Aproveitamos a oportunidade para identificar<br />

o motivo que os levou a escolher a empresa<br />

e a sair do imóvel antigo.<br />

Em 15 dias, os contatos já haviam sido feitos<br />

pelos corretores. Fizemos, então, uma reunião para<br />

que todos apresentassem suas entrevistas. Em primeiro<br />

lugar, descobrimos que os clientes ficaram<br />

encantados por receber uma visita ou um telefonema<br />

de pós-venda. Além disso, as informações coletadas<br />

foram riquíssimas. Muitos clientes se emocionaram<br />

ao contar suas histórias – e muitos corretores se<br />

comoveram ao repeti-las. A equipe de marketing<br />

ouviu tudo atentamente e fez anotações sem parar.<br />

34<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


O gestor <strong>comercial</strong> também, afinal, ali tinha argumentos<br />

poderosos de vendas, abordagens e motivos<br />

pouco explorados.<br />

Com isso, trabalhamos a tecnologia aliada à<br />

experimentação do levantamento em campo de<br />

informações. Isso vale por muitos treinamentos<br />

para a equipe <strong>comercial</strong>, pois os profissionais ganharam<br />

argumentos, casos, histórias para contar<br />

para novos clientes. Assim, certamente se tornaram<br />

vendedores melhores, pois passaram a ser especialistas<br />

não apenas nos imóveis que vendiam, mas<br />

também – e especialmente – nos clientes que compravam<br />

seus imóveis. Isso não tem preço.<br />

Lições<br />

Acumular dados de forma organizada e usar as<br />

informações do seu cliente como ferramenta de<br />

venda faz toda a diferença! Por exemplo: quando<br />

um varejista descobre de quais regiões vêm seus<br />

clientes, ele pode fazer ações de marketing direcionadas<br />

para esses locais; se souber o perfil dos compradores,<br />

pode direcionar ações de marketing para<br />

esse grupo. E assim por diante.<br />

Somente unindo tecnologia com atitude teremos<br />

empresas melhores e vamos atender e entender<br />

melhor nossos clientes. Ninguém faz isso, e as poucas<br />

empresas que fazem estão muito à frente dos<br />

concorrentes. Mas, repito, é preciso muita atitude,<br />

pois sair da inércia exige uma força tremenda. E<br />

você, líder, precisa saber que sua equipe só fará<br />

essa movimentação se você der o exemplo. Não espere<br />

que os vendedores façam isso se você não fizer,<br />

eles não irão para a rua se você não for.<br />

Então, que tal tirar um dia todos os meses para<br />

aprender sobre seus clientes – não com visitas formais,<br />

mas vivenciando verdadeiramente a realidade<br />

deles, o momento exato em que seu produto ou<br />

serviço é colocado à prova? Que tal organizar de<br />

verdade os dados dos seus clientes e fazer com que<br />

essas informações auxiliem você a tomar decisões<br />

inteligentes?<br />

A área de TI definitivamente deve ser menos T,<br />

de tecnologia, e mais I, de informação, mas isso não<br />

vai acontecer naturalmente se você não direcionar<br />

os trabalhos para isso. Crie seu cliente nota dez. Invista<br />

tempo com seu time, pensando em quais informações<br />

são imprescindíveis que você saiba de cada<br />

cliente. É preciso, mais do que nunca, acrescentar<br />

inteligência ao modelo <strong>comercial</strong>, não podemos ser<br />

superficiais. Informações superficiais levam a desastres<br />

fatais. Tecnologia, inteligência e atitude precisam<br />

andar juntos nesse processo, e você deve andar na<br />

frente – afinal, você é o líder dessa revolução.<br />

"A área de TI<br />

definitivamente<br />

deve ser menos<br />

T, de tecnologia,<br />

e mais I, de<br />

informação,<br />

mas isso não<br />

vai acontecer<br />

naturalmente<br />

se você não<br />

direcionar os<br />

trabalhos para<br />

isso."<br />

Marcelo Caetano é sócio-<br />

-diretor da consultoria<br />

Soluções <strong>VendaMais</strong> e autor<br />

dos livros Vendedor fiel,<br />

cliente fiel e Chega de desconto!<br />

E-mail: caetano@venda<br />

mais.com.br<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 35


Alta Performance em Vendas / Por Raul Candeloro<br />

10 listas que toda pessoa de<br />

alta performance deveria ter<br />

S<br />

Sempre gostei de listas e<br />

recomendo em todos meus cursos<br />

que as pessoas passem a usá-las.<br />

Listas são ótimas, pois ajudam a<br />

organizar informações e pensamentos,<br />

dão mais clareza e foco,<br />

permitem acompanhar o avanço<br />

de tarefas, ajudam a não esquecer<br />

obrigações e motivam a entrar<br />

em ação. (Note, aliás, como essas<br />

informações que acabei de passar<br />

estão em uma espécie de lista e<br />

como é muito mais fácil entender<br />

e acompanhar ao organizar o material<br />

dessa maneira.)<br />

As listas de alta performance<br />

que tenho em funcionamento<br />

atualmente são as dez que apresento<br />

a seguir. É muito divertido<br />

e estimulante acompanhá-las<br />

– a vida nunca fica chata ou<br />

desmotivada com um desafio de<br />

ver as listas diminuindo de tamanho<br />

(mesmo que isso signifique<br />

que, em breve, elas crescerão<br />

novamente). Que tal você<br />

começar as suas?<br />

1<br />

Livros para ler<br />

3<br />

Lista de coisas a fazer<br />

Chamo essa primeira lista de PLM (processo de limpeza<br />

mental) ou de "borboletas mentais". É o simples ato de<br />

colocar no papel TUDO que precisa ser executado por<br />

você nos próximos dias. Sim, TODAS as pendências. Minha<br />

sugestão é que essa lista seja feita à noite. Antes de<br />

dormir, coloque no papel as tarefas que estão no seu<br />

radar para o dia seguinte e para os próximos. Isso vai<br />

ajudá-lo a se organizar melhor, a priorizar, a separar o<br />

que é importante do que é urgente, a dividir melhor seu<br />

dia e, inclusive, a DORMIR melhor.<br />

Quem tem agenda sabe do que estou falando. Eu não<br />

tenho agenda, prefiro papel e caneta ou o Google Calendar.<br />

Mas a lógica é a mesma: apareceu uma tarefa ou<br />

demanda nova, anote na sua lista de “a fazer” e, depois<br />

de tê-la cumprido, risque da lista. Funciona!<br />

Tenho sempre uma pilha de livros para<br />

ler e também uma lista de autores/outros<br />

livros que estão na fila para quando eu<br />

tiver tempo ou quiser me aprofundar no<br />

assunto. Dessa forma, sinto que estou<br />

constantemente conhecendo materiais e<br />

escritores que agregam à minha vida de<br />

alguma forma e me obrigo sempre iniciar<br />

uma nova leitura depois da outra. A sensação<br />

de ver a lista diminuindo (ao mesmo<br />

tempo em que aumenta, claro) é ótima.<br />

Filmes para assistir<br />

2<br />

Mesma lógica da lista de livros, só que para<br />

filmes. Como tenho pouco tempo para ir ao<br />

cinema com a frequência de que gostaria<br />

(adoro ir ao cinema), acabo assistindo nas<br />

viagens internacionais que faço ou no iPad<br />

(viva a Netflix). Ultimamente, tenho incluído<br />

seriados de TV também (House of Cards e<br />

Game of Thrones estão lá hoje).<br />

36<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


4<br />

Cidades ou países do mundo que vou conhecer antes de morrer<br />

Antes, eu chamava essa lista de “lugares do mundo que quero conhecer”.<br />

Depois de começar a estudar, praticar de verdade e ensinar a alta<br />

performance, mudei para “lugares que VOU conhecer” (a mudança de<br />

verbo faz toda a diferença!). Estão lá: Japão, Kauai, Bali, Bora Bora,<br />

China e muitos outros. E você: que países do mundo VAI conhecer?<br />

5<br />

Lugares do mundo que<br />

vou conhecer antes de morrer<br />

Essa lista é diferente da anterior, pois nela eu incluo pontos específicos<br />

que quero ver. Por exemplo: as pirâmides do Egito, a Grande Muralha<br />

da China, os lençóis maranhenses, o Aconcágua, o Everest (não preciso<br />

nem subir… se chegar no primeiro acampamento base já está ótimo) e<br />

assim por diante. Visitei duas coisas dessa lista recentemente – o Grand<br />

Canyon (EUA) e o Old Faithful, o gêiser do parque Yellowstone (EUA).<br />

6<br />

Restaurantes<br />

do mundo onde<br />

vou comer<br />

Incluo nessa lista<br />

principalmente lugares<br />

diferentes,<br />

como restaurantes<br />

embaixo da água,<br />

dentro de uma caverna,<br />

em cima de<br />

uma árvore, a confeitaria<br />

mais velha<br />

de algum lugar,<br />

castelos, etc. Ou<br />

seja, olhando bem<br />

para a minha lista,<br />

fica claro que, no<br />

fundo, a experiência<br />

é muito mais<br />

importante do que<br />

a comida. :)<br />

Grandes projetos<br />

para o ano<br />

7<br />

Todos os anos, escolho<br />

dois novos grandes projetos<br />

para começar e me<br />

dedico a fazer com que<br />

sejam um sucesso (compreendendo<br />

“sucesso” como<br />

uma excelente avaliação<br />

dos clientes e resultados<br />

financeiros sólidos, de seis ou sete<br />

dígitos). Cuidar deles com carinho ao longo<br />

do ano ajuda a facilitar o caminho rumo<br />

aos resultados desejados.<br />

8 Frases inteligentes<br />

Comecei fazendo em um documento<br />

do Word, hoje uso o Evernote.<br />

Quando vejo um comentário, um<br />

parágrafo ou uma frase inteligente,<br />

copio e colo. Quando preciso de<br />

inspiração, é só começar a reler<br />

essas frases que SEMPRE encontro<br />

algo adequado para o momento.<br />

9<br />

Lista da gratidão<br />

Essa é outra lista que faço todo<br />

dia à noite, antes de dormir. Coisa<br />

rápida, sem muita burocracia.<br />

Com o passar do tempo, tenho<br />

sentido que naturalmente faço<br />

também antes das refeições. Virou<br />

um hábito – antes de começar a<br />

comer, paro por dois segundos,<br />

respiro, agradeço a refeição, a<br />

oportunidade de estar ali, relembro<br />

rapidamente as coisas boas<br />

daquele período. A comida fica<br />

sempre mais gostosa assim.<br />

10<br />

Meus valores, que acabaram quase<br />

que virando um mantra pessoal<br />

Alegria, saúde, foco, humor, flexibilidade,<br />

força, calma, paciência,<br />

produtividade, gentileza, humildade,<br />

energia! Nem sempre consigo<br />

praticar todos, mas é o que<br />

me guia.<br />

E você: o que tem nas suas<br />

listas?<br />

Abraços de alta performance.<br />

"Listas são<br />

ótimas, pois<br />

ajudam a<br />

organizar<br />

informações e<br />

pensamentos,<br />

dão mais clareza<br />

e foco, permitem<br />

acompanhar<br />

o avanço de<br />

tarefas, ajudam<br />

a não esquecer<br />

obrigações e<br />

motivam a entrar<br />

em ação."<br />

Raul Candeloro é palestrante<br />

e editor da revista Venda-<br />

Mais. Autor de vários livros,<br />

é também diretor executivo<br />

da Small Giants Community,<br />

diretor do Instituto Venda-<br />

Mais e sócio-diretor da<br />

Soluções <strong>VendaMais</strong>.<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 37


Ferramentas de vendas<br />

José Ricardo Noronha<br />

Segmentação:<br />

o segredo para<br />

brilhar em vendas<br />

consultivas<br />

Especialmente em tempos mais desafiadores como<br />

o que vivemos agora, sempre ouço de vendedores e<br />

líderes envolvidos no fascinante mundo das vendas<br />

consultivas e corporativas o seguinte questionamento:<br />

"Zé, como é que eu faço para vender mais e<br />

melhor mesmo em tempos de crise, hein?"<br />

Não me atrevo a dizer que tenho todas as respostas,<br />

mas sempre digo que tanto em tempos de<br />

bonança econômica quanto em tempos mais desafiadores,<br />

um dos papéis mais importantes dos campeões<br />

de vendas é segmentar melhor seus clientes<br />

para, a partir daí, definir uma estratégia de prospecção<br />

muito mais inteligente e 100% focada no<br />

incremento dos resultados e da performance de<br />

vendas.<br />

Mas daí surge outra questão importante: "E<br />

como é que eu devo fazer isso?"<br />

A partir de agora, eu compartilho com você um<br />

exercício prático e realmente incrível que uso em<br />

praticamente todos os meus cursos e workshops de<br />

vendas consultivas nas maiores e melhores empresas<br />

do Brasil e do mundo. Tenho certeza de que ele<br />

terá impacto direto na construção de uma estratégia<br />

de vendas muito mais eficaz e que lhe permitirá<br />

vender mais, melhor e com melhores margens.<br />

Vamos lá?<br />

1 Para realizar este exercício prático, você precisará<br />

de uma cartolina e de vários Post-its (idealmente,<br />

os maiores, e em quatro cores distintas).<br />

Divida sua cartolina em quatro grandes quadrantes.<br />

No eixo horizontal estará representado o potencial<br />

de compra, que aqui se traduz basicamente<br />

na ideia de que seus clientes (especialmente<br />

os já existentes) têm que adquirir mais<br />

produtos e serviços do seu mix/portfólio.<br />

38<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


Já no eixo vertical, você vai representar a adoção,<br />

que, nessa matriz, se traduz no volume<br />

atual de vendas dos seus produtos e serviços.<br />

No quadrante inferior esquerdo, que será aqui<br />

descrito como avaliar, você irá colocar os clientes<br />

que compram um volume baixo ou moderado<br />

dos seus produtos e serviços (baixa adoção)<br />

e que têm pouco potencial para absorver mais<br />

do seu portfólio (baixo potencial).<br />

No quadrante inferior direito, que será aqui descrito<br />

como conquistar, você irá colocar todos os<br />

clientes que consomem um volume baixo dos<br />

produtos e serviços que você vende (baixa adoção)<br />

e que têm um potencial bastante significativo a<br />

ser explorado (alto potencial). É importante reforçar<br />

que entram nesse quadrante aqueles clientes<br />

que já compram muito volume de um ou de<br />

alguns poucos produtos e serviços da sua empresa<br />

e que têm um potencial ainda inexplorado<br />

para comprar muito mais.<br />

No quadrante superior esquerdo, que será, nesta<br />

matriz, intitulado incentivar, você irá elencar<br />

todos os clientes que já compram um volume<br />

bastante expressivo dos produtos e serviços<br />

que fazem parte do seu mix (alta adoção) e que<br />

têm um potencial de novas compras limitado<br />

ou já todo explorado (baixo potencial).<br />

Chegamos, enfim, ao quadrante superior direito,<br />

que aqui será descrito como blindar. Nele,<br />

você vai colocar todos os seus clientes que já<br />

compram um grande volume dos produtos e<br />

serviços que você e sua empresa <strong>comercial</strong>izam<br />

(alta adoção) e que têm um potencial de compra<br />

muito expressivo (alto potencial).<br />

SEGMENTAÇÃO<br />

Feita a matriz, é chegada a hora de usar os Post-its<br />

da forma mais cuidadosa possível para posicionar<br />

bem cada um dos seus clientes nos quadrantes corretos.<br />

Use Post-its coloridos e grandes para que, além<br />

do nome do cliente, você possa também descrever um<br />

pequeno plano de ação para aquela conta específica<br />

e monitorar visualmente a execução desse plano.<br />

Ao lado do nome do cliente, coloque a seta que<br />

lhe ajudará a lembrar para onde você quer “caminhar”<br />

com ele. Por exemplo: para um cliente que está no<br />

quadrante conquistar, a seta deverá apontar para<br />

cima e o seu plano de ação deve privilegiar atividades<br />

que lhe permitam movê-lo para o quadrante blindar.<br />

Para tornar esse exercício ainda mais eficaz,<br />

busque colocar um percentual em cada um dos quadrantes<br />

para representar quanto do seu tempo e dos<br />

seus esforços você irá dedicar a cada grupo específico<br />

de clientes. Se, por exemplo, você tiver a maior<br />

parte dos seus clientes no quadrante conquistar,<br />

precisará dedicar um percentual maior nesse grupo<br />

específico (que pode ser, por exemplo, de 50%).<br />

SEGMENTAÇÃO: TRABALHO DE CASA<br />

Visitar mais<br />

Empresa ACME Ltda.<br />

Identificar novas oportunidades em<br />

outras áreas<br />

Mapear melhor os tomadores de<br />

decisão<br />

Oferecer mais produtos do meu mix<br />

Crescer as vendas em mais de 20% até o<br />

final do ano<br />

"Um dos papéis<br />

mais importantes<br />

dos campeões<br />

de vendas é<br />

segmentar<br />

melhor seus<br />

clientes para, a<br />

partir daí, definir<br />

uma estratégia<br />

de prospecção<br />

muito mais<br />

inteligente e<br />

100% focada no<br />

incremento dos<br />

resultados e da<br />

performance de<br />

vendas."<br />

ADOÇÃO<br />

BAIXa ALTa<br />

INCENTIVAR<br />

BLINDAR<br />

AVALIAR<br />

CONQUISTAR<br />

BAIXO<br />

ALTO<br />

POTENCIAL<br />

Você pode se perguntar: "E por que usar a cartolina,<br />

Zé?"<br />

Ora, para que você tenha um instrumento prático,<br />

visual e dinâmico para monitorar diariamente<br />

o sucesso da implementação desse modelo de<br />

segmentação – que, inclusive, faz parte de um<br />

curso de vendas consultivas de alta performance<br />

que gravei recentemente com o meu amigo e mestre<br />

Raul Candeloro e que, muito em breve, estará à<br />

sua disposição através do Instituto <strong>VendaMais</strong>.<br />

Dessa forma, ficará muito mais fácil fazer uma<br />

segmentação de contas estratégica e inteligente e,<br />

assim, melhorar a sua performance em vendas.<br />

Mãos à obra!<br />

José Ricardo Noronha é<br />

vendedor vencedor, palestrante,<br />

professor, consultor<br />

e autor do livro Vendas!<br />

Como eu faço?<br />

Visite o site:<br />

www.paixaoporvendas.<br />

com.br<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 39


CAPA<br />

a metodologia<br />

de <strong>planejamento</strong><br />

estratégico<br />

<strong>comercial</strong> que<br />

vai acelerar<br />

seus resultados<br />

Na ânsia de vender mais, muitas empresas pulam etapas<br />

importantes do processo de vendas e, assim, acabam deixando<br />

passar oportunidades preciosas. Com a metodologia <strong>V6</strong>, sua<br />

empresa não sofrerá mais desse mal. Entenda como ela<br />

funciona, saiba como colocá-la em prática e beneficie-se de<br />

tudo que ela pode oferecer!<br />

40<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


Por Raul Candeloro<br />

Recentemente, fizemos uma<br />

pesquisa com os assinantes<br />

da <strong>VendaMais</strong> perguntando<br />

sobre os principais desafios<br />

que eles enfrentam atualmente<br />

na área <strong>comercial</strong>. Surgiram<br />

apontamentos interessantes e, como no<br />

filme Casablanca, os "suspeitos usuais" de sempre<br />

se destacaram. Mas o que mais chamou a<br />

atenção – e que, aliás, tem sido algo recorrente<br />

– foi a questão da prospecção de clientes*.<br />

Esse é um assunto que nos pedem para<br />

abordarmos cada vez mais e que claramente<br />

merece cuidado – principalmente porque é<br />

uma questão estratégica e que deve ser antecedida<br />

por um trabalho sério em outras áreas.<br />

Afinal, prospectar para tapar buracos e ineficiências<br />

é o famoso esparadrapo em vazamento:<br />

aguenta um pouco, ajuda um pouco,<br />

mas não é realmente uma solução sustentável<br />

e de longo prazo.<br />

A impressão que dá é que é muito mais<br />

conveniente para os gestores das equipes comerciais<br />

mandar a equipe prospectar novos<br />

clientes do que discutir<br />

seriamente por que estão<br />

perdendo clientes. Mas<br />

isso precisa mudar!<br />

*Em maio de 2015, dedicamos a edição inteira<br />

da <strong>VendaMais</strong> à prospecção de clientes.<br />

Ela está disponível para download em<br />

http://bit.ly/vm-mai15. Baixe e aproveite!<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 41


A teoria por trás da metodologia<br />

Por onde começar<br />

a mudança<br />

Antes de mais nada, algumas perguntas "doloridas"<br />

precisam ser respondidas. Você sabe dizer, por<br />

exemplo:<br />

Quantos clientes perde por mês?<br />

Quanto da sua base de clientes está realmente<br />

ativa?<br />

Por que, em muitos casos, o valor médio de<br />

compra dos clientes ativos está diminuindo?<br />

Por que seus clientes dizem que estão satisfeitos<br />

e, mesmo assim, compram da concorrência?<br />

Por que sua equipe de vendas depende tanto de<br />

preços e descontos para vender, mesmo com<br />

diferenciais claros?<br />

Por que seus clientes não o indicam com mais<br />

frequência?<br />

Por que seus clientes não conseguem ver a diferença<br />

que existe entre a sua empresa e a dos<br />

concorrentes?<br />

Responder essas perguntas – e tomar atitudes<br />

com relação às respostas – é mais importante do<br />

que sair prospectando novos clientes. Pense bem:<br />

em teoria, prospectar é fácil, pois não é preciso<br />

mudar nada na empresa; basta achar mais clientes<br />

que comprem o que você já oferece e pronto.<br />

O problema é que, na prática, isso raramente<br />

funciona. E quando funciona, é um paliativo temporário,<br />

uma vez que depois o problema reaparece,<br />

pois sua verdadeira causa – que você pode<br />

descobrir respondendo essas e outras perguntas<br />

– não foi atacada.<br />

Pensando em tudo isso, criei uma metodologia<br />

que batizei de <strong>V6</strong>. Da mesma forma que desenvolvi<br />

uma metodologia para gestão de equipes comerciais*,<br />

agora quero ajudar as empresas a fazer corretamente<br />

a gestão da sua carteira de clientes.<br />

*Gestão de equipes comerciais – GEC – é um dos cursos on-line do Instituto<br />

<strong>VendaMais</strong>. Acesse institutovendamais.com.br para saber mais e entender<br />

como esse curso pode ajudá-lo a melhorar a forma como você gerencia<br />

sua equipe de vendas.<br />

A metodologia se chama <strong>V6</strong> por dois motivos:<br />

a) Por apresentar seis formas de vender mais.<br />

b) Para lembrar o motor do carro (<strong>V6</strong>) – cada pilar<br />

do <strong>V6</strong> é um dos cilindros da sua máquina de<br />

vendas.<br />

A metodologia <strong>V6</strong> está baseada em propostas<br />

que temos feito a clientes da consultoria Soluções<br />

<strong>VendaMais</strong> sobre como repensar as oportunidades<br />

que já existem dentro da sua própria carteira de<br />

clientes antes de prospectar – e se for prospectar,<br />

que isso seja feito de maneira inteligente, organizada,<br />

planejada e rentável.<br />

Além disso, ao trabalharmos corretamente as<br />

primeiras etapas do <strong>V6</strong>, surgem novas oportunidades<br />

de inovação. Por exemplo: uma das empresas com as<br />

quais trabalho pessoalmente recebeu mais de trinta<br />

sugestões de melhoria só com uma única pergunta<br />

que recomendei que fizessem aos clientes: existe algo<br />

que o irrite ou desagrade na forma como você é atendido<br />

pela nossa empresa?<br />

No fundo, minha intenção com essa metodologia<br />

é racionalizar e tornar o <strong>planejamento</strong> <strong>comercial</strong> mais<br />

eficiente, ajudando líderes e empresas a entenderem:<br />

42<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


a) Para onde precisam olhar para descobrir ineficiências<br />

e possíveis melhorias.<br />

b) Qual a sequência correta de processos.<br />

c) Quais os passos necessários.<br />

d) Como montar um plano de ação simples, específico,<br />

prático, objetivo.<br />

e) Como definir corretamente indicadores de performance<br />

para acompanhar tarefas e resultados.<br />

f) Como fazer com que isso vire parte da cultura da<br />

equipe <strong>comercial</strong> (idealmente, da empresa como<br />

um todo).<br />

O <strong>V6</strong> está baseado numa matriz simples:<br />

d Clientes: Atuais (que já compram seus produtos/<br />

serviços) e novos (que ainda não compram seus<br />

produtos/serviços).<br />

d PSS: Produtos/serviços/soluções que sua empresa<br />

já tem e oferece, e PSS que sua empresa ainda não<br />

oferece, mas poderia ofertar.<br />

Com relação aos clientes atuais e aos PPS atuais, você<br />

tem três coisas a fazer:<br />

Fidelizar (diferenciar-se da concorrência e desenvolver<br />

ações para aumentar a lealdade dos clientes).<br />

Gestão da carteira (quem são os atuais clientes,<br />

segmentação, quem atende).<br />

Gestão de mix (o que os clientes compram de<br />

você – e como ampliar a variedade).<br />

Além disso, existem os clientes inativos – clientes<br />

que já compraram em algum momento, mas pararam<br />

há algum tempo. Só depois vem a prospecção<br />

de clientes. Note como esse é o quinto estágio de um<br />

bom <strong>planejamento</strong> <strong>comercial</strong>, não o primeiro e muito<br />

menos o único!<br />

E para terminar, tem a questão da inovação. Nem<br />

todas as empresas vão querer entrar em mercados ou<br />

segmentos novos, mas é sempre uma possibilidade<br />

que deve ser analisada. Lembre-se de que fazer gestão<br />

de oportunidades é a mesma coisa que fazer gestão<br />

de risco. Muita gente foi pega de surpresa pela crise<br />

e, agora, olhando para trás, lamenta-se por não ter<br />

feito corretamente essa etapa anteriormente.<br />

Resumindo, o <strong>V6</strong> se compõe da seguinte forma:<br />

Fidelização/lealdade de clientes.<br />

Gestão de clientes.<br />

Gestão de mix.<br />

Reativação de clientes inativos.<br />

Prospecção de novos clientes.<br />

Inovação e novos lançamentos.<br />

<strong>V6</strong> na prática<br />

A melhor forma que encontrei até agora de trabalhar<br />

o <strong>V6</strong> é em grupo. Funciona assim, de maneira<br />

muito resumida:<br />

Apresentação do tema (por exemplo, lealdade de<br />

clientes).<br />

Discussão do que vem sendo feito em relação a<br />

isso.<br />

Discussão do que poderia ser feito.<br />

Discussão de melhores práticas de mercado.<br />

Lista de ideias.<br />

Matriz de priorização para escolha das melhores<br />

ideias.<br />

Seleção de duas ou três iniciativas/ideias.<br />

Plano de ação (incluindo definição de indicadores<br />

e cronograma).<br />

Acompanhamento e revisão.<br />

É um modelo simples de trabalho que pode ser<br />

aplicado tanto por pequenas quanto por grandes empresas,<br />

com equipes de quaisquer tamanhos, presenciais<br />

ou a distância, em vendas complexas ou simples,<br />

de ciclo curto ou longo.<br />

Basicamente, estamos usando o conceito que eu<br />

chamo de "exteligência": a inteligência externa, do<br />

grupo, ajuda a liderança a direcionar projetos. Isso é<br />

útil por uma série de fatores:<br />

Aumenta o engajamento da equipe (pois todos<br />

foram ouvidos e agora são pais/mães da ideia).<br />

Melhora a probabilidade de as ideias serem implantadas<br />

(apoio forte, sem boicotes abertos ou<br />

velados).<br />

Dá um norte saudável e rentável onde antes parecia<br />

haver um labirinto (ou pior: um beco sem saída).<br />

Mostra proatividade para a equipe e para os clientes.<br />

Cria um ambiente interno muito mais motivado<br />

e dinâmico.<br />

Traz resultados positivos consistentes.<br />

Diferencia da concorrência.<br />

Para ajudar ainda mais, vamos desossar os itens<br />

de cada um dos pilares do <strong>V6</strong>. Assim, fica mais fácil<br />

entender o que e como trabalhar em cada um deles.<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 43


1. Fidelização/lealdade<br />

de clientes<br />

Pesquisas de satisfação e sugestões de melhoria.<br />

Net promoter score (NPS)* como ferramenta de<br />

melhoria contínua.<br />

Pesquisas de clima interno (driver número um de<br />

lealdade de clientes).<br />

Branding e seu impacto na lealdade de clientes.<br />

Feedback de clientes e melhorias contínuas na<br />

qualidade.<br />

Incentivo e coleta de testemunhos e depoimentos.<br />

Atendimento como verdadeiro diferencial competitivo<br />

(e não apenas um discurso barato).<br />

Programas de milhagem e suas versões.<br />

Marketing da experiência (feito corretamente).<br />

Blindagem contra a concorrência.<br />

Estudos de caso e melhores práticas.<br />

Segmentação da carteira.<br />

Segmentação de territórios (equipes externas,<br />

incluindo representantes).<br />

Curva ABC e <strong>planejamento</strong> de contatos.<br />

Canais de venda e atendimento segmentados.<br />

Matriz 2 x 2: Faturamento x Potencial de compra.<br />

Matriz 2 x 2: Faturamento x Lucratividade.<br />

Estudos de caso e melhores práticas.<br />

Marcelo Caetano e eu debatemos todos esses temas em um dos episódios<br />

da série de vídeos <strong>VendaMais</strong> Responde.<br />

Assista acessando bit.ly/gestao-carteira<br />

3. Gestão de mix de produtos/<br />

serviços/soluções<br />

O que é o Net Promoter Score?<br />

Desenvolvido por Fred Reichheld, autor do livro A pergunta definitiva, o indicador<br />

NPS gira em torno do questionamento: em uma escala de zero a dez, qual a probabilidade<br />

de você indicar nossa empresa para um amigo?<br />

Com base nas notas, os clientes serão classificados de três formas:<br />

Notas de 0 a 6 – Clientes detratores: São aqueles que afirmam que suas vidas<br />

pioraram depois da compra do produto ou serviço da empresa. Criticam a organização<br />

em público e jamais voltariam a fazer negócio com ela, exceto em situações<br />

extremas.<br />

Notas de 7 e 8 – Clientes neutros: São clientes que compram somente os produtos<br />

e serviços realmente necessários. Não são leais e não são entusiastas da<br />

marca.<br />

Notas de 9 a 10 – Clientes promotores: São aqueles que passaram a ter uma<br />

vida melhor depois do início do relacionamento com a empresa/produto/serviço/<br />

marca. São leais, oferecem feedback e são entusiasmados.<br />

Aumento de ticket médio.<br />

Combos/pacotes.<br />

Vendas adicionais/complementares.<br />

Upsell (venda de produtos/serviços/soluções de<br />

maior valor agregado).<br />

Cross-sell e mapa de oportunidades (venda de mix<br />

completo para clientes que ainda não compram).<br />

Matriz BCG.<br />

Estudos de caso e melhores práticas.<br />

2. Gestão de clientes/<br />

carteira*<br />

"Prospectar para tapar buracos<br />

e ineficiências é o famoso<br />

esparadrapo em vazamento:<br />

aguenta um pouco, ajuda um<br />

pouco, mas não é realmente<br />

uma solução sustentável e de<br />

longo prazo."<br />

44<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


6 passos para vender mais itens do<br />

mix de produtos para os atuais clientes<br />

1. Treinamento – Um modelo de treinamento de venda de mix que funciona<br />

bem é o aplicado por uma grande empresa farmacêutica. Nessa empresa, toda<br />

sexta-feira, às 16h, todos os vendedores e propagandistas se reúnem para participar<br />

de um treinamento sobre os produtos que devem ser tratados com prioridade<br />

nas próximas semanas. Após o treinamento, todos fazem uma espécie de<br />

prova sobre esses produtos, para ver se estão preparados para vendê-los, e<br />

recebem metas de vendas de curto prazo. Isso é treinar para vender mix. Com<br />

base nisso, pare e pense: sua equipe está preparada para vender mais itens do<br />

seu mix de produtos/serviços?<br />

2. Campanha de incentivo específica para venda de mix – Por mais que campanhas<br />

genéricas tragam algum resultado, o que funciona mesmo é a campanha<br />

focada no objetivo principal – que, nesse caso, é ampliar o número de itens na<br />

conta final. Essa campanha fará seus vendedores começarem efetivamente a<br />

vender mais os itens que andavam parados. Assim, o vendedor que antes, por<br />

exemplo, vendia dez itens em média por cliente, passará a vender 12 – ou seja,<br />

um crescimento de 20% pelo mesmo custo.<br />

Nesse sentido, também é importante que a campanha seja direcionada. O<br />

que eu quero dizer com isso é simples: antes de mandar o vendedor para a rua já<br />

com as metas de vendas de mix, analise quais são os clientes da carteira que<br />

poderiam comprar mais itens e direcione o olhar do seu vendedor para aqueles<br />

que oferecem um verdadeiro potencial de crescimento. Além disso, já defina quais<br />

serão os itens que deverão ser ofertados a cada cliente. Esse direcionamento<br />

fará diferença nos resultados.<br />

3. Lançamento de produtos – Outro ponto fundamental para a melhora<br />

dos resultados de vendas de mix é o lançamento planejado de produtos.<br />

Muitas empresas não lançam novos itens, elas simplesmente começam a<br />

vendê-los. Chega um produto novo e pronto, os vendedores precisam começar<br />

a oferecê-lo imediatamente aos clientes. O gerente não apresenta o<br />

item para a equipe, não há demonstração do produto, ele simplesmente<br />

surge como se caísse do céu na estrutura de vendas. O que acontece? A<br />

equipe, mal preparada, não consegue vender o novo produto. Outra situação<br />

é aquela em que a empresa investe milhares de reais no lançamento, entrega<br />

o produto na mão da equipe, apresenta duas ou três características<br />

dele e manda todo mundo para a rua. Isso, obviamente, sempre acaba muito<br />

mal. O que é preciso fazer, então? Cuidar dos detalhes do lançamento de<br />

cada novo item!<br />

4. Inteligência de vendas – Além de tudo isso, não se pode deixar a inteligência<br />

de vendas de lado. O vendedor precisa chegar no cliente preparado para oferecer<br />

rapidamente os itens do mix. Para isso, ter um excelente software é importante.<br />

Com a ajuda de uma ferramenta que automatize o processo, vender mais itens<br />

ficará muito mais simples.<br />

5. Comunicação – Um erro que costuma prejudicar a venda de mix é a falta de<br />

preocupação que as empresas têm em trabalhar a comunicação dos itens que<br />

andam encalhados e dos lançamentos. É comum que os produtos que já se destacam<br />

estejam sob a luz dos holofotes e ganhem toda a atenção em termos de<br />

comunicação, mas isso apenas joga contra a estratégia de ampliar o número de<br />

itens vendidos para os clientes atuais. Se essa é a realidade da sua empresa até<br />

o momento, está na hora de mudar esse cenário. Uma boa comunicação ajuda<br />

sua equipe a vender mais mix. Cuide disso!<br />

6. Organização da equipe <strong>comercial</strong> – A última etapa desse processo é a definição<br />

de quem serão os responsáveis pela ampliação do mix oferecido. Antes de<br />

colocar todo mundo para vender mais itens aos atuais clientes, é preciso se perguntar:<br />

será que a equipe inteira deve fazer parte dessa estratégia? Como devo<br />

reorganizar meus vendedores para tornar isso possível?<br />

4. Reativação de clientes<br />

inativos<br />

Como reconhecer a pré-inatividade.<br />

Definições de inatividade.<br />

Cronograma de ações e contatos para reativação.<br />

Possíveis propostas/estratégias de reativação.<br />

Estudos de caso e melhores práticas.<br />

10 passos para um modelo kaizen de<br />

recuperação de clientes inativos<br />

Existe um texto antigo do Russel Conwell, pastor batista<br />

norte-americano, chamado Acres de diamantes que ilustra<br />

muito bem a questão de reativar clientes inativos.<br />

O texto conta a história de uma pessoa que abandona<br />

a casa e o terreno onde mora e sai pelo mundo buscando<br />

riqueza. Muitos anos depois, quando volta, descobre que o<br />

terreno onde morava antes tinha uma mina de diamantes<br />

(e que as pessoas que compraram a casa agora são milionárias).<br />

A moral da história é uma analogia perfeita para a recuperação<br />

de clientes inativos: você tem, dentro de casa,<br />

uma mina potencial que provavelmente não está sendo<br />

reconhecida e aproveitada em toda sua capacidade.<br />

Se fôssemos trabalhar com uma empresa ajudando-a<br />

a organizar o trabalho de recuperação de inativos, este<br />

seria o passo-a-passo que recomendaríamos:<br />

1) Defina, antes de mais nada, o que é um cliente inativo.<br />

2) Segmente seus clientes inativos por volume de compras.<br />

3) Segmente seus clientes por informações disponíveis<br />

de contato (caso necessário).<br />

4) Crie um gatilho automático pré-inatividade.<br />

5) Segmente a carteira de inativos em prioridades.<br />

6) Estabeleça metas de reativação.<br />

7) Defina canais ou ferramentas de comunicação.<br />

8) Desenvolva um plano de ação.<br />

9) Crie campanhas de reativação, incluindo scripts/roteiros<br />

de reativação e materiais de apoio.<br />

10) Faça um trabalho de acompanhamento, revisão e melhoria.<br />

Assim, você cria um modelo kaizen (hoje melhor do que<br />

ontem, amanhã melhor do que hoje) de reativação de clientes<br />

e passa a ter padrões, processos e procedimentos<br />

claros para lidar de maneira eficiente e estratégica com<br />

essa verdadeira mina de diamantes.<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 45


Na <strong>VendaMais</strong> de janeiro de 2016, a<br />

matéria de capa apresentou o quebra-<br />

-cabeça do sucesso em vendas. Venda<br />

de mix e recuperação de clientes inativos<br />

eram duas das peças do jogo. Para ler a<br />

reportagem na íntegra e entender melhor<br />

o que foi proposto nesses dois tópicos,<br />

acesse bit.ly/vmjan16<br />

5. Prospecção de novos<br />

clientes<br />

Definição de PCI – perfil de cliente ideal.<br />

Mapa mental de mídias e canais disponíveis.<br />

Retorno sobre investimento da prospecção (custo<br />

de aquisição).<br />

Gatilhos mentais da prospecção.<br />

Possíveis propostas/estratégias de prospecção.<br />

Estudos de caso e melhores práticas.<br />

6 passos para fazer a prospecção<br />

fluir em sua empresa<br />

1) Defina o perfil do cliente ideal (PCI) – Atirar<br />

para todos os lados não é uma estratégia de prospecção<br />

eficaz. Para trazer prospects de potencial para sua<br />

carteira de clientes, você precisa entender quem são<br />

essas pessoas. Para isso, defina seu perfil de cliente<br />

ideal (PCI) seguindo estes passos:<br />

a) Escolha entre três e cinco clientes de sua carteira<br />

que você considera clientes ideais. Aqueles<br />

que, se todos os clientes fossem iguais a<br />

eles, você seria o vendedor mais feliz do mundo.<br />

Analisando esses clientes perfeitos, o que<br />

eles têm em comum? Pense em quais são as<br />

características demográficas, geográficas e<br />

psicográficas semelhantes e qual perfil de<br />

consumo eles têm em comum e anote tudo.<br />

b) Escolha as três características mais importantes<br />

dentre as listadas previamente.<br />

c) Defina quais são os problemas que você ajuda<br />

esses clientes ideais a resolver.<br />

d) Reflita sobre que outros três diferenciais<br />

(além do preço) esses clientes ideais valorizam<br />

em sua empresa.<br />

e) Junte tudo isso e crie o descritivo de cliente<br />

ideal: “Meu cliente ideal é aquele que tem tal,<br />

tal e tal características, que está procurando<br />

resolver os problemas X, Y e Z e que valoriza<br />

tal, tal e tal diferenciais da minha empresa.”<br />

Com esse descritivo, o seu radar começa a ficar<br />

ligado. Você ativa o cérebro para procurar por pessoas<br />

assim, passa a reconhecer muito mais rapidamente os<br />

prospects que têm mais potencial de virarem clientes e<br />

que merecem ser trabalhados com ainda mais cuidado.<br />

Além disso, com o PCI, você tem muito mais eficiência,<br />

porque aproveita melhor cada contato. Você<br />

também tem mais chances de receber indicações, pois<br />

ao trabalhar focado em um determinado grupo de<br />

clientes potenciais, eles conseguem entender claramente<br />

o que você está oferecendo e podem indicar<br />

para outras pessoas, que podem se beneficiar do uso<br />

de seus produtos e serviços.<br />

2) Descubra onde seus clientes ideais estão – e<br />

esteja lá – Assim como dinheiro não cai do céu, o<br />

mesmo vale para novos clientes. Se você quer aumentar<br />

sua carteira, precisa se mexer. Obviamente, a internet<br />

é sua aliada nesse processo. Seus clientes estão<br />

nas redes sociais? Esteja também. Grupos do Facebook<br />

e, principalmente, do LinkedIn podem ser excelentes<br />

canais de prospecção. Mas você pode (e deve!) ir além.<br />

Participe de associações, faça cursos, vá a eventos,<br />

frequente clubes, igrejas... Olhe para o lado! Muitas<br />

vezes, o melhor cliente da sua vida está na panificadora<br />

que você frequenta todos os dias e você ainda<br />

não viu porque não parou para observar.<br />

3) Crie um banco de dados e comunique-se regularmente<br />

com os prospects cadastrados – Fez<br />

um contato com um prospect e o retorno não foi positivo?<br />

Não desista! Crie uma estratégia de comunicação<br />

para ele (e para todos os outros na mesma situação) e<br />

preocupe-se em fortalecer o relacionamento entre<br />

vocês antes de fazer mais uma abordagem de venda.<br />

No fim das contas, o que todo mundo quer é se sentir<br />

valorizado, certo? Por isso, comunique-se com quem<br />

pode comprar de você mais para frente e facilite suas<br />

vendas futuras.<br />

46<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


4) Elabore um script para a prospecção – O script<br />

nada mais é do que uma série de palavras organizadas<br />

de maneira inteligente e planejada para você<br />

provocar o melhor impacto possível no primeiro<br />

contato com o prospect. É composto por um ou dois<br />

parágrafos, que leva trinta segundos no máximo<br />

para o prospect ler ou ouvir e entender como você<br />

pode ajudá-lo. Estes são os quatro tipos de script de<br />

prospecção mais comuns:<br />

a) Script de venda: Usado quando o prospect diz:<br />

“Sim, tenho interesse.”<br />

b) Script de perguntas para levantar necessidades<br />

e descobrir se existe um potencial<br />

futuro: Usado quando o prospect diz: “Agora<br />

não é um bom momento.”<br />

c) Script de perguntas para descobrir quais<br />

são os irritadores de compra do prospect e<br />

quando ele decide trocar de fornecedor e<br />

o porquê: Usado quando ele diz: “Não é um<br />

bom momento, já compro de outra empresa.”<br />

d) Script para tentar descobrir qual é a falha<br />

que está ocorrendo: Usado quando o prospect<br />

simplesmente diz: “Não tenho interesse.”<br />

A ideia não é engessar o contato, mas, sim, ajudar<br />

você a chegar ao prospect preparado para fazer uma<br />

abordagem que gere venda.<br />

5) Peça indicações – Todo mundo tem uma empresa<br />

ou um conhecido que pode usar o que você vende.<br />

Por isso, peça indicações! E mesmo que esse não seja<br />

seu principal canal de geração de novos clientes, não<br />

ignore a possibilidade de aumentar sua base por meio<br />

de indicações. É fácil, barato e extremamente positivo.<br />

6) Faça a roda girar – Torne isso um processo,<br />

mantendo sempre a chama da prospecção acesa e<br />

buscando incessantemente novos prospects para sua<br />

carteira. O resto é consequência!<br />

"Atirar para todos os lados não é uma<br />

estratégia de prospecção eficaz. Para<br />

trazer prospects de potencial para a<br />

sua carteira de clientes, você precisa<br />

entender quem são essas pessoas.<br />

Para isso, defina seu perfil de cliente<br />

ideal (PCI)."<br />

6. Inovação e novos<br />

lançamentos<br />

Pesquisas e NPS para nortear inovação.<br />

Matriz de priorização (como decidir entre muitos<br />

projetos).<br />

Matriz 2 x 2: Preço x Valor (Você x Concorrentes).<br />

Mapa estratégico de oportunidades.<br />

Lembre que o foco aqui é a descoberta de oportunidades.<br />

Então, uma pergunta que gosto de fazer<br />

nessas horas é: qual mudança poderíamos fazer que<br />

traria o máximo de resultados?<br />

Essa pergunta fica ainda mais poderosa se direcionada<br />

à definição de resultados: lucro, participação<br />

de mercado, bloquear a concorrência, atender melhor<br />

clientes, diminuir inadimplência etc. Ou, ainda, aos<br />

itens do <strong>V6</strong>:<br />

1) Que mudança poderíamos fazer para trazer o<br />

máximo de resultados na fidelização de clientes?<br />

2) Que mudança poderíamos fazer para trazer o<br />

máximo de resultados na forma como estamos gerindo<br />

o contato e o atendimento de clientes?<br />

3) Que mudança poderíamos fazer para trazer o<br />

máximo de resultados na quantidade de produtos/<br />

serviços/soluções que os clientes compram de nós<br />

(gestão de mix)?<br />

4) Que mudança poderíamos fazer para trazer o máximo<br />

de resultados na reativação de clientes inativos?<br />

5) Que mudança poderíamos fazer para trazer o máximo<br />

de resultados na prospecção de novos clientes?<br />

6) Que mudança poderíamos fazer para trazer o<br />

máximo de resultados na abertura de novos mercados/segmentos<br />

(ou no lançamento de novos produtos/serviços/soluções)?<br />

Com esse framework (ou metodologia) do <strong>V6</strong> você<br />

tem um processo de brainstorming muito mais claro<br />

e direcionado, criando não apenas iniciativas isoladas<br />

de inovação, mas também um movimento permanente<br />

de melhoria contínua (kaizen!) no seu <strong>planejamento</strong><br />

estratégico <strong>comercial</strong>.<br />

1 Quer conversar sobre como implantar o <strong>V6</strong> na sua<br />

empresa? Escreva para raul@vendamais.com.br.<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 47


Motivação<br />

César Frazão<br />

E<br />

Motivação<br />

além da<br />

"grana"<br />

m tempos duros de vendas, falar sobre motivação<br />

nunca é demais. Afinal, em momentos difíceis, nossos vendedores<br />

enfrentam muitas dificuldades para conseguir fechar<br />

pedidos, e qualquer ajuda extra pode fazer diferença no resultado<br />

final. Sabendo disso e pensando em ajudá-lo a encarar<br />

a crise de cabeça erguida, eu e a <strong>VendaMais</strong> fomos atrás de<br />

novas ideias e formas para você motivar sua equipe de vendas.<br />

Acompanhe!<br />

Ponto de partida<br />

Com quase 2 milhões de livros vendidos sobre como premiar<br />

e motivar seus colaboradores, o especialista norte-americano Bob Nelson ensina<br />

como fazer vendedores terem um desempenho brilhante, muito acima da média,<br />

usando fatores motivacionais diferentes daqueles com os quais estamos acostumados.<br />

O mais incrível é que, geralmente, não é um aumento de comissão que<br />

cumpre esse papel, mas pequenos gestos e atitudes que não custam nada – ou<br />

custam muito pouco – e têm um efeito avassalador na motivação das equipes<br />

comerciais.<br />

Por exemplo, um simples "obrigado" ou "meus parabéns" ditos com sinceridade<br />

e um sorriso no rosto são capazes de motivar um vendedor, e se forem ditos de<br />

maneira especial e diferenciada – através de um bilhete, um e-mail com cópia<br />

48<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


para toda a equipe, uma mensagem<br />

no grupo do time no WhatsApp ou<br />

um post em uma rede social – são<br />

marcantes e transformadores na<br />

vida de um profissional que está se<br />

esforçando para ter um bom desempenho.<br />

O fato é que achar que os vendedores<br />

já estão sendo pagos para<br />

fazer um bom trabalho e que, portanto,<br />

não é necessário elogiá-los e<br />

agradecê-los é um erro muito comum<br />

entre os gerentes de vendas mais<br />

“durões”. É verdade que as pessoas<br />

são pagas para venderem bem, mas<br />

isso não é suficiente para que deem<br />

o melhor de si. Mas, infelizmente, a<br />

maioria dos gerentes de vendas parece<br />

sofrer de uma espécie de miopia<br />

gerencial ou de uma vergonha que<br />

os impede de elogiar e, assim, perde-<br />

-se uma fonte poderosa de energia<br />

motivadora para ajudar nos resultados<br />

de vendas.<br />

Outro ponto importante é o<br />

seguinte: existe algum motivo nobre,<br />

algo pessoal que o vendedor<br />

quer conquistar? Grandes vendedores<br />

sempre utilizam algo pessoal<br />

como combustível para se motivarem.<br />

Eles olham para os sonhos<br />

que querem realizar e isso age como<br />

uma espécie de "espinafre do<br />

Popeye", dando-lhes energia extra.<br />

O problema é que só os campeões<br />

de vendas agem assim. Os<br />

outros 90% dos vendedores comuns<br />

não têm essa habilidade por conta<br />

própria. É justamente aí que<br />

entra o bom gerente de vendas.<br />

Ele deve trabalhar para descobrir<br />

quais são os sonhos de cada um<br />

dos membros de sua equipe e usar<br />

isso como fonte de motivação, porque,<br />

como destaca Michael Malaghan,<br />

especialista em vendas e<br />

autor de vários best-sellers, o que<br />

mais motiva um vendedor é o seu<br />

próprio sonho!<br />

Mas não é só isso que funciona<br />

para motivar uma equipe de vendas.<br />

Além dos elogios, do reconhecimento<br />

em público e do uso dos sonhos<br />

como fator motivacional, outras<br />

formas inusitadas de motivação podem<br />

fazer grande sucesso em sua<br />

empresa. Confira algumas delas:<br />

Depoimentos de clientes satisfeitos –<br />

Saber que os clientes estão felizes<br />

utilizando os produtos ou<br />

serviços que sua empresa vende<br />

é um fator motivacional muito<br />

importante para os vendedores<br />

– principalmente para os novatos,<br />

que se sentem inseguros e<br />

a quem falta experiência. Por<br />

isso, sempre que possível, compartilhe<br />

com seus vendedores<br />

mensagens elogiosas enviadas<br />

por seus clientes.<br />

Indicações de novos clientes – Motiva<br />

muito também porque gera<br />

novas vendas. Portanto, ensinar<br />

a equipe a sempre pedir indicações<br />

é motivar os profissionais indiretamente.<br />

Lembrar-se das conquistas do passado<br />

– Os vendedores têm o hábito<br />

de focar nos fracassos e se esquecem<br />

de olhar para todas as conquistas<br />

que tiveram. É papel do líder fazê-<br />

-los se lembrarem do passado focando<br />

nas coisas boas. Essa é uma<br />

das coisas que muda o ânimo dos<br />

vendedores com mais rapidez.<br />

Readequar a meta de vendas – Rever<br />

e reajustar a meta, aumentando o<br />

prazo, traz um alívio para o vendedor<br />

que está muito longe de atingir<br />

os objetivos traçados e o motiva a<br />

continuar nessa nova etapa.<br />

Folgas no trabalho – Conheci uma<br />

empresa em Miami que, quando o<br />

vendedor bate a meta de vendas,<br />

ganha o direito de tirar um dia de<br />

folga para descansar ou passear<br />

com a família. Isso custa muito<br />

pouco para a empresa, serve de<br />

incentivo para o restante do grupo<br />

e valoriza o vendedor perante a<br />

família e os amigos.<br />

Permissão para entrar mais tarde numa<br />

segunda-feira ou sair mais cedo numa<br />

sexta-feira – Essas também são formas<br />

de motivar se você não quiser<br />

dar o dia inteiro de folga – e têm<br />

praticamente o mesmo efeito motivacional.<br />

Concessão de benefícios extras – Um<br />

convênio odontológico, um vale-<br />

-alimentação, um ou dois tanques<br />

de combustível grátis. São coisas<br />

baratas, mas inesquecíveis.<br />

Cestas básicas – Dependendo do<br />

nível social dos vendedores, as cestas<br />

básicas são muito úteis e têm<br />

grande efeito na vida do profissional.<br />

Uma vaga no estacionamento da diretoria<br />

da empresa – Dependendo da<br />

região onde a empresa está localizada,<br />

um estacionamento mensal<br />

chega a custar R$450 por mês –<br />

como na Av. Paulista, em São Paulo<br />

(SP). Uma vaga, nesse caso, portanto,<br />

é uma boa motivação!<br />

Envio de flores – Uma forma de<br />

motivação gentil e delicada, boa<br />

para motivar vendedoras no momento<br />

certo.<br />

Um celular mais moderno – Trocar<br />

os celulares dos vendedores que<br />

fizeram um bom trabalho durante<br />

um período é uma boa ideia de<br />

motivação. Conheci uma empresa<br />

de consórcio que irá dar o mais<br />

moderno iPhone para todos os que<br />

baterem a meta do ano. A equipe<br />

está pegando fogo com isso!<br />

Existem muitas outras formas<br />

de motivar um vendedor. Use a criatividade<br />

e a sua sensibilidade para<br />

encontrar as mais adequadas à sua<br />

realidade. Mas lembre-se: o mais<br />

importante é nunca se esquecer de<br />

elogiar, agradecer e se comprometer<br />

com os sonhos seu vendedor.<br />

Boas vendas e sucesso!<br />

"Achar que o<br />

vendedor já<br />

está sendo pago<br />

para fazer um<br />

bom trabalho<br />

e, portanto, não<br />

é necessário<br />

elogiá-lo e<br />

agradecê-lo é<br />

um erro muito<br />

comum entre<br />

os gerentes de<br />

vendas."<br />

César Frazão é palestrante<br />

e instrutor de vendas,<br />

especializado em técnicas<br />

de vendas e motivação<br />

Visite o site:<br />

www.cesarfrazao.com.br<br />

E-mail:<br />

cesarfrazao@cesarfrazao.<br />

com.br<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 49


Negociação<br />

Silvia Candeloro<br />

Cada dia<br />

melhor<br />

F<br />

azer negociações cada vez melhores é o<br />

que todos desejamos. Para isso, cuidamos de como<br />

entrar em sintonia com nossos clientes, buscamos<br />

sempre a melhor forma de levantar todas as informações<br />

necessárias para apresentar uma excelente proposta,<br />

procuramos entender como sustentar o preço<br />

e valorizar nosso produto ou serviço e conseguir fazer<br />

um ótimo fechamento em cada oportunidade perante<br />

um prospect ou cliente, entre outras coisas. Mas nem<br />

sempre o fluxo da negociação é tão perfeito, não é<br />

mesmo? E o que fazer quando nos damos conta de<br />

que negociamos mal? A resposta depende do ponto<br />

em que a negociação se encontra. Vamos trabalhar<br />

com três cenários possíveis...<br />

50<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


1 o Cenário – Você ficou com a sensação de<br />

que não fez o seu melhor e perdeu a venda.<br />

Sabe quando o cliente diz que seu<br />

concorrente está com o mesmo produto/serviço,<br />

por X a menos, e que<br />

se você não acompanhar o preço,<br />

ele irá comprar da concorrência?<br />

Numa situação como essa, é<br />

muito difícil saber se o cliente está<br />

dizendo a verdade, se está comparando<br />

produtos/serviços exatamente<br />

iguais ou se está usando<br />

uma estratégia comum dos compradores:<br />

o blefe.<br />

Se você demonstrar (ou o cliente<br />

sentir) de alguma forma que<br />

você duvida do que ele está dizendo,<br />

ele ficará ofendido! Sendo<br />

assim, existem cinco coisas que<br />

você pode fazer:<br />

a) Se tiver como confirmar a<br />

informação – sem o cliente saber<br />

–, faça isso!<br />

b) Revise todos os diferenciais<br />

do seu produto/serviço, para que<br />

ele tenha certeza de que está comparando<br />

produtos/serviços iguais.<br />

c) Negocie valor até onde for<br />

conveniente para sua empresa.<br />

Se o cliente resolver ir embora,<br />

lamentável, mas paciência. Para<br />

manter a saúde financeira do negócio,<br />

precisamos preservar a<br />

margem.<br />

d) Muito cuidado com a forma<br />

como vão se despedir. Deixe claro<br />

que você adoraria ter fechado<br />

a venda, mas que mais importante<br />

do que a venda fechada é a<br />

satisfação do cliente. Deixe seu<br />

cartão de visitas, com telefone de<br />

contato, e diga que ele pode ficar<br />

à vontade para voltar a telefonar<br />

para você.<br />

e) Passados alguns dias (entre<br />

três e cinco, no máximo), ligue<br />

para o cliente e pergunte se ele<br />

finalizou a compra naquele concorrente<br />

que (teoricamente) tinha<br />

o valor mais baixo. Nesse passo,<br />

cuide muito do seu tom de voz.<br />

Explique que está ligando porque<br />

já viu vários casos em que, quando<br />

o cliente voltava na empresa<br />

que prometia o mesmo produto/<br />

serviço por um preço menor, alguma<br />

informação não tinha sido<br />

bem passada ou compreendida e,<br />

por isso, muitos clientes acabavam<br />

voltando para comprar com você.<br />

Nessa ligação, você também pode<br />

ter novos argumentos e até –<br />

quem sabe – uma nova proposta.<br />

Às vezes, os clientes blefam de<br />

tal forma que quando o vendedor<br />

não aceita aquela proposta, a única<br />

opção é sair da negociação. Cabe<br />

ao vendedor deixar uma alternativa<br />

de retorno para que o cliente<br />

possa retomar a negociação de<br />

onde abandonou sem se sentir mal.<br />

Seja persistente nessa “repescagem”<br />

de clientes perdidos, você<br />

pode se surpreender! E caso o cliente<br />

confirme que já comprou no seu<br />

concorrente, não perca a linha.<br />

Diga, com sinceridade na voz, que<br />

deseja que ele seja feliz com a compra<br />

e que você segue à disposição<br />

caso ele precise.<br />

2 o Cenário – No meio da negociação, você<br />

se arrepende de algo que propôs.<br />

Enquanto a negociação está em<br />

andamento, ainda há tempo de<br />

voltar atrás. Claro que se o motivo<br />

não for bem explicado, pode gerar<br />

uma situação chata. Por isso, minha<br />

sugestão é: não enrole, seja honesto,<br />

franco e explique claramente<br />

que se enganou ou que foi precipitado<br />

ao aceitar alguma coisa que<br />

não poderia.<br />

Pense com calma, reveja todos<br />

os pontos que precisam de ajustes<br />

e sente para renegociar todos de<br />

uma única vez – essa forma é<br />

menos traumática do que voltar<br />

atrás mais de uma vez na mesma<br />

negociação.<br />

E lembre-se: quanto antes resolver<br />

a situação, melhor!<br />

3 o Cenário – Você fechou o negócio, mas<br />

sabe que cedeu além do que devia.<br />

Se você conseguiu chegar a essa<br />

conclusão, já está de parabéns! A<br />

maioria dos vendedores nessa situação<br />

pensaria que fez o necessário<br />

para fechar o negócio e, mesmo<br />

que tivesse cedido além do desejado,<br />

se “desculparia” por isso.<br />

A melhor forma de evitar uma<br />

negociação ruim é fazer e seguir<br />

seu <strong>planejamento</strong>. Segue abaixo<br />

uma checklist do que você precisa<br />

saber para aumentar as chances<br />

de fazer um bom negócio. Todo<br />

final de tarde, reveja suas negociações<br />

e faça uma autoavaliação<br />

com sinceridade, dando a si mesmo<br />

uma nota de zero a dez nos<br />

seguintes pontos:<br />

Eu tinha informações suficientes<br />

e corretas sobre os concorrentes?<br />

Consegui perceber qual o perfil<br />

do cliente e me alinhei com<br />

a sua forma de pensar?<br />

Utilizei, na minha apresentação,<br />

as informações do cliente levantadas<br />

antes do encontro?<br />

Entendi e tentei atender as necessidades<br />

do cliente?<br />

Mantive o foco nos meus objetivos<br />

– apesar da pressão durante<br />

a venda?<br />

Estava preparado para as objeções<br />

que apareceram?<br />

Consegui responder as objeções<br />

de forma segura e convincente?<br />

Troquei estrategicamente as<br />

concessões?<br />

Usei corretamente as técnicas<br />

de fechamento?<br />

Certamente, a avaliação contínua<br />

é a chave do seu sucesso. Pode<br />

apostar que, com isso, você vai<br />

errar cada vez menos!<br />

"Às vezes, os<br />

clientes blefam<br />

de tal forma que<br />

quando o vendedor<br />

não aceita aquela<br />

proposta, a única<br />

opção é sair da<br />

negociação. Cabe<br />

ao vendedor deixar<br />

uma alternativa<br />

de retorno para<br />

que o cliente<br />

possa retomar a<br />

negociação de onde<br />

abandonou sem se<br />

sentir mal."<br />

Silvia Candeloro é especialista<br />

e estudiosa na área de<br />

negociação, treina equipes<br />

comerciais e assessora<br />

empresários e executivos,<br />

além de ser palestrante.<br />

Possui MBA em Gestão<br />

Empresarial pela FGV, é<br />

professora de Negociação<br />

no Centro Europeu e autora<br />

do Kit de Negociação<br />

<strong>VendaMais</strong>. Foi, durante<br />

16 anos, sócia e diretora da<br />

Editora Quantum.<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 51


Inteligência em Vendas<br />

Marcelo Ortega<br />

Foque no<br />

cliente certo!<br />

Dentre as melhores ferramentas de vendas que conheci<br />

na vida, a arte de fazer as perguntas certas é a principal delas. Mas<br />

tão importante quanto saber perguntar é saber decidir seu foco. E<br />

para ajudar nessa missão, existe uma ferramenta poderosa: a matriz<br />

estratégica de prospecção – clientes por volume versus barganha,<br />

que é simples de fazer e nos faz realmente pensar se estamos<br />

trabalhando do jeito certo, com a base de clientes que nos valoriza<br />

e na qual vale a pena focar.<br />

Não estou dizendo que devemos descartar clientes num primeiro<br />

olhar – aliás, sou um dos que mais defendem que é um<br />

grande erro prejulgar o cliente antes de uma boa qualificação.<br />

Porém, clientes que não podem comprar e que não colocam o seu<br />

valor em primeiro lugar não devem ficar no topo das suas prioridades.<br />

Uma vez, um corretor de imóveis me disse: “Eu atendo muitos 'bolulas' (clientes que<br />

só perguntam, pedem informações e não compram).” E eu questionei: “Você faz perguntas<br />

de qualificação antes de mostrar o produto?” Ele disse: “Nem sempre, pois eles<br />

querem ver logo o empreendimento e saber o preço.”<br />

Primeiramente: pare de chamar o cliente disso ou daquilo. Clientes são as nossas<br />

principais unidades de lucro. Entenda que se você mostrar um produto ou serviço sem<br />

entender a situação do prospectivo contato, poderá ter como resposta: “Legal, se eu<br />

tivesse dinheiro, eu compraria.”<br />

Uma das formas de qualificar<br />

clientes é fazendo todas ou algumas<br />

das sete perguntas abaixo:<br />

1. O que você procura?<br />

2. O que você usa ou detém hoje?<br />

3. Qual a importância estratégica<br />

disso em sua vida (ou em<br />

sua empresa)?<br />

4. Qual seu papel na empresa?<br />

(Ou: De quem dependerá essa<br />

decisão de compra?)<br />

5. Qual é, aproximadamente, o<br />

tempo total para tomar uma<br />

decisão?<br />

6. Existe verba alocada para essa<br />

compra?<br />

7. O que pode impedir você de<br />

realizar esse objetivo? (Identifica<br />

possíveis objeções futuras)<br />

52<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


Depois de qualificar seus<br />

clientes é que seu processo de<br />

vendas verdadeiramente deve<br />

começar: criação de interesse 3<br />

sondagem mais completa (perguntas<br />

abertas, fechadas, diretas)<br />

3 apresentação da solução 3<br />

negociação 3 fechamento.<br />

Durante o processo de vendas,<br />

quando estamos qualificando<br />

o cliente, o uso de uma<br />

matriz estratégica de prospecção<br />

pode ajudá-lo a organizar melhor<br />

o seu tempo, o seu foco, o<br />

esforço que você dedicará na<br />

condução do contato. Na prática,<br />

funciona assim:<br />

Clientes-chave parceiros: São<br />

aqueles que compram bem e,<br />

portanto, são significativos em<br />

seu faturamento ou escoamento<br />

de produtos. Devem ter prioridade<br />

e foco. É neles que você dedicará<br />

a maior parte de seu tempo.<br />

Clientes pequenos e parceiros:<br />

São aqueles de que precisamos<br />

cuidar porque valorizam<br />

nosso produto e ainda não<br />

compram tanto quanto os<br />

clientes-chave parceiros – mas<br />

em breve podem se tornar compradores<br />

grandes e prioritários.<br />

Por serem parceiros, também<br />

merecem dedicação e foco.<br />

QUEM É O CLIENTE?<br />

Classifique seus clientes na Matriz Estratégica de Prospecção - MEP<br />

Clientes<br />

Importância do faturemento<br />

ALTA<br />

BAIXA<br />

BAIXA<br />

Clientes<br />

Orientações para barganha<br />

CLIENTES-CHAVE<br />

PARCEIROS<br />

Dedicar foco prioritário<br />

e vantagens<br />

CLIENTES PEQUENOS<br />

PARCEIROS<br />

Estimular o<br />

crescimento<br />

CLIENTES-CHAVE<br />

BARGANHADORES<br />

Negociar com<br />

firmeza<br />

CLIENTES PEQUENOS<br />

BARGANHADORES<br />

Desestimular e/ou<br />

eliminar<br />

ALTA<br />

Clientes-chave barganhadores:<br />

São importantes para<br />

seu volume de faturamento,<br />

mas podem ser letais para sua<br />

lucratividade. Se você tem muitos<br />

clientes assim, corre um<br />

risco enorme de comprometer<br />

a saúde financeira do seu negócio.<br />

É preciso negociar com<br />

mais firmeza e buscar deixar<br />

a cultura de “vender preço” de<br />

lado e evoluir para a venda de<br />

valor. Dedique-se a isso ou avalie<br />

se vale a pena manter esse<br />

tipo de cliente em sua base.<br />

Clientes pequenos barganhadores:<br />

Não compram muito<br />

e só visam a barganha, o<br />

desconto. Esse tipo de cliente<br />

não interessa à maioria das empresas<br />

ou negócios. São aqueles<br />

que não podem comprar seu<br />

produto, mas tomam muito do<br />

seu tempo, comprometendo sua<br />

produtividade. É preciso desestimular<br />

esse cliente, pois não<br />

vale a pena se dedicar a ele.<br />

Se você fizer uma análise de<br />

pós-qualificação de todos os seus<br />

negócios em andamento, deverá<br />

estabelecer métodos diferentes de<br />

vendas para cada caso e se focar<br />

verdadeiramente no canal ou no<br />

cliente final que trará lucratividade<br />

e saúde financeira para o<br />

negócio.<br />

Sempre digo que cada vendedor<br />

tem o cliente que merece, porque<br />

somos responsáveis por ensinar os<br />

outros como queremos ser tratados.<br />

O líder pode monitorar sua<br />

equipe, usando a matriz e as informações<br />

de qualificação em suas<br />

reuniões globais e individuais.<br />

Para tanto, um bom dever de casa<br />

para quem lidera equipes de vendas<br />

é responder às seguintes perguntas:<br />

1. Qual a proporção de negócios<br />

em andamento com cada tipo<br />

de cliente?<br />

2. Qual volume de desconto dado<br />

aos clientes barganhadores,<br />

mas significativos?<br />

3. Qual o plano de ação para<br />

transformar barganhas em<br />

uma relação de valor, de parceria?<br />

4. Quantos clientes precisam ser<br />

desestimulados por minha<br />

equipe de vendas? Como podemos<br />

fazer isso sucessivamente<br />

para posicionar melhor a<br />

equipe em negócios saudáveis?<br />

5. Como irei treinar meus vendedores<br />

em termos de prospecção,<br />

sondagem, apresentação<br />

de propostas, negociação e fechamento<br />

com qualidade?<br />

Essas informações e ações determinam<br />

o sucesso em vendas e<br />

dão bons indicadores de desempenho<br />

para tomada de decisões.<br />

Cabe a você buscar bons negócios<br />

e criar oportunidades reais, sem<br />

blefes ou ilusões.<br />

Quando não qualificamos bem<br />

nossos prospects, tornamos nossa<br />

empresa uma verdadeira “fábrica<br />

de propostas”, instável e sem boas<br />

perspectivas para o futuro. Logo,<br />

fracassamos também.<br />

Pense nisso e muito sucesso!<br />

"Durante o<br />

processo de<br />

vendas, quando<br />

estamos<br />

qualificando o<br />

cliente, o uso<br />

de uma matriz<br />

estratégica<br />

pode ajudá-lo<br />

a organizar<br />

melhor o seu<br />

tempo, o seu<br />

foco, o esforço<br />

que você<br />

dedicará na<br />

condução do<br />

contato."<br />

Marcelo Ortega é palestrante<br />

internacional de vendas e<br />

liderança gerencial. Autor do<br />

best-seller Sucesso em vendas,<br />

entre outros livros.<br />

Visite: www.marceloortega.<br />

com.br<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 53


Comportamento / POR Luiz Gaziri<br />

Eu sorrio<br />

porque vendo<br />

ou vendo<br />

porque sorrio?<br />

odos nós conhecemos um<br />

vendedor que parece estar eternamente<br />

de bem com a vida.<br />

Não importa o momento em que<br />

o encontramos, ele está sorrindo.<br />

Quando todos estão preocupados<br />

e tensos, a chegada<br />

desse vendedor parece mudar<br />

a energia do ambiente. Até aquele<br />

cliente conhecido por ser nervoso<br />

age diferente na presença dele.<br />

Mas o que explica o fato de certas pessoas<br />

serem mais felizes do que outras? E qual é a razão<br />

de nos sentirmos bem quando interagimos com<br />

alguém que está de bom humor? Será que algumas<br />

pessoas têm o dom de fazer os outros se<br />

sentirem melhor? As respostas para essas perguntas<br />

– fundamentais para o sucesso de um<br />

profissional de vendas – exigem uma pequena<br />

viagem ao mundo da ciência...<br />

54<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 55


Em 1984, estudantes da Universidade de Illinois<br />

(EUA) participaram de um experimento em que<br />

uma das tarefas consistia em segurar uma caneta<br />

na boca enquanto avaliavam quão engraçadas eram<br />

algumas tiras de quadrinhos. Um dos grupos deveria<br />

segurar a caneta com os lábios, o que fazia<br />

com que seus músculos faciais se contraíssem.<br />

Outro grupo deveria segurar a caneta com os dentes,<br />

o que fazia seus músculos faciais expressarem<br />

um sorriso. Ao final, os pesquisadores Fritz Strack,<br />

Leonard Martin e Sabine Stepper identificaram que<br />

os alunos que seguraram a caneta com os dentes,<br />

forçando um sorriso, avaliaram os quadrinhos como<br />

mais engraçados do que seus colegas que seguraram<br />

a caneta com os lábios.<br />

Saímos dos Estados Unidos e vamos até a Itália.<br />

Em 1991, em um laboratório da Universidade de<br />

Parma, um macaco estava sentado numa cadeira<br />

especial, aguardando um grupo de cientistas retornar<br />

do almoço. O animal estava com uma série de<br />

fios ligados às regiões de seu cérebro relacionadas<br />

ao <strong>planejamento</strong> e aos movimentos corporais. Toda<br />

vez que ele se movia ou segurava um objeto, algumas<br />

células de seu cérebro se tornavam ativas e um<br />

monitor emitia um som: blip, blip, blip.<br />

Um aluno que trabalhava como assistente do<br />

Prof. Giacomo Rizzolatti voltou de seu almoço segurando<br />

uma das obras-primas da culinária italiana:<br />

um sorvete de casquinha. Ao levar o sorvete<br />

até a boca, o assistente ouviu um som: blip, blip,<br />

blip. Ele rapidamente olhou para o macaco, mas o<br />

animal estava parado. Então, o assistente levou<br />

novamente o sorvete até a boca, desta vez, olhando<br />

fixamente para o macaco: blip, blip, blip, soou o<br />

monitor. O animal continuava imóvel.<br />

O corpo fala<br />

Esses dois estudos nos trazem uma maior compreensão<br />

sobre a influência da postura corporal nas<br />

emoções que sentimos, bem como a maneira como<br />

nosso cérebro interpreta estímulos de movimento<br />

vindos de outras pessoas. O entendimento desses<br />

dois fenômenos é de extrema importância para<br />

melhorar a performance de vendedores.<br />

Para começar, a postura que um vendedor assume<br />

ao se preparar para uma visita influencia<br />

diretamente no seu desempenho. Mas não é só isso.<br />

A postura corporal do vendedor durante a visita<br />

não influencia apenas o seu desempenho, mas<br />

também o desempenho do cliente. E mais: o que<br />

pouca gente se dá conta é que a postura que o<br />

cliente assume durante a visita também influencia<br />

os resultados do vendedor.<br />

Amy Cuddy, professora da Universidade de<br />

Harvard, vem estudando o fenômeno de como nossa<br />

postura corporal envia informações para nosso<br />

cérebro que, em contrapartida, faz com que certos<br />

hormônios sejam liberados ou suprimidos em nossa<br />

corrente sanguínea. Num estudo realizado por<br />

ela, os participantes foram divididos em dois grupos.<br />

As pessoas de um dos grupos foram solicitadas a<br />

permanecer dois minutos com uma “postura de<br />

falta de poder” – pernas ou braços cruzados, uma<br />

das mãos junto ao pescoço, cabeça e coluna inclinadas<br />

para baixo, ombros encolhidos, pernas juntas,<br />

etc. – como na figura abaixo:<br />

Já o outro grupo foi solicitado a assumir uma<br />

“postura de poder” – peito estufado, coluna e ombros<br />

retos, cabeça levemente inclinada para cima,<br />

pernas e braços mais abertos:<br />

Antes e depois desses dois minutos, a equipe de<br />

pesquisa mediu os níveis de dois hormônios nos<br />

participantes: cortisol e testosterona. Vamos explicar<br />

brevemente o que cada um desses hormônios<br />

provoca no corpo.<br />

Quanto mais cortisol na nossa corrente sanguínea,<br />

mais limitados ficam nosso pensamento e<br />

nossa criatividade. Ele ativa mecanismos de defesa<br />

e conflito, dificulta a percepção de coisas positivas<br />

e faz com que passemos a encarar momentos negativos<br />

como piores do que realmente são.<br />

O cortisol demora para ser metabolizado pelo<br />

organismo. Por isso, toda vez que temos contato<br />

com uma notícia negativa, nós a guardamos em<br />

nossas mentes durante um bom tempo. É por causa<br />

do cortisol que, quando ficamos nervosos durante<br />

uma discussão, não conseguimos encontrar<br />

FotoS: Amy Cuddy, Universidade de Harvard<br />

56<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


ons argumentos (que só conseguimos lembrar<br />

minutos depois, após termos nos acalmado).<br />

Já a testosterona, quando presente em maior<br />

quantidade na corrente sanguínea, aumenta a confiança,<br />

faz com que nos sintamos mais poderosos,<br />

melhora drasticamente a habilidade de comunicação<br />

e faz com que tenhamos melhores resultados<br />

em qualquer desafio.<br />

Voltando ao experimento de Amy Cuddy, os<br />

níveis desses hormônios tiveram mudanças significativas<br />

de acordo com a postura que cada grupo<br />

assumiu. O primeiro grupo teve um aumento de<br />

15% no cortisol e uma diminuição de 10% nos níveis<br />

de testosterona. Já o grupo que ficou numa pose de<br />

poder teve resultados contrários: uma diminuição<br />

de 25% no cortisol e um aumento de 20% na testosterona.<br />

Isso significa que a postura que um vendedor<br />

assume durante o seu dia e, principalmente,<br />

antes e durante uma visita afeta diretamente no<br />

seu estresse e na sua confiança, o que, consequentemente,<br />

fará com que ele tenha piores ou melhores<br />

resultados.<br />

Alex Korb, professor e pesquisador da Universidade<br />

da Califórnia em Los Angeles (UCLA), revela<br />

que o nosso cérebro está constantemente procurando<br />

dicas de como devemos nos sentir, e uma<br />

das formas do cérebro obter essas dicas é através<br />

da percepção de quais músculos do nosso corpo<br />

estão contraídos ou expandidos, um processo chamado<br />

de biofeedback. Isso significa que a mente<br />

muda o corpo, mas que o corpo também muda a<br />

mente.<br />

Korb explica, por exemplo, que usar ou não usar<br />

óculos escuros durante um dia ensolarado afeta<br />

diretamente a sua felicidade. Ao não usar os óculos,<br />

naturalmente assumimos uma expressão facial<br />

contraída, fazendo com que nossas sobrancelhas<br />

fiquem mais juntas. Automaticamente, o cérebro<br />

interpreta essa informação como uma expressão<br />

de raiva, portanto, indica para o nosso corpo que<br />

ele deve aumentar o nível de cortisol e outros hormônios<br />

relacionados a este sentimento.<br />

O biofeedback é o responsável pelo fato de as<br />

pessoas que seguraram a caneta com os dentes –<br />

obrigando o rosto a expressar um sorriso – avaliarem<br />

os quadrinhos como mais engraçados do que<br />

as pessoas que seguraram a caneta com os lábios<br />

– forçando o rosto a ter uma expressão de tristeza.<br />

O cérebro interpretou a expressão facial dessas<br />

pessoas como sendo de felicidade e, portanto, regulou<br />

seus hormônios para entregá-las exatamente<br />

o que estavam expressando.<br />

"A postura que um<br />

vendedor assume<br />

durante o seu dia<br />

e, principalmente,<br />

antes e durante<br />

uma visita, afeta<br />

diretamente no seu<br />

estresse e na sua<br />

confiança, o que,<br />

consequentemente,<br />

fará com que<br />

ele tenha piores<br />

ou melhores<br />

resultados."<br />

Da mesma forma, você já notou que quando um<br />

corredor vence uma prova, ao cruzar a linha de<br />

chegada, ele naturalmente levanta seus braços,<br />

sinalizando para o seu cérebro que obteve sucesso?<br />

Essa não é a mesma postura que você faz quando<br />

seu time de futebol marca um gol? Acontece que,<br />

toda vez que percebemos que fomos bem-sucedidos,<br />

nosso corpo naturalmente assume uma postura de<br />

poder. Mas, conhecendo o biofeedback, se expandirmos<br />

o nosso corpo antes de um desafio, o nosso<br />

cérebro irá se esforçar para nos entregar condições<br />

para termos mais sucesso. Incrível, não é mesmo?<br />

A prof. Amy Cuddy falou sobre esse assunto<br />

no TED. A palestra está disponível em bit.ly/<br />

amy-cuddy_TED<br />

Na prática<br />

Diversos estudos científicos mostram que poses de<br />

poder estão diretamente ligadas à maior criatividade<br />

e a melhores avaliações do cliente. Sabendo<br />

disso, antes de uma visita, e num lugar onde ninguém<br />

possa vê-lo, assuma uma postura de poder<br />

– fique em pé, com a coluna ereta, incline um pouco<br />

a cabeça para cima, estufe o peito, erga os braços<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 57


"Ao invés de<br />

esperar o<br />

fechamento<br />

de uma venda<br />

para então<br />

sorrir, você<br />

sabe que tem<br />

o poder de<br />

sorrir para<br />

fechar a<br />

venda."<br />

como se tivesse marcado um gol na final da Copa do<br />

Mundo, ou coloque suas mãos na cintura, imitando<br />

a pose do Super-Homem. Fique assim por alguns<br />

minutos e depois vá para a sua visita. Você pode<br />

usar essa técnica, inclusive, no banheiro da empresa<br />

de seu cliente – basta chegar com alguns minutos<br />

de antecedência. Além disso, não se esqueça de<br />

sorrir nos minutos que antecedem o encontro com<br />

o cliente – mesmo que o sorriso seja forçado; o seu<br />

cérebro irá entender essa informação e entregar<br />

felicidade. E se o dia estiver ensolarado, não se esqueça<br />

de usar seus óculos escuros no caminho.<br />

Durante a visita, mesmo que você fique sentado,<br />

procure manter a postura de poder, deixando os<br />

ombros retos e os dois pés no chão, evitando cruzar<br />

as pernas e os braços, posicionando as mãos em<br />

cima das coxas, gesticulando de vez em quando,<br />

expandindo seus braços, e sorrindo sempre que<br />

possível. No caso dos profissionais de vendas, é<br />

importante saber que falar com calma também é<br />

um sinal de poder.<br />

Técnicas de vendas x ciência<br />

Os seres humanos são animais incríveis, todos nós<br />

temos habilidades naturais, mas muitas delas ainda<br />

são desconhecidas.<br />

Há alguns anos a medicina vem estudando os<br />

neurônios espelho. Toda vez que temos contato<br />

com outra pessoa, nós automaticamente queremos<br />

sentir o que ela está sentindo, e é aí que entram<br />

esses neurônios.<br />

Eles são como uma ligação Wi-Fi entre o cérebro<br />

de duas pessoas: se o cliente está com uma expressão<br />

tensa durante a sua visita, automaticamente os<br />

seus neurônios espelho serão ativados, fazendo com<br />

que você sinta a mesma emoção que o cliente está<br />

sentindo. Isso significa não apenas que você é influenciado<br />

pelos sentimentos do seu cliente, mas<br />

que ele também é influenciado pelos seus.<br />

Você se lembra da história do macaquinho e do<br />

assistente de laboratório? Tem tudo a ver com isso!<br />

E representa muito bem o rapport, o ato de imitar<br />

58<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


mente os neurônios espelho dele para que ele também<br />

fale algo positivo para você. Conversas que<br />

começam com assuntos como a crise econômica ou<br />

algum acontecimento negativo raramente irão levar<br />

as partes a um acordo.<br />

A prof. Sonja Lyubomirsky, da University of<br />

California, Riverside, demonstrou, através de suas<br />

pesquisas, que numa conversa entre uma pessoa<br />

positiva e uma negativa vence aquela que se expressa<br />

mais. Portanto, toda vez que o cliente falar algo<br />

negativo, responda com algo positivo e expresse o<br />

máximo de positividade nas suas visitas. Mas também<br />

seja realista: dizer que a economia vai melhorar<br />

amanhã não é ser positivo, é ser iludido. Com o<br />

seu esforço, você pode reescrever o script de uma<br />

conversa, transformando-a de negativa em positiva.<br />

"O rapport é responsável por<br />

aumentar em cinco vezes a<br />

probabilidade de um vendedor<br />

fechar um negócio."<br />

Com isso em mente, entre na sala do cliente com<br />

um sorriso no rosto. Agora que você conhece o<br />

biofeedback e os neurônios espelho, sabe que o seu<br />

sorriso manda uma mensagem direta para o seu<br />

cérebro sobre o que ele deve fazer com seus hormônios,<br />

além de também mandar uma mensagem<br />

direta para os neurônios espelho do seu cliente,<br />

fazendo com que ele queira sentir aquilo que você<br />

está sentindo e, então, passe a imitar o seu sorriso.<br />

Quem diria que a ciência explicaria como um simples<br />

sorriso pode influenciar o seu humor e o de<br />

várias outras pessoas ao mesmo tempo?<br />

Agora que você sabe que não precisa de um<br />

conjunto especial de genes para ser mais feliz ou<br />

para fazer seus clientes mais felizes, pratique as<br />

técnicas deste artigo no seu dia a dia. Ao invés de<br />

esperar o fechamento de uma venda para então<br />

sorrir, você sabe que tem o poder de sorrir para<br />

fechar a venda.<br />

Luiz Gaziri é professor da FAE Business School,<br />

autor do livro A incrível ciência das vendas e<br />

um dos Gigantes das Vendas da <strong>VendaMais</strong>.<br />

Visite o site: luizgaziri.com<br />

gestos, posturas e palavras do cliente para obter<br />

maior sintonia na negociação.<br />

O rapport é responsável por aumentar em cinco<br />

vezes a probabilidade de um vendedor fechar um<br />

negócio. Portanto, imite o seu cliente – a não ser<br />

que ele esteja numa pose de falta de poder, é claro!<br />

A boa notícia é que você pode moldar os sentimentos<br />

do seu cliente de acordo com a sua própria<br />

postura corporal e suas expressões faciais, pois o<br />

rapport também funciona no sentido inverso.<br />

Os seres humanos naturalmente imitam as<br />

posturas, os gestos e as expressões faciais uns dos<br />

outros – algo diretamente relacionado com os neurônios<br />

espelho. Portanto, o seu cliente também<br />

sente vontade de imitar os gestos e as posturas que<br />

você assume numa visita. Por esse motivo é que o<br />

macaquinho do estudo da Universidade de Parma,<br />

mesmo imóvel, emitia sinais cerebrais apenas ao<br />

observar o assistente tomar o sorvete: no momento<br />

em que ele via o assistente levantar o braço, seus<br />

neurônios espelho eram ativados e ele também<br />

sentia vontade de levantar os braços.<br />

Alguns cientistas explicam que essa característica<br />

surgiu na pré-história, quando o ser humano<br />

se comunicava por meio de gestos, pois não existia<br />

linguagem. Movimentos e posturas corporais similares<br />

tinham a função de mostrar pertencimento<br />

a um grupo. Pessoas que tinham movimentos<br />

diferentes eram expulsas desses grupos primitivos,<br />

o que acarretava em suas mortes e, consequentemente,<br />

em menos reprodução.<br />

Como o conjunto dos nossos DNAs visa a sobrevivência<br />

da espécie – o que explica o comportamento<br />

de pais que preferem morrer para salvar<br />

seus filhos, possibilitando aos filhos a passagem de<br />

seus genes para as próximas gerações –, desenvolvemos<br />

os neurônios espelho para que as pessoas<br />

passassem a imitar umas às outras naturalmente,<br />

aumentando a sensação de pertencimento e evitando<br />

que membros fossem expulsos do grupo.<br />

Essa é uma informação poderosa para quem<br />

trabalha com vendas. Toda vez que você estiver<br />

conversando com o cliente e perceber que ele está<br />

com uma postura de falta de poder, mude a sua postura<br />

e faça uma pose de poder discreta: sem perceber,<br />

ele irá imitá-lo, assumindo uma postura mais expansiva,<br />

e o biofeedback fará o restante do serviço.<br />

O resultado disso será uma conversa mais agradável<br />

e mais positiva, uma sintonia maior entre as<br />

partes e uma probabilidade maior de fechamento<br />

de acordos. Lembre-se também de que abordar o<br />

cliente falando algo positivo irá ativar automaticavendamais.com.br<br />

- SETEMBRO-OUTUBRO 2016 59


Inovação<br />

Jerônimo Mendes<br />

A<br />

Comportamento<br />

empreendedor na<br />

área de vendas<br />

braham Maslow, psicólogo norte-americano, afirmava que o “homem criativo<br />

não é aquele sobre o qual se acrescentou algo, mas aquele do qual nada se tirou.” Significa<br />

dizer que todos nascem criativos, mas alguns vão perdendo essa capacidade na medida<br />

em que a sociedade vai impondo regras e moldando o seu comportamento.<br />

Por outro lado, se a criatividade é própria do ser humano e, em geral, o comportamento<br />

pode ser modificado, por que não transformar essa possibilidade em uma vantagem<br />

competitiva para a empresa a partir do estímulo ao comportamento empreendedor, em<br />

especial na área de vendas?<br />

Vendas e financeiro são as áreas em que as pessoas têm mais condições de se comportar<br />

como “donas” do negócio. Na primeira, pela necessidade de interagir com outras pessoas,<br />

de lidar com emoções e de modificar comportamentos – uma característica típica dos<br />

empreendedores. Na segunda, pela necessidade de controlar e aplicar bem o dinheiro,<br />

principalmente quando é dos outros.<br />

Na prática, existe uma grande expectativa dos líderes e donos de empresa e muito<br />

estímulo para que os colaboradores adotem um pensamento empreendedor. Por isso,<br />

60<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


tornou-se comum ouvir alguém<br />

dizer: “Você precisa agir como dono.”<br />

A ideia é interessante, mas<br />

ninguém muda o comportamento<br />

do dia para a noite por meio de<br />

uma simples frase. É necessário<br />

mobilizar as pessoas.<br />

Há algum tempo, li com voracidade<br />

o livro O poder da inovação,<br />

de Luiz Serafim, em que ele narra<br />

sua experiência de vinte anos como<br />

diretor de marketing corporativo<br />

da 3M, considerada uma das empresas<br />

mais inovadoras e vendedoras<br />

do mundo. Com base no livro e<br />

na minha experiência pessoal, adaptei<br />

as bases do pensamento inovador<br />

capaz de fomentar a cultura<br />

empreendedora nas empresas. Sem<br />

elas, penso que as chances de estímulo<br />

ao comportamento empreendedor<br />

são mínimas – principalmente<br />

na área de vendas, que depende<br />

de criatividade, esforço e motivação<br />

todos os dias. Vejamos:<br />

Valores: Tudo começa com a<br />

definição dos valores, os quais,<br />

geralmente, estão associados<br />

ao futuro da organização. Como<br />

queremos ser vistos nos próximos<br />

cinco, dez ou vinte anos?<br />

Você acredita naquilo que a sua<br />

empresa vende? O seu produto<br />

ou serviço contribui para a melhoria<br />

da sociedade? Até onde<br />

vai a integridade da sua empresa,<br />

ou seja, ela pratica os mesmos<br />

valores atribuídos ao seu produto<br />

ou serviço? Sua empresa<br />

vende preço ou vende valor?<br />

Mudança de comportamento: Se<br />

os valores estão claros e a empresa<br />

vai adotar essa bandeira,<br />

o comportamento precisa<br />

mudar. A maneira como as<br />

pessoas trabalham e produzem<br />

algo é um processo que deve<br />

evoluir em todos os níveis hierárquicos.<br />

Um velho ditado<br />

permanece vivo: para obter o<br />

que você nunca obteve, é preciso<br />

fazer algo que você nunca<br />

fez. Simples assim!<br />

Autonomia: Um dos fatores mais<br />

importantes da empresa inovadora<br />

é delegar autonomia às<br />

equipes de trabalho. Quando<br />

se trata de criar, empreender,<br />

inovar e vender, o perfil centralizador<br />

já não funciona<br />

mais. Conceder autonomia não<br />

significa conceder liberdade<br />

total, nem atribuir responsabilidade<br />

maior do que a pessoa<br />

pode suportar, mas, sim, estabelecer<br />

metas desafiadoras e<br />

atingíveis para o fim desejado.<br />

Um <strong>planejamento</strong> <strong>comercial</strong> e<br />

uma política de vendas com<br />

limites de autoridade e responsabilidade<br />

bem definidos são<br />

suficientes.<br />

Estímulo ao comportamento empreendedor:<br />

Num ambiente fechado<br />

a sugestões, onde impera<br />

o medo, a intolerância aos<br />

erros e o desrespeito, não há<br />

como estimular o comportamento<br />

empreendedor. A sensação<br />

de liberdade e autonomia<br />

favorece a concepção de ideias<br />

e a experimentação. As pessoas<br />

só conseguem contribuir quando<br />

se sentem livres para criar<br />

e propor ideias sem retaliação.<br />

Cultura de tolerância ao erro:<br />

Quem empreende e ousa buscar<br />

novas trilhas que levam a melhores<br />

resultados nem sempre<br />

consegue acertar. Portanto,<br />

criar, inovar e empreender é<br />

sinônimo de arriscar. Erros são<br />

comuns e inerentes ao processo<br />

de inovação. Tolerar fracassos<br />

é vital para estimular as equipes<br />

a um novo recomeço. A crítica<br />

mata a iniciativa e, pelo menos<br />

no início, o erro faz parte do<br />

processo de aprendizado.<br />

Tempo dedicado à inovação: Essa<br />

ideia original é da 3M, cuja semente<br />

foi plantada em 1923. Na<br />

década de 1940, o princípio se<br />

formalizou e permitiu que toda<br />

a comunidade técnica da empresa<br />

utilizasse 15% do tempo<br />

de trabalho para se dedicar a<br />

projetos apaixonantes. Art Fry,<br />

cientista da 3M, usou os 15% do<br />

tempo para desenvolver o bloco<br />

de recados autoadesivo mais<br />

famoso do mundo, o Post-it. A<br />

equipe de vendas da sua empresa<br />

participa do processo criativo,<br />

da definição de políticas e<br />

da mudança de comportamento<br />

ou recebe as metas goela abaixo<br />

e sai correndo para o campo?<br />

Reconhecimento: Se o vendedor<br />

demonstra comprometimento<br />

e energia para avançar além<br />

das fronteiras da descrição do<br />

cargo, usando a imaginação e<br />

o conhecimento para agregar<br />

valor à empresa, aos clientes e<br />

à sociedade, qual o problema<br />

em reconhecê-lo? O reconhecimento<br />

é uma ferramenta poderosíssima<br />

para estimular o comportamento<br />

empreendedor,<br />

seja por meio de bônus, prêmios,<br />

promoções ou, na maioria das<br />

vezes, simplesmente de um elogio<br />

sincero diante da equipe.<br />

A gestão empreendedora exige<br />

uma postura diferente daquela que<br />

já existe. Entretanto, as bases do<br />

comportamento empreendedor são<br />

as mesmas, não importa o tamanho<br />

da organização. Algumas empresas<br />

são mais arrojadas e permitem que<br />

os colaboradores enfrentem com<br />

mais determinação as decisões sobre<br />

seus próprios papéis e compromissos<br />

como se fossem os verdadeiros<br />

donos do negócio e, assim,<br />

as coisas fluem naturalmente.<br />

Pense nisso e venda mais e<br />

melhor!<br />

"A sensação<br />

de liberdade<br />

e autonomia<br />

favorece a<br />

concepção<br />

de ideias e a<br />

experimentação.<br />

As pessoas só<br />

conseguem<br />

contribuir quando<br />

se sentem livres<br />

para criar e<br />

propor ideias sem<br />

retaliação."<br />

Jerônimo Mendes, administrador,<br />

coach, empreendedor<br />

e palestrante.<br />

Autor dos livros A atitude<br />

muda tudo (Chiado), Empreendedorismo<br />

para jovens<br />

(Atlas) e Manual do empreendedor<br />

(Atlas).<br />

Visite o site:<br />

www.jeronimomendes.<br />

com.br<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 61


Recursos Humanos<br />

Thiago Concer<br />

É hora de demitir, e agora?<br />

C<br />

omo dizia minha avó Elvira, não é todo dia<br />

que tem pão quente! Em vendas, isso significa que, às<br />

vezes, precisamos deixar de lado a felicidade dos bons<br />

momentos de contratações para demitir vendedores.<br />

A demissão de profissionais é algo comum e inevitável,<br />

mas não é uma tarefa fácil! E tão importante<br />

quanto saber contratar é saber como e quando dispensar<br />

um de seus colaboradores.<br />

Os motivos que podem levar ao desligamento de<br />

um vendedor são diversos e devem ser rigorosamente<br />

avaliados pelo gestor de vendas. Antes de demitir<br />

um membro da sua equipe, você deve ter a certeza de<br />

que tomou todas as providências e atitudes cabíveis.<br />

Na verdade, não deveria existir a frase “eu demiti um<br />

vendedor”, mas, sim, “o vendedor vinha se demitindo<br />

mês após mês”. É muito fácil demitir alguém dizendo<br />

que a pessoa “não presta”, mas é preciso ir além. A<br />

falta de uma avaliação criteriosa por parte do gestor<br />

pode trazer sérios problemas à empresa.<br />

O fato é que a maior parte dos erros cometidos<br />

na demissão de vendedores ocorre por critérios subjetivos<br />

dos gestores. Jack Welch, um dos maiores<br />

administradores de todos os tempos, usava a metodologia<br />

20 x 70 x 10 para embasar suas decisões de<br />

gestão. Funcionava assim: ele sempre<br />

premiava e reconhecia os 20%<br />

da equipe compostos pelos melhores<br />

profissionais – as estrelas do<br />

time. Os 70% medianos passavam<br />

por uma reciclagem e muito treinamento,<br />

acompanhamento e avaliação.<br />

E os 10% piores eram demitidos.<br />

Essa metodologia é um bom<br />

ponto de partida para evitar que a<br />

falta de indicadores deixe inconsistente<br />

a decisão de quem demite.<br />

Além disso, existem outros critérios<br />

que devem ser levados em consideração.<br />

Vamos a eles.<br />

1. Falta de integridade<br />

Caráter não se negocia! Atitudes<br />

que vão contra os valores da empresa<br />

– como mentir, roubar, agredir<br />

alguém física ou verbalmente,<br />

ser desonesto com clientes ou<br />

outros vendedores etc. – merecem<br />

punição.<br />

62<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


2. Demissão por motivos<br />

econômicos<br />

Tanto algo externo – como um novo<br />

imposto, a variação de câmbio,<br />

barreiras econômicas de proteção<br />

ou o surgimento de concorrência<br />

– quanto fatores internos – como<br />

má administração, problemas na<br />

gestão financeira, troca de diretoria<br />

ou mudança de contratos – podem<br />

fazer com que bons vendedores,<br />

com bons resultados, precisem sair.<br />

3. Demissão por desempenho<br />

ruim<br />

Aqui mora o perigo. Quais indicadores<br />

você leva em consideração<br />

para avaliar o seu vendedor? Volume<br />

de vendas? Lucratividade?<br />

Novos clientes? Motivação, entusiasmo,<br />

comprometimento? O que<br />

é, afinal, um desempenho ruim? E<br />

será que isso é falha apenas do<br />

vendedor?<br />

A maioria das empresas tem<br />

problemas por não ter definido o<br />

que queria do seu vendedor e, por<br />

consequência, acaba contratando<br />

errado. E não existe treinamento<br />

que conserte um recrutamento ruim.<br />

Uma ferramenta que pode ajudar<br />

você a começar a selecionar<br />

seus vendedores para definir<br />

ações, é esta matriz:<br />

CONTATO<br />

ALTO BAIXO<br />

ALTA<br />

Entendendo os<br />

personagens<br />

O garoto prodígio é o vendedor<br />

que atende bastante (visita, prospecta),<br />

mas não vende muito. Ele<br />

tem tudo para dar certo. É motivado,<br />

gosta do produto, da empresa,<br />

mas precisa de técnica. Se ele continuar<br />

assim, sem a devida atenção,<br />

pode desanimar – e aí você perde<br />

um vendedor com potencial – ou<br />

pode continuar na sua empresa e<br />

se tornar o pior profissional que<br />

existe: o incompetente motivado!<br />

Treine técnicas de vendas com seus<br />

vendedores. Desde o <strong>planejamento</strong><br />

até o fechamento!<br />

A estrela é o vendedor que faz<br />

bastante contato (prospecta muito)<br />

e vende bastante. Ele precisa<br />

ser reconhecido e bem pago, e você<br />

precisa dar desafios a ele constantemente,<br />

pois se ele não for<br />

desafiado a todo momento e não<br />

tiver mais espaço para crescer, ou<br />

mudará de empresa ou terá uma<br />

grande chance de descer para o<br />

segundo quadrante e virar uma<br />

vaquinha leiteira.<br />

O terceiro tipo é o vendedor<br />

que prospecta pouco, mas vende<br />

bem. Chamamos de vaquinha<br />

leiteira. Ele provavelmente é um<br />

veterano que tem uma boa carteira,<br />

conhece bem a empresa,<br />

VENDA<br />

BAIXA<br />

mas perdeu o entusiasmo de procurar<br />

novos clientes. Ele dá lucro<br />

e não dá muito trabalho, mas é<br />

preciso atenção com ele, pois o<br />

mercado pode sofrer uma reviravolta,<br />

alguns clientes podem parar<br />

de comprar, e ele terá que<br />

correr atrás de novos clientes – o<br />

que é um grande desafio. Desenvolva<br />

metas e treine-o para colocar<br />

gente no funil. Comece dando<br />

metas de prospecção com<br />

quantidade, tempo e caminhos<br />

definidos. Se isso não acontecer,<br />

ele corre um grande risco, caso<br />

perca alguns clientes-chave, de<br />

se tornar um abacaxi.<br />

O abacaxi visita pouco e vende<br />

pouco. Além de desmotivado,<br />

é incompetente, não sabe o que<br />

faz. Nesse caso, ou você o treina<br />

e avalia rapidamente, ou manda<br />

embora! Ninguém merece gente<br />

medíocre em sonhos grandes!<br />

Adapte essa matriz para a sua<br />

empresa, colocando o nome dos<br />

seus vendedores em cada quadrante.<br />

Ela vai ajudá-lo a começar a<br />

colocar em ordem quem está se<br />

fortalecendo na empresa e quem<br />

está prestes a sair.<br />

Além disso, não deixe para<br />

contratar só depois de demitir.<br />

Muitas vezes, os gestores ficam<br />

com aquela equipe “nota sete” e<br />

demoram para agir. Isso acontece<br />

porque sempre na hora de demitir<br />

alguém é aquele desespero, e outro<br />

vendedor mais ou menos acaba<br />

sendo recrutado. Tenha uma captação<br />

de currículos constante, divulgue<br />

a todo momento que estão<br />

contratando. Tem muita gente boa<br />

no mercado. Estar sempre atrás de<br />

ótimos vendedores é indispensável<br />

para que você não precise demitir<br />

a todo momento. E, quando precisar,<br />

isso não irá afetar os números<br />

da empresa.<br />

"Tão importante<br />

quanto saber<br />

contratar é<br />

saber como e<br />

quando dispensar<br />

um de seus<br />

colaboradores."<br />

Thiago Concer é sócio-fundador<br />

do I.E.V. (Instituto de<br />

Especialização em Vendas),<br />

a maior escola de vendas do<br />

Brasil, líder do movimento<br />

#OrgulhoDeSerVendedor e<br />

um dos palestrantes de vendas<br />

mais contratados do<br />

Brasil.<br />

Sucesso e boas vendas!<br />

Visite o site:<br />

ievendas.com.br<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 63


Gestão de equipe<br />

José Bicalho Junior<br />

Gestão baseada em<br />

valores: a chave para<br />

transformar sua equipe<br />

<strong>comercial</strong><br />

E<br />

stamos passando por um momento de<br />

transformação tão rápido e intenso no<br />

mundo atual que os próximos vinte anos<br />

serão marcados pela eminente necessidade<br />

de se adaptar aos novos costumes e se<br />

posicionar diante das mudanças representativas<br />

nas relações humanas.<br />

Quando buscamos as reais necessidades de melhoria de<br />

nossas equipes comercias, normalmente nos deparamos com problemas<br />

rotineiros, como falta de disciplina, desmotivação, falta de foco e, principalmente,<br />

falta de empenho adequado para cumprir uma missão.<br />

Nossos vendedores não estão preparados para serem gestores de<br />

suas metas e darem o valor adequado a suas possíveis conquistas.<br />

Essa realidade acaba criando um paradigma entre manter as metas<br />

com pessoas que ocupam cargos de gestão ou admitir que uma gestão<br />

que educa formará pessoas com bons valores para superar qualquer<br />

adversidade.<br />

Tudo na vida tem que ter um significado, ou seja, precisamos de<br />

propósitos e motivos fortes para superar desafios todos os dias. Realizar<br />

tudo isso com prazer, ou seja, sem sofrimento e desgaste emocional, é<br />

quase que um sonho. No entanto, atualmente, isso é uma verdadeira<br />

distorção, uma dissonância entre a prática e a teoria, tanto para os vendedores,<br />

quanto para os gestores.<br />

Quando se torna a base referencial de uma equipe <strong>comercial</strong>, a gestão<br />

por valores incentiva e desenvolve fatores essenciais para uma relação<br />

de harmonia e oxigenação da cultura organizacional. O impacto<br />

inicial é fantástico, pois todos ganham uma nova visão e um novo conceito<br />

de como lidar com as relações humanas e seus conflitos e oportunidades<br />

de crescimento profissional. O principal e mais valioso ganho<br />

é que todos passam a cultivar o saudável hábito do aprendizado. Teremos,<br />

assim, vendedores realmente profissionais.<br />

Os fatores primordiais que tornarão sua equipe mais motivada, disponível<br />

para mudanças e engajada com a missão da organização são:<br />

Propósito social: As pessoas querem se sentir úteis umas para as<br />

outras. Querem realizar coisas que contribuam com a sociedade.<br />

Prazer decorrente do trabalho: O ambiente organizacional precisa<br />

ser estimulante a ponto de as pessoas se dedicarem de corpo e<br />

alma a todas as suas tarefas. As metas são consequência dessa realização<br />

pessoal.<br />

Autonomia: As pessoas não<br />

querem rotinas. Elas querem é<br />

se sentir livres para solucionar<br />

problemas e tomar decisões<br />

sobre o próprio trabalho.<br />

Reconhecimento: Os profissionais<br />

querem realizar trabalhos<br />

que correspondam às suas<br />

habilidades pessoais, cujos resultados<br />

sejam reconhecidos<br />

por todos.<br />

Relacionamentos positivos:<br />

Os colaboradores precisam estabelecer<br />

uma relação de confiança<br />

e credibilidade para a<br />

construção de um ambiente de<br />

prazer em fazer parte do time.<br />

É interessante perceber como<br />

tudo isso é simples e universal.<br />

Quanto mais nos sentirmos capazes<br />

de trabalhar em projetos estimulantes,<br />

quanto mais capazes formos de<br />

influenciar nosso modo de trabalhar,<br />

melhor será nosso desempenho.<br />

A necessidade de gerar mais<br />

força e maior potencial em nossa<br />

equipe é o fator predominante para<br />

garantirmos valores importantes,<br />

que possam alinhar todos os<br />

colaboradores para uma gestão de<br />

vendas moderna e eficaz nas nossas<br />

organizações.<br />

"A gestão por<br />

valores incentiva<br />

e desenvolve<br />

fatores essenciais<br />

para uma relação<br />

de harmonia<br />

e oxigenação<br />

da cultura<br />

organizacional<br />

quando se torna a<br />

base referencial<br />

de uma equipe<br />

<strong>comercial</strong>."<br />

José Bicalho Junior é consultor<br />

em gestão estratégica<br />

humana, com especialização<br />

em implantar a gestão<br />

por valores nas empresas,<br />

e sócio-diretor da Eagles<br />

Educação Corporativa.<br />

Visite o site: www.eagles<br />

eventos.com.br<br />

64<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


ATÉ MAIS / DA REDAÇÃO<br />

As 10 principais armadilhas do<br />

<strong>planejamento</strong> estratégico <strong>comercial</strong><br />

01 Definir metas irreais – muito<br />

acima ou muito abaixo da<br />

capacidade e da realidade da<br />

empresa.<br />

02 Não levar em conta cenários<br />

externos do mercado.<br />

03 Não selecionar as pessoas<br />

adequadas para executar o que<br />

foi planejado.<br />

04 Mudar diversas vezes o plano,<br />

as metas ou os indicadores de<br />

performance.<br />

05 Fazer um <strong>planejamento</strong> muito<br />

amplo – falta de metas mais<br />

objetivas.<br />

06 Basear-se em métodos<br />

ultrapassados.<br />

07 Não acompanhar e não<br />

registrar os resultados.<br />

08 Falhar na comunicação com a<br />

equipe de vendas.<br />

09 Não finalizar as ações.<br />

10 Deixar de cobrar resultados.<br />

Quer saber como fugir dessas armadilhas quando estiver desenvolvendo o <strong>planejamento</strong> estratégico <strong>comercial</strong> (PEC) da<br />

sua empresa? Preencha o formulário disponível em bit.ly/PEC_VM e aguarde o contato da nossa equipe.<br />

66<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016


Preparação x<br />

Execução<br />

Por que é que, num mundo<br />

onde podemos fazer<br />

tantas coisas, temos tão<br />

pouco tempo para fazê-<br />

-las? Talvez seja porque<br />

é muito fácil, para nós,<br />

investir mais tempo desenvolvendo<br />

nossas capacidades<br />

do que realmente<br />

as usando.<br />

Certamente você quer<br />

ser capaz e eficiente,<br />

mas cuidado para não<br />

virar um escravo da capacitação.<br />

De que adianta<br />

investir tanto tempo<br />

e esforço aprendendo<br />

como fazer coisas, se<br />

depois você não tem<br />

tempo nem energia sobrando<br />

para realmente<br />

fazê-las?<br />

A preparação é vital. Entretanto,<br />

em algum momento,<br />

ela precisa ter<br />

um fim, para que você<br />

possa efetivamente começar.<br />

Ser uma pessoa<br />

altamente preparada<br />

não tem o mínimo valor<br />

se nada for feito com<br />

toda essa preparação.<br />

Aprenda na prática, e<br />

não apenas na teoria. Ao<br />

invés de colecionar capacidades<br />

vazias e não<br />

utilizadas, desenvolva<br />

suas capacidades de<br />

acordo com os desafios<br />

que a vida lhe apresenta.<br />

Lembre-se: ser uma pessoa<br />

preparada e com<br />

potencial é uma coisa;<br />

ser uma pessoa útil é<br />

algo completamente diferente.<br />

Ralph Marston<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 67


68<br />

vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!