VendaMais-258-V6-planejamento-estrategico-comercial
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Entrevista<br />
Fred Rocha e Leandro Branquinho, idealizadores<br />
da expedição O melhor vendedor do Brasil, contam o que descobriram viajando<br />
pelo país por dois meses atrás de supervendedores e histórias inspiradoras<br />
ANO 22 I Nº <strong>258</strong> I SETEMBRO-OUTUBRO/2016 I R$ 19,50<br />
vendamais.com.br<br />
C O N H E C I M E N T O S I H A B I L I D A D E S I A T I T U D E S<br />
As 10<br />
principais<br />
armadilhas do<br />
<strong>planejamento</strong><br />
estratégico<br />
<strong>comercial</strong><br />
Como turbinar<br />
os 6 cilindros<br />
do seu motor<br />
de vendas<br />
FIDELIZAÇÃO<br />
Gestão da carteira<br />
Reativação de clientes<br />
Prospecção<br />
Inovação<br />
Gestão de mix<br />
A METODOLOGIA QUE VAI<br />
ACELERAR SEUS RESULTADOS<br />
Conheça uma nova forma de conduzir o <strong>planejamento</strong> estratégico <strong>comercial</strong> da sua<br />
empresa e saiba como ela pode fazer o motor das suas vendas render muito mais
2<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 3
vendamais<br />
SET-OUT/16<br />
06 Editorial<br />
7 comportamentos dos líderes de alta<br />
performance<br />
10 Reservado para você<br />
O que os leitores dizem sobre a Venda-<br />
Mais<br />
11 Entre nós<br />
Onde estivemos, novidades e lançamentos<br />
12 On-line<br />
Ideias e iniciativas criativas para você<br />
se inspirar e inovar<br />
14 Manual do líder<br />
Cinco perguntas fundamentais para se<br />
fazer em uma entrevista de contratação<br />
40<br />
16 Marketing pessoal<br />
Qual é o ronco do seu motor?<br />
22<br />
18 JB Vilhena<br />
Seus professores lhe ensinaram lições<br />
de liderança. Está na hora de usá-las<br />
com sua equipe de vendas!<br />
20 João Kepler<br />
Descubra por que todo vendedor precisa<br />
ter um perfil empreendedor<br />
22 Entrevista<br />
Fred Rocha e Leandro Branquinho,<br />
idealizadores da expedição O melhor<br />
vendedor do Brasil, contam o que descobriram<br />
viajando pelo país por dois<br />
meses atrás de supervendedores e<br />
histórias inspiradoras<br />
4<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
28<br />
16<br />
20<br />
28 Supervendedor<br />
Você seria capaz de vender até bosta<br />
em lata?<br />
32 Marcelo Caetano<br />
Quer melhorar os resultados de vendas<br />
da sua empresa? Comece mudando a<br />
forma como você faz a gestão da carteira<br />
de clientes!<br />
52 Marcelo Ortega<br />
Entenda como a matriz estratégica de<br />
prospecção pode ajudar você a atingir<br />
os clientes ideais<br />
54 Comportamento<br />
Descubra a ciência por trás de comportamentos<br />
que podem ajudar ou prejudicar<br />
suas vendas<br />
50<br />
36 Alta performance em vendas<br />
10 listas que toda pessoa de alta performance<br />
deveria ter<br />
60 Jerônimo Mendes<br />
Conheça as bases do pensamento inovador<br />
capaz de fomentar a cultura empreendedora<br />
na sua empresa<br />
38 José Ricardo Noronha<br />
Conheça uma ferramenta que vai ajudar<br />
você a segmentar melhor sua carteira<br />
de clientes e, assim, vender mais<br />
40 Capa<br />
Conheça <strong>V6</strong>, a metodologia de <strong>planejamento</strong><br />
estratégico <strong>comercial</strong> que vai<br />
fazer o motor das suas vendas render<br />
muito mais<br />
48 César Frazão<br />
Inspire-se para motivar sua equipe de<br />
vendas usando ferramentas diferentes<br />
das que você está acostumado<br />
50 Silvia Candeloro<br />
Saiba como agir em três cenários diferentes<br />
de negociações ruins<br />
62 Thiago Concer<br />
Saiba como agir na hora de demitir um<br />
vendedor de sua equipe<br />
64 Gestão de Equipe<br />
Gestão baseada em valores: a chave<br />
para transformar sua equipe <strong>comercial</strong><br />
66 Até mais<br />
As 10 principais armadilhas do <strong>planejamento</strong><br />
estratégico <strong>comercial</strong><br />
67 Ralph Marston<br />
Preparação x Execução<br />
32<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 5
EDITORIAL<br />
Raul CANDELORO<br />
7 comportamentos<br />
dos líderes de alta<br />
performance<br />
Um dos temas que mais têm<br />
surgido nas pesquisas que fazemos<br />
aqui na <strong>VendaMais</strong> (especialmente<br />
entre os alunos do<br />
meu curso on-line Gestão de<br />
Equipes Comerciais – o GEC)<br />
tem sido o de engajamento das<br />
equipes. É um assunto sobre o<br />
qual se fala muito pouco, tanto<br />
em livros quanto em cursos, e a<br />
verdade é que a maior parte das<br />
empresas quebra, ou compromete<br />
seus resultados, por falhas<br />
básicas gerenciais.<br />
Aliás, se existe um "problema<br />
de mão de obra" no Brasil, com<br />
certeza é o do escalão intermediário,<br />
que faz o meio de campo<br />
tático entre o estratégico da diretoria<br />
e o operacional do resto<br />
da equipe. Nunca precisamos<br />
tanto de gerentes e nunca estivemos<br />
tão desfalcados. Basta ver a<br />
quantidade de gente terceirizando<br />
a responsabilidade de maus<br />
resultados na equipe.<br />
Esse é um assunto delicado,<br />
mas muito importante de trazer à<br />
tona – não adianta tentar esconder<br />
a falta de capacitação da liderança<br />
e depois responsabilizar a equipe.<br />
Para abrir o debate, aponto três<br />
sinais claros de boa liderança de<br />
acordo com Jim Collins, um dos<br />
grandes gurus da administração<br />
e autor do best-seller Empresas feitas<br />
para durar:<br />
Entrega consistente de resultados.<br />
Compartilhamento do sucesso<br />
com a equipe.<br />
Desenvolvimento de pessoas<br />
para sucedê-lo na liderança.<br />
Na <strong>VendaMais</strong>, treinamos<br />
equipes de vendas – algo que,<br />
por sinal, fazemos muito bem.<br />
Mas sabemos com certeza absoluta<br />
que não adianta nada só treinar<br />
a equipe se a cultura da empresa<br />
e os líderes não evoluírem<br />
também.<br />
Pensando nisso, desenvolvi<br />
um teste que pode ser muito útil<br />
para trabalhar as lideranças da<br />
sua empresa. As estatísticas apresentadas<br />
no texto estão todas baseados<br />
nos estudos feitos por Ott<br />
Jõgi, um dos responsáveis pelo<br />
aplicativo Weekdone (weekdone.<br />
com), que é utilizado no mundo<br />
inteiro por empresas que querem<br />
aproximar suas equipes, facilitar<br />
6<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
o feedback de líderes para seus<br />
vendedores e melhorar a produtividade<br />
por meio de um sistema<br />
simples e que pode ser compartilhado<br />
entre todos os profissionais<br />
do time.<br />
A ideia é que este teste ajude<br />
você e sua equipe a mapearem<br />
suas competências, buscando<br />
pontos de melhoria e também<br />
melhores práticas entre a equipe.<br />
Numa escala de zero a dez,<br />
cada líder deve fazer uma autoavaliação,<br />
justificando sua nota.<br />
Depois, escolhe-se um ou dois<br />
pontos prioritários para desenvolver,<br />
como "tarefa de casa",<br />
para cada um dos envolvidos.<br />
Vamos lá?<br />
1.<br />
Elogiar mais<br />
Se existe uma coisa que<br />
todas as pesquisas sobre<br />
engajamento e clima interno mostram<br />
é que os vendedores estão<br />
carentes.<br />
79% das pessoas que mudam<br />
de emprego citam a “falta de reconhecimento”<br />
como o principal<br />
motivo.<br />
81% dos funcionários dizem<br />
raramente – ou nunca – receber<br />
elogios.<br />
76% dos funcionários nunca<br />
receberam uma nota de elogio ou<br />
parabéns escrita pelo seu chefe.<br />
Com base nisso, responda:<br />
De zero a dez, que nota você<br />
se dá como líder para este item<br />
– elogios e reconhecimento<br />
da equipe?<br />
O que tem feito de certo nessa<br />
área?<br />
O que pode fazer para melhorar?<br />
2.<br />
Estabelecer<br />
objetivos e indicadores<br />
claros<br />
90% das pessoas dizem que ou<br />
não têm objetivos claros e bem<br />
definidos ou, se têm, não têm um<br />
plano claro de como chegar lá.<br />
De acordo com a sua realidade:<br />
De zero a dez, que nota você<br />
se dá como líder para este item<br />
– estabelecimento de metas<br />
claras e objetivas e de processos<br />
claros e objetivos para<br />
atingir essas metas?<br />
O que tem feito de certo nessa<br />
área?<br />
O que pode fazer para melhorar?<br />
3.<br />
Definir e monitorar<br />
com frequência os<br />
indicadores<br />
Líderes proativos fazem reuniões<br />
semanais usando um processo simples,<br />
analisando os números do que<br />
foi planejado, do que foi executado,<br />
situações a resolver, planos de ação.<br />
Nada de ficar esperando o mês<br />
acabar. Bons líderes não lideram<br />
olhando o espelho retrovisor, analisando<br />
o que já aconteceu – eles<br />
olham para frente.<br />
E você:<br />
De zero a dez, que nota se dá<br />
como líder para este item –<br />
definição e monitoria dos indicadores?<br />
O que tem feito de certo nessa<br />
área?<br />
O que pode fazer para melhorar?<br />
4.<br />
Estar aberto a<br />
feedback e sugestões<br />
da equipe<br />
64% dos líderes tomam decisões<br />
sem pedir opiniões.<br />
47% das empresas têm sistemas<br />
formais de pedir a opinião<br />
das equipes.<br />
Das empresas que pedem<br />
Diretor<br />
Raul Candeloro<br />
raul@vendamais.com.br<br />
editor<br />
Natasha Schiebel<br />
natasha@vendamais.com.br<br />
DIREtor DE ARTE<br />
Anderson L.A.<br />
anderson@vendamais.com.br<br />
conselho editorial<br />
Raul Candeloro<br />
Marcelo Caetano<br />
coLABORAÇÃO<br />
Francine Pereira<br />
João Guilherme Brotto<br />
Tom S. Neto<br />
REVISÃO<br />
Lumos Soluções Editoriais<br />
ATENDIMENTO AO LEITOR<br />
atendimento@vendamais.com.br<br />
JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />
Natasha Schiebel<br />
natasha@vendamais.com.br<br />
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<strong>VendaMais</strong> ® é publicada 6 vezes ao ano pela<br />
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Editora Quantum. Tiragem desta edição: 21.000<br />
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nas áreas de vendas ou marketing entrem em contato com a<br />
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como pela sua produção e compromissos inerentes, é da<br />
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www.edicase.com.br<br />
Distribuição exclusiva em bancas<br />
DINAP S/A – DISTRIBUIDORA NACIONAL<br />
DE PUBLICAÇÕES<br />
www.twitter.com/vendamais<br />
facebook.com/<strong>VendaMais</strong><br />
Nossa missão:<br />
Fazer o Brasil vender melhor.<br />
7
opinião das equipes, só 37% colocam<br />
alguma das ideias em prática.<br />
Exemplos de perguntas interessantes<br />
para fazer para a equipe:<br />
a) O que você acha que poderíamos<br />
fazer para melhorar em "x"?<br />
b) Quem, dentro da equipe, você<br />
acha que merece um elogio?<br />
c) Se você pudesse mudar uma<br />
coisa aqui, o que seria?<br />
d) Consegue citar três coisas boas<br />
que aconteceram esta semana<br />
no trabalho?<br />
Tendo isso em mente, responda:<br />
De zero a dez, que nota você<br />
se dá como líder para este item<br />
– abertura ao feedback e sugestões<br />
da equipe?<br />
O que tem feito de certo nessa<br />
área?<br />
O que pode fazer para melhorar?<br />
5.<br />
Dar feedback<br />
continuamente<br />
a) Pessoas querem feedback<br />
semanal, não mensal – e<br />
muito menos semestral ou anual.<br />
(Isso inclui diretores, gerentes e<br />
supervisores, também!)<br />
b) Não tenho dados estatísticos<br />
para citar aqui, mas eu diria que<br />
99% dos líderes nunca receberam<br />
feedback nem tiveram proatividade<br />
de buscar mais conhecimento<br />
e informação sobre como dar<br />
corretamente feedback de maneira<br />
positiva e construtiva.<br />
c) Lembre-se da regra do 3:1 –<br />
ambientes positivos têm em média<br />
três elogios ou comentários<br />
positivos para uma crítica ou comentário<br />
negativo.<br />
E aí:<br />
De zero a dez, que nota você<br />
se dá como líder para este item<br />
– dar feedback para a equipe?<br />
O que tem feito de certo nessa<br />
área?<br />
O que pode fazer para melhorar?<br />
Desafio: Pergunte para sua<br />
equipe que nota ela dá para<br />
você.<br />
"Bons líderes não lideram<br />
olhando o espelho retrovisor,<br />
analisando o que já aconteceu<br />
– eles olham para frente."<br />
6.<br />
Focar no tripé<br />
satisfação de<br />
clientes x clima<br />
interno x rentabilidade<br />
Empresas que conseguem essas<br />
três coisas têm uma vantagem<br />
competitiva consistente e uma<br />
posição privilegiada no mercado.<br />
O problema é quando um ou dois<br />
elementos do tripé ficam desequilibrados<br />
por demandas ou<br />
pressões de curto prazo. Líderes<br />
de alta performance estão sempre<br />
cuidando dos três pontos.<br />
7.<br />
Assim, pergunto:<br />
De zero a dez, que nota você<br />
se dá como líder para este item<br />
– foco no tripé satisfação de<br />
clientes x clima interno x rentabilidade?<br />
O que tem feito de certo nessa<br />
área?<br />
O que pode fazer para melhorar?<br />
Fazer reuniões<br />
mais produtivas<br />
Lista das reclamações<br />
mais comuns por parte da equipe<br />
no que diz respeito às reuniões:<br />
a) Chamar com frequência para<br />
reuniões emergenciais que não<br />
estavam marcadas.<br />
b) Reuniões sem agenda clara<br />
definida, sem foco.<br />
c) Reuniões longas e cansativas<br />
demais.<br />
d) Reuniões em que nada fica<br />
definido ou decidido.<br />
e) Reuniões em que se decide<br />
algo, mas depois fica tudo “solto",<br />
sem acompanhamento (ou seja,<br />
falta de follow-up).<br />
f) Excesso de reuniões.<br />
Com base nisso, responda:<br />
De zero a dez, que nota você<br />
se dá como líder para este item<br />
– reuniões produtivas?<br />
O que tem feito de certo nessa<br />
área?<br />
O que pode fazer para melhorar?<br />
Parafraseando Jim Collins,<br />
empresas de sucesso sustentável<br />
precisam de líderes nível 5.<br />
Líder nível 1 é uma pessoa com<br />
muita habilidade individual.<br />
Líder nível 2 trabalha bem em<br />
equipe.<br />
Líder nível 3 contribui com recursos<br />
e conhecimento para as<br />
metas e objetivos do grupo.<br />
Líder nível 4 estimula as pessoas<br />
a atingirem objetivos cada vez<br />
mais elevados.<br />
Líder nível 5 constrói processos<br />
e sistemas que transformam a<br />
empresa numa máquina de excelência.<br />
Nada melhor do que revisar<br />
e aprimorar esses sete pontos para<br />
evoluir no processo de liderança<br />
de alta performance.<br />
Abraço e boas vendas.<br />
Raul Candeloro – Diretor<br />
Site: www.vendamais.com.br<br />
E-mail: raul@vendamais.com.br<br />
8<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 9
Reservado para Você<br />
Muito boa a entrevista com o Jonathan Farrington*! A Venda-<br />
Mais é sensacional, mudou minha maneira de pensar e minha<br />
maneira de trabalhar a minha própria conta bancária. Procuro<br />
andar e escutar pessoas que também tenham essa<br />
visão crescente, de melhoria, e busco me afastar dos pessimistas<br />
e daqueles que sempre reclamam. Para mim, esse é<br />
o primeiro passo para iniciar a busca por um novo rumo.<br />
Anderson de Oliveira Souza<br />
--> A entrevista citada por Souza está disponível em: bit.ly/ent-vm-jf<br />
Nela, Jonathan Farrington, britânico que é coeditor da revista Top Sales e diretor da consultoria Jonathan<br />
Farrington & Associates, conta como visualiza os vendedores de alta performance hoje, fala sobre como<br />
imagina que será a rotina em vendas em cinco anos, revela quais são as grandes dificuldades dos líderes<br />
de vendas atualmente e muito mais. É uma nova (e interessante) análise sobre o processo de vendas.<br />
Raul Candeloro,<br />
Parece infinita a sua capacidade de nos surpreender<br />
positivamente. Obrigado por compartilhar tanto conhecimento<br />
e tanta sabedoria. Continue assim. Eu sou seu fã<br />
desde que a <strong>VendaMais</strong> se chamava Técnicas de Vendas.<br />
Certa vez, na década de 1990, ao participar de um evento<br />
em Campinas (SP), vi pela primeira vez alguém falar sobre a<br />
importância do pós-venda, citando o caso pessoal de uma<br />
médica que o atendeu e depois ligou para saber como ele<br />
estava. Quem estava no palco era o saudoso palestrante<br />
Eduardo Botelho, que, na ocasião, distribuiu exemplares da<br />
revista entre os participantes. O resto é história!<br />
A <strong>VendaMais</strong> foi o norte no início da minha carreira. Aprendi<br />
e continuo aprendendo muito com a revista. Todas as<br />
edições contribuíram para formar o vendedor que sou hoje.<br />
Tive o prazer de conhecer pessoas especiais e que, de alguma<br />
forma, fazem parte da minha vida como amigos, parceiros<br />
e mestres, e também aprendi muito com Raul Candeloro,<br />
"pai" da revista. Seu conhecimento na área parece não<br />
esgotar e quem o ouve falar sobre vendas percebe que ele<br />
realmente leva a sério sua missão de vida. Toda pessoa que<br />
se considera vendedora precisa ler a <strong>VendaMais</strong>!<br />
Alexandre Vial Manzione<br />
Saúde e sucesso!<br />
Francisco Bonfati<br />
via Facebook (facebook.com/vendamais)<br />
Participe da seção<br />
Reservado para Você<br />
Envie críticas, sugestões, deixe sua palavra, conte sua história,<br />
divida seus resultados conosco, mostre sua equipe*. O espaço é<br />
todo seu. Estamos esperando por você!<br />
Escreva agora mesmo para: leitor@vendamais.com.br e participe!<br />
*As fotos serão avaliadas pela equipe de redação.<br />
10<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
ENTRE NÓS<br />
Você pediu,<br />
a <strong>VendaMais</strong><br />
mudou<br />
Conhecer os clientes, entender suas<br />
necessidades, adequar-se ao que seu<br />
público-alvo procura, adaptar-se às<br />
mudanças e evoluções do mercado... A<br />
gente fala sobre a importância disso<br />
tudo (e muito mais!) para o sucesso da<br />
sua empresa edição após edição da<br />
<strong>VendaMais</strong>.<br />
E como em casa de ferreiro o espeto<br />
precisa ser de adamantium – nas palavras<br />
de nosso diretor Raul Candeloro<br />
–, um dos maiores prazeres da nossa<br />
equipe é conversar com assinantes e<br />
leitores eventuais para descobrir quais<br />
são, na visão deles – na sua visão, aliás<br />
–, os pontos fortes e fracos da nossa<br />
publicação, o que podemos melhorar, o<br />
que precisamos fazer para que a nossa<br />
missão – que é fazer o Brasil vender<br />
melhor – não fique apenas no papel.<br />
BIMESTRAL<br />
Foi assim que chegamos ao novo<br />
formato da <strong>VendaMais</strong>. Atendendo aos<br />
pedidos de muitos de nossos leitores,<br />
a partir desta edição a revista volta a<br />
ser bimestral e ter 68 páginas. Tamanho<br />
menor por edição, frequência maior de<br />
publicação. Modelo ideal para encaixar<br />
a leitura da revista à sua rotina profissional<br />
e acelerar a implementação das<br />
boas ideias retiradas de cada edição na<br />
sua empresa. Que tal?<br />
Quer contribuir para tornar a <strong>VendaMais</strong><br />
uma revista ainda melhor? Escreva para<br />
leitor@vendamais.com.br e apresente<br />
suas sugestões. Juntos somos<br />
mais fortes e vamos mais longe!<br />
<strong>VendaMais</strong> no Fórum<br />
E-commerce Brasil 2016<br />
No fim de julho, João Guilherme Brotto, jornalista que integra a equipe de redação<br />
da <strong>VendaMais</strong>, esteve em São Paulo acompanhando o Fórum E-commerce Brasil<br />
2016. Durante os dois dias de evento, Brotto conversou com expositores, conheceu<br />
histórias de empresas que estão se destacando vendendo pela internet e<br />
assistiu a diversas palestras que deixaram lições preciosas para quem sabe que<br />
o futuro é digital. Estas foram algumas delas:<br />
Experiência do usuário em lojas virtuais – Por Austin Knight, da HubSpot.<br />
Conteúdo personalizado e canais alternativos de venda com CRM, afiliação e e-mail<br />
– Por Gustavo Daher, da Wine.com.br, e Felipe Soares, das Lojas Colombo.<br />
Tecnologia e mensuração de resultados na prática – Por Rodrigo Rodrigues, do<br />
Google.<br />
A cobertura completa do evento você lerá na edição de novembro/dezembro.<br />
Não perca!<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 11
ON-LINE<br />
POR Francine Pereira<br />
O poder do<br />
WhatsApp e<br />
do Android<br />
Uma pesquisa realizada pelo instituto<br />
especializado em marketing digital<br />
eMarketer mostrou que quase a metade<br />
das pessoas que possuem celular<br />
no Brasil (44,9%) consideram o<br />
WhatsApp o aplicativo mais importante<br />
em seu dispositivo móvel. Em<br />
segundo lugar, com apenas 9,4%, vem<br />
o Facebook. Além disso, o estudo revela<br />
que de cada dez smartphones no<br />
país, oito são Androids. E o que isso<br />
indica? Que grande parte da população<br />
– e provavelmente de seu público – utiliza<br />
a plataforma Android e o WhatsApp<br />
como canal de comunicação em seu<br />
cotidiano. Entender a maneira como<br />
seus clientes se comunicam é de extrema<br />
importância para construir um relacionamento<br />
com eles.<br />
Que tal, então, incluir o WhatsApp nas<br />
suas estratégias de venda e fidelização<br />
de clientes?<br />
Contudo, sabemos que, ao mesmo<br />
tempo em que o aplicativo pode ser<br />
uma excelente ferramenta, também<br />
traz riscos à produtividade da equipe.<br />
Para entender como utilizá-lo da melhor<br />
maneira possível, sugerimos a leitura<br />
deste artigo, que mostra como equilibrar<br />
o uso desse canal no dia a dia:<br />
bit.ly/whatsapp_aliado_vilao<br />
Marcas com opinião<br />
Você já deve ter ouvido por aí que a marca de sua empresa precisa ser neutra. Mas será mesmo que<br />
isso é verdade sempre? Já falamos na <strong>VendaMais</strong> sobre a tendência do marketing 3.0, conceito cada<br />
vez mais presente no dia a dia das empresas e que prega que o relacionamento com os clientes seja<br />
baseado em valores. Nesse sentido, recentemente a Apple fez uma ação em defesa dos direitos LGBT.<br />
A marca se posicionou publicamente contra a legislação do estado da Carolina do Norte (EUA), que<br />
impede as cidades de protegerem gays e bissexuais da discriminação e restringe os direitos das pessoas<br />
transexuais. Se formos analisar, a lei em si não prejudicaria o mercado da empresa, mas o posicionamento<br />
da Apple mostra que cada vez mais as organizações devem reconhecer que se importam<br />
não apenas com o que vendem, mas também com as causas que afetam seus consumidores.<br />
A sua marca se engaja nas causas de seus clientes? Para entender mais sobre o movimento do<br />
marketing 3.0, leia nossa reportagem em que Philip Kotler, grande guru do marketing, fala sobre essa<br />
tendência: http://bit.ly/marketing_philip_kotler<br />
12<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
vendamais.com.br<br />
A aquisição da revista <strong>VendaMais</strong> dá direito ao acesso do conteúdo exclusivo<br />
do site <strong>VendaMais</strong> (www.vendamais.com.br). Se você é assinante, basta<br />
digitar seu e-mail e sua senha. Caso tenha adquirido a revista nas bancas,<br />
digite o login “banca” e a palavra-chave “METODOLOGIA”, válida apenas para<br />
os meses de SETEMBRO e OUTUBRO de 2016.<br />
A internet daqui<br />
a 15 anos<br />
A tecnologia muda tão rápido que, muitas<br />
vezes, nem percebemos o impacto<br />
causado pela sua evolução. Há dez anos,<br />
por exemplo, a velocidade da internet<br />
jamais possibilitaria toda a interação<br />
que temos hoje pela rede. Como será<br />
que a web irá se desenvolver daqui para<br />
frente? De acordo com Jayson De-<br />
Mers, colunista do site Forbes, estas<br />
deverão ser as principais mudanças na<br />
internet nos próximos 15 anos:<br />
1) A conexão será permanente e automática:<br />
Com a crescente utilização<br />
da web (para aplicativos e comunicação),<br />
a conexão constante<br />
deverá ser uma realidade no futuro.<br />
2) A realidade virtual será mais presente<br />
no dia a dia: A próxima geração<br />
de dispositivos deverá possibilitar<br />
ao usuário acessar aplicativos<br />
de realidade virtual e realidade<br />
aumentada.<br />
3) A privacidade será cada vez mais<br />
rara: Com a conexão constante e o<br />
crescimento do uso de aplicativos,<br />
a privacidade será mais rara, podendo<br />
até surgir negócios relacionados<br />
a isso.<br />
4) A internet das coisas deverá amadurecer:<br />
A internet das coisas já<br />
é uma realidade, conectando relógios<br />
e geladeiras, por exemplo.<br />
Em 15 anos, essa conexão se estenderá<br />
para veículos, carteiras e<br />
muito mais.<br />
5) Pessoas e negócios terão dificuldade<br />
em acompanhar as mudanças:<br />
Se hoje a evolução da internet<br />
e da tecnologia já acontece de forma<br />
muito rápida, no futuro essa<br />
velocidade de mudanças deve aumentar<br />
ainda mais.<br />
Cabe a você estar sempre de olho<br />
nas novidades e pensar em maneiras de<br />
utilizá-las no seu dia a dia em vendas. No<br />
futuro, mais do que um diferencial, seguir<br />
o que é tendência será uma obrigação de<br />
quem quer se manter vivo no mercado!<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
Panorama digital<br />
no Brasil<br />
O Brasil tem, atualmente:<br />
81,3<br />
milhões<br />
de usuários<br />
de desktop.<br />
60,4<br />
milhões<br />
de usuários de<br />
smartphone.<br />
11,8<br />
milhões<br />
de usuários<br />
de tablet.<br />
É o que revela uma análise feita pela empresa<br />
de pesquisa de mercado comScore. Segundo<br />
o estudo, ao todo, a população digital no país<br />
corresponde a 100,3 milhões de pessoas.<br />
Confira alguns insights importantes para conhecer<br />
o perfil do consumidor digital nesse cenário:<br />
Dispositivos móveis correspondem a 72% do<br />
total de tempo gasto no Brasil em plataformas<br />
digitais.<br />
Usuários multiplataformas ou apenas mobile<br />
(ou seja, que só utilizam a internet em<br />
smartphones ou tablets) são a grande maioria,<br />
e os acessos exclusivamente por dispositivos<br />
móveis não param de crescer.<br />
62% dos millennials (pessoas que têm entre<br />
18 e 34 anos) são usuários mobile, e 19% não<br />
utilizam desktop em nenhum momento.<br />
Apenas entre os participantes da pesquisa<br />
com 55 anos ou mais o uso exclusivo de<br />
desktop é maior (55%).<br />
Mais da metade dos compradores on-line<br />
possui menos de 35 anos.<br />
Para conferir a pesquisa na íntegra, acesse: http://<br />
bit.ly/panorama_digital<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 13
MANUAL DO LÍDER<br />
Por Francine Pereira<br />
Cinco<br />
perguntas<br />
fundamentais<br />
para se fazer<br />
em uma<br />
entrevista de<br />
contratação<br />
ocê já notou que o processo de recrutamento<br />
e seleção de profissionais funciona<br />
como uma venda? Pense bem: sua<br />
empresa precisa investigar os consumidores<br />
para entender quem são os clientes<br />
ideais e saber o que precisa ser feito para<br />
conquistá-los, certo? Da mesma forma,<br />
é necessário avaliar qual é o perfil dos<br />
profissionais que você busca e oferecer<br />
benefícios e atrativos que os façam querer<br />
trabalhar com você. Por isso, assim<br />
como no processo de conquistar um consumidor,<br />
as perguntas feitas na hora de<br />
selecionar um profissional também são<br />
fundamentais para garantir o sucesso da contratação.<br />
Para ajudá-lo nessa importante etapa, separamos algumas dicas de especialistas<br />
sobre o que perguntar na hora da entrevista de contratação para garantir<br />
que os valores, os objetivos e as habilidades estejam alinhados e que atendam<br />
às necessidades das duas partes.<br />
1Qual outra empresa (além da nossa) você admira? Por quê?<br />
Kathryn Minshew, fundadora da consultoria The Muse, que é focada<br />
em coaching e desenvolvimento de carreiras, explica que a identificação<br />
de valores é uma questão essencial na hora de selecionar os<br />
profissionais e que isso deve acontecer dos dois lados. O profissional precisa<br />
Kathryn<br />
Minshew<br />
14<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
estar alinhado ao clima e aos objetivos da empresa, mas a<br />
organização também precisa se encaixar nas metas e visões<br />
de carreira que o candidato tem a longo prazo. E é por isso, ela<br />
destaca, que essa pergunta é fundamental.<br />
O candidato admira uma empresa porque ela é conhecida<br />
por ser flexível e ter uma atmosfera descontraída? Ou ele<br />
gosta de determinada organização porque ela oferece oportunidades<br />
de crescimento?<br />
Kathryn destaca que essa pergunta ajudará você a perceber<br />
quais são os valores do candidato e entender o que ele<br />
preza em uma empresa – o que, por sua vez, irá mostrar se<br />
vocês combinam ou não.<br />
2Sob quais condições você realiza o seu<br />
melhor trabalho?<br />
Você está contratando alguém, pensando que<br />
ele dará o máximo de si para fazer o trabalho,<br />
certo? Mas como é que você vai ajudá-lo a alcançar a excelência?<br />
Oferecer o ambiente adequado para que seus colaboradores<br />
trabalhem bem é o primeiro passo para tornar a equipe<br />
eficiente. Kathryn aponta que essa pergunta pode ser muito<br />
útil nesse sentido. Novamente, a resposta vai indicar as principais<br />
necessidades do candidato e vai ajudar você a entender<br />
se a empresa está alinhada a essas condições. “Faça essa<br />
pergunta e escolha o profissional que não apenas sobreviverá<br />
na empresa, mas que prosperará no ambiente de trabalho”,<br />
aconselha Kathryn.<br />
3Poderia descrever um ambiente de trabalho<br />
no qual você não se sente confortável?<br />
A especialista explica que cada candidato é único.<br />
Alguns não gostam de trabalhar sob pressão, outros precisam<br />
de espaço para serem criativos, e ainda há aqueles que preferem<br />
trabalhar sozinhos. O importante é alcançar o equilíbrio:<br />
tentar criar um ambiente que ofereça possibilidades diversas,<br />
mas também procurar não contratar pessoas que não conseguem<br />
dar o seu melhor em situações que são inevitáveis na<br />
companhia.<br />
Depois de entender qual é o ambiente de trabalho ideal,<br />
é importante saber quais são as circunstâncias em que o<br />
candidato não se sente confortável para trabalhar. Se, ao<br />
falar sobre isso, você praticamente o ouviu descrever a sua<br />
empresa, já sabe que ele não é a melhor escolha.<br />
4Se pudesse escolher qualquer personagem<br />
(de livro, filme, seriado) para ser<br />
seu colega de trabalho, quem seria?<br />
Pode parecer meio estranho perguntar isso, mas<br />
Kathryn destaca que esse tipo de pergunta ajuda a quebrar o<br />
gelo e, ao mesmo tempo, revela muito sobre a personalidade<br />
Geoffrey James<br />
do profissional. Ele gostaria de trabalhar com o Forrest, do<br />
filme Forrest Gump: O contador de histórias, porque gosta de<br />
ouvir histórias? Ou preferiria trabalhar com a Dory, de Procurando<br />
Nemo, porque gosta de pessoas alegres e descontraídas?<br />
A resposta a essa questão, além de mostrar os interesses do<br />
candidato fora do ambiente de trabalho, também vai indicar<br />
o tipo de pessoas com as quais ele gosta de trabalhar – uma<br />
dica e tanto que vai ajudar você a entender se ele se daria bem<br />
com os colaboradores da empresa.<br />
5Como você resolveria este problema<br />
específico da nossa empresa?<br />
Geoffrey James, fundador do blog Sales Source<br />
(salessource.com.au), que é focado em recrutamento<br />
de profissionais de marketing e vendas, comenta<br />
que essa pergunta é essencial na entrevista de seleção de<br />
candidatos.<br />
Ele aponta que o problema apresentado deve ser inerente<br />
ao negócio da organização – e, de preferência, único da<br />
empresa –, e orienta que você exponha um desafio que estão<br />
buscando superar. Além disso, James defende que você seja<br />
bem detalhista na apresentação da questão. “Quanto mais<br />
específica e detalhada for sua pergunta, mais forçará o entrevistado<br />
a aplicar suas experiências e conhecimentos individuais<br />
na solução daquele problema”, pontua. O especialista<br />
ressalta, ainda, que, ao ouvir as respostas, você saberá quem<br />
é o candidato ideal. Além disso, como bônus, conseguirá obter<br />
algumas boas ideias para solucionar a tal dificuldade!<br />
Ir além do questionário padrão e fazer essas perguntas<br />
ajudará você a entender se o candidato é o profissional ideal<br />
para o que você busca e também vai mostrar se sua empresa<br />
pode ajudá-lo a se desenvolver e evoluir em sua carreira. Todos<br />
têm a ganhar com isso!<br />
“Quanto mais<br />
específica e<br />
detalhada for<br />
sua pergunta,<br />
mais forçará<br />
o entrevistado<br />
a aplicar suas<br />
experiências e<br />
conhecimentos<br />
individuais na<br />
solução daquele<br />
problema em<br />
questão.”<br />
(Geoffrey James)<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 15
Marketing Pessoal<br />
Ricardo Ventura<br />
Qual é o ronco do seu motor?<br />
Harley-Davidson. Quem é amante de motocicletas sabe<br />
que essa marca é única. O ronco do motor, uma das principais<br />
características das motos H-D, pode ser reconhecido de longe, e é<br />
um dos motivos que atraem compradores para a empresa. Impactante,<br />
o tradicional ruído faz os proprietários sentirem orgulho<br />
de suas motos – orgulho que, aliás, é um dos atributos do branding<br />
da marca.<br />
Fazendo uma analogia entre esse fato e a sua vida, digo: você<br />
também precisa encontrar seu ronco do motor, aquele ruído que fará<br />
você ser reconhecido!<br />
16 vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
O conceito<br />
A marca pessoal – ou personal<br />
branding – é a imagem que você<br />
transmite a outras pessoas por<br />
meio da forma como se comunica,<br />
das suas peculiaridades, da<br />
sua identificação com grupos sociais<br />
e assim por diante.<br />
Construir uma marca pessoal<br />
forte se tornou algo mais que<br />
necessário no mercado nos últimos<br />
anos. Atualmente, o que é<br />
transmitido para o mundo precisa<br />
ser trabalhado, desenvolvido<br />
e protegido, porque os serviços<br />
e produtos oferecidos precisam<br />
ter algo impactante para as pessoas<br />
que talvez se interessem por<br />
eles. E, muitas vezes, esse algo a<br />
mais é justamente o personal<br />
branding da empresa ou da pessoa<br />
responsável por aquele produto<br />
ou serviço.<br />
Uma marca pessoal forte é tão<br />
importante que, com o tempo, os<br />
consumidores passam a associar<br />
as características que a definem<br />
diretamente à pessoa que ela representa.<br />
O ronco da Harley-Davidson,<br />
por exemplo, é marcante<br />
e pode até ser excessivo para alguns.<br />
Mas quando um apaixonado<br />
por motos o ouve, ele o associa<br />
imediatamente à empresa.<br />
Harley-Davidson,<br />
Facebook e você!<br />
Nos anos 1990, algumas marcas<br />
japonesas perceberam o impacto<br />
da Harley-Davidson no mercado<br />
e notaram como o barulho do<br />
motor conquistava os consumidores.<br />
Querendo se destacar tanto<br />
quanto a fabricante de motos<br />
mais famosa do mundo, essas<br />
marcas tentaram copiar a característica.<br />
Porém, após uma briga<br />
judicial por plágio, a Harley-Davidson<br />
conquistou a patente. O<br />
ronco, então, se tornou uma marca<br />
importante no branding da<br />
empresa. Trabalhá-lo passou a ser<br />
uma estratégia de marketing para<br />
a montadora.<br />
Aplicar estratégias de marketing<br />
e vendas na sua personalidade<br />
também pode ajudá-lo a ter<br />
características marcantes. Essa é<br />
uma tendência no mundo todo, o<br />
que confere ao personal branding<br />
uma grande parcela de responsabilidade<br />
pelo sucesso profissional.<br />
"Busque entender<br />
suas principais<br />
características<br />
para que elas<br />
se tornem sua<br />
principal marca."<br />
Ele é ainda mais relevante<br />
para profissionais que vendem<br />
sua imagem para o mundo e necessitam<br />
transmitir algo bom<br />
para atrair novos consumidores.<br />
Mark Zuckerberg (o criador do<br />
Facebook), por exemplo, usa calças<br />
e camisetas sempre iguais<br />
porque, segundo ele, dessa forma<br />
ele deixa de perder tempo com<br />
coisas superficiais – como a escolha<br />
da roupa – e pode se dedicar<br />
a solucionar questões maiores.<br />
Isso, é claro, faz parte da marca<br />
pessoal que ele está construindo.<br />
Afinal, sempre que vir um grande<br />
empresário de calça jeans e<br />
camiseta preta, você automaticamente<br />
se lembrará do fundador<br />
do Facebook.<br />
Assim como a Harley-Davidson<br />
possui sua marca registrada<br />
e Zuckerberg tem fortes traços<br />
de características pessoais, você<br />
também precisa cuidar de pequenos<br />
detalhes que façam parte de<br />
sua personalidade e trabalhem<br />
para que sua identidade seja reconhecida<br />
no mercado.<br />
A minha marca pessoal<br />
e as lições para você<br />
Como experiência pessoal, eu me<br />
tornei conhecido por ser um palestrante<br />
que vai contra tudo o que<br />
os outros estão falando. Fui um<br />
dos primeiros do Brasil a subir no<br />
palco sem terno. Também possuo<br />
experiência com vendas para desconstruir<br />
todas as dicas já ultrapassadas<br />
que outros palestrantes<br />
estavam ensinando. E essas se tornaram<br />
as minhas principais características,<br />
ajudaram a “dar cara” à<br />
minha marca pessoal.<br />
Uma parte importante da<br />
construção da minha imagem é<br />
que, em nenhum momento, eu<br />
fugi dos meus princípios na construção<br />
do personal branding. Nunca<br />
me inspirei em outros profissionais<br />
da minha área, e isso me<br />
ajudou a construir uma personalidade<br />
única.<br />
Minha sugestão é que você<br />
faça o mesmo! Busque entender<br />
suas principais características<br />
para que elas se tornem sua principal<br />
marca. Não venda para seus<br />
clientes o que você não é de verdade.<br />
Se você tentar fazer isso,<br />
soará tão falso quanto as motos<br />
japonesas que tentavam imitar a<br />
Harley-Davidson. As características<br />
construídas em torno da sua<br />
imagem devem estar presentes<br />
em tudo o que você faz. Assim, os<br />
consumidores irão reconhecer sua<br />
marca e se identificar com ela.<br />
Ao construir meu personal<br />
branding, eu não criei falsas características,<br />
apenas trabalhei<br />
para mostrar as melhores que<br />
tenho. Eu procurei o ronco do<br />
meu motor. E você também deve<br />
procurar o seu!<br />
Ricardo Ventura é mentor<br />
de palestrantes/treinadores<br />
e criador do Centro de Formação<br />
de Treinadores e Palestrantes<br />
(CFTP).<br />
Visite o site:<br />
www.serpalestrante.com.br<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 17
Liderança<br />
J.B. Vilhena<br />
O que os nossos<br />
professores nos<br />
ensinaram?<br />
Já que o mês dos professores está logo aí,<br />
gostaria de conversar um pouco sobre o que aprendemos<br />
na escola e os reflexos desses ensinamentos<br />
sobre o exercício da liderança.<br />
Começo com uma reflexão. As cinco definições<br />
abaixo foram retiradas do dicionário Houaiss ou<br />
da Wikipédia. Qual delas você considera que representa<br />
a melhor forma de desenvolver pessoas?<br />
( ) Educação – Aplicação de métodos próprios<br />
para assegurar a formação e o desenvolvimento<br />
físico, intelectual e moral de um ser humano.<br />
( ) Ensino – Transferência de conhecimento e de<br />
informação, especialmente de caráter geral, na<br />
maioria das vezes em local destinado a esse fim<br />
(escola, oficina, etc.).<br />
( ) Instrução – Ação ou efeito de transmitir conhecimento<br />
ou formar determinada habilidade.<br />
( ) Treinamento – Tornar destro, hábil e capaz<br />
por meio de instrução, disciplina ou exercício.<br />
( ) Coaching – O coach é alguém que instrui particularmente,<br />
visando preparar uma pessoa<br />
para um trabalho específico ou importante.<br />
Imagino que possa ter sido difícil para você<br />
fazer uma escolha, porque, na verdade, o líder utiliza<br />
todas essas ferramentas para desenvolver seus<br />
liderados.<br />
Em primeiro lugar, ele precisa ser um educador.<br />
Muitas vezes temos, na nossa equipe, pessoas que<br />
não aprenderam em casa sequer a utilizar aquelas<br />
“palavrinhas mágicas” (obrigado, por favor, com<br />
licença, desculpe) para facilitar o relacionamento.<br />
Como resultado, vemos pessoas despreparadas<br />
para conviver em grupo, o que afeta diretamente<br />
o sucesso das estratégias comerciais.<br />
18<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
Outra ferramenta importante<br />
para a liderança em vendas é o<br />
ensino. Hoje, as escolas ensinam<br />
muito menos do que já foram capazes<br />
de fazer no passado. O resultado<br />
da piora acentuada no<br />
ensino formal é que, muitas vezes,<br />
os líderes precisam ensinar coisas<br />
básicas – como escrever um texto,<br />
por exemplo – para pessoas<br />
que têm curso superior ou mesmo<br />
pós-graduação.<br />
A instrução é algo fundamental<br />
para o correto desempenho<br />
profissional. Líderes sabem<br />
que precisam transmitir conhecimentos<br />
e desenvolver habilidades<br />
para tornar seus liderados<br />
aptos para o exercício de suas<br />
funções.<br />
Treinamento também já foi<br />
uma responsabilidade das organizações,<br />
mas o que verificamos<br />
hoje é que as empresas estão cada<br />
vez menos dispostas a treinar<br />
seu pessoal, preferindo contratar<br />
pessoas já preparadas. Uma evidência<br />
disso é a valorização dos<br />
sistemas de certificação. Se um<br />
profissional foi certificado por<br />
uma instituição idônea (como a<br />
FGV ou o Instituto <strong>VendaMais</strong>),<br />
significa que adquiriu conhecimentos,<br />
habilidades e atitudes<br />
através do autoinvestimento. Isso<br />
permite que as organizações contratem<br />
mão de obra qualificada<br />
a custos menores.<br />
Quanto à questão do coaching,<br />
para simplificar, começo por afirmar<br />
que o papel do coach não é<br />
dizer o que a pessoa precisa fazer.<br />
Também não é ensinar a alguém<br />
a forma adequada de cumprir<br />
uma tarefa. Acredito – inspirado<br />
pelas ideias de David Rock, especialista<br />
em neuroliderança –<br />
que coaching significa extrair das<br />
pessoas o que elas têm de melhor.<br />
Em outras palavras, compreendo<br />
que as pessoas saibam as respostas<br />
para a maioria de seus<br />
problemas, desafios e dificuldades.<br />
O que elas não conseguem<br />
é acessar esse repositório de conhecimentos<br />
e torná-los operacionais.<br />
O problema é que, muitas<br />
vezes, nos tornamos reféns<br />
de hábitos e comportamentos e<br />
não conseguimos mudar nosso<br />
modelo mental. Nesses casos, o<br />
coaching pode ser uma importante<br />
ferramenta de autoconhecimento<br />
e de mudança.<br />
Uma segunda reflexão tem<br />
origem em um artigo escrito por<br />
Ana Priscila Batista e Lidia Natalia<br />
Dobrianskyj Weber – “Estilos<br />
de liderança de professores:<br />
aplicando o modelo de estilos<br />
parentais” (disponível em bit.<br />
ly/lideranca-professores). As<br />
autoras categorizaram quatro<br />
estilos de liderança utilizados<br />
pelos professores em sala de aula:<br />
autoritário, permissivo, negligente<br />
e participativo. Analise<br />
e veja como eles certamente<br />
também estão presentes nas<br />
equipes comerciais.<br />
No estilo autoritário estão<br />
os professores que valorizam a<br />
autoridade, a ordem e a estrutura<br />
tradicional sem atentar para<br />
as demandas da criança. Esses<br />
profissionais buscam a obediência<br />
sem considerar que, nessa<br />
etapa da escolarização, seu papel<br />
precisa ser de ensinar os alunos<br />
a seguirem regras. Eles não permitem<br />
que as crianças participem<br />
de decisões, consideram pouco o<br />
que elas sentem ou falam e não<br />
demonstram interesse e afetividade<br />
por elas.<br />
No estilo permissivo, por<br />
outro lado, encontramos os professores<br />
que não estabelecem<br />
regras e limites apropriados e<br />
não monitoram os comportamentos,<br />
sempre realizando os<br />
desejos das crianças. Eles deixam<br />
os alunos fazerem o que quiserem<br />
e, muitas vezes, supervalorizam<br />
a opinião das crianças e deixam<br />
a autoridade de lado.<br />
No estilo negligente, os professores<br />
não estabelecem regras<br />
e limites, não monitoram o comportamento<br />
dos alunos e também<br />
não se envolvem e não são<br />
afetivos com as crianças. Podem<br />
ser aqueles professores que estão<br />
sobrecarregados com várias atividades,<br />
que apresentam problemas<br />
pessoais, ou que não<br />
gostam da profissão, mas se veem<br />
obrigados a exercê-la por<br />
precisarem do dinheiro e não<br />
terem alternativa.<br />
Já no estilo participativo,<br />
os professores propiciam atividades<br />
que estimulam os aspectos<br />
físico, cognitivo, afetivo e social<br />
da criança de forma afetuosa,<br />
em um ambiente agradável e<br />
acolhedor de aprendizagem nas<br />
mais diversas situações, ao mesmo<br />
tempo em que não deixam<br />
de ser claros e coerentes em relação<br />
aos limites e às regras da<br />
escola e da sala. Eles propõem<br />
atividades, exigem obediência,<br />
mantêm a autoridade e fazem<br />
uso de explicações, mas são abertos<br />
a trocas, elogiam e recompensam<br />
quando as crianças se<br />
comportam de forma adequada,<br />
consideram os sentimentos e as<br />
opiniões delas, fornecem alternativas<br />
e fazem-nas participar<br />
das decisões, permitindo o desenvolvimento<br />
da autonomia.<br />
Obviamente, esse é o perfil que<br />
deveríamos ter à frente de nossas<br />
equipes.<br />
Para finalizar, cabe pensar<br />
que, da mesma forma que nossos<br />
mestres fizeram escolhas sobre<br />
a melhor forma de se comportar<br />
frente aos alunos, nós precisamos<br />
nos assegurar de que estamos<br />
agindo da melhor maneira com<br />
nossos vendedores para que, no<br />
futuro, tenhamos orgulho da<br />
nossa postura.<br />
"Líderes sabem<br />
que precisam<br />
transmitir<br />
conhecimentos<br />
e desenvolver<br />
habilidades<br />
para tornar seus<br />
liderados aptos<br />
para o exercício de<br />
suas funções."<br />
J.B. Vilhena é coordenador<br />
acadêmico do MBA em<br />
Gestão Comercial da FGV,<br />
doutorando em Gestão de<br />
Negócios pela FGV/Rennes<br />
(França), consultor e palestrante.<br />
E-mail: jbvilhena@uol.<br />
com.br<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 19
Carreira<br />
João Kepler Braga<br />
Todo vendedor<br />
precisa ter um perfil<br />
empreendedor<br />
A<br />
palavra "empreendedor"<br />
normalmente serve para descrever<br />
a relação de uma pessoa com<br />
o negócio dela. No entanto, na<br />
minha visão, ser empreendedor<br />
é muito mais do que isso. O empreendedorismo<br />
é uma atitude,<br />
uma forma de enxergar e encarar<br />
as coisas, uma maneira de agir (e<br />
reagir), de pensar e de viver.<br />
Acredito que as pessoas que<br />
absorvem tais características<br />
20<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
estarão sempre um passo à frente<br />
– tanto na esfera pessoal quanto<br />
na profissional –, porque ser<br />
empreendedor é compreender<br />
que na vida não existem garantias,<br />
e que o esforço e a dedicação<br />
são necessários e, cedo ou tarde,<br />
serão recompensados.<br />
Vendas e empreendedorismo<br />
Um bom vendedor, independentemente<br />
do que vende (produtos,<br />
ideias, serviços), precisa ter segurança<br />
e conhecimento para se destacar.<br />
Qualquer um pode mudar ou<br />
propor novas etapas e processos na<br />
empresa em que trabalha, aperfeiçoar<br />
técnicas e sugerir mudanças<br />
internas que podem dar outro rumo<br />
a um negócio que já existe. Nada<br />
impede que um vendedor utilize<br />
canais e ferramentas adicionais<br />
para falar com seus clientes, ou que<br />
busque novas alternativas para se<br />
relacionar com os consumidores e,<br />
consequentemente, converter mais<br />
vendas. Tudo é uma questão de<br />
perspectiva e da forma como você<br />
encara o dia a dia e seus desafios.<br />
Tudo isso é empreendedorismo!<br />
E no mundo atual, os profissionais<br />
que se destacam no mercado<br />
têm essa postura, esse comportamento<br />
e essa atitude empreendedora.<br />
Eles aproveitam e criam as<br />
próprias oportunidades. Além disso,<br />
têm claro qual é o seu direcionamento<br />
e se dedicam porque têm<br />
um propósito.<br />
Educação empreendedora<br />
Lancei recentemente um livro intitulado<br />
Educando filhos para empreender.<br />
O objetivo é mostrar para<br />
os pais que é possível preparar<br />
seus filhos para que eles sejam<br />
empreendedores – na vida, não<br />
apenas no âmbito profissional.<br />
Acredito que quando as pessoas<br />
são orientadas desde a infância a<br />
lutar pelos seus objetivos e encontrar<br />
seus propósitos, se tornarão<br />
adultos conscientes e dispostos a<br />
escrever suas próprias histórias<br />
com autonomia e confiança.<br />
Assim, defendo a teoria de que<br />
os pais precisam preparar seus filhos<br />
para o mundo e não tentar<br />
mudar o mundo para eles.<br />
Tenho três filhos e muita satisfação<br />
de dizer que já são empreendedores.<br />
A Maria, de 12 anos, produz<br />
cupcakes desde os oito. O Davi,<br />
de 15, já está no seu terceiro negócio,<br />
e é fundador de uma start-up<br />
chamada List-IT – de listas de material<br />
escolar. O mais velho, Theo,<br />
de 17 anos, é um negociador nato<br />
e produtor de eventos.<br />
Mas o que me deixa feliz não é<br />
o fato de meus filhos terem seus<br />
próprios negócios, mas, sim, de entenderem<br />
que precisam trilhar seus<br />
próprios caminhos, fazer suas escolhas<br />
e arcar com as consequências,<br />
sejam elas positivas ou não.<br />
Desde que eles tenham consciência<br />
de como funciona de verdade a vida,<br />
sem a bolha da superproteção<br />
ou a omissão dos pais que acreditam<br />
que a melhor forma de proteger é<br />
esconder os problemas reais do dia<br />
a dia, essas crianças crescerão fortes,<br />
preparadas e dispostas a vencer<br />
os obstáculos que se apresentam<br />
no decorrer da vida. Terão tanta<br />
confiança em si mesmas que escolherão<br />
se o melhor caminho é ter<br />
o próprio negócio, liderar uma equipe<br />
de vendas (ou ser um vendedor),<br />
ser um acadêmico respeitado no<br />
mercado, enfim... Serão protagonistas<br />
dos seus próprios destinos e<br />
donos das suas escolhas.<br />
No livro eu cito, por exemplo,<br />
as razões para o insucesso. E dentre<br />
os motivos apresentados estão:<br />
deixar passar as oportunidades,<br />
deixar que seus medos sejam maiores<br />
que seus sonhos, não aprender<br />
com os erros, não ter determinação<br />
e ideais claros, não ter paixão pelo<br />
que faz, fazer somente o que foi<br />
mandado, ser incoerente, se abater<br />
com um “não”, entre outros. Por<br />
que destaquei esse capítulo? Porque<br />
todo mundo fala sobre como alcançar<br />
o tão sonhado sucesso, mas<br />
quase ninguém lembra que, para<br />
alcançá-lo, existe um logo caminho<br />
de tentativas, erros, acertos e quedas.<br />
E, mais uma vez, destaco a<br />
importância de ser empreendedor<br />
– afinal, saber como lidar com mudanças<br />
e ser flexível e otimista não<br />
faz mal a ninguém, trabalhe com<br />
o que trabalhar.<br />
Lembre-se sempre de que a conquista<br />
é proporcional à sua persistência.<br />
Quando uma pessoa consegue<br />
alcançar o respeito e a admiração<br />
dos outros, ela passa a ser<br />
vista como uma referência. Pessoas<br />
assim costumam inspirar e ser<br />
lembradas por seus feitos e resultados,<br />
afinal, histórias de sucesso,<br />
de conquistas e de superação sempre<br />
terão espaço e notoriedade em<br />
qualquer época.<br />
Bons motivos para trabalhar o<br />
lado empreendedor de seus vendedores,<br />
não é mesmo?<br />
Características do<br />
vendedor empreendedor<br />
Encara qualquer problema de<br />
frente e busca encontrar a<br />
melhor solução rapidamente.<br />
Tem disposição para fazer coisas<br />
novas, sair da rotina ou<br />
experimentar novas possibilidades.<br />
Tem a capacidade de enxergar<br />
além da sua realidade atual e<br />
do contexto em que vive.<br />
Tem o hábito de tomar iniciativa,<br />
ao invés de simplesmente<br />
aguardar ordens.<br />
É flexível e entende que mudar,<br />
às vezes, é necessário.<br />
Sabe vender o próprio peixe e<br />
tem autonomia e segurança<br />
para tomar suas próprias decisões.<br />
"Ser empreendedor<br />
é compreender<br />
que na vida não<br />
existem garantias,<br />
e que o esforço e<br />
a dedicação são<br />
necessários e, cedo<br />
ou tarde, serão<br />
recompensados."<br />
João Kepler Braga é reconhecido<br />
como o palestrante<br />
mais sintonizado com a<br />
inovação e a convergência<br />
digital no Brasil. Escritor e<br />
pensador que mostra em<br />
suas palestras as melhores<br />
práticas já testadas e desenvolvidas<br />
por anos de<br />
experiência em seus próprios<br />
negócios, é espalhador<br />
de ideias digitais e acredita<br />
que só a aplicação na prática<br />
pode realmente mostrar<br />
como tudo funciona.<br />
Visite o site:<br />
www.joaokepler.com.br<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 21
Entrevista / Por João Guilherme Brotto /<br />
Arquivo Pessoal<br />
Fred Rocha, Leandro Branquinho e Mauro Rocha passaram na sede da <strong>VendaMais</strong> no início da expedição.<br />
Nossa equipe aproveitou para conhecer o roteiro da viagem e o interior da "Tartaruga Ninja"<br />
Uma jornada<br />
épica em busca<br />
do melhor<br />
vendedor do<br />
Brasil<br />
22<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
olocar um motorhome na estrada para rodar por mais<br />
de 13 mil km, 17 estados brasileiros, durante 57 dias com o objetivo<br />
de descobrir boas histórias, conhecer pessoas inspiradoras e encontrar<br />
profissionais de vendas que estão se destacando para, depois,<br />
eleger o melhor vendedor do Brasil. Essa aventura soa como uma<br />
sinopse de filme? Parece coisa de maluco? Na verdade, é o resumo<br />
de uma expedição que entrou para a história do apaixonante mercado<br />
de vendas brasileiro!<br />
Os especialistas em vendas<br />
Fred Rocha e Leandro Branquinho<br />
(que é colunista da <strong>VendaMais</strong>)<br />
embarcaram nessa aventura junto<br />
com “Seu” Mauro Rocha, pai<br />
de Fred, que é viajante de longa<br />
data, cheio de histórias incríveis<br />
para contar e que parece ter encontrado<br />
nas viagens a receita<br />
para a longevidade. Seu Mauro,<br />
aliás, foi o motorista oficial da<br />
Tartaruga Ninja – nome da Kombi<br />
1984 que está na família há<br />
mais de trinta anos e que foi adaptada<br />
com um motor 2012 flex para<br />
tornar possível a realização do<br />
sonho dos três aventureiros.<br />
Um dos motivos que fizeram<br />
Branquinho e Fred transformarem<br />
um desejo simples de pai e filho<br />
de viajarem juntos em um grande<br />
projeto que premiou o personagem<br />
central da seção “Supervendedor”<br />
desta edição foi a vontade de contrapor<br />
os argumentos de que a<br />
crise parou o país e, principalmente,<br />
mostrar que existe um<br />
Brasil que dá certo.<br />
Para entender melhor tudo isso,<br />
trazer para você algumas das boas<br />
histórias que eles encontraram ao<br />
longo da viagem e ainda descobrir<br />
as melhores lições que eles trouxeram<br />
"na mala" no retorno para casa,<br />
batemos um papo com os idealizadores<br />
da expedição O melhor<br />
vendedor do Brasil logo que a aventura<br />
chegou ao fim – em julho deste<br />
ano. Embarque com a gente e<br />
inspire-se no relato dos dois!<br />
<strong>VendaMais</strong> – Quais são as características<br />
comuns entre os<br />
melhores profissionais de vendas<br />
do Brasil que vocês encontraram<br />
ao longo da expedição?<br />
Leandro Branquinho – Os melhores<br />
vendedores e os melhores líderes<br />
que encontramos eram pessoas<br />
com muito brilho nos olhos. Pessoas<br />
que, quando contavam suas<br />
histórias, deixavam claro como<br />
gostavam de ajudar seus clientes.<br />
Em Santa Catarina, conhecemos<br />
um vendedor que devia ter<br />
uns 18 anos. Ele se chama Andrew<br />
e havia sido contratado há pouco<br />
tempo por uma loja de calçados.<br />
Quando percebeu que eu dei uma<br />
paradinha para olhar a vitrine,<br />
veio me atender. Não foi uma<br />
abordagem agressiva. Ele estava<br />
feliz e com muita simpatia me<br />
convidou para entrar. Quando<br />
conversei com sua gerente, descobri<br />
que ele já estava vendendo<br />
mais do que alguns vendedores<br />
veteranos. Segundo ela, os resultados<br />
positivos se davam porque<br />
o jovem vendedor tinha muita<br />
energia e brilho nos olhos.<br />
Na Paraíba, conhecemos a<br />
Dona Hilda Lucena, uma senhora<br />
de 66 anos que é aposentada<br />
e vive de maneira muito confortável<br />
em uma linda cobertura<br />
de frente para o mar. Há pouco<br />
tempo, ela percebeu que suas<br />
amigas tinham dificuldades em<br />
organizar objetos pessoais. Foi<br />
então que Dona Hilda fez um<br />
curso de personal organizer.<br />
Quando notou a dificuldade em<br />
encontrar produtos de organização<br />
pessoal no Brasil, ela mesma<br />
decidiu produzi-los. Não satisfeita,<br />
abriu um e-commerce<br />
para distribuir os produtos para<br />
todo o país. Mas isso, na visão<br />
dela, ainda não era o bastante.<br />
Decidiu, então, produzir um catálogo<br />
para vendas diretas (nos<br />
mesmos moldes de Avon e Natura)<br />
e, recentemente, começou a produzir<br />
vídeos para o YouTube dando<br />
dicas de organização. Quando<br />
conversei com aquela senhora,<br />
era nítida a paixão que ela tinha<br />
por ajudar as pessoas.<br />
VM – Brilho nos olhos e paixão<br />
são fundamentais. Mas não é<br />
só isso que faz um grande<br />
vendedor...<br />
Fred Rocha – Tem um tanto de<br />
técnica, também. Mas antes, algo<br />
muito importante: disciplina.<br />
O vendedor precisa ter etapas<br />
em seu processo <strong>comercial</strong>. Ele<br />
não vai conseguir aplicar nenhuma<br />
técnica de venda se não<br />
for uma pessoa disciplinada.<br />
Aliás, eu não conheço ninguém<br />
que seja disciplinado e pobre. Todo<br />
mundo que é disciplinado, em<br />
qualquer situação, vai estar sempre<br />
um pouquinho acima da média.<br />
Mesmo quando não há talento,<br />
a disciplina faz a diferença.<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 23
O Branquinho usa um termo<br />
maravilhoso, que é dar COR à<br />
empresa.<br />
C: Conhecer<br />
O: Observar<br />
R: Resolver<br />
O vendedor precisa conhecer<br />
todo o “sistema solar” do produto,<br />
precisa conhecer a história do<br />
dono da empresa. Depois, conhecer<br />
o cliente, ouvir o cliente. Às<br />
vezes, o cara está falando e o vendedor<br />
fica tentando adivinhar o<br />
que ele quer dizer. É preciso escutar<br />
de verdade para, depois,<br />
resolver o problema. Em resumo,<br />
é algo que pode ser representado<br />
em uma pirâmide.<br />
Pirâmide do grande vendedor<br />
Conhecer,<br />
observar e<br />
resolver os<br />
problemas<br />
do cliente<br />
15%<br />
25%<br />
Disciplina<br />
60%<br />
Paixão<br />
VM – Por outro lado, quais foram<br />
os erros cometidos por vendedores<br />
que vocês mais viram se repetir<br />
ao longo da viagem?<br />
LB – De vez em quando, escutávamos:<br />
“Eu sou o melhor vendedor<br />
da cidade”, mas quando perguntávamos<br />
o porquê, muitas pessoas<br />
não sabiam responder. Ou seja, a<br />
pessoa não é uma boa profissional,<br />
acha que está fazendo tudo bem-<br />
-feito, mas ao ser questionada, não<br />
tem a menor noção de quais são<br />
seus diferenciais.<br />
VM – Vocês viajaram durante um<br />
período turbulento econômica e<br />
politicamente. Mas, mesmo assim,<br />
encontraram muitas histórias<br />
legais, de gente que está<br />
vendendo, ajudando pessoas,<br />
ganhando dinheiro…<br />
FR – E até gente inaugurando loja,<br />
começando negócios e acreditando.<br />
A crise impacta primeiro quem<br />
está acomodado. O varejo está passando<br />
por um momento em que<br />
perdeu contato com o consumidor.<br />
Os gestores não treinaram suas<br />
equipes e o setor está despreparado.<br />
Aí vem uma crise política, econômica,<br />
de confiança – pode dar<br />
o nome que quiser – e pega o varejo<br />
fragilizado, que começa a fechar<br />
lojas. Mas existem empresas<br />
que se remodelaram, que criaram<br />
propósito, que trabalham para resolver<br />
problemas de clientes e que<br />
estão crescendo. Nós encontramos<br />
muita gente com paixão, com propósito<br />
de resolver os problemas das<br />
pessoas, e esse pessoal está construindo<br />
empresas maravilhosas.<br />
Existe crise? Existe crise para todo<br />
mundo. Mas sofre menos quem<br />
está preparado e quem está ouvindo<br />
o novo consumidor.<br />
VM – O que vocês levaram em<br />
consideração para escolher o melhor<br />
vendedor do Brasil?<br />
LB – Essa foi uma das partes mais<br />
delicadas de nossa busca. Se escolhêssemos<br />
por lucratividade, por<br />
volume, por faturamento ou qualquer<br />
outro índice mais técnico,<br />
limitaríamos nossa pesquisa. Como<br />
o objetivo principal não era<br />
premiar uma pessoa, e, sim, inspirar<br />
muitas outras, demos muito<br />
valor à história. Se a pessoa tinha<br />
uma boa história, nós a classificávamos<br />
para uma análise mais<br />
aprofundada. Também levamos<br />
em consideração criatividade, pontos<br />
de contato com o cliente e presença<br />
na internet.<br />
24<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
"Os melhores<br />
vendedores e<br />
os melhores<br />
líderes que<br />
encontramos<br />
eram pessoas<br />
com muito<br />
brilho nos<br />
olhos. Pessoas<br />
que, quando<br />
contavam<br />
suas histórias,<br />
deixavam claro<br />
como gostavam<br />
de ajudar seus<br />
clientes."<br />
(Leandro Branquinho)<br />
VM – O que pesou a favor do Leonardo<br />
de Matos*, o grande vencedor<br />
do prêmio criado por vocês?<br />
FR – Nosso objetivo era premiar<br />
uma pessoa inspiradora. O Léo<br />
ganhou o prêmio de melhor vendedor<br />
do Brasil por sua paixão, sua<br />
inspiração e mais uma série de<br />
fatores fantásticos. Ele conseguiu<br />
inovar em quase todos os pontos.<br />
A embalagem do produto dele é<br />
extremamente diferenciada, o nome<br />
é fantástico e totalmente disruptivo,<br />
ele usa variados canais de<br />
venda... Enfim, não faltaram bons<br />
motivos para premiá-lo. E o mais<br />
legal é que, alguns anos antes, o<br />
Léo tinha quebrado a empresa de<br />
confecção de que era dono. A Bosta<br />
em Lata foi a solução para a vida<br />
dele. Quando a gente inova, não<br />
pode perguntar para as pessoas:<br />
"Olha, estou dando esse nome para<br />
o meu produto, o que você acha?”<br />
Todo mundo vai falar que é ruim,<br />
que não vai funcionar. Eu tenho<br />
certeza de que o Léo não perguntou<br />
para ninguém. Ele acreditou na<br />
inovação dele e mandou brasa.<br />
*Curioso para conhecer a história do melhor<br />
vendedor do Brasil? Leia a reportagem que se<br />
inicia na página 28. Todos os detalhes estão lá!<br />
VM – Qual é a importância de um<br />
bom líder para o desenvolvimento<br />
de supervendedores?<br />
LB – Acho que a melhor forma de<br />
responder a essa pergunta é contando<br />
duas histórias que vivemos<br />
durante a expedição...<br />
No Paraná, ficamos sabendo de<br />
um promotor de vendas que se veste<br />
de velhinha (com direito a cabelos<br />
brancos e tudo mais) e é conhecido<br />
como “Dona Maria”. A loja em<br />
que ele trabalha se chama Descontão<br />
– pelo nome, já dá para perceber<br />
que se trata de uma loja popular,<br />
certo? E, realmente, o personagem<br />
chama muito a atenção. As crianças<br />
pedem para abraçar, algumas pessoas<br />
pedem para tirar selfies, enfim,<br />
esse promotor atrai muitas pessoas<br />
para dentro da loja. Enquanto o<br />
“Dona Maria” fazia o seu trabalho,<br />
percebemos que a loja inteira tinha<br />
um clima de alegria.<br />
Porém, apesar de o “Dona Maria”<br />
ser a grande atração da loja na<br />
visão dos clientes, quem chamou<br />
mesmo a nossa atenção foi o Leandru,<br />
o gerente de vendas. Em um<br />
de seus bolsos, Leandru carregava<br />
um microfone sem fio. Ele não é o<br />
locutor oficial da loja, mas quando<br />
percebe que algum cliente ainda<br />
não foi atendido ou quando vê que<br />
tem alguém na rua observando a<br />
vitrine, ele assume o papel de locutor<br />
e convida as pessoas a se<br />
aproximarem. Além disso, de vez<br />
em quando, o movimento é realmente<br />
grande e, para não perder<br />
clientes, ele assume o papel de vendedor<br />
– e olha que a equipe de<br />
vendas da loja não é pequena! Perguntei<br />
para duas vendedoras se<br />
elas não se incomodavam com o<br />
fato de o gerente desempenhar o<br />
papel que, em teoria, é delas. As<br />
duas me disseram que ele é um<br />
ótimo líder e o tempo todo está<br />
ajudando cada integrante da equipe,<br />
e que é isso que importa.<br />
No Rio Grande do Sul, conhecemos<br />
uma loja de brinquedos maravilhosa.<br />
Na fachada, tem um relógio<br />
que roda ao contrário; no interior,<br />
o chão é todo acolchoado e<br />
fofinho para que as crianças possam<br />
brincar à vontade e, logo na entrada,<br />
tem um Incrível Hulk enorme com<br />
quem as pessoas costumam tirar<br />
fotos. Mas o que mais chama a atenção<br />
é o clima. Os vendedores não<br />
têm um atendimento padrão. Eles<br />
não ficam com um pezinho para<br />
frente e outro para trás. Eles literalmente<br />
brincam com os clientes. E<br />
brincaram com a gente, também!<br />
O Fred estava com uma câmera<br />
pendurada no pescoço, uma<br />
vendedora se aproximou e perguntou<br />
se poderia fazer umas fotos.<br />
Com muita simpatia, ela pegou a<br />
câmera e começou a nos fotografar.<br />
Notei que outros profissionais também<br />
brincavam com as crianças<br />
enquanto as ajudavam a escolher<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 25
um brinquedo. Obviamente, fui<br />
conversar com a proprietária, a<br />
Fernanda. Ela já é comerciante há<br />
um bom tempo. Tem papelarias em<br />
algumas cidades e me explicou que<br />
sua empresa tem dois pilares: o<br />
primeiro é ter bons produtos com<br />
preços competitivos. E isso ela consegue,<br />
pois já tem uma vasta experiência<br />
em importação. O segundo<br />
pilar é a contratação. Fernanda<br />
me contou que tem muito bem<br />
traçado o perfil dos vendedores<br />
ideais. E é muito rigorosa na seleção<br />
e nos treinamentos.<br />
Ou seja: os melhores líderes são<br />
inspiradores. Sejam eles mais operacionais,<br />
como o Leandru, ou mais<br />
estratégicos, como a Fernanda.<br />
VM – Qual é o papel do gestor em<br />
relação ao COR? Onde ele entra<br />
para que tenhamos mais pessoas<br />
que vendam até "bosta em<br />
lata" no mercado?<br />
FR – Uma coisa que a gente perguntou<br />
em todas as lojas em que entramos<br />
durante a viagem foi: “Você<br />
treina o seu cliente interno – ou<br />
seja, o seu vendedor?” Era comum<br />
ouvirmos aquele comentário clássico:<br />
“Ah, Fred, e se eu treinar e ele<br />
for embora?”, e eu sempre brincava:<br />
“E se você não treinar e ele ficar?”<br />
Atualmente, a maior dificuldade<br />
dos gestores é a disciplina de<br />
reunir a equipe toda segunda-feira<br />
de manhã, pagar uma hora extra<br />
e um café da manhã para a pessoa<br />
estar ali, compartilhar a meta e<br />
ajudar a construí-la. Teremos uma<br />
performance muito melhor se tivermos<br />
a disciplina de reunir toda<br />
a equipe durante uma hora por<br />
semana. Em toda missão se chega<br />
mais rápido ao êxito quando todos<br />
participam do plano e da decisão.<br />
É um time, não é uma empresa.<br />
Você precisa debater questões como:<br />
vamos aumentar o ticket médio?<br />
Vamos trabalhar o produto relacionado?<br />
Vamos aumentar o fluxo<br />
de loja? O que nós vamos fazer?<br />
VM – Quais são as principais dificuldades<br />
enfrentadas pelos<br />
profissionais de vendas Brasil<br />
afora? O que é preciso fazer para<br />
superá-las?<br />
LB – Eu gosto muito de fazer a<br />
seguinte pergunta: “Qual é o seu<br />
maior desafio como vendedor?”.<br />
Ou, ainda: “Que tipo de cliente mais<br />
dá trabalho?”<br />
Em Belo Horizonte, a Oneida,<br />
uma atendente de farmácia, disse<br />
para mim que não tem clientes que<br />
dão trabalho. Não acreditando<br />
26<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
"Existe crise<br />
para todo<br />
mundo. Mas<br />
sofre menos<br />
quem está<br />
preparado e<br />
ouvindo o novo<br />
consumidor."<br />
(Fred Rocha)<br />
muito na sua resposta, eu persisti<br />
e retruquei: “Não é possível. Deve<br />
ter algum cliente que é mais difícil.”<br />
Ela me respondeu mais ou menos<br />
assim: “A maioria das pessoas que<br />
entra em uma farmácia entra com<br />
algum tipo de problema. E o atendente<br />
de farmácia tem que, no mínimo,<br />
se sensibilizar. Muitas vezes,<br />
a culpa não é do cliente. Muitas<br />
vezes, é uma doença que deixa a<br />
pessoa mais abalada. É nosso papel<br />
sempre levar dignidade para todos<br />
que entram na farmácia.”<br />
A Oneida tem um propósito. Ela<br />
sabe exatamente qual é o seu papel.<br />
Talvez, a maior dificuldade de alguns<br />
profissionais de vendas seja<br />
entender qual é o foco do cliente,<br />
quais são suas dores... É preciso ter<br />
noção exata do porquê de os clientes<br />
estarem comprando. Somente<br />
assim será possível dar um passo<br />
em direção à alta performance.<br />
VM – O que os vendedores mais<br />
relataram no sentido de “isso me<br />
incomoda” ou “eu não consigo<br />
vender por conta disso e daquilo”.<br />
Ou seja, quais são os grandes<br />
dramas que os profissionais de<br />
vendas sofrem?<br />
FR – O vendedor costuma ter dificuldade<br />
com o dono do negócio.<br />
O maior parceiro dele é o cara mais<br />
distante que ele tem. É o que acontece<br />
quando a empresa é cheia de<br />
degraus. E degraus altos. Um cara<br />
não consegue falar com outro. Então,<br />
o vendedor não sabe o que<br />
está acontecendo. A gente só cuida<br />
de quem cuida da gente. Toda relação<br />
humana, seja qual for, é de<br />
gente para gente. Portanto, se essa<br />
questão não for bem trabalhada, a<br />
conta não fecha. Para vender, a<br />
gente tem que resolver o problema<br />
dos outros. Só isso.<br />
humanizado ainda é difícil de ser<br />
encontrado. Profissionais que usam<br />
ferramentas como CRM são uma<br />
minoria, e olha que esse conceito<br />
de administração de relacionamento<br />
com cliente existe há mais de<br />
vinte anos.<br />
VM – Quais foram os maiores<br />
ensinamentos que essa viagem<br />
trouxe?<br />
FR – Ah, essa é a melhor pergunta!<br />
No meu caso, a partir de agora<br />
– e cada vez mais – eu vou parar<br />
de pensar em ferramentas para<br />
vender e começar a pensar em gente.<br />
Isso porque uma das coisas que<br />
mais me impressionaram foi o degrau<br />
cultural que existe em nosso<br />
país. A cada 100 quilômetros, o<br />
sotaque muda, o jeito de comer<br />
muda, o jeito de falar muda e o<br />
jeito de comprar e de vender muda.<br />
Esse é o grande aprendizado da<br />
viagem: pensar nas pessoas!<br />
VM – No que os vendedores brasileiros<br />
ainda pecam?<br />
LB – Encontramos muitas histórias<br />
legais, muita gente bacana, mas<br />
treinamento constante é algo muito<br />
raro e serviço de atendimento<br />
ao consumidor que realmente seja<br />
Site oficial: www.omelhorvendedordo<br />
brasil.com.br<br />
Facebook: http://facebook.com/brasil<br />
vendedor<br />
Fique ligado no site e no Facebook do<br />
projeto porque, em breve, Fred Rocha e<br />
Leandro Branquinho lançarão um documentário<br />
e um livro sobre a expedição O<br />
melhor vendedor do Brasil.<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 27
supervendedor / Por João Guilherme Brotto /<br />
João Guilherme Brotto/ARQUIVO PESSOAL<br />
Você seria capaz<br />
de vender até<br />
bosta em lata?<br />
Conheça a história de Leonardo de Matos, vencedor do prêmio O melhor vendedor do Brasil, que<br />
mostra que com criatividade, boas ideias e um bom produto é possível vender até o impensável!<br />
que você faria se fosse dono de uma empresa de confecção e quebrasse<br />
a ponto de gerar uma dívida de R$ 1,5 milhão?<br />
O que poderia significar uma tragédia imensurável para muitos foi o que deu<br />
início à fantástica história de Leonardo de Matos, criador da Bosta em Lata e vencedor<br />
do prêmio O melhor vendedor do Brasil, que você conheceu na entrevista com Fred<br />
Rocha e Leandro Branquinho (página 22).<br />
Em 2011, após fechar as portas de sua empresa, Matos estava em uma situação<br />
tensa. “Quando minha empresa quebrou, entrei em depressão, fiquei muito mal. Mas o fracasso me impulsionou<br />
a ir para a rua atender meu cliente e vender mais”, lembra. Em 2014, ele decidiu contar sua<br />
história no livro Quebrei – Guia politicamente incorreto do empreendedorismo (editora Alta Books) para<br />
desmistificar o glamour do empreendedorismo e mostrar que a vida por trás de um negócio não é fácil.<br />
Quando a empresa fechou, Matos voltou a fazer o que faz de melhor segundo ele mesmo: vender – só que<br />
ainda no segmento de vestuário. Foi aí que ele começou a se recuperar do grande tombo, mas ainda não havia<br />
sequer pensado no produto que, alguns anos depois, seria responsável por torná-lo o melhor vendedor do Brasil.<br />
O começo de tudo<br />
Ao longo de sua carreira como vendedor,<br />
Matos se acostumou a ouvir<br />
coisas como: “Leo, você vende até<br />
fósforo queimado e lata de bosta.”<br />
“De tanto ouvir isso, comecei a<br />
refletir sobre a ideia, mas ainda<br />
sem nada de concreto sobre que<br />
tipo de produto poderia ser <strong>comercial</strong>izado.<br />
Perguntei para minha<br />
esposa se ela compraria bosta em<br />
lata e sua resposta foi um belo e<br />
sonoro ‘não’”, conta.<br />
A negativa serviu como um<br />
impulso para continuar pensando<br />
sobre a ideia. “Vendedor leva mais<br />
‘não’ do que garçom que oferece<br />
linguiça em churrascaria, mas é<br />
graças ao não que se chega ao sim.<br />
Comecei a pesquisar sobre o que<br />
poderia vender com esse nome.<br />
Investigando o agronegócio, me<br />
deparei com o esterco bovino, e<br />
percebi que era um insumo muito<br />
mal explorado. Pensei que poderia<br />
ser um belo adubo se colocado<br />
numa embalagem prática,<br />
bonita e útil para quem mora em<br />
casas e apartamentos pequenos”,<br />
revela. Nascia a Bosta em Lata,<br />
um adubo orgânico para uso doméstico<br />
– mais um exemplo que<br />
deixa claro que é possível colocar<br />
valor até mesmo em produtos que<br />
parecem ser impensáveis!<br />
Como bem disse Fred Rocha,<br />
Matos foi criativo e inovou em<br />
praticamente todos os aspectos<br />
que envolvem o produto, da concepção<br />
à distribuição. “O Leonardo<br />
ganhou o prêmio de melhor<br />
vendedor do Brasil por sua paixão,<br />
sua inspiração e mais uma série<br />
de fatores fantásticos. Ele conseguiu<br />
inovar em quase todos os<br />
pontos. A embalagem é extremamente<br />
diferenciada, o nome é<br />
fantástico e totalmente disruptivo,<br />
e ele ainda usa variados canais<br />
de venda”, pontua.<br />
28<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 29
"O vendedor que<br />
é empreendedor<br />
se destaca<br />
muito mais.<br />
Bate meta,<br />
sai da zona de<br />
conforto e se<br />
surpreende<br />
com a própria<br />
venda. Mas não<br />
é fácil. Tem<br />
que ter plano,<br />
meta, foco e<br />
saber quem vai<br />
buscar."<br />
Quando ficou sabendo que a<br />
caravana d’O melhor vendedor do<br />
Brasil passaria por São José do Rio<br />
Preto (SP), cidade onde mora, Matos<br />
lamentou que estaria viajando,<br />
mas, mesmo assim, entrou em contato<br />
com Rocha e Branquinho. Eles<br />
gostaram da história e pediram<br />
para ele enviar um vídeo contando<br />
mais. “Gravei na hora em Holambra<br />
(SP), onde eu estava, e mandei para<br />
eles. Tudo começou ali. Depois,<br />
eles chegaram à conclusão de me<br />
premiar, o que me deixou extremamente<br />
honrado”, lembra.<br />
Um cuidado especial com<br />
as vendas<br />
Desde quando estava na fase de<br />
pesquisa e desenvolvimento do<br />
produto, o vendedor de adubo planejou<br />
tudo pensando em como o<br />
futuro cliente iria interagir com o<br />
produto. Começou tentando imaginar<br />
como o comprador abriria a<br />
lata, e logo decidiu que não queria<br />
que fosse dessas que precisa de uma<br />
ferramenta especial. “Fui atrás de<br />
uma embalagem prática para que<br />
a pessoa pudesse usar assim que<br />
recebesse o produto. Além disso,<br />
o adubo não fica em contato direto<br />
com a lata. Ele fica isolado, dentro<br />
de um saquinho zipado, para<br />
preservar a lata, que pode ser reutilizada<br />
posteriormente para os<br />
mais diversos fins. Dentro, há,<br />
ainda, uma colher medidora para<br />
facilitar o uso. Por fim, a arte da<br />
embalagem remete a uma pequena<br />
propriedade rural. Tudo isso<br />
para 'quebrar' o nome, que eu imaginei<br />
que pudesse ter restrições,<br />
mas tem tido bem menos do que<br />
eu imaginei”, comemora.<br />
Com o produto bem resolvido,<br />
o supervendedor sabia que precisaria<br />
utilizar diversos canais de<br />
vendas para dar escala. Por isso, fez<br />
parceria com uma grande empresa<br />
atacadista com sede em Holambra,<br />
mas que atua no sul, no sudeste, no<br />
centro-oeste e no nordeste do Brasil<br />
– o que garantiu uma boa distribuição.<br />
A Bosta em Lata também<br />
é vendida em diversas floriculturas,<br />
no site oficial e em marketplaces na<br />
internet. “Vários canais novos têm<br />
surgido, especialmente na internet.<br />
Eu sou um vendedor de venda física.<br />
Gosto de atender meu cliente,<br />
abraçar, tomar café, mas a internet<br />
é uma grande loja que não podemos<br />
mais ignorar”, aconselha.<br />
O segredo do sucesso não<br />
é tão secreto assim<br />
Saber escutar é uma das grandes<br />
virtudes do bom profissional de<br />
vendas. E nessa história isso fica<br />
evidente. Afinal, o produto de Matos<br />
só está no mercado porque ele<br />
teve a perspicácia de perceber um<br />
30<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
padrão nos feedbacks que recebia.<br />
O que poderia ser apenas mais um<br />
comentário bem-humorado (“você<br />
vende até lata de bosta”) foi cultivado<br />
a ponto de se transformar em<br />
uma boa ideia que resultou em um<br />
produto inovador inserido em um<br />
mercado em franca expansão, cujo<br />
crescimento é motivado, dentre<br />
outros fatores, pelo desejo das pessoas<br />
de resgatarem valores antigos<br />
e terem uma relação mais próxima<br />
com o alimento que consomem.<br />
Isso fica visível ao observarmos<br />
que as hortas estão “invadindo” até<br />
as paredes de apartamentos.<br />
Esse olhar atento às tendências<br />
e ao comportamento do consumidor<br />
foi outro ponto importante<br />
para o sucesso da Bosta em Lata.<br />
“Comecei a reparar que, além de<br />
as pessoas postarem fotos de seus<br />
pets nas redes sociais, muita gente<br />
posta fotos de plantas. Isso me deu<br />
forças para criar um produto que<br />
visa atender um público que é apaixonado<br />
por plantas”, revela.<br />
Sobre sair da zona de<br />
conforto<br />
Matos também é um bom exemplo<br />
de reinvenção. Após 14 anos no<br />
dinâmico mercado de moda, foi<br />
preciso coragem para começar do<br />
zero e inovar no tradicional agronegócio.<br />
“Confesso que tive bastante<br />
dificuldade para sair da minha<br />
zona de conforto, mas também<br />
acredito que estamos na vida para<br />
evoluir. Eu vivo para ter um amanhã<br />
cada vez melhor que hoje”, projeta.<br />
Enquanto muita gente confunde<br />
empreendedorismo com abrir uma<br />
empresa, ele lembra que o empreendedorismo<br />
é tudo o que nos dispomos<br />
a fazer. “Às vezes, você vai<br />
comprar um carro e o vendedor<br />
não sabe esclarecer suas dúvidas.<br />
Ele precisa saber absolutamente<br />
tudo sobre o produto. É a informação<br />
que vende. É a resposta que o<br />
cliente quer naquela hora. O vendedor<br />
que é empreendedor se destaca<br />
muito mais. Bate meta, sai da<br />
zona de conforto e se surpreende<br />
com a própria venda. Mas não é<br />
fácil. Tem que ter plano, meta, foco<br />
e saber quem vai buscar”, orienta.<br />
O papel do vendedor em<br />
um mundo cada vez mais<br />
conectado<br />
Não é novidade que as pessoas estão<br />
cada vez mais conectadas. Basta<br />
uma rápida olhada ao redor em<br />
ambientes de grandes aglomerações<br />
para ver, na prática, o que os estudos<br />
têm revelado.<br />
Dados de 2015 da consultoria<br />
comScore mostram que mais de<br />
38 milhões de brasileiros acessam<br />
a internet por meio de tablets e<br />
smartphones. Além disso, o brasileiro<br />
passa, em média, 60% mais<br />
tempo nas redes sociais do que a<br />
média mundial. Por fim, o tempo<br />
gasto na internet já é maior que o<br />
tempo gasto assistindo à televisão,<br />
segundo a Pesquisa de Mídia Brasileira<br />
2015, divulgada pela Secretaria<br />
de Comunicação Social da<br />
Presidência da República.<br />
Esse cenário tem contribuído<br />
para provocar grandes rupturas<br />
no mercado de vendas e evidencia<br />
a necessidade de o vendedor desenvolver<br />
seu lado empreendedor,<br />
aprender a lidar com mudanças<br />
cada vez mais rápidas e evoluir<br />
junto com o mercado. “O vendedor<br />
empreendedor está sempre se reinventando.<br />
Nós precisamos nos<br />
atualizar. O vendedor de sessenta<br />
anos que vendia para o pai, hoje<br />
vende para o neto. Como ele vai<br />
lidar com uma pessoa da geração<br />
Y, que nasceu sem saber ouvir ‘não’<br />
e quer tudo instantaneamente? É<br />
preciso aprender a lidar com esse<br />
público que está dominando o mercado,<br />
principalmente o on-line. As<br />
pessoas vivem no celular. Eu fecho<br />
venda pelo WhatsApp, pelo Facebook<br />
e pelo Instagram. Estou à<br />
disposição do meu cliente onde<br />
quer que ele queira me encontrar.<br />
O futuro é digital”, destaca.<br />
Por fim, Matos fez questão de<br />
deixar um agradecimento pelo prêmio<br />
conquistado. “Esse prêmio é<br />
nosso! É dos vendedores que acordam<br />
cedo e vão batalhar. A gente<br />
sabe que nem todo dia é agradável.<br />
Às vezes, voltamos para casa só<br />
com nãos, mas não podemos desanimar.<br />
A busca é sempre pelo sim.<br />
A busca é por cuidar de nossos<br />
clientes, estar perto deles, ver como<br />
eles estão, se precisam de algo, se<br />
estão com algum problema. É só<br />
resolver os problemas dos clientes<br />
que a gente nunca vai ficar sem<br />
vender”, finaliza.<br />
Saiba mais: www.bostaemlata.com.br<br />
"Eu sou um<br />
vendedor<br />
de venda<br />
física. Gosto<br />
de atender<br />
meu cliente,<br />
abraçar, tomar<br />
café, mas<br />
a internet é<br />
uma grande<br />
loja que não<br />
podemos mais<br />
ignorar."<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 31
Gestão de clientes<br />
Marcelo Caetano<br />
"Acumular<br />
dados de forma<br />
organizada e usar<br />
as informações<br />
do seu cliente<br />
como ferramenta<br />
de venda faz toda<br />
a diferença!"<br />
Você realmente<br />
conhece seu cliente?<br />
erdade seja dita: as empresas estão distantes dos seus clientes! Muitas<br />
delas dedicam parte importante do seu tempo para entender seu público-<br />
-alvo e acreditam que o acúmulo de conhecimento – da própria empresa,<br />
dos concorrentes e, principalmente, dos clientes – trará informações que<br />
levarão a decisões acertadas – seja de novos produtos ou de novas maneiras<br />
de fazer com que esses produtos cheguem até os clientes. Porém, isso é impossível<br />
quando todo o processo acontece atrás de uma mesa!<br />
É sobre isso que quero falar neste artigo: o quanto os tomadores de decisão<br />
se formam cada vez mais dentro dos escritórios, mas poucas vezes no<br />
habitat do cliente. E como isso pode ser ruim para o seu negócio.<br />
32<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
O cenário ideal<br />
O olhar do cliente não tem feito parte das estratégias<br />
das empresas, não tem tido o peso necessário<br />
na decisão das companhias. Raramente – ou quase<br />
nunca – vemos um cliente na mesa de debate. Os<br />
dados dos clientes são estatísticos – e, muitas vezes,<br />
são estatísticas imprecisas. É preciso estar na “casa”<br />
cliente para ver como ele funciona de verdade!<br />
Rogério Mendes, um gestor que respeito muito,<br />
brinca: “As empresas fazem um cálculo hipotético de<br />
procedência duvidosa”, ou seja, apostam no famoso<br />
“chute”, pois tentam, de dentro do escritório, imaginar<br />
o que os clientes pensam, como agem, o que<br />
querem. Ninguém pergunta isso para eles. A resposta<br />
está sempre pronta: “Não sabemos como fazer<br />
pesquisa, não temos esse know-how.” Mas o fato é que<br />
se você não conversar com o seu cliente, se não começar<br />
agora mesmo, nunca terá esse know-how!<br />
Para pensar:<br />
Você sabe de verdade quem é o seu cliente? Não<br />
apenas o que compra seu produto, mas o que<br />
usa seu produto?<br />
Sabe qual produto ele usa quando o escolhido<br />
não é o seu?<br />
Por que, às vezes, ele opta pelo seu produto e,<br />
em outras, pelo do concorrente?<br />
O que você precisa fazer para que seu produto<br />
seja sempre a primeira opção?<br />
O que ele odeia no seu produto ou no produto<br />
do concorrente?<br />
Nos nossos projetos de consultoria, fazemos<br />
uma série de entrevistas para saber o que os clientes<br />
têm a dizer sobre as empresas que são alvo do<br />
nosso trabalho. O que aprendemos em uma única<br />
tarde de entrevistas é mais do aquilo que todas as<br />
pessoas da empresa têm para nos contar. Porque é<br />
a verdade do cliente, a que de fato importa. E quando<br />
não se conhece essa verdade, cada pessoa dentro<br />
da empresa replica e defende o seu próprio ponto<br />
de vista, ou vê apenas o que lhe interessa para sustentar<br />
ou reforçar suas ideias. Como resultado,<br />
tem-se clientes insatisfeitos, resultados de vendas<br />
ruins e decepção geral. Mas as empresas não conseguem<br />
perceber esse problema...<br />
Sempre sugerimos que as empresas coloquem uma<br />
pessoa exclusivamente para pesquisar seus clientes<br />
– os que estão ativos, os que estão em processo de<br />
inativação, os que estão sendo prospectados etc. Essa<br />
pessoa teria um verdadeiro tesouro para apresentar<br />
em cada reunião mensal. Mas poucas vezes conseguimos<br />
isso, porque os gestores argumentam que custa<br />
caro e não traz resultados diretos. Eu pergunto: quanto<br />
custa tomar decisões equivocadas porque ignoramos<br />
a opinião do cliente quando vamos fazer algo?<br />
Sei que o cliente é tendencioso, que ele quer<br />
tudo para ele, que existem empresas que criaram<br />
produtos ou serviços geniais por irem para o lado<br />
contrário do senso comum, mas isso é uma distorção<br />
estatística, um ponto fora da curva. Vejo muito<br />
mais empresas quebrando a cara por não ouvir o<br />
cliente do que casos de sucesso.<br />
Assim, o que proponho é que além dessa pessoa<br />
para ouvir e entender os clientes, você, líder, visite seu<br />
cliente. Mas não como vendedor, como observador...<br />
Na prática 1<br />
Dia desses, perguntei para um varejista quando foi<br />
a última vez que ele foi fazer uma entrega na casa de<br />
um cliente. Ele pensou, disse que fazia muito tempo,<br />
e concordou que precisava mudar isso urgentemente.<br />
Depois de acompanhar algumas entregas, ele<br />
chamou o gestor de marketing e disse: “Você precisa<br />
ir com uma equipe de filmagem captar o<br />
momento em que o cliente recebe os novos produtos,<br />
isso dá uma propaganda da vida real.” E<br />
dá mesmo!<br />
O entregador é a pessoa que entra na casa dos<br />
clientes, entrega e instala produtos. Ele sabe tudo<br />
que a empresa precisa saber, não pode ser ignorado.<br />
Ele é uma arma poderosa de relacionamento, de<br />
informação, poderia preencher um questionário<br />
com o tamanho da casa do cliente, quais marcas<br />
ele tem e assim por diante.<br />
Sugiro que os gestores da sua empresa passem<br />
um dia por mês dentro de cliente e que cada gestor<br />
de outras áreas da sua empresa saia todos os meses<br />
com um vendedor para ver como são os clientes.<br />
Precisamos sair de dentro das salas e ir para a rua,<br />
para o mundo do cliente. É lá que os problemas e<br />
as soluções acontecem!<br />
Posso estar sendo repetitivo, mas volto a questionar:<br />
o que você sabe sobre seus clientes?<br />
Na prática 2<br />
Em outra oportunidade, com a nossa orientação,<br />
uma equipe do departamento financeiro de uma<br />
empresa foi visitar clientes – inclusive alguns que<br />
tinham restrição de crédito. Eles analisaram de<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 33
perto cada caso e perceberam que havia clientes<br />
importantes em meio aos que estavam passando por<br />
um momento difícil. A vontade imediata foi de ajudar,<br />
de entender, e, acima de tudo, de monitorar<br />
para que, assim que eles saíssem dessa situação, a<br />
equipe voltasse a visitá-los.<br />
Dessa forma, os clientes com restrição de crédito<br />
passaram a ser acompanhados quinzenalmente<br />
e, ao primeiro sinal de melhora na condição financeira,<br />
a equipe <strong>comercial</strong> era acionada.<br />
Caramba, ter o departamento financeiro propondo<br />
soluções para vender mais é uma revolução<br />
e tanto na empresa! E isso só aconteceu porque eles<br />
foram para a rua.<br />
Michael Porter sempre falou que a empresa deve<br />
ser um grupo de departamentos que dá suporte<br />
para o <strong>comercial</strong> vender. Nesse caso, isso se tornou<br />
verdade.<br />
Entenda: a solução não foi aquela óbvia que as<br />
equipes comerciais tanto querem – aumentar o<br />
crédito de quem não tem –, mas, sim, uma decisão<br />
estratégica, que gerou a possibilidade de novos negócios<br />
e acelerou a retomada em clientes que apresentavam<br />
melhoras. Isso é muito precioso, vale<br />
muito dinheiro.<br />
Na prática 3<br />
Tenho falado muito sobre a necessidade de o gestor<br />
fazer uma gestão ativa de vendas, que não adianta<br />
apenas treinar, cobrar, motivar, acompanhar, é preciso<br />
dar o caminho para as equipes comerciais,<br />
principalmente nesse momento tempestuoso. Falamos<br />
muito em big data (ato de recolher e armazenar<br />
grandes quantidades de informações para eventual<br />
análise de dados), mas a verdade é que normalmente<br />
não vemos nem ao menos um “mini data”.<br />
Prova disso vem de uma construtora com a qual<br />
trabalhamos. Ela tem um contact center, uma central<br />
de inteligência que, além de vender, deve dar suporte<br />
de informações ao negócio. Nada menos que 30%<br />
das vendas de imóveis começam com um telefonema<br />
ou um chat por ali.<br />
Fomos ver quais informações dos clientes que<br />
entravam em contato estavam armazenadas e como<br />
esses dados eram salvos e o que encontramos foi<br />
um caos, um quebra-cabeça dos mais incompletos.<br />
No intuito de conhecer melhor os clientes, começamos<br />
a organizar a bagunça. Fizemos uma mesa<br />
redonda para saber quais eram os dez principais<br />
dados que a empresa deveria saber de todos os clientes<br />
e chegamos a esta lista:<br />
Nome<br />
CPF<br />
Cidade de residência<br />
Por qual imóvel se interessou<br />
Estado civil<br />
Número de pessoas que moram na casa<br />
Profissão<br />
Local de trabalho<br />
Em que bairro gostaria de morar<br />
Motivo pelo qual deseja mudar<br />
Definimos que os clientes sobre os quais tínhamos<br />
todas essas informações eram nota dez. Em<br />
pouco tempo, porém, notamos que grande parte dos<br />
clientes do banco de dados que a empresa tinha não<br />
passava de uma nota dois. Ou seja, não tem nada de<br />
big data nisso! A partir de então, tanto as atendentes<br />
quanto os corretores passaram a ter como objetivo<br />
chegar à nota dez sempre que recebiam um prospect.<br />
Paralelamente, filtramos os clientes por interessados<br />
e compradores e começamos a ter um padrão dos<br />
que efetivamente fechavam negócio.<br />
Além disso, a construtora aproveitou o lançamento<br />
de um empreendimento de nove torres para<br />
melhorar sua gestão de clientes. Como o lançamento<br />
foi feito em duas dessas torres, cruzamos as informações<br />
dos compradores e descobrimos que eles<br />
eram predominantemente de três bairros e que tinham<br />
determinada faixa de renda. Bingo, a ação<br />
estava clara: era preciso se comunicar com clientes<br />
com perfis semelhantes e agir sobre eles usando<br />
todas as ferramentas possíveis.<br />
Veja que, com ações básicas, a empresa começou<br />
a conhecer melhor seus clientes. Mas queríamos<br />
mais! A ideia era saber o motivo que levou cada<br />
pessoa a procurar o imóvel. E isso dependia das<br />
perguntas-chaves.<br />
Marcamos uma visita à casa antiga dos clientes<br />
e levamos um espumante para parabenizá-los pela<br />
aquisição. Aproveitamos a oportunidade para identificar<br />
o motivo que os levou a escolher a empresa<br />
e a sair do imóvel antigo.<br />
Em 15 dias, os contatos já haviam sido feitos<br />
pelos corretores. Fizemos, então, uma reunião para<br />
que todos apresentassem suas entrevistas. Em primeiro<br />
lugar, descobrimos que os clientes ficaram<br />
encantados por receber uma visita ou um telefonema<br />
de pós-venda. Além disso, as informações coletadas<br />
foram riquíssimas. Muitos clientes se emocionaram<br />
ao contar suas histórias – e muitos corretores se<br />
comoveram ao repeti-las. A equipe de marketing<br />
ouviu tudo atentamente e fez anotações sem parar.<br />
34<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
O gestor <strong>comercial</strong> também, afinal, ali tinha argumentos<br />
poderosos de vendas, abordagens e motivos<br />
pouco explorados.<br />
Com isso, trabalhamos a tecnologia aliada à<br />
experimentação do levantamento em campo de<br />
informações. Isso vale por muitos treinamentos<br />
para a equipe <strong>comercial</strong>, pois os profissionais ganharam<br />
argumentos, casos, histórias para contar<br />
para novos clientes. Assim, certamente se tornaram<br />
vendedores melhores, pois passaram a ser especialistas<br />
não apenas nos imóveis que vendiam, mas<br />
também – e especialmente – nos clientes que compravam<br />
seus imóveis. Isso não tem preço.<br />
Lições<br />
Acumular dados de forma organizada e usar as<br />
informações do seu cliente como ferramenta de<br />
venda faz toda a diferença! Por exemplo: quando<br />
um varejista descobre de quais regiões vêm seus<br />
clientes, ele pode fazer ações de marketing direcionadas<br />
para esses locais; se souber o perfil dos compradores,<br />
pode direcionar ações de marketing para<br />
esse grupo. E assim por diante.<br />
Somente unindo tecnologia com atitude teremos<br />
empresas melhores e vamos atender e entender<br />
melhor nossos clientes. Ninguém faz isso, e as poucas<br />
empresas que fazem estão muito à frente dos<br />
concorrentes. Mas, repito, é preciso muita atitude,<br />
pois sair da inércia exige uma força tremenda. E<br />
você, líder, precisa saber que sua equipe só fará<br />
essa movimentação se você der o exemplo. Não espere<br />
que os vendedores façam isso se você não fizer,<br />
eles não irão para a rua se você não for.<br />
Então, que tal tirar um dia todos os meses para<br />
aprender sobre seus clientes – não com visitas formais,<br />
mas vivenciando verdadeiramente a realidade<br />
deles, o momento exato em que seu produto ou<br />
serviço é colocado à prova? Que tal organizar de<br />
verdade os dados dos seus clientes e fazer com que<br />
essas informações auxiliem você a tomar decisões<br />
inteligentes?<br />
A área de TI definitivamente deve ser menos T,<br />
de tecnologia, e mais I, de informação, mas isso não<br />
vai acontecer naturalmente se você não direcionar<br />
os trabalhos para isso. Crie seu cliente nota dez. Invista<br />
tempo com seu time, pensando em quais informações<br />
são imprescindíveis que você saiba de cada<br />
cliente. É preciso, mais do que nunca, acrescentar<br />
inteligência ao modelo <strong>comercial</strong>, não podemos ser<br />
superficiais. Informações superficiais levam a desastres<br />
fatais. Tecnologia, inteligência e atitude precisam<br />
andar juntos nesse processo, e você deve andar na<br />
frente – afinal, você é o líder dessa revolução.<br />
"A área de TI<br />
definitivamente<br />
deve ser menos<br />
T, de tecnologia,<br />
e mais I, de<br />
informação,<br />
mas isso não<br />
vai acontecer<br />
naturalmente<br />
se você não<br />
direcionar os<br />
trabalhos para<br />
isso."<br />
Marcelo Caetano é sócio-<br />
-diretor da consultoria<br />
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E-mail: caetano@venda<br />
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vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 35
Alta Performance em Vendas / Por Raul Candeloro<br />
10 listas que toda pessoa de<br />
alta performance deveria ter<br />
S<br />
Sempre gostei de listas e<br />
recomendo em todos meus cursos<br />
que as pessoas passem a usá-las.<br />
Listas são ótimas, pois ajudam a<br />
organizar informações e pensamentos,<br />
dão mais clareza e foco,<br />
permitem acompanhar o avanço<br />
de tarefas, ajudam a não esquecer<br />
obrigações e motivam a entrar<br />
em ação. (Note, aliás, como essas<br />
informações que acabei de passar<br />
estão em uma espécie de lista e<br />
como é muito mais fácil entender<br />
e acompanhar ao organizar o material<br />
dessa maneira.)<br />
As listas de alta performance<br />
que tenho em funcionamento<br />
atualmente são as dez que apresento<br />
a seguir. É muito divertido<br />
e estimulante acompanhá-las<br />
– a vida nunca fica chata ou<br />
desmotivada com um desafio de<br />
ver as listas diminuindo de tamanho<br />
(mesmo que isso signifique<br />
que, em breve, elas crescerão<br />
novamente). Que tal você<br />
começar as suas?<br />
1<br />
Livros para ler<br />
3<br />
Lista de coisas a fazer<br />
Chamo essa primeira lista de PLM (processo de limpeza<br />
mental) ou de "borboletas mentais". É o simples ato de<br />
colocar no papel TUDO que precisa ser executado por<br />
você nos próximos dias. Sim, TODAS as pendências. Minha<br />
sugestão é que essa lista seja feita à noite. Antes de<br />
dormir, coloque no papel as tarefas que estão no seu<br />
radar para o dia seguinte e para os próximos. Isso vai<br />
ajudá-lo a se organizar melhor, a priorizar, a separar o<br />
que é importante do que é urgente, a dividir melhor seu<br />
dia e, inclusive, a DORMIR melhor.<br />
Quem tem agenda sabe do que estou falando. Eu não<br />
tenho agenda, prefiro papel e caneta ou o Google Calendar.<br />
Mas a lógica é a mesma: apareceu uma tarefa ou<br />
demanda nova, anote na sua lista de “a fazer” e, depois<br />
de tê-la cumprido, risque da lista. Funciona!<br />
Tenho sempre uma pilha de livros para<br />
ler e também uma lista de autores/outros<br />
livros que estão na fila para quando eu<br />
tiver tempo ou quiser me aprofundar no<br />
assunto. Dessa forma, sinto que estou<br />
constantemente conhecendo materiais e<br />
escritores que agregam à minha vida de<br />
alguma forma e me obrigo sempre iniciar<br />
uma nova leitura depois da outra. A sensação<br />
de ver a lista diminuindo (ao mesmo<br />
tempo em que aumenta, claro) é ótima.<br />
Filmes para assistir<br />
2<br />
Mesma lógica da lista de livros, só que para<br />
filmes. Como tenho pouco tempo para ir ao<br />
cinema com a frequência de que gostaria<br />
(adoro ir ao cinema), acabo assistindo nas<br />
viagens internacionais que faço ou no iPad<br />
(viva a Netflix). Ultimamente, tenho incluído<br />
seriados de TV também (House of Cards e<br />
Game of Thrones estão lá hoje).<br />
36<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
4<br />
Cidades ou países do mundo que vou conhecer antes de morrer<br />
Antes, eu chamava essa lista de “lugares do mundo que quero conhecer”.<br />
Depois de começar a estudar, praticar de verdade e ensinar a alta<br />
performance, mudei para “lugares que VOU conhecer” (a mudança de<br />
verbo faz toda a diferença!). Estão lá: Japão, Kauai, Bali, Bora Bora,<br />
China e muitos outros. E você: que países do mundo VAI conhecer?<br />
5<br />
Lugares do mundo que<br />
vou conhecer antes de morrer<br />
Essa lista é diferente da anterior, pois nela eu incluo pontos específicos<br />
que quero ver. Por exemplo: as pirâmides do Egito, a Grande Muralha<br />
da China, os lençóis maranhenses, o Aconcágua, o Everest (não preciso<br />
nem subir… se chegar no primeiro acampamento base já está ótimo) e<br />
assim por diante. Visitei duas coisas dessa lista recentemente – o Grand<br />
Canyon (EUA) e o Old Faithful, o gêiser do parque Yellowstone (EUA).<br />
6<br />
Restaurantes<br />
do mundo onde<br />
vou comer<br />
Incluo nessa lista<br />
principalmente lugares<br />
diferentes,<br />
como restaurantes<br />
embaixo da água,<br />
dentro de uma caverna,<br />
em cima de<br />
uma árvore, a confeitaria<br />
mais velha<br />
de algum lugar,<br />
castelos, etc. Ou<br />
seja, olhando bem<br />
para a minha lista,<br />
fica claro que, no<br />
fundo, a experiência<br />
é muito mais<br />
importante do que<br />
a comida. :)<br />
Grandes projetos<br />
para o ano<br />
7<br />
Todos os anos, escolho<br />
dois novos grandes projetos<br />
para começar e me<br />
dedico a fazer com que<br />
sejam um sucesso (compreendendo<br />
“sucesso” como<br />
uma excelente avaliação<br />
dos clientes e resultados<br />
financeiros sólidos, de seis ou sete<br />
dígitos). Cuidar deles com carinho ao longo<br />
do ano ajuda a facilitar o caminho rumo<br />
aos resultados desejados.<br />
8 Frases inteligentes<br />
Comecei fazendo em um documento<br />
do Word, hoje uso o Evernote.<br />
Quando vejo um comentário, um<br />
parágrafo ou uma frase inteligente,<br />
copio e colo. Quando preciso de<br />
inspiração, é só começar a reler<br />
essas frases que SEMPRE encontro<br />
algo adequado para o momento.<br />
9<br />
Lista da gratidão<br />
Essa é outra lista que faço todo<br />
dia à noite, antes de dormir. Coisa<br />
rápida, sem muita burocracia.<br />
Com o passar do tempo, tenho<br />
sentido que naturalmente faço<br />
também antes das refeições. Virou<br />
um hábito – antes de começar a<br />
comer, paro por dois segundos,<br />
respiro, agradeço a refeição, a<br />
oportunidade de estar ali, relembro<br />
rapidamente as coisas boas<br />
daquele período. A comida fica<br />
sempre mais gostosa assim.<br />
10<br />
Meus valores, que acabaram quase<br />
que virando um mantra pessoal<br />
Alegria, saúde, foco, humor, flexibilidade,<br />
força, calma, paciência,<br />
produtividade, gentileza, humildade,<br />
energia! Nem sempre consigo<br />
praticar todos, mas é o que<br />
me guia.<br />
E você: o que tem nas suas<br />
listas?<br />
Abraços de alta performance.<br />
"Listas são<br />
ótimas, pois<br />
ajudam a<br />
organizar<br />
informações e<br />
pensamentos,<br />
dão mais clareza<br />
e foco, permitem<br />
acompanhar<br />
o avanço de<br />
tarefas, ajudam<br />
a não esquecer<br />
obrigações e<br />
motivam a entrar<br />
em ação."<br />
Raul Candeloro é palestrante<br />
e editor da revista Venda-<br />
Mais. Autor de vários livros,<br />
é também diretor executivo<br />
da Small Giants Community,<br />
diretor do Instituto Venda-<br />
Mais e sócio-diretor da<br />
Soluções <strong>VendaMais</strong>.<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 37
Ferramentas de vendas<br />
José Ricardo Noronha<br />
Segmentação:<br />
o segredo para<br />
brilhar em vendas<br />
consultivas<br />
Especialmente em tempos mais desafiadores como<br />
o que vivemos agora, sempre ouço de vendedores e<br />
líderes envolvidos no fascinante mundo das vendas<br />
consultivas e corporativas o seguinte questionamento:<br />
"Zé, como é que eu faço para vender mais e<br />
melhor mesmo em tempos de crise, hein?"<br />
Não me atrevo a dizer que tenho todas as respostas,<br />
mas sempre digo que tanto em tempos de<br />
bonança econômica quanto em tempos mais desafiadores,<br />
um dos papéis mais importantes dos campeões<br />
de vendas é segmentar melhor seus clientes<br />
para, a partir daí, definir uma estratégia de prospecção<br />
muito mais inteligente e 100% focada no<br />
incremento dos resultados e da performance de<br />
vendas.<br />
Mas daí surge outra questão importante: "E<br />
como é que eu devo fazer isso?"<br />
A partir de agora, eu compartilho com você um<br />
exercício prático e realmente incrível que uso em<br />
praticamente todos os meus cursos e workshops de<br />
vendas consultivas nas maiores e melhores empresas<br />
do Brasil e do mundo. Tenho certeza de que ele<br />
terá impacto direto na construção de uma estratégia<br />
de vendas muito mais eficaz e que lhe permitirá<br />
vender mais, melhor e com melhores margens.<br />
Vamos lá?<br />
1 Para realizar este exercício prático, você precisará<br />
de uma cartolina e de vários Post-its (idealmente,<br />
os maiores, e em quatro cores distintas).<br />
Divida sua cartolina em quatro grandes quadrantes.<br />
No eixo horizontal estará representado o potencial<br />
de compra, que aqui se traduz basicamente<br />
na ideia de que seus clientes (especialmente<br />
os já existentes) têm que adquirir mais<br />
produtos e serviços do seu mix/portfólio.<br />
38<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
Já no eixo vertical, você vai representar a adoção,<br />
que, nessa matriz, se traduz no volume<br />
atual de vendas dos seus produtos e serviços.<br />
No quadrante inferior esquerdo, que será aqui<br />
descrito como avaliar, você irá colocar os clientes<br />
que compram um volume baixo ou moderado<br />
dos seus produtos e serviços (baixa adoção)<br />
e que têm pouco potencial para absorver mais<br />
do seu portfólio (baixo potencial).<br />
No quadrante inferior direito, que será aqui descrito<br />
como conquistar, você irá colocar todos os<br />
clientes que consomem um volume baixo dos<br />
produtos e serviços que você vende (baixa adoção)<br />
e que têm um potencial bastante significativo a<br />
ser explorado (alto potencial). É importante reforçar<br />
que entram nesse quadrante aqueles clientes<br />
que já compram muito volume de um ou de<br />
alguns poucos produtos e serviços da sua empresa<br />
e que têm um potencial ainda inexplorado<br />
para comprar muito mais.<br />
No quadrante superior esquerdo, que será, nesta<br />
matriz, intitulado incentivar, você irá elencar<br />
todos os clientes que já compram um volume<br />
bastante expressivo dos produtos e serviços<br />
que fazem parte do seu mix (alta adoção) e que<br />
têm um potencial de novas compras limitado<br />
ou já todo explorado (baixo potencial).<br />
Chegamos, enfim, ao quadrante superior direito,<br />
que aqui será descrito como blindar. Nele,<br />
você vai colocar todos os seus clientes que já<br />
compram um grande volume dos produtos e<br />
serviços que você e sua empresa <strong>comercial</strong>izam<br />
(alta adoção) e que têm um potencial de compra<br />
muito expressivo (alto potencial).<br />
SEGMENTAÇÃO<br />
Feita a matriz, é chegada a hora de usar os Post-its<br />
da forma mais cuidadosa possível para posicionar<br />
bem cada um dos seus clientes nos quadrantes corretos.<br />
Use Post-its coloridos e grandes para que, além<br />
do nome do cliente, você possa também descrever um<br />
pequeno plano de ação para aquela conta específica<br />
e monitorar visualmente a execução desse plano.<br />
Ao lado do nome do cliente, coloque a seta que<br />
lhe ajudará a lembrar para onde você quer “caminhar”<br />
com ele. Por exemplo: para um cliente que está no<br />
quadrante conquistar, a seta deverá apontar para<br />
cima e o seu plano de ação deve privilegiar atividades<br />
que lhe permitam movê-lo para o quadrante blindar.<br />
Para tornar esse exercício ainda mais eficaz,<br />
busque colocar um percentual em cada um dos quadrantes<br />
para representar quanto do seu tempo e dos<br />
seus esforços você irá dedicar a cada grupo específico<br />
de clientes. Se, por exemplo, você tiver a maior<br />
parte dos seus clientes no quadrante conquistar,<br />
precisará dedicar um percentual maior nesse grupo<br />
específico (que pode ser, por exemplo, de 50%).<br />
SEGMENTAÇÃO: TRABALHO DE CASA<br />
Visitar mais<br />
Empresa ACME Ltda.<br />
Identificar novas oportunidades em<br />
outras áreas<br />
Mapear melhor os tomadores de<br />
decisão<br />
Oferecer mais produtos do meu mix<br />
Crescer as vendas em mais de 20% até o<br />
final do ano<br />
"Um dos papéis<br />
mais importantes<br />
dos campeões<br />
de vendas é<br />
segmentar<br />
melhor seus<br />
clientes para, a<br />
partir daí, definir<br />
uma estratégia<br />
de prospecção<br />
muito mais<br />
inteligente e<br />
100% focada no<br />
incremento dos<br />
resultados e da<br />
performance de<br />
vendas."<br />
ADOÇÃO<br />
BAIXa ALTa<br />
INCENTIVAR<br />
BLINDAR<br />
AVALIAR<br />
CONQUISTAR<br />
BAIXO<br />
ALTO<br />
POTENCIAL<br />
Você pode se perguntar: "E por que usar a cartolina,<br />
Zé?"<br />
Ora, para que você tenha um instrumento prático,<br />
visual e dinâmico para monitorar diariamente<br />
o sucesso da implementação desse modelo de<br />
segmentação – que, inclusive, faz parte de um<br />
curso de vendas consultivas de alta performance<br />
que gravei recentemente com o meu amigo e mestre<br />
Raul Candeloro e que, muito em breve, estará à<br />
sua disposição através do Instituto <strong>VendaMais</strong>.<br />
Dessa forma, ficará muito mais fácil fazer uma<br />
segmentação de contas estratégica e inteligente e,<br />
assim, melhorar a sua performance em vendas.<br />
Mãos à obra!<br />
José Ricardo Noronha é<br />
vendedor vencedor, palestrante,<br />
professor, consultor<br />
e autor do livro Vendas!<br />
Como eu faço?<br />
Visite o site:<br />
www.paixaoporvendas.<br />
com.br<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 39
CAPA<br />
a metodologia<br />
de <strong>planejamento</strong><br />
estratégico<br />
<strong>comercial</strong> que<br />
vai acelerar<br />
seus resultados<br />
Na ânsia de vender mais, muitas empresas pulam etapas<br />
importantes do processo de vendas e, assim, acabam deixando<br />
passar oportunidades preciosas. Com a metodologia <strong>V6</strong>, sua<br />
empresa não sofrerá mais desse mal. Entenda como ela<br />
funciona, saiba como colocá-la em prática e beneficie-se de<br />
tudo que ela pode oferecer!<br />
40<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
Por Raul Candeloro<br />
Recentemente, fizemos uma<br />
pesquisa com os assinantes<br />
da <strong>VendaMais</strong> perguntando<br />
sobre os principais desafios<br />
que eles enfrentam atualmente<br />
na área <strong>comercial</strong>. Surgiram<br />
apontamentos interessantes e, como no<br />
filme Casablanca, os "suspeitos usuais" de sempre<br />
se destacaram. Mas o que mais chamou a<br />
atenção – e que, aliás, tem sido algo recorrente<br />
– foi a questão da prospecção de clientes*.<br />
Esse é um assunto que nos pedem para<br />
abordarmos cada vez mais e que claramente<br />
merece cuidado – principalmente porque é<br />
uma questão estratégica e que deve ser antecedida<br />
por um trabalho sério em outras áreas.<br />
Afinal, prospectar para tapar buracos e ineficiências<br />
é o famoso esparadrapo em vazamento:<br />
aguenta um pouco, ajuda um pouco,<br />
mas não é realmente uma solução sustentável<br />
e de longo prazo.<br />
A impressão que dá é que é muito mais<br />
conveniente para os gestores das equipes comerciais<br />
mandar a equipe prospectar novos<br />
clientes do que discutir<br />
seriamente por que estão<br />
perdendo clientes. Mas<br />
isso precisa mudar!<br />
*Em maio de 2015, dedicamos a edição inteira<br />
da <strong>VendaMais</strong> à prospecção de clientes.<br />
Ela está disponível para download em<br />
http://bit.ly/vm-mai15. Baixe e aproveite!<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 41
A teoria por trás da metodologia<br />
Por onde começar<br />
a mudança<br />
Antes de mais nada, algumas perguntas "doloridas"<br />
precisam ser respondidas. Você sabe dizer, por<br />
exemplo:<br />
Quantos clientes perde por mês?<br />
Quanto da sua base de clientes está realmente<br />
ativa?<br />
Por que, em muitos casos, o valor médio de<br />
compra dos clientes ativos está diminuindo?<br />
Por que seus clientes dizem que estão satisfeitos<br />
e, mesmo assim, compram da concorrência?<br />
Por que sua equipe de vendas depende tanto de<br />
preços e descontos para vender, mesmo com<br />
diferenciais claros?<br />
Por que seus clientes não o indicam com mais<br />
frequência?<br />
Por que seus clientes não conseguem ver a diferença<br />
que existe entre a sua empresa e a dos<br />
concorrentes?<br />
Responder essas perguntas – e tomar atitudes<br />
com relação às respostas – é mais importante do<br />
que sair prospectando novos clientes. Pense bem:<br />
em teoria, prospectar é fácil, pois não é preciso<br />
mudar nada na empresa; basta achar mais clientes<br />
que comprem o que você já oferece e pronto.<br />
O problema é que, na prática, isso raramente<br />
funciona. E quando funciona, é um paliativo temporário,<br />
uma vez que depois o problema reaparece,<br />
pois sua verdadeira causa – que você pode<br />
descobrir respondendo essas e outras perguntas<br />
– não foi atacada.<br />
Pensando em tudo isso, criei uma metodologia<br />
que batizei de <strong>V6</strong>. Da mesma forma que desenvolvi<br />
uma metodologia para gestão de equipes comerciais*,<br />
agora quero ajudar as empresas a fazer corretamente<br />
a gestão da sua carteira de clientes.<br />
*Gestão de equipes comerciais – GEC – é um dos cursos on-line do Instituto<br />
<strong>VendaMais</strong>. Acesse institutovendamais.com.br para saber mais e entender<br />
como esse curso pode ajudá-lo a melhorar a forma como você gerencia<br />
sua equipe de vendas.<br />
A metodologia se chama <strong>V6</strong> por dois motivos:<br />
a) Por apresentar seis formas de vender mais.<br />
b) Para lembrar o motor do carro (<strong>V6</strong>) – cada pilar<br />
do <strong>V6</strong> é um dos cilindros da sua máquina de<br />
vendas.<br />
A metodologia <strong>V6</strong> está baseada em propostas<br />
que temos feito a clientes da consultoria Soluções<br />
<strong>VendaMais</strong> sobre como repensar as oportunidades<br />
que já existem dentro da sua própria carteira de<br />
clientes antes de prospectar – e se for prospectar,<br />
que isso seja feito de maneira inteligente, organizada,<br />
planejada e rentável.<br />
Além disso, ao trabalharmos corretamente as<br />
primeiras etapas do <strong>V6</strong>, surgem novas oportunidades<br />
de inovação. Por exemplo: uma das empresas com as<br />
quais trabalho pessoalmente recebeu mais de trinta<br />
sugestões de melhoria só com uma única pergunta<br />
que recomendei que fizessem aos clientes: existe algo<br />
que o irrite ou desagrade na forma como você é atendido<br />
pela nossa empresa?<br />
No fundo, minha intenção com essa metodologia<br />
é racionalizar e tornar o <strong>planejamento</strong> <strong>comercial</strong> mais<br />
eficiente, ajudando líderes e empresas a entenderem:<br />
42<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
a) Para onde precisam olhar para descobrir ineficiências<br />
e possíveis melhorias.<br />
b) Qual a sequência correta de processos.<br />
c) Quais os passos necessários.<br />
d) Como montar um plano de ação simples, específico,<br />
prático, objetivo.<br />
e) Como definir corretamente indicadores de performance<br />
para acompanhar tarefas e resultados.<br />
f) Como fazer com que isso vire parte da cultura da<br />
equipe <strong>comercial</strong> (idealmente, da empresa como<br />
um todo).<br />
O <strong>V6</strong> está baseado numa matriz simples:<br />
d Clientes: Atuais (que já compram seus produtos/<br />
serviços) e novos (que ainda não compram seus<br />
produtos/serviços).<br />
d PSS: Produtos/serviços/soluções que sua empresa<br />
já tem e oferece, e PSS que sua empresa ainda não<br />
oferece, mas poderia ofertar.<br />
Com relação aos clientes atuais e aos PPS atuais, você<br />
tem três coisas a fazer:<br />
Fidelizar (diferenciar-se da concorrência e desenvolver<br />
ações para aumentar a lealdade dos clientes).<br />
Gestão da carteira (quem são os atuais clientes,<br />
segmentação, quem atende).<br />
Gestão de mix (o que os clientes compram de<br />
você – e como ampliar a variedade).<br />
Além disso, existem os clientes inativos – clientes<br />
que já compraram em algum momento, mas pararam<br />
há algum tempo. Só depois vem a prospecção<br />
de clientes. Note como esse é o quinto estágio de um<br />
bom <strong>planejamento</strong> <strong>comercial</strong>, não o primeiro e muito<br />
menos o único!<br />
E para terminar, tem a questão da inovação. Nem<br />
todas as empresas vão querer entrar em mercados ou<br />
segmentos novos, mas é sempre uma possibilidade<br />
que deve ser analisada. Lembre-se de que fazer gestão<br />
de oportunidades é a mesma coisa que fazer gestão<br />
de risco. Muita gente foi pega de surpresa pela crise<br />
e, agora, olhando para trás, lamenta-se por não ter<br />
feito corretamente essa etapa anteriormente.<br />
Resumindo, o <strong>V6</strong> se compõe da seguinte forma:<br />
Fidelização/lealdade de clientes.<br />
Gestão de clientes.<br />
Gestão de mix.<br />
Reativação de clientes inativos.<br />
Prospecção de novos clientes.<br />
Inovação e novos lançamentos.<br />
<strong>V6</strong> na prática<br />
A melhor forma que encontrei até agora de trabalhar<br />
o <strong>V6</strong> é em grupo. Funciona assim, de maneira<br />
muito resumida:<br />
Apresentação do tema (por exemplo, lealdade de<br />
clientes).<br />
Discussão do que vem sendo feito em relação a<br />
isso.<br />
Discussão do que poderia ser feito.<br />
Discussão de melhores práticas de mercado.<br />
Lista de ideias.<br />
Matriz de priorização para escolha das melhores<br />
ideias.<br />
Seleção de duas ou três iniciativas/ideias.<br />
Plano de ação (incluindo definição de indicadores<br />
e cronograma).<br />
Acompanhamento e revisão.<br />
É um modelo simples de trabalho que pode ser<br />
aplicado tanto por pequenas quanto por grandes empresas,<br />
com equipes de quaisquer tamanhos, presenciais<br />
ou a distância, em vendas complexas ou simples,<br />
de ciclo curto ou longo.<br />
Basicamente, estamos usando o conceito que eu<br />
chamo de "exteligência": a inteligência externa, do<br />
grupo, ajuda a liderança a direcionar projetos. Isso é<br />
útil por uma série de fatores:<br />
Aumenta o engajamento da equipe (pois todos<br />
foram ouvidos e agora são pais/mães da ideia).<br />
Melhora a probabilidade de as ideias serem implantadas<br />
(apoio forte, sem boicotes abertos ou<br />
velados).<br />
Dá um norte saudável e rentável onde antes parecia<br />
haver um labirinto (ou pior: um beco sem saída).<br />
Mostra proatividade para a equipe e para os clientes.<br />
Cria um ambiente interno muito mais motivado<br />
e dinâmico.<br />
Traz resultados positivos consistentes.<br />
Diferencia da concorrência.<br />
Para ajudar ainda mais, vamos desossar os itens<br />
de cada um dos pilares do <strong>V6</strong>. Assim, fica mais fácil<br />
entender o que e como trabalhar em cada um deles.<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 43
1. Fidelização/lealdade<br />
de clientes<br />
Pesquisas de satisfação e sugestões de melhoria.<br />
Net promoter score (NPS)* como ferramenta de<br />
melhoria contínua.<br />
Pesquisas de clima interno (driver número um de<br />
lealdade de clientes).<br />
Branding e seu impacto na lealdade de clientes.<br />
Feedback de clientes e melhorias contínuas na<br />
qualidade.<br />
Incentivo e coleta de testemunhos e depoimentos.<br />
Atendimento como verdadeiro diferencial competitivo<br />
(e não apenas um discurso barato).<br />
Programas de milhagem e suas versões.<br />
Marketing da experiência (feito corretamente).<br />
Blindagem contra a concorrência.<br />
Estudos de caso e melhores práticas.<br />
Segmentação da carteira.<br />
Segmentação de territórios (equipes externas,<br />
incluindo representantes).<br />
Curva ABC e <strong>planejamento</strong> de contatos.<br />
Canais de venda e atendimento segmentados.<br />
Matriz 2 x 2: Faturamento x Potencial de compra.<br />
Matriz 2 x 2: Faturamento x Lucratividade.<br />
Estudos de caso e melhores práticas.<br />
Marcelo Caetano e eu debatemos todos esses temas em um dos episódios<br />
da série de vídeos <strong>VendaMais</strong> Responde.<br />
Assista acessando bit.ly/gestao-carteira<br />
3. Gestão de mix de produtos/<br />
serviços/soluções<br />
O que é o Net Promoter Score?<br />
Desenvolvido por Fred Reichheld, autor do livro A pergunta definitiva, o indicador<br />
NPS gira em torno do questionamento: em uma escala de zero a dez, qual a probabilidade<br />
de você indicar nossa empresa para um amigo?<br />
Com base nas notas, os clientes serão classificados de três formas:<br />
Notas de 0 a 6 – Clientes detratores: São aqueles que afirmam que suas vidas<br />
pioraram depois da compra do produto ou serviço da empresa. Criticam a organização<br />
em público e jamais voltariam a fazer negócio com ela, exceto em situações<br />
extremas.<br />
Notas de 7 e 8 – Clientes neutros: São clientes que compram somente os produtos<br />
e serviços realmente necessários. Não são leais e não são entusiastas da<br />
marca.<br />
Notas de 9 a 10 – Clientes promotores: São aqueles que passaram a ter uma<br />
vida melhor depois do início do relacionamento com a empresa/produto/serviço/<br />
marca. São leais, oferecem feedback e são entusiasmados.<br />
Aumento de ticket médio.<br />
Combos/pacotes.<br />
Vendas adicionais/complementares.<br />
Upsell (venda de produtos/serviços/soluções de<br />
maior valor agregado).<br />
Cross-sell e mapa de oportunidades (venda de mix<br />
completo para clientes que ainda não compram).<br />
Matriz BCG.<br />
Estudos de caso e melhores práticas.<br />
2. Gestão de clientes/<br />
carteira*<br />
"Prospectar para tapar buracos<br />
e ineficiências é o famoso<br />
esparadrapo em vazamento:<br />
aguenta um pouco, ajuda um<br />
pouco, mas não é realmente<br />
uma solução sustentável e de<br />
longo prazo."<br />
44<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
6 passos para vender mais itens do<br />
mix de produtos para os atuais clientes<br />
1. Treinamento – Um modelo de treinamento de venda de mix que funciona<br />
bem é o aplicado por uma grande empresa farmacêutica. Nessa empresa, toda<br />
sexta-feira, às 16h, todos os vendedores e propagandistas se reúnem para participar<br />
de um treinamento sobre os produtos que devem ser tratados com prioridade<br />
nas próximas semanas. Após o treinamento, todos fazem uma espécie de<br />
prova sobre esses produtos, para ver se estão preparados para vendê-los, e<br />
recebem metas de vendas de curto prazo. Isso é treinar para vender mix. Com<br />
base nisso, pare e pense: sua equipe está preparada para vender mais itens do<br />
seu mix de produtos/serviços?<br />
2. Campanha de incentivo específica para venda de mix – Por mais que campanhas<br />
genéricas tragam algum resultado, o que funciona mesmo é a campanha<br />
focada no objetivo principal – que, nesse caso, é ampliar o número de itens na<br />
conta final. Essa campanha fará seus vendedores começarem efetivamente a<br />
vender mais os itens que andavam parados. Assim, o vendedor que antes, por<br />
exemplo, vendia dez itens em média por cliente, passará a vender 12 – ou seja,<br />
um crescimento de 20% pelo mesmo custo.<br />
Nesse sentido, também é importante que a campanha seja direcionada. O<br />
que eu quero dizer com isso é simples: antes de mandar o vendedor para a rua já<br />
com as metas de vendas de mix, analise quais são os clientes da carteira que<br />
poderiam comprar mais itens e direcione o olhar do seu vendedor para aqueles<br />
que oferecem um verdadeiro potencial de crescimento. Além disso, já defina quais<br />
serão os itens que deverão ser ofertados a cada cliente. Esse direcionamento<br />
fará diferença nos resultados.<br />
3. Lançamento de produtos – Outro ponto fundamental para a melhora<br />
dos resultados de vendas de mix é o lançamento planejado de produtos.<br />
Muitas empresas não lançam novos itens, elas simplesmente começam a<br />
vendê-los. Chega um produto novo e pronto, os vendedores precisam começar<br />
a oferecê-lo imediatamente aos clientes. O gerente não apresenta o<br />
item para a equipe, não há demonstração do produto, ele simplesmente<br />
surge como se caísse do céu na estrutura de vendas. O que acontece? A<br />
equipe, mal preparada, não consegue vender o novo produto. Outra situação<br />
é aquela em que a empresa investe milhares de reais no lançamento, entrega<br />
o produto na mão da equipe, apresenta duas ou três características<br />
dele e manda todo mundo para a rua. Isso, obviamente, sempre acaba muito<br />
mal. O que é preciso fazer, então? Cuidar dos detalhes do lançamento de<br />
cada novo item!<br />
4. Inteligência de vendas – Além de tudo isso, não se pode deixar a inteligência<br />
de vendas de lado. O vendedor precisa chegar no cliente preparado para oferecer<br />
rapidamente os itens do mix. Para isso, ter um excelente software é importante.<br />
Com a ajuda de uma ferramenta que automatize o processo, vender mais itens<br />
ficará muito mais simples.<br />
5. Comunicação – Um erro que costuma prejudicar a venda de mix é a falta de<br />
preocupação que as empresas têm em trabalhar a comunicação dos itens que<br />
andam encalhados e dos lançamentos. É comum que os produtos que já se destacam<br />
estejam sob a luz dos holofotes e ganhem toda a atenção em termos de<br />
comunicação, mas isso apenas joga contra a estratégia de ampliar o número de<br />
itens vendidos para os clientes atuais. Se essa é a realidade da sua empresa até<br />
o momento, está na hora de mudar esse cenário. Uma boa comunicação ajuda<br />
sua equipe a vender mais mix. Cuide disso!<br />
6. Organização da equipe <strong>comercial</strong> – A última etapa desse processo é a definição<br />
de quem serão os responsáveis pela ampliação do mix oferecido. Antes de<br />
colocar todo mundo para vender mais itens aos atuais clientes, é preciso se perguntar:<br />
será que a equipe inteira deve fazer parte dessa estratégia? Como devo<br />
reorganizar meus vendedores para tornar isso possível?<br />
4. Reativação de clientes<br />
inativos<br />
Como reconhecer a pré-inatividade.<br />
Definições de inatividade.<br />
Cronograma de ações e contatos para reativação.<br />
Possíveis propostas/estratégias de reativação.<br />
Estudos de caso e melhores práticas.<br />
10 passos para um modelo kaizen de<br />
recuperação de clientes inativos<br />
Existe um texto antigo do Russel Conwell, pastor batista<br />
norte-americano, chamado Acres de diamantes que ilustra<br />
muito bem a questão de reativar clientes inativos.<br />
O texto conta a história de uma pessoa que abandona<br />
a casa e o terreno onde mora e sai pelo mundo buscando<br />
riqueza. Muitos anos depois, quando volta, descobre que o<br />
terreno onde morava antes tinha uma mina de diamantes<br />
(e que as pessoas que compraram a casa agora são milionárias).<br />
A moral da história é uma analogia perfeita para a recuperação<br />
de clientes inativos: você tem, dentro de casa,<br />
uma mina potencial que provavelmente não está sendo<br />
reconhecida e aproveitada em toda sua capacidade.<br />
Se fôssemos trabalhar com uma empresa ajudando-a<br />
a organizar o trabalho de recuperação de inativos, este<br />
seria o passo-a-passo que recomendaríamos:<br />
1) Defina, antes de mais nada, o que é um cliente inativo.<br />
2) Segmente seus clientes inativos por volume de compras.<br />
3) Segmente seus clientes por informações disponíveis<br />
de contato (caso necessário).<br />
4) Crie um gatilho automático pré-inatividade.<br />
5) Segmente a carteira de inativos em prioridades.<br />
6) Estabeleça metas de reativação.<br />
7) Defina canais ou ferramentas de comunicação.<br />
8) Desenvolva um plano de ação.<br />
9) Crie campanhas de reativação, incluindo scripts/roteiros<br />
de reativação e materiais de apoio.<br />
10) Faça um trabalho de acompanhamento, revisão e melhoria.<br />
Assim, você cria um modelo kaizen (hoje melhor do que<br />
ontem, amanhã melhor do que hoje) de reativação de clientes<br />
e passa a ter padrões, processos e procedimentos<br />
claros para lidar de maneira eficiente e estratégica com<br />
essa verdadeira mina de diamantes.<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 45
Na <strong>VendaMais</strong> de janeiro de 2016, a<br />
matéria de capa apresentou o quebra-<br />
-cabeça do sucesso em vendas. Venda<br />
de mix e recuperação de clientes inativos<br />
eram duas das peças do jogo. Para ler a<br />
reportagem na íntegra e entender melhor<br />
o que foi proposto nesses dois tópicos,<br />
acesse bit.ly/vmjan16<br />
5. Prospecção de novos<br />
clientes<br />
Definição de PCI – perfil de cliente ideal.<br />
Mapa mental de mídias e canais disponíveis.<br />
Retorno sobre investimento da prospecção (custo<br />
de aquisição).<br />
Gatilhos mentais da prospecção.<br />
Possíveis propostas/estratégias de prospecção.<br />
Estudos de caso e melhores práticas.<br />
6 passos para fazer a prospecção<br />
fluir em sua empresa<br />
1) Defina o perfil do cliente ideal (PCI) – Atirar<br />
para todos os lados não é uma estratégia de prospecção<br />
eficaz. Para trazer prospects de potencial para sua<br />
carteira de clientes, você precisa entender quem são<br />
essas pessoas. Para isso, defina seu perfil de cliente<br />
ideal (PCI) seguindo estes passos:<br />
a) Escolha entre três e cinco clientes de sua carteira<br />
que você considera clientes ideais. Aqueles<br />
que, se todos os clientes fossem iguais a<br />
eles, você seria o vendedor mais feliz do mundo.<br />
Analisando esses clientes perfeitos, o que<br />
eles têm em comum? Pense em quais são as<br />
características demográficas, geográficas e<br />
psicográficas semelhantes e qual perfil de<br />
consumo eles têm em comum e anote tudo.<br />
b) Escolha as três características mais importantes<br />
dentre as listadas previamente.<br />
c) Defina quais são os problemas que você ajuda<br />
esses clientes ideais a resolver.<br />
d) Reflita sobre que outros três diferenciais<br />
(além do preço) esses clientes ideais valorizam<br />
em sua empresa.<br />
e) Junte tudo isso e crie o descritivo de cliente<br />
ideal: “Meu cliente ideal é aquele que tem tal,<br />
tal e tal características, que está procurando<br />
resolver os problemas X, Y e Z e que valoriza<br />
tal, tal e tal diferenciais da minha empresa.”<br />
Com esse descritivo, o seu radar começa a ficar<br />
ligado. Você ativa o cérebro para procurar por pessoas<br />
assim, passa a reconhecer muito mais rapidamente os<br />
prospects que têm mais potencial de virarem clientes e<br />
que merecem ser trabalhados com ainda mais cuidado.<br />
Além disso, com o PCI, você tem muito mais eficiência,<br />
porque aproveita melhor cada contato. Você<br />
também tem mais chances de receber indicações, pois<br />
ao trabalhar focado em um determinado grupo de<br />
clientes potenciais, eles conseguem entender claramente<br />
o que você está oferecendo e podem indicar<br />
para outras pessoas, que podem se beneficiar do uso<br />
de seus produtos e serviços.<br />
2) Descubra onde seus clientes ideais estão – e<br />
esteja lá – Assim como dinheiro não cai do céu, o<br />
mesmo vale para novos clientes. Se você quer aumentar<br />
sua carteira, precisa se mexer. Obviamente, a internet<br />
é sua aliada nesse processo. Seus clientes estão<br />
nas redes sociais? Esteja também. Grupos do Facebook<br />
e, principalmente, do LinkedIn podem ser excelentes<br />
canais de prospecção. Mas você pode (e deve!) ir além.<br />
Participe de associações, faça cursos, vá a eventos,<br />
frequente clubes, igrejas... Olhe para o lado! Muitas<br />
vezes, o melhor cliente da sua vida está na panificadora<br />
que você frequenta todos os dias e você ainda<br />
não viu porque não parou para observar.<br />
3) Crie um banco de dados e comunique-se regularmente<br />
com os prospects cadastrados – Fez<br />
um contato com um prospect e o retorno não foi positivo?<br />
Não desista! Crie uma estratégia de comunicação<br />
para ele (e para todos os outros na mesma situação) e<br />
preocupe-se em fortalecer o relacionamento entre<br />
vocês antes de fazer mais uma abordagem de venda.<br />
No fim das contas, o que todo mundo quer é se sentir<br />
valorizado, certo? Por isso, comunique-se com quem<br />
pode comprar de você mais para frente e facilite suas<br />
vendas futuras.<br />
46<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
4) Elabore um script para a prospecção – O script<br />
nada mais é do que uma série de palavras organizadas<br />
de maneira inteligente e planejada para você<br />
provocar o melhor impacto possível no primeiro<br />
contato com o prospect. É composto por um ou dois<br />
parágrafos, que leva trinta segundos no máximo<br />
para o prospect ler ou ouvir e entender como você<br />
pode ajudá-lo. Estes são os quatro tipos de script de<br />
prospecção mais comuns:<br />
a) Script de venda: Usado quando o prospect diz:<br />
“Sim, tenho interesse.”<br />
b) Script de perguntas para levantar necessidades<br />
e descobrir se existe um potencial<br />
futuro: Usado quando o prospect diz: “Agora<br />
não é um bom momento.”<br />
c) Script de perguntas para descobrir quais<br />
são os irritadores de compra do prospect e<br />
quando ele decide trocar de fornecedor e<br />
o porquê: Usado quando ele diz: “Não é um<br />
bom momento, já compro de outra empresa.”<br />
d) Script para tentar descobrir qual é a falha<br />
que está ocorrendo: Usado quando o prospect<br />
simplesmente diz: “Não tenho interesse.”<br />
A ideia não é engessar o contato, mas, sim, ajudar<br />
você a chegar ao prospect preparado para fazer uma<br />
abordagem que gere venda.<br />
5) Peça indicações – Todo mundo tem uma empresa<br />
ou um conhecido que pode usar o que você vende.<br />
Por isso, peça indicações! E mesmo que esse não seja<br />
seu principal canal de geração de novos clientes, não<br />
ignore a possibilidade de aumentar sua base por meio<br />
de indicações. É fácil, barato e extremamente positivo.<br />
6) Faça a roda girar – Torne isso um processo,<br />
mantendo sempre a chama da prospecção acesa e<br />
buscando incessantemente novos prospects para sua<br />
carteira. O resto é consequência!<br />
"Atirar para todos os lados não é uma<br />
estratégia de prospecção eficaz. Para<br />
trazer prospects de potencial para a<br />
sua carteira de clientes, você precisa<br />
entender quem são essas pessoas.<br />
Para isso, defina seu perfil de cliente<br />
ideal (PCI)."<br />
6. Inovação e novos<br />
lançamentos<br />
Pesquisas e NPS para nortear inovação.<br />
Matriz de priorização (como decidir entre muitos<br />
projetos).<br />
Matriz 2 x 2: Preço x Valor (Você x Concorrentes).<br />
Mapa estratégico de oportunidades.<br />
Lembre que o foco aqui é a descoberta de oportunidades.<br />
Então, uma pergunta que gosto de fazer<br />
nessas horas é: qual mudança poderíamos fazer que<br />
traria o máximo de resultados?<br />
Essa pergunta fica ainda mais poderosa se direcionada<br />
à definição de resultados: lucro, participação<br />
de mercado, bloquear a concorrência, atender melhor<br />
clientes, diminuir inadimplência etc. Ou, ainda, aos<br />
itens do <strong>V6</strong>:<br />
1) Que mudança poderíamos fazer para trazer o<br />
máximo de resultados na fidelização de clientes?<br />
2) Que mudança poderíamos fazer para trazer o<br />
máximo de resultados na forma como estamos gerindo<br />
o contato e o atendimento de clientes?<br />
3) Que mudança poderíamos fazer para trazer o<br />
máximo de resultados na quantidade de produtos/<br />
serviços/soluções que os clientes compram de nós<br />
(gestão de mix)?<br />
4) Que mudança poderíamos fazer para trazer o máximo<br />
de resultados na reativação de clientes inativos?<br />
5) Que mudança poderíamos fazer para trazer o máximo<br />
de resultados na prospecção de novos clientes?<br />
6) Que mudança poderíamos fazer para trazer o<br />
máximo de resultados na abertura de novos mercados/segmentos<br />
(ou no lançamento de novos produtos/serviços/soluções)?<br />
Com esse framework (ou metodologia) do <strong>V6</strong> você<br />
tem um processo de brainstorming muito mais claro<br />
e direcionado, criando não apenas iniciativas isoladas<br />
de inovação, mas também um movimento permanente<br />
de melhoria contínua (kaizen!) no seu <strong>planejamento</strong><br />
estratégico <strong>comercial</strong>.<br />
1 Quer conversar sobre como implantar o <strong>V6</strong> na sua<br />
empresa? Escreva para raul@vendamais.com.br.<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 47
Motivação<br />
César Frazão<br />
E<br />
Motivação<br />
além da<br />
"grana"<br />
m tempos duros de vendas, falar sobre motivação<br />
nunca é demais. Afinal, em momentos difíceis, nossos vendedores<br />
enfrentam muitas dificuldades para conseguir fechar<br />
pedidos, e qualquer ajuda extra pode fazer diferença no resultado<br />
final. Sabendo disso e pensando em ajudá-lo a encarar<br />
a crise de cabeça erguida, eu e a <strong>VendaMais</strong> fomos atrás de<br />
novas ideias e formas para você motivar sua equipe de vendas.<br />
Acompanhe!<br />
Ponto de partida<br />
Com quase 2 milhões de livros vendidos sobre como premiar<br />
e motivar seus colaboradores, o especialista norte-americano Bob Nelson ensina<br />
como fazer vendedores terem um desempenho brilhante, muito acima da média,<br />
usando fatores motivacionais diferentes daqueles com os quais estamos acostumados.<br />
O mais incrível é que, geralmente, não é um aumento de comissão que<br />
cumpre esse papel, mas pequenos gestos e atitudes que não custam nada – ou<br />
custam muito pouco – e têm um efeito avassalador na motivação das equipes<br />
comerciais.<br />
Por exemplo, um simples "obrigado" ou "meus parabéns" ditos com sinceridade<br />
e um sorriso no rosto são capazes de motivar um vendedor, e se forem ditos de<br />
maneira especial e diferenciada – através de um bilhete, um e-mail com cópia<br />
48<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
para toda a equipe, uma mensagem<br />
no grupo do time no WhatsApp ou<br />
um post em uma rede social – são<br />
marcantes e transformadores na<br />
vida de um profissional que está se<br />
esforçando para ter um bom desempenho.<br />
O fato é que achar que os vendedores<br />
já estão sendo pagos para<br />
fazer um bom trabalho e que, portanto,<br />
não é necessário elogiá-los e<br />
agradecê-los é um erro muito comum<br />
entre os gerentes de vendas mais<br />
“durões”. É verdade que as pessoas<br />
são pagas para venderem bem, mas<br />
isso não é suficiente para que deem<br />
o melhor de si. Mas, infelizmente, a<br />
maioria dos gerentes de vendas parece<br />
sofrer de uma espécie de miopia<br />
gerencial ou de uma vergonha que<br />
os impede de elogiar e, assim, perde-<br />
-se uma fonte poderosa de energia<br />
motivadora para ajudar nos resultados<br />
de vendas.<br />
Outro ponto importante é o<br />
seguinte: existe algum motivo nobre,<br />
algo pessoal que o vendedor<br />
quer conquistar? Grandes vendedores<br />
sempre utilizam algo pessoal<br />
como combustível para se motivarem.<br />
Eles olham para os sonhos<br />
que querem realizar e isso age como<br />
uma espécie de "espinafre do<br />
Popeye", dando-lhes energia extra.<br />
O problema é que só os campeões<br />
de vendas agem assim. Os<br />
outros 90% dos vendedores comuns<br />
não têm essa habilidade por conta<br />
própria. É justamente aí que<br />
entra o bom gerente de vendas.<br />
Ele deve trabalhar para descobrir<br />
quais são os sonhos de cada um<br />
dos membros de sua equipe e usar<br />
isso como fonte de motivação, porque,<br />
como destaca Michael Malaghan,<br />
especialista em vendas e<br />
autor de vários best-sellers, o que<br />
mais motiva um vendedor é o seu<br />
próprio sonho!<br />
Mas não é só isso que funciona<br />
para motivar uma equipe de vendas.<br />
Além dos elogios, do reconhecimento<br />
em público e do uso dos sonhos<br />
como fator motivacional, outras<br />
formas inusitadas de motivação podem<br />
fazer grande sucesso em sua<br />
empresa. Confira algumas delas:<br />
Depoimentos de clientes satisfeitos –<br />
Saber que os clientes estão felizes<br />
utilizando os produtos ou<br />
serviços que sua empresa vende<br />
é um fator motivacional muito<br />
importante para os vendedores<br />
– principalmente para os novatos,<br />
que se sentem inseguros e<br />
a quem falta experiência. Por<br />
isso, sempre que possível, compartilhe<br />
com seus vendedores<br />
mensagens elogiosas enviadas<br />
por seus clientes.<br />
Indicações de novos clientes – Motiva<br />
muito também porque gera<br />
novas vendas. Portanto, ensinar<br />
a equipe a sempre pedir indicações<br />
é motivar os profissionais indiretamente.<br />
Lembrar-se das conquistas do passado<br />
– Os vendedores têm o hábito<br />
de focar nos fracassos e se esquecem<br />
de olhar para todas as conquistas<br />
que tiveram. É papel do líder fazê-<br />
-los se lembrarem do passado focando<br />
nas coisas boas. Essa é uma<br />
das coisas que muda o ânimo dos<br />
vendedores com mais rapidez.<br />
Readequar a meta de vendas – Rever<br />
e reajustar a meta, aumentando o<br />
prazo, traz um alívio para o vendedor<br />
que está muito longe de atingir<br />
os objetivos traçados e o motiva a<br />
continuar nessa nova etapa.<br />
Folgas no trabalho – Conheci uma<br />
empresa em Miami que, quando o<br />
vendedor bate a meta de vendas,<br />
ganha o direito de tirar um dia de<br />
folga para descansar ou passear<br />
com a família. Isso custa muito<br />
pouco para a empresa, serve de<br />
incentivo para o restante do grupo<br />
e valoriza o vendedor perante a<br />
família e os amigos.<br />
Permissão para entrar mais tarde numa<br />
segunda-feira ou sair mais cedo numa<br />
sexta-feira – Essas também são formas<br />
de motivar se você não quiser<br />
dar o dia inteiro de folga – e têm<br />
praticamente o mesmo efeito motivacional.<br />
Concessão de benefícios extras – Um<br />
convênio odontológico, um vale-<br />
-alimentação, um ou dois tanques<br />
de combustível grátis. São coisas<br />
baratas, mas inesquecíveis.<br />
Cestas básicas – Dependendo do<br />
nível social dos vendedores, as cestas<br />
básicas são muito úteis e têm<br />
grande efeito na vida do profissional.<br />
Uma vaga no estacionamento da diretoria<br />
da empresa – Dependendo da<br />
região onde a empresa está localizada,<br />
um estacionamento mensal<br />
chega a custar R$450 por mês –<br />
como na Av. Paulista, em São Paulo<br />
(SP). Uma vaga, nesse caso, portanto,<br />
é uma boa motivação!<br />
Envio de flores – Uma forma de<br />
motivação gentil e delicada, boa<br />
para motivar vendedoras no momento<br />
certo.<br />
Um celular mais moderno – Trocar<br />
os celulares dos vendedores que<br />
fizeram um bom trabalho durante<br />
um período é uma boa ideia de<br />
motivação. Conheci uma empresa<br />
de consórcio que irá dar o mais<br />
moderno iPhone para todos os que<br />
baterem a meta do ano. A equipe<br />
está pegando fogo com isso!<br />
Existem muitas outras formas<br />
de motivar um vendedor. Use a criatividade<br />
e a sua sensibilidade para<br />
encontrar as mais adequadas à sua<br />
realidade. Mas lembre-se: o mais<br />
importante é nunca se esquecer de<br />
elogiar, agradecer e se comprometer<br />
com os sonhos seu vendedor.<br />
Boas vendas e sucesso!<br />
"Achar que o<br />
vendedor já<br />
está sendo pago<br />
para fazer um<br />
bom trabalho<br />
e, portanto, não<br />
é necessário<br />
elogiá-lo e<br />
agradecê-lo é<br />
um erro muito<br />
comum entre<br />
os gerentes de<br />
vendas."<br />
César Frazão é palestrante<br />
e instrutor de vendas,<br />
especializado em técnicas<br />
de vendas e motivação<br />
Visite o site:<br />
www.cesarfrazao.com.br<br />
E-mail:<br />
cesarfrazao@cesarfrazao.<br />
com.br<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 49
Negociação<br />
Silvia Candeloro<br />
Cada dia<br />
melhor<br />
F<br />
azer negociações cada vez melhores é o<br />
que todos desejamos. Para isso, cuidamos de como<br />
entrar em sintonia com nossos clientes, buscamos<br />
sempre a melhor forma de levantar todas as informações<br />
necessárias para apresentar uma excelente proposta,<br />
procuramos entender como sustentar o preço<br />
e valorizar nosso produto ou serviço e conseguir fazer<br />
um ótimo fechamento em cada oportunidade perante<br />
um prospect ou cliente, entre outras coisas. Mas nem<br />
sempre o fluxo da negociação é tão perfeito, não é<br />
mesmo? E o que fazer quando nos damos conta de<br />
que negociamos mal? A resposta depende do ponto<br />
em que a negociação se encontra. Vamos trabalhar<br />
com três cenários possíveis...<br />
50<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
1 o Cenário – Você ficou com a sensação de<br />
que não fez o seu melhor e perdeu a venda.<br />
Sabe quando o cliente diz que seu<br />
concorrente está com o mesmo produto/serviço,<br />
por X a menos, e que<br />
se você não acompanhar o preço,<br />
ele irá comprar da concorrência?<br />
Numa situação como essa, é<br />
muito difícil saber se o cliente está<br />
dizendo a verdade, se está comparando<br />
produtos/serviços exatamente<br />
iguais ou se está usando<br />
uma estratégia comum dos compradores:<br />
o blefe.<br />
Se você demonstrar (ou o cliente<br />
sentir) de alguma forma que<br />
você duvida do que ele está dizendo,<br />
ele ficará ofendido! Sendo<br />
assim, existem cinco coisas que<br />
você pode fazer:<br />
a) Se tiver como confirmar a<br />
informação – sem o cliente saber<br />
–, faça isso!<br />
b) Revise todos os diferenciais<br />
do seu produto/serviço, para que<br />
ele tenha certeza de que está comparando<br />
produtos/serviços iguais.<br />
c) Negocie valor até onde for<br />
conveniente para sua empresa.<br />
Se o cliente resolver ir embora,<br />
lamentável, mas paciência. Para<br />
manter a saúde financeira do negócio,<br />
precisamos preservar a<br />
margem.<br />
d) Muito cuidado com a forma<br />
como vão se despedir. Deixe claro<br />
que você adoraria ter fechado<br />
a venda, mas que mais importante<br />
do que a venda fechada é a<br />
satisfação do cliente. Deixe seu<br />
cartão de visitas, com telefone de<br />
contato, e diga que ele pode ficar<br />
à vontade para voltar a telefonar<br />
para você.<br />
e) Passados alguns dias (entre<br />
três e cinco, no máximo), ligue<br />
para o cliente e pergunte se ele<br />
finalizou a compra naquele concorrente<br />
que (teoricamente) tinha<br />
o valor mais baixo. Nesse passo,<br />
cuide muito do seu tom de voz.<br />
Explique que está ligando porque<br />
já viu vários casos em que, quando<br />
o cliente voltava na empresa<br />
que prometia o mesmo produto/<br />
serviço por um preço menor, alguma<br />
informação não tinha sido<br />
bem passada ou compreendida e,<br />
por isso, muitos clientes acabavam<br />
voltando para comprar com você.<br />
Nessa ligação, você também pode<br />
ter novos argumentos e até –<br />
quem sabe – uma nova proposta.<br />
Às vezes, os clientes blefam de<br />
tal forma que quando o vendedor<br />
não aceita aquela proposta, a única<br />
opção é sair da negociação. Cabe<br />
ao vendedor deixar uma alternativa<br />
de retorno para que o cliente<br />
possa retomar a negociação de<br />
onde abandonou sem se sentir mal.<br />
Seja persistente nessa “repescagem”<br />
de clientes perdidos, você<br />
pode se surpreender! E caso o cliente<br />
confirme que já comprou no seu<br />
concorrente, não perca a linha.<br />
Diga, com sinceridade na voz, que<br />
deseja que ele seja feliz com a compra<br />
e que você segue à disposição<br />
caso ele precise.<br />
2 o Cenário – No meio da negociação, você<br />
se arrepende de algo que propôs.<br />
Enquanto a negociação está em<br />
andamento, ainda há tempo de<br />
voltar atrás. Claro que se o motivo<br />
não for bem explicado, pode gerar<br />
uma situação chata. Por isso, minha<br />
sugestão é: não enrole, seja honesto,<br />
franco e explique claramente<br />
que se enganou ou que foi precipitado<br />
ao aceitar alguma coisa que<br />
não poderia.<br />
Pense com calma, reveja todos<br />
os pontos que precisam de ajustes<br />
e sente para renegociar todos de<br />
uma única vez – essa forma é<br />
menos traumática do que voltar<br />
atrás mais de uma vez na mesma<br />
negociação.<br />
E lembre-se: quanto antes resolver<br />
a situação, melhor!<br />
3 o Cenário – Você fechou o negócio, mas<br />
sabe que cedeu além do que devia.<br />
Se você conseguiu chegar a essa<br />
conclusão, já está de parabéns! A<br />
maioria dos vendedores nessa situação<br />
pensaria que fez o necessário<br />
para fechar o negócio e, mesmo<br />
que tivesse cedido além do desejado,<br />
se “desculparia” por isso.<br />
A melhor forma de evitar uma<br />
negociação ruim é fazer e seguir<br />
seu <strong>planejamento</strong>. Segue abaixo<br />
uma checklist do que você precisa<br />
saber para aumentar as chances<br />
de fazer um bom negócio. Todo<br />
final de tarde, reveja suas negociações<br />
e faça uma autoavaliação<br />
com sinceridade, dando a si mesmo<br />
uma nota de zero a dez nos<br />
seguintes pontos:<br />
Eu tinha informações suficientes<br />
e corretas sobre os concorrentes?<br />
Consegui perceber qual o perfil<br />
do cliente e me alinhei com<br />
a sua forma de pensar?<br />
Utilizei, na minha apresentação,<br />
as informações do cliente levantadas<br />
antes do encontro?<br />
Entendi e tentei atender as necessidades<br />
do cliente?<br />
Mantive o foco nos meus objetivos<br />
– apesar da pressão durante<br />
a venda?<br />
Estava preparado para as objeções<br />
que apareceram?<br />
Consegui responder as objeções<br />
de forma segura e convincente?<br />
Troquei estrategicamente as<br />
concessões?<br />
Usei corretamente as técnicas<br />
de fechamento?<br />
Certamente, a avaliação contínua<br />
é a chave do seu sucesso. Pode<br />
apostar que, com isso, você vai<br />
errar cada vez menos!<br />
"Às vezes, os<br />
clientes blefam<br />
de tal forma que<br />
quando o vendedor<br />
não aceita aquela<br />
proposta, a única<br />
opção é sair da<br />
negociação. Cabe<br />
ao vendedor deixar<br />
uma alternativa<br />
de retorno para<br />
que o cliente<br />
possa retomar a<br />
negociação de onde<br />
abandonou sem se<br />
sentir mal."<br />
Silvia Candeloro é especialista<br />
e estudiosa na área de<br />
negociação, treina equipes<br />
comerciais e assessora<br />
empresários e executivos,<br />
além de ser palestrante.<br />
Possui MBA em Gestão<br />
Empresarial pela FGV, é<br />
professora de Negociação<br />
no Centro Europeu e autora<br />
do Kit de Negociação<br />
<strong>VendaMais</strong>. Foi, durante<br />
16 anos, sócia e diretora da<br />
Editora Quantum.<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 51
Inteligência em Vendas<br />
Marcelo Ortega<br />
Foque no<br />
cliente certo!<br />
Dentre as melhores ferramentas de vendas que conheci<br />
na vida, a arte de fazer as perguntas certas é a principal delas. Mas<br />
tão importante quanto saber perguntar é saber decidir seu foco. E<br />
para ajudar nessa missão, existe uma ferramenta poderosa: a matriz<br />
estratégica de prospecção – clientes por volume versus barganha,<br />
que é simples de fazer e nos faz realmente pensar se estamos<br />
trabalhando do jeito certo, com a base de clientes que nos valoriza<br />
e na qual vale a pena focar.<br />
Não estou dizendo que devemos descartar clientes num primeiro<br />
olhar – aliás, sou um dos que mais defendem que é um<br />
grande erro prejulgar o cliente antes de uma boa qualificação.<br />
Porém, clientes que não podem comprar e que não colocam o seu<br />
valor em primeiro lugar não devem ficar no topo das suas prioridades.<br />
Uma vez, um corretor de imóveis me disse: “Eu atendo muitos 'bolulas' (clientes que<br />
só perguntam, pedem informações e não compram).” E eu questionei: “Você faz perguntas<br />
de qualificação antes de mostrar o produto?” Ele disse: “Nem sempre, pois eles<br />
querem ver logo o empreendimento e saber o preço.”<br />
Primeiramente: pare de chamar o cliente disso ou daquilo. Clientes são as nossas<br />
principais unidades de lucro. Entenda que se você mostrar um produto ou serviço sem<br />
entender a situação do prospectivo contato, poderá ter como resposta: “Legal, se eu<br />
tivesse dinheiro, eu compraria.”<br />
Uma das formas de qualificar<br />
clientes é fazendo todas ou algumas<br />
das sete perguntas abaixo:<br />
1. O que você procura?<br />
2. O que você usa ou detém hoje?<br />
3. Qual a importância estratégica<br />
disso em sua vida (ou em<br />
sua empresa)?<br />
4. Qual seu papel na empresa?<br />
(Ou: De quem dependerá essa<br />
decisão de compra?)<br />
5. Qual é, aproximadamente, o<br />
tempo total para tomar uma<br />
decisão?<br />
6. Existe verba alocada para essa<br />
compra?<br />
7. O que pode impedir você de<br />
realizar esse objetivo? (Identifica<br />
possíveis objeções futuras)<br />
52<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
Depois de qualificar seus<br />
clientes é que seu processo de<br />
vendas verdadeiramente deve<br />
começar: criação de interesse 3<br />
sondagem mais completa (perguntas<br />
abertas, fechadas, diretas)<br />
3 apresentação da solução 3<br />
negociação 3 fechamento.<br />
Durante o processo de vendas,<br />
quando estamos qualificando<br />
o cliente, o uso de uma<br />
matriz estratégica de prospecção<br />
pode ajudá-lo a organizar melhor<br />
o seu tempo, o seu foco, o<br />
esforço que você dedicará na<br />
condução do contato. Na prática,<br />
funciona assim:<br />
Clientes-chave parceiros: São<br />
aqueles que compram bem e,<br />
portanto, são significativos em<br />
seu faturamento ou escoamento<br />
de produtos. Devem ter prioridade<br />
e foco. É neles que você dedicará<br />
a maior parte de seu tempo.<br />
Clientes pequenos e parceiros:<br />
São aqueles de que precisamos<br />
cuidar porque valorizam<br />
nosso produto e ainda não<br />
compram tanto quanto os<br />
clientes-chave parceiros – mas<br />
em breve podem se tornar compradores<br />
grandes e prioritários.<br />
Por serem parceiros, também<br />
merecem dedicação e foco.<br />
QUEM É O CLIENTE?<br />
Classifique seus clientes na Matriz Estratégica de Prospecção - MEP<br />
Clientes<br />
Importância do faturemento<br />
ALTA<br />
BAIXA<br />
BAIXA<br />
Clientes<br />
Orientações para barganha<br />
CLIENTES-CHAVE<br />
PARCEIROS<br />
Dedicar foco prioritário<br />
e vantagens<br />
CLIENTES PEQUENOS<br />
PARCEIROS<br />
Estimular o<br />
crescimento<br />
CLIENTES-CHAVE<br />
BARGANHADORES<br />
Negociar com<br />
firmeza<br />
CLIENTES PEQUENOS<br />
BARGANHADORES<br />
Desestimular e/ou<br />
eliminar<br />
ALTA<br />
Clientes-chave barganhadores:<br />
São importantes para<br />
seu volume de faturamento,<br />
mas podem ser letais para sua<br />
lucratividade. Se você tem muitos<br />
clientes assim, corre um<br />
risco enorme de comprometer<br />
a saúde financeira do seu negócio.<br />
É preciso negociar com<br />
mais firmeza e buscar deixar<br />
a cultura de “vender preço” de<br />
lado e evoluir para a venda de<br />
valor. Dedique-se a isso ou avalie<br />
se vale a pena manter esse<br />
tipo de cliente em sua base.<br />
Clientes pequenos barganhadores:<br />
Não compram muito<br />
e só visam a barganha, o<br />
desconto. Esse tipo de cliente<br />
não interessa à maioria das empresas<br />
ou negócios. São aqueles<br />
que não podem comprar seu<br />
produto, mas tomam muito do<br />
seu tempo, comprometendo sua<br />
produtividade. É preciso desestimular<br />
esse cliente, pois não<br />
vale a pena se dedicar a ele.<br />
Se você fizer uma análise de<br />
pós-qualificação de todos os seus<br />
negócios em andamento, deverá<br />
estabelecer métodos diferentes de<br />
vendas para cada caso e se focar<br />
verdadeiramente no canal ou no<br />
cliente final que trará lucratividade<br />
e saúde financeira para o<br />
negócio.<br />
Sempre digo que cada vendedor<br />
tem o cliente que merece, porque<br />
somos responsáveis por ensinar os<br />
outros como queremos ser tratados.<br />
O líder pode monitorar sua<br />
equipe, usando a matriz e as informações<br />
de qualificação em suas<br />
reuniões globais e individuais.<br />
Para tanto, um bom dever de casa<br />
para quem lidera equipes de vendas<br />
é responder às seguintes perguntas:<br />
1. Qual a proporção de negócios<br />
em andamento com cada tipo<br />
de cliente?<br />
2. Qual volume de desconto dado<br />
aos clientes barganhadores,<br />
mas significativos?<br />
3. Qual o plano de ação para<br />
transformar barganhas em<br />
uma relação de valor, de parceria?<br />
4. Quantos clientes precisam ser<br />
desestimulados por minha<br />
equipe de vendas? Como podemos<br />
fazer isso sucessivamente<br />
para posicionar melhor a<br />
equipe em negócios saudáveis?<br />
5. Como irei treinar meus vendedores<br />
em termos de prospecção,<br />
sondagem, apresentação<br />
de propostas, negociação e fechamento<br />
com qualidade?<br />
Essas informações e ações determinam<br />
o sucesso em vendas e<br />
dão bons indicadores de desempenho<br />
para tomada de decisões.<br />
Cabe a você buscar bons negócios<br />
e criar oportunidades reais, sem<br />
blefes ou ilusões.<br />
Quando não qualificamos bem<br />
nossos prospects, tornamos nossa<br />
empresa uma verdadeira “fábrica<br />
de propostas”, instável e sem boas<br />
perspectivas para o futuro. Logo,<br />
fracassamos também.<br />
Pense nisso e muito sucesso!<br />
"Durante o<br />
processo de<br />
vendas, quando<br />
estamos<br />
qualificando o<br />
cliente, o uso<br />
de uma matriz<br />
estratégica<br />
pode ajudá-lo<br />
a organizar<br />
melhor o seu<br />
tempo, o seu<br />
foco, o esforço<br />
que você<br />
dedicará na<br />
condução do<br />
contato."<br />
Marcelo Ortega é palestrante<br />
internacional de vendas e<br />
liderança gerencial. Autor do<br />
best-seller Sucesso em vendas,<br />
entre outros livros.<br />
Visite: www.marceloortega.<br />
com.br<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 53
Comportamento / POR Luiz Gaziri<br />
Eu sorrio<br />
porque vendo<br />
ou vendo<br />
porque sorrio?<br />
odos nós conhecemos um<br />
vendedor que parece estar eternamente<br />
de bem com a vida.<br />
Não importa o momento em que<br />
o encontramos, ele está sorrindo.<br />
Quando todos estão preocupados<br />
e tensos, a chegada<br />
desse vendedor parece mudar<br />
a energia do ambiente. Até aquele<br />
cliente conhecido por ser nervoso<br />
age diferente na presença dele.<br />
Mas o que explica o fato de certas pessoas<br />
serem mais felizes do que outras? E qual é a razão<br />
de nos sentirmos bem quando interagimos com<br />
alguém que está de bom humor? Será que algumas<br />
pessoas têm o dom de fazer os outros se<br />
sentirem melhor? As respostas para essas perguntas<br />
– fundamentais para o sucesso de um<br />
profissional de vendas – exigem uma pequena<br />
viagem ao mundo da ciência...<br />
54<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 55
Em 1984, estudantes da Universidade de Illinois<br />
(EUA) participaram de um experimento em que<br />
uma das tarefas consistia em segurar uma caneta<br />
na boca enquanto avaliavam quão engraçadas eram<br />
algumas tiras de quadrinhos. Um dos grupos deveria<br />
segurar a caneta com os lábios, o que fazia<br />
com que seus músculos faciais se contraíssem.<br />
Outro grupo deveria segurar a caneta com os dentes,<br />
o que fazia seus músculos faciais expressarem<br />
um sorriso. Ao final, os pesquisadores Fritz Strack,<br />
Leonard Martin e Sabine Stepper identificaram que<br />
os alunos que seguraram a caneta com os dentes,<br />
forçando um sorriso, avaliaram os quadrinhos como<br />
mais engraçados do que seus colegas que seguraram<br />
a caneta com os lábios.<br />
Saímos dos Estados Unidos e vamos até a Itália.<br />
Em 1991, em um laboratório da Universidade de<br />
Parma, um macaco estava sentado numa cadeira<br />
especial, aguardando um grupo de cientistas retornar<br />
do almoço. O animal estava com uma série de<br />
fios ligados às regiões de seu cérebro relacionadas<br />
ao <strong>planejamento</strong> e aos movimentos corporais. Toda<br />
vez que ele se movia ou segurava um objeto, algumas<br />
células de seu cérebro se tornavam ativas e um<br />
monitor emitia um som: blip, blip, blip.<br />
Um aluno que trabalhava como assistente do<br />
Prof. Giacomo Rizzolatti voltou de seu almoço segurando<br />
uma das obras-primas da culinária italiana:<br />
um sorvete de casquinha. Ao levar o sorvete<br />
até a boca, o assistente ouviu um som: blip, blip,<br />
blip. Ele rapidamente olhou para o macaco, mas o<br />
animal estava parado. Então, o assistente levou<br />
novamente o sorvete até a boca, desta vez, olhando<br />
fixamente para o macaco: blip, blip, blip, soou o<br />
monitor. O animal continuava imóvel.<br />
O corpo fala<br />
Esses dois estudos nos trazem uma maior compreensão<br />
sobre a influência da postura corporal nas<br />
emoções que sentimos, bem como a maneira como<br />
nosso cérebro interpreta estímulos de movimento<br />
vindos de outras pessoas. O entendimento desses<br />
dois fenômenos é de extrema importância para<br />
melhorar a performance de vendedores.<br />
Para começar, a postura que um vendedor assume<br />
ao se preparar para uma visita influencia<br />
diretamente no seu desempenho. Mas não é só isso.<br />
A postura corporal do vendedor durante a visita<br />
não influencia apenas o seu desempenho, mas<br />
também o desempenho do cliente. E mais: o que<br />
pouca gente se dá conta é que a postura que o<br />
cliente assume durante a visita também influencia<br />
os resultados do vendedor.<br />
Amy Cuddy, professora da Universidade de<br />
Harvard, vem estudando o fenômeno de como nossa<br />
postura corporal envia informações para nosso<br />
cérebro que, em contrapartida, faz com que certos<br />
hormônios sejam liberados ou suprimidos em nossa<br />
corrente sanguínea. Num estudo realizado por<br />
ela, os participantes foram divididos em dois grupos.<br />
As pessoas de um dos grupos foram solicitadas a<br />
permanecer dois minutos com uma “postura de<br />
falta de poder” – pernas ou braços cruzados, uma<br />
das mãos junto ao pescoço, cabeça e coluna inclinadas<br />
para baixo, ombros encolhidos, pernas juntas,<br />
etc. – como na figura abaixo:<br />
Já o outro grupo foi solicitado a assumir uma<br />
“postura de poder” – peito estufado, coluna e ombros<br />
retos, cabeça levemente inclinada para cima,<br />
pernas e braços mais abertos:<br />
Antes e depois desses dois minutos, a equipe de<br />
pesquisa mediu os níveis de dois hormônios nos<br />
participantes: cortisol e testosterona. Vamos explicar<br />
brevemente o que cada um desses hormônios<br />
provoca no corpo.<br />
Quanto mais cortisol na nossa corrente sanguínea,<br />
mais limitados ficam nosso pensamento e<br />
nossa criatividade. Ele ativa mecanismos de defesa<br />
e conflito, dificulta a percepção de coisas positivas<br />
e faz com que passemos a encarar momentos negativos<br />
como piores do que realmente são.<br />
O cortisol demora para ser metabolizado pelo<br />
organismo. Por isso, toda vez que temos contato<br />
com uma notícia negativa, nós a guardamos em<br />
nossas mentes durante um bom tempo. É por causa<br />
do cortisol que, quando ficamos nervosos durante<br />
uma discussão, não conseguimos encontrar<br />
FotoS: Amy Cuddy, Universidade de Harvard<br />
56<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
ons argumentos (que só conseguimos lembrar<br />
minutos depois, após termos nos acalmado).<br />
Já a testosterona, quando presente em maior<br />
quantidade na corrente sanguínea, aumenta a confiança,<br />
faz com que nos sintamos mais poderosos,<br />
melhora drasticamente a habilidade de comunicação<br />
e faz com que tenhamos melhores resultados<br />
em qualquer desafio.<br />
Voltando ao experimento de Amy Cuddy, os<br />
níveis desses hormônios tiveram mudanças significativas<br />
de acordo com a postura que cada grupo<br />
assumiu. O primeiro grupo teve um aumento de<br />
15% no cortisol e uma diminuição de 10% nos níveis<br />
de testosterona. Já o grupo que ficou numa pose de<br />
poder teve resultados contrários: uma diminuição<br />
de 25% no cortisol e um aumento de 20% na testosterona.<br />
Isso significa que a postura que um vendedor<br />
assume durante o seu dia e, principalmente,<br />
antes e durante uma visita afeta diretamente no<br />
seu estresse e na sua confiança, o que, consequentemente,<br />
fará com que ele tenha piores ou melhores<br />
resultados.<br />
Alex Korb, professor e pesquisador da Universidade<br />
da Califórnia em Los Angeles (UCLA), revela<br />
que o nosso cérebro está constantemente procurando<br />
dicas de como devemos nos sentir, e uma<br />
das formas do cérebro obter essas dicas é através<br />
da percepção de quais músculos do nosso corpo<br />
estão contraídos ou expandidos, um processo chamado<br />
de biofeedback. Isso significa que a mente<br />
muda o corpo, mas que o corpo também muda a<br />
mente.<br />
Korb explica, por exemplo, que usar ou não usar<br />
óculos escuros durante um dia ensolarado afeta<br />
diretamente a sua felicidade. Ao não usar os óculos,<br />
naturalmente assumimos uma expressão facial<br />
contraída, fazendo com que nossas sobrancelhas<br />
fiquem mais juntas. Automaticamente, o cérebro<br />
interpreta essa informação como uma expressão<br />
de raiva, portanto, indica para o nosso corpo que<br />
ele deve aumentar o nível de cortisol e outros hormônios<br />
relacionados a este sentimento.<br />
O biofeedback é o responsável pelo fato de as<br />
pessoas que seguraram a caneta com os dentes –<br />
obrigando o rosto a expressar um sorriso – avaliarem<br />
os quadrinhos como mais engraçados do que<br />
as pessoas que seguraram a caneta com os lábios<br />
– forçando o rosto a ter uma expressão de tristeza.<br />
O cérebro interpretou a expressão facial dessas<br />
pessoas como sendo de felicidade e, portanto, regulou<br />
seus hormônios para entregá-las exatamente<br />
o que estavam expressando.<br />
"A postura que um<br />
vendedor assume<br />
durante o seu dia<br />
e, principalmente,<br />
antes e durante<br />
uma visita, afeta<br />
diretamente no seu<br />
estresse e na sua<br />
confiança, o que,<br />
consequentemente,<br />
fará com que<br />
ele tenha piores<br />
ou melhores<br />
resultados."<br />
Da mesma forma, você já notou que quando um<br />
corredor vence uma prova, ao cruzar a linha de<br />
chegada, ele naturalmente levanta seus braços,<br />
sinalizando para o seu cérebro que obteve sucesso?<br />
Essa não é a mesma postura que você faz quando<br />
seu time de futebol marca um gol? Acontece que,<br />
toda vez que percebemos que fomos bem-sucedidos,<br />
nosso corpo naturalmente assume uma postura de<br />
poder. Mas, conhecendo o biofeedback, se expandirmos<br />
o nosso corpo antes de um desafio, o nosso<br />
cérebro irá se esforçar para nos entregar condições<br />
para termos mais sucesso. Incrível, não é mesmo?<br />
A prof. Amy Cuddy falou sobre esse assunto<br />
no TED. A palestra está disponível em bit.ly/<br />
amy-cuddy_TED<br />
Na prática<br />
Diversos estudos científicos mostram que poses de<br />
poder estão diretamente ligadas à maior criatividade<br />
e a melhores avaliações do cliente. Sabendo<br />
disso, antes de uma visita, e num lugar onde ninguém<br />
possa vê-lo, assuma uma postura de poder<br />
– fique em pé, com a coluna ereta, incline um pouco<br />
a cabeça para cima, estufe o peito, erga os braços<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 57
"Ao invés de<br />
esperar o<br />
fechamento<br />
de uma venda<br />
para então<br />
sorrir, você<br />
sabe que tem<br />
o poder de<br />
sorrir para<br />
fechar a<br />
venda."<br />
como se tivesse marcado um gol na final da Copa do<br />
Mundo, ou coloque suas mãos na cintura, imitando<br />
a pose do Super-Homem. Fique assim por alguns<br />
minutos e depois vá para a sua visita. Você pode<br />
usar essa técnica, inclusive, no banheiro da empresa<br />
de seu cliente – basta chegar com alguns minutos<br />
de antecedência. Além disso, não se esqueça de<br />
sorrir nos minutos que antecedem o encontro com<br />
o cliente – mesmo que o sorriso seja forçado; o seu<br />
cérebro irá entender essa informação e entregar<br />
felicidade. E se o dia estiver ensolarado, não se esqueça<br />
de usar seus óculos escuros no caminho.<br />
Durante a visita, mesmo que você fique sentado,<br />
procure manter a postura de poder, deixando os<br />
ombros retos e os dois pés no chão, evitando cruzar<br />
as pernas e os braços, posicionando as mãos em<br />
cima das coxas, gesticulando de vez em quando,<br />
expandindo seus braços, e sorrindo sempre que<br />
possível. No caso dos profissionais de vendas, é<br />
importante saber que falar com calma também é<br />
um sinal de poder.<br />
Técnicas de vendas x ciência<br />
Os seres humanos são animais incríveis, todos nós<br />
temos habilidades naturais, mas muitas delas ainda<br />
são desconhecidas.<br />
Há alguns anos a medicina vem estudando os<br />
neurônios espelho. Toda vez que temos contato<br />
com outra pessoa, nós automaticamente queremos<br />
sentir o que ela está sentindo, e é aí que entram<br />
esses neurônios.<br />
Eles são como uma ligação Wi-Fi entre o cérebro<br />
de duas pessoas: se o cliente está com uma expressão<br />
tensa durante a sua visita, automaticamente os<br />
seus neurônios espelho serão ativados, fazendo com<br />
que você sinta a mesma emoção que o cliente está<br />
sentindo. Isso significa não apenas que você é influenciado<br />
pelos sentimentos do seu cliente, mas<br />
que ele também é influenciado pelos seus.<br />
Você se lembra da história do macaquinho e do<br />
assistente de laboratório? Tem tudo a ver com isso!<br />
E representa muito bem o rapport, o ato de imitar<br />
58<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
mente os neurônios espelho dele para que ele também<br />
fale algo positivo para você. Conversas que<br />
começam com assuntos como a crise econômica ou<br />
algum acontecimento negativo raramente irão levar<br />
as partes a um acordo.<br />
A prof. Sonja Lyubomirsky, da University of<br />
California, Riverside, demonstrou, através de suas<br />
pesquisas, que numa conversa entre uma pessoa<br />
positiva e uma negativa vence aquela que se expressa<br />
mais. Portanto, toda vez que o cliente falar algo<br />
negativo, responda com algo positivo e expresse o<br />
máximo de positividade nas suas visitas. Mas também<br />
seja realista: dizer que a economia vai melhorar<br />
amanhã não é ser positivo, é ser iludido. Com o<br />
seu esforço, você pode reescrever o script de uma<br />
conversa, transformando-a de negativa em positiva.<br />
"O rapport é responsável por<br />
aumentar em cinco vezes a<br />
probabilidade de um vendedor<br />
fechar um negócio."<br />
Com isso em mente, entre na sala do cliente com<br />
um sorriso no rosto. Agora que você conhece o<br />
biofeedback e os neurônios espelho, sabe que o seu<br />
sorriso manda uma mensagem direta para o seu<br />
cérebro sobre o que ele deve fazer com seus hormônios,<br />
além de também mandar uma mensagem<br />
direta para os neurônios espelho do seu cliente,<br />
fazendo com que ele queira sentir aquilo que você<br />
está sentindo e, então, passe a imitar o seu sorriso.<br />
Quem diria que a ciência explicaria como um simples<br />
sorriso pode influenciar o seu humor e o de<br />
várias outras pessoas ao mesmo tempo?<br />
Agora que você sabe que não precisa de um<br />
conjunto especial de genes para ser mais feliz ou<br />
para fazer seus clientes mais felizes, pratique as<br />
técnicas deste artigo no seu dia a dia. Ao invés de<br />
esperar o fechamento de uma venda para então<br />
sorrir, você sabe que tem o poder de sorrir para<br />
fechar a venda.<br />
Luiz Gaziri é professor da FAE Business School,<br />
autor do livro A incrível ciência das vendas e<br />
um dos Gigantes das Vendas da <strong>VendaMais</strong>.<br />
Visite o site: luizgaziri.com<br />
gestos, posturas e palavras do cliente para obter<br />
maior sintonia na negociação.<br />
O rapport é responsável por aumentar em cinco<br />
vezes a probabilidade de um vendedor fechar um<br />
negócio. Portanto, imite o seu cliente – a não ser<br />
que ele esteja numa pose de falta de poder, é claro!<br />
A boa notícia é que você pode moldar os sentimentos<br />
do seu cliente de acordo com a sua própria<br />
postura corporal e suas expressões faciais, pois o<br />
rapport também funciona no sentido inverso.<br />
Os seres humanos naturalmente imitam as<br />
posturas, os gestos e as expressões faciais uns dos<br />
outros – algo diretamente relacionado com os neurônios<br />
espelho. Portanto, o seu cliente também<br />
sente vontade de imitar os gestos e as posturas que<br />
você assume numa visita. Por esse motivo é que o<br />
macaquinho do estudo da Universidade de Parma,<br />
mesmo imóvel, emitia sinais cerebrais apenas ao<br />
observar o assistente tomar o sorvete: no momento<br />
em que ele via o assistente levantar o braço, seus<br />
neurônios espelho eram ativados e ele também<br />
sentia vontade de levantar os braços.<br />
Alguns cientistas explicam que essa característica<br />
surgiu na pré-história, quando o ser humano<br />
se comunicava por meio de gestos, pois não existia<br />
linguagem. Movimentos e posturas corporais similares<br />
tinham a função de mostrar pertencimento<br />
a um grupo. Pessoas que tinham movimentos<br />
diferentes eram expulsas desses grupos primitivos,<br />
o que acarretava em suas mortes e, consequentemente,<br />
em menos reprodução.<br />
Como o conjunto dos nossos DNAs visa a sobrevivência<br />
da espécie – o que explica o comportamento<br />
de pais que preferem morrer para salvar<br />
seus filhos, possibilitando aos filhos a passagem de<br />
seus genes para as próximas gerações –, desenvolvemos<br />
os neurônios espelho para que as pessoas<br />
passassem a imitar umas às outras naturalmente,<br />
aumentando a sensação de pertencimento e evitando<br />
que membros fossem expulsos do grupo.<br />
Essa é uma informação poderosa para quem<br />
trabalha com vendas. Toda vez que você estiver<br />
conversando com o cliente e perceber que ele está<br />
com uma postura de falta de poder, mude a sua postura<br />
e faça uma pose de poder discreta: sem perceber,<br />
ele irá imitá-lo, assumindo uma postura mais expansiva,<br />
e o biofeedback fará o restante do serviço.<br />
O resultado disso será uma conversa mais agradável<br />
e mais positiva, uma sintonia maior entre as<br />
partes e uma probabilidade maior de fechamento<br />
de acordos. Lembre-se também de que abordar o<br />
cliente falando algo positivo irá ativar automaticavendamais.com.br<br />
- SETEMBRO-OUTUBRO 2016 59
Inovação<br />
Jerônimo Mendes<br />
A<br />
Comportamento<br />
empreendedor na<br />
área de vendas<br />
braham Maslow, psicólogo norte-americano, afirmava que o “homem criativo<br />
não é aquele sobre o qual se acrescentou algo, mas aquele do qual nada se tirou.” Significa<br />
dizer que todos nascem criativos, mas alguns vão perdendo essa capacidade na medida<br />
em que a sociedade vai impondo regras e moldando o seu comportamento.<br />
Por outro lado, se a criatividade é própria do ser humano e, em geral, o comportamento<br />
pode ser modificado, por que não transformar essa possibilidade em uma vantagem<br />
competitiva para a empresa a partir do estímulo ao comportamento empreendedor, em<br />
especial na área de vendas?<br />
Vendas e financeiro são as áreas em que as pessoas têm mais condições de se comportar<br />
como “donas” do negócio. Na primeira, pela necessidade de interagir com outras pessoas,<br />
de lidar com emoções e de modificar comportamentos – uma característica típica dos<br />
empreendedores. Na segunda, pela necessidade de controlar e aplicar bem o dinheiro,<br />
principalmente quando é dos outros.<br />
Na prática, existe uma grande expectativa dos líderes e donos de empresa e muito<br />
estímulo para que os colaboradores adotem um pensamento empreendedor. Por isso,<br />
60<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
tornou-se comum ouvir alguém<br />
dizer: “Você precisa agir como dono.”<br />
A ideia é interessante, mas<br />
ninguém muda o comportamento<br />
do dia para a noite por meio de<br />
uma simples frase. É necessário<br />
mobilizar as pessoas.<br />
Há algum tempo, li com voracidade<br />
o livro O poder da inovação,<br />
de Luiz Serafim, em que ele narra<br />
sua experiência de vinte anos como<br />
diretor de marketing corporativo<br />
da 3M, considerada uma das empresas<br />
mais inovadoras e vendedoras<br />
do mundo. Com base no livro e<br />
na minha experiência pessoal, adaptei<br />
as bases do pensamento inovador<br />
capaz de fomentar a cultura<br />
empreendedora nas empresas. Sem<br />
elas, penso que as chances de estímulo<br />
ao comportamento empreendedor<br />
são mínimas – principalmente<br />
na área de vendas, que depende<br />
de criatividade, esforço e motivação<br />
todos os dias. Vejamos:<br />
Valores: Tudo começa com a<br />
definição dos valores, os quais,<br />
geralmente, estão associados<br />
ao futuro da organização. Como<br />
queremos ser vistos nos próximos<br />
cinco, dez ou vinte anos?<br />
Você acredita naquilo que a sua<br />
empresa vende? O seu produto<br />
ou serviço contribui para a melhoria<br />
da sociedade? Até onde<br />
vai a integridade da sua empresa,<br />
ou seja, ela pratica os mesmos<br />
valores atribuídos ao seu produto<br />
ou serviço? Sua empresa<br />
vende preço ou vende valor?<br />
Mudança de comportamento: Se<br />
os valores estão claros e a empresa<br />
vai adotar essa bandeira,<br />
o comportamento precisa<br />
mudar. A maneira como as<br />
pessoas trabalham e produzem<br />
algo é um processo que deve<br />
evoluir em todos os níveis hierárquicos.<br />
Um velho ditado<br />
permanece vivo: para obter o<br />
que você nunca obteve, é preciso<br />
fazer algo que você nunca<br />
fez. Simples assim!<br />
Autonomia: Um dos fatores mais<br />
importantes da empresa inovadora<br />
é delegar autonomia às<br />
equipes de trabalho. Quando<br />
se trata de criar, empreender,<br />
inovar e vender, o perfil centralizador<br />
já não funciona<br />
mais. Conceder autonomia não<br />
significa conceder liberdade<br />
total, nem atribuir responsabilidade<br />
maior do que a pessoa<br />
pode suportar, mas, sim, estabelecer<br />
metas desafiadoras e<br />
atingíveis para o fim desejado.<br />
Um <strong>planejamento</strong> <strong>comercial</strong> e<br />
uma política de vendas com<br />
limites de autoridade e responsabilidade<br />
bem definidos são<br />
suficientes.<br />
Estímulo ao comportamento empreendedor:<br />
Num ambiente fechado<br />
a sugestões, onde impera<br />
o medo, a intolerância aos<br />
erros e o desrespeito, não há<br />
como estimular o comportamento<br />
empreendedor. A sensação<br />
de liberdade e autonomia<br />
favorece a concepção de ideias<br />
e a experimentação. As pessoas<br />
só conseguem contribuir quando<br />
se sentem livres para criar<br />
e propor ideias sem retaliação.<br />
Cultura de tolerância ao erro:<br />
Quem empreende e ousa buscar<br />
novas trilhas que levam a melhores<br />
resultados nem sempre<br />
consegue acertar. Portanto,<br />
criar, inovar e empreender é<br />
sinônimo de arriscar. Erros são<br />
comuns e inerentes ao processo<br />
de inovação. Tolerar fracassos<br />
é vital para estimular as equipes<br />
a um novo recomeço. A crítica<br />
mata a iniciativa e, pelo menos<br />
no início, o erro faz parte do<br />
processo de aprendizado.<br />
Tempo dedicado à inovação: Essa<br />
ideia original é da 3M, cuja semente<br />
foi plantada em 1923. Na<br />
década de 1940, o princípio se<br />
formalizou e permitiu que toda<br />
a comunidade técnica da empresa<br />
utilizasse 15% do tempo<br />
de trabalho para se dedicar a<br />
projetos apaixonantes. Art Fry,<br />
cientista da 3M, usou os 15% do<br />
tempo para desenvolver o bloco<br />
de recados autoadesivo mais<br />
famoso do mundo, o Post-it. A<br />
equipe de vendas da sua empresa<br />
participa do processo criativo,<br />
da definição de políticas e<br />
da mudança de comportamento<br />
ou recebe as metas goela abaixo<br />
e sai correndo para o campo?<br />
Reconhecimento: Se o vendedor<br />
demonstra comprometimento<br />
e energia para avançar além<br />
das fronteiras da descrição do<br />
cargo, usando a imaginação e<br />
o conhecimento para agregar<br />
valor à empresa, aos clientes e<br />
à sociedade, qual o problema<br />
em reconhecê-lo? O reconhecimento<br />
é uma ferramenta poderosíssima<br />
para estimular o comportamento<br />
empreendedor,<br />
seja por meio de bônus, prêmios,<br />
promoções ou, na maioria das<br />
vezes, simplesmente de um elogio<br />
sincero diante da equipe.<br />
A gestão empreendedora exige<br />
uma postura diferente daquela que<br />
já existe. Entretanto, as bases do<br />
comportamento empreendedor são<br />
as mesmas, não importa o tamanho<br />
da organização. Algumas empresas<br />
são mais arrojadas e permitem que<br />
os colaboradores enfrentem com<br />
mais determinação as decisões sobre<br />
seus próprios papéis e compromissos<br />
como se fossem os verdadeiros<br />
donos do negócio e, assim,<br />
as coisas fluem naturalmente.<br />
Pense nisso e venda mais e<br />
melhor!<br />
"A sensação<br />
de liberdade<br />
e autonomia<br />
favorece a<br />
concepção<br />
de ideias e a<br />
experimentação.<br />
As pessoas só<br />
conseguem<br />
contribuir quando<br />
se sentem livres<br />
para criar e<br />
propor ideias sem<br />
retaliação."<br />
Jerônimo Mendes, administrador,<br />
coach, empreendedor<br />
e palestrante.<br />
Autor dos livros A atitude<br />
muda tudo (Chiado), Empreendedorismo<br />
para jovens<br />
(Atlas) e Manual do empreendedor<br />
(Atlas).<br />
Visite o site:<br />
www.jeronimomendes.<br />
com.br<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 61
Recursos Humanos<br />
Thiago Concer<br />
É hora de demitir, e agora?<br />
C<br />
omo dizia minha avó Elvira, não é todo dia<br />
que tem pão quente! Em vendas, isso significa que, às<br />
vezes, precisamos deixar de lado a felicidade dos bons<br />
momentos de contratações para demitir vendedores.<br />
A demissão de profissionais é algo comum e inevitável,<br />
mas não é uma tarefa fácil! E tão importante<br />
quanto saber contratar é saber como e quando dispensar<br />
um de seus colaboradores.<br />
Os motivos que podem levar ao desligamento de<br />
um vendedor são diversos e devem ser rigorosamente<br />
avaliados pelo gestor de vendas. Antes de demitir<br />
um membro da sua equipe, você deve ter a certeza de<br />
que tomou todas as providências e atitudes cabíveis.<br />
Na verdade, não deveria existir a frase “eu demiti um<br />
vendedor”, mas, sim, “o vendedor vinha se demitindo<br />
mês após mês”. É muito fácil demitir alguém dizendo<br />
que a pessoa “não presta”, mas é preciso ir além. A<br />
falta de uma avaliação criteriosa por parte do gestor<br />
pode trazer sérios problemas à empresa.<br />
O fato é que a maior parte dos erros cometidos<br />
na demissão de vendedores ocorre por critérios subjetivos<br />
dos gestores. Jack Welch, um dos maiores<br />
administradores de todos os tempos, usava a metodologia<br />
20 x 70 x 10 para embasar suas decisões de<br />
gestão. Funcionava assim: ele sempre<br />
premiava e reconhecia os 20%<br />
da equipe compostos pelos melhores<br />
profissionais – as estrelas do<br />
time. Os 70% medianos passavam<br />
por uma reciclagem e muito treinamento,<br />
acompanhamento e avaliação.<br />
E os 10% piores eram demitidos.<br />
Essa metodologia é um bom<br />
ponto de partida para evitar que a<br />
falta de indicadores deixe inconsistente<br />
a decisão de quem demite.<br />
Além disso, existem outros critérios<br />
que devem ser levados em consideração.<br />
Vamos a eles.<br />
1. Falta de integridade<br />
Caráter não se negocia! Atitudes<br />
que vão contra os valores da empresa<br />
– como mentir, roubar, agredir<br />
alguém física ou verbalmente,<br />
ser desonesto com clientes ou<br />
outros vendedores etc. – merecem<br />
punição.<br />
62<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
2. Demissão por motivos<br />
econômicos<br />
Tanto algo externo – como um novo<br />
imposto, a variação de câmbio,<br />
barreiras econômicas de proteção<br />
ou o surgimento de concorrência<br />
– quanto fatores internos – como<br />
má administração, problemas na<br />
gestão financeira, troca de diretoria<br />
ou mudança de contratos – podem<br />
fazer com que bons vendedores,<br />
com bons resultados, precisem sair.<br />
3. Demissão por desempenho<br />
ruim<br />
Aqui mora o perigo. Quais indicadores<br />
você leva em consideração<br />
para avaliar o seu vendedor? Volume<br />
de vendas? Lucratividade?<br />
Novos clientes? Motivação, entusiasmo,<br />
comprometimento? O que<br />
é, afinal, um desempenho ruim? E<br />
será que isso é falha apenas do<br />
vendedor?<br />
A maioria das empresas tem<br />
problemas por não ter definido o<br />
que queria do seu vendedor e, por<br />
consequência, acaba contratando<br />
errado. E não existe treinamento<br />
que conserte um recrutamento ruim.<br />
Uma ferramenta que pode ajudar<br />
você a começar a selecionar<br />
seus vendedores para definir<br />
ações, é esta matriz:<br />
CONTATO<br />
ALTO BAIXO<br />
ALTA<br />
Entendendo os<br />
personagens<br />
O garoto prodígio é o vendedor<br />
que atende bastante (visita, prospecta),<br />
mas não vende muito. Ele<br />
tem tudo para dar certo. É motivado,<br />
gosta do produto, da empresa,<br />
mas precisa de técnica. Se ele continuar<br />
assim, sem a devida atenção,<br />
pode desanimar – e aí você perde<br />
um vendedor com potencial – ou<br />
pode continuar na sua empresa e<br />
se tornar o pior profissional que<br />
existe: o incompetente motivado!<br />
Treine técnicas de vendas com seus<br />
vendedores. Desde o <strong>planejamento</strong><br />
até o fechamento!<br />
A estrela é o vendedor que faz<br />
bastante contato (prospecta muito)<br />
e vende bastante. Ele precisa<br />
ser reconhecido e bem pago, e você<br />
precisa dar desafios a ele constantemente,<br />
pois se ele não for<br />
desafiado a todo momento e não<br />
tiver mais espaço para crescer, ou<br />
mudará de empresa ou terá uma<br />
grande chance de descer para o<br />
segundo quadrante e virar uma<br />
vaquinha leiteira.<br />
O terceiro tipo é o vendedor<br />
que prospecta pouco, mas vende<br />
bem. Chamamos de vaquinha<br />
leiteira. Ele provavelmente é um<br />
veterano que tem uma boa carteira,<br />
conhece bem a empresa,<br />
VENDA<br />
BAIXA<br />
mas perdeu o entusiasmo de procurar<br />
novos clientes. Ele dá lucro<br />
e não dá muito trabalho, mas é<br />
preciso atenção com ele, pois o<br />
mercado pode sofrer uma reviravolta,<br />
alguns clientes podem parar<br />
de comprar, e ele terá que<br />
correr atrás de novos clientes – o<br />
que é um grande desafio. Desenvolva<br />
metas e treine-o para colocar<br />
gente no funil. Comece dando<br />
metas de prospecção com<br />
quantidade, tempo e caminhos<br />
definidos. Se isso não acontecer,<br />
ele corre um grande risco, caso<br />
perca alguns clientes-chave, de<br />
se tornar um abacaxi.<br />
O abacaxi visita pouco e vende<br />
pouco. Além de desmotivado,<br />
é incompetente, não sabe o que<br />
faz. Nesse caso, ou você o treina<br />
e avalia rapidamente, ou manda<br />
embora! Ninguém merece gente<br />
medíocre em sonhos grandes!<br />
Adapte essa matriz para a sua<br />
empresa, colocando o nome dos<br />
seus vendedores em cada quadrante.<br />
Ela vai ajudá-lo a começar a<br />
colocar em ordem quem está se<br />
fortalecendo na empresa e quem<br />
está prestes a sair.<br />
Além disso, não deixe para<br />
contratar só depois de demitir.<br />
Muitas vezes, os gestores ficam<br />
com aquela equipe “nota sete” e<br />
demoram para agir. Isso acontece<br />
porque sempre na hora de demitir<br />
alguém é aquele desespero, e outro<br />
vendedor mais ou menos acaba<br />
sendo recrutado. Tenha uma captação<br />
de currículos constante, divulgue<br />
a todo momento que estão<br />
contratando. Tem muita gente boa<br />
no mercado. Estar sempre atrás de<br />
ótimos vendedores é indispensável<br />
para que você não precise demitir<br />
a todo momento. E, quando precisar,<br />
isso não irá afetar os números<br />
da empresa.<br />
"Tão importante<br />
quanto saber<br />
contratar é<br />
saber como e<br />
quando dispensar<br />
um de seus<br />
colaboradores."<br />
Thiago Concer é sócio-fundador<br />
do I.E.V. (Instituto de<br />
Especialização em Vendas),<br />
a maior escola de vendas do<br />
Brasil, líder do movimento<br />
#OrgulhoDeSerVendedor e<br />
um dos palestrantes de vendas<br />
mais contratados do<br />
Brasil.<br />
Sucesso e boas vendas!<br />
Visite o site:<br />
ievendas.com.br<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 63
Gestão de equipe<br />
José Bicalho Junior<br />
Gestão baseada em<br />
valores: a chave para<br />
transformar sua equipe<br />
<strong>comercial</strong><br />
E<br />
stamos passando por um momento de<br />
transformação tão rápido e intenso no<br />
mundo atual que os próximos vinte anos<br />
serão marcados pela eminente necessidade<br />
de se adaptar aos novos costumes e se<br />
posicionar diante das mudanças representativas<br />
nas relações humanas.<br />
Quando buscamos as reais necessidades de melhoria de<br />
nossas equipes comercias, normalmente nos deparamos com problemas<br />
rotineiros, como falta de disciplina, desmotivação, falta de foco e, principalmente,<br />
falta de empenho adequado para cumprir uma missão.<br />
Nossos vendedores não estão preparados para serem gestores de<br />
suas metas e darem o valor adequado a suas possíveis conquistas.<br />
Essa realidade acaba criando um paradigma entre manter as metas<br />
com pessoas que ocupam cargos de gestão ou admitir que uma gestão<br />
que educa formará pessoas com bons valores para superar qualquer<br />
adversidade.<br />
Tudo na vida tem que ter um significado, ou seja, precisamos de<br />
propósitos e motivos fortes para superar desafios todos os dias. Realizar<br />
tudo isso com prazer, ou seja, sem sofrimento e desgaste emocional, é<br />
quase que um sonho. No entanto, atualmente, isso é uma verdadeira<br />
distorção, uma dissonância entre a prática e a teoria, tanto para os vendedores,<br />
quanto para os gestores.<br />
Quando se torna a base referencial de uma equipe <strong>comercial</strong>, a gestão<br />
por valores incentiva e desenvolve fatores essenciais para uma relação<br />
de harmonia e oxigenação da cultura organizacional. O impacto<br />
inicial é fantástico, pois todos ganham uma nova visão e um novo conceito<br />
de como lidar com as relações humanas e seus conflitos e oportunidades<br />
de crescimento profissional. O principal e mais valioso ganho<br />
é que todos passam a cultivar o saudável hábito do aprendizado. Teremos,<br />
assim, vendedores realmente profissionais.<br />
Os fatores primordiais que tornarão sua equipe mais motivada, disponível<br />
para mudanças e engajada com a missão da organização são:<br />
Propósito social: As pessoas querem se sentir úteis umas para as<br />
outras. Querem realizar coisas que contribuam com a sociedade.<br />
Prazer decorrente do trabalho: O ambiente organizacional precisa<br />
ser estimulante a ponto de as pessoas se dedicarem de corpo e<br />
alma a todas as suas tarefas. As metas são consequência dessa realização<br />
pessoal.<br />
Autonomia: As pessoas não<br />
querem rotinas. Elas querem é<br />
se sentir livres para solucionar<br />
problemas e tomar decisões<br />
sobre o próprio trabalho.<br />
Reconhecimento: Os profissionais<br />
querem realizar trabalhos<br />
que correspondam às suas<br />
habilidades pessoais, cujos resultados<br />
sejam reconhecidos<br />
por todos.<br />
Relacionamentos positivos:<br />
Os colaboradores precisam estabelecer<br />
uma relação de confiança<br />
e credibilidade para a<br />
construção de um ambiente de<br />
prazer em fazer parte do time.<br />
É interessante perceber como<br />
tudo isso é simples e universal.<br />
Quanto mais nos sentirmos capazes<br />
de trabalhar em projetos estimulantes,<br />
quanto mais capazes formos de<br />
influenciar nosso modo de trabalhar,<br />
melhor será nosso desempenho.<br />
A necessidade de gerar mais<br />
força e maior potencial em nossa<br />
equipe é o fator predominante para<br />
garantirmos valores importantes,<br />
que possam alinhar todos os<br />
colaboradores para uma gestão de<br />
vendas moderna e eficaz nas nossas<br />
organizações.<br />
"A gestão por<br />
valores incentiva<br />
e desenvolve<br />
fatores essenciais<br />
para uma relação<br />
de harmonia<br />
e oxigenação<br />
da cultura<br />
organizacional<br />
quando se torna a<br />
base referencial<br />
de uma equipe<br />
<strong>comercial</strong>."<br />
José Bicalho Junior é consultor<br />
em gestão estratégica<br />
humana, com especialização<br />
em implantar a gestão<br />
por valores nas empresas,<br />
e sócio-diretor da Eagles<br />
Educação Corporativa.<br />
Visite o site: www.eagles<br />
eventos.com.br<br />
64<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
ATÉ MAIS / DA REDAÇÃO<br />
As 10 principais armadilhas do<br />
<strong>planejamento</strong> estratégico <strong>comercial</strong><br />
01 Definir metas irreais – muito<br />
acima ou muito abaixo da<br />
capacidade e da realidade da<br />
empresa.<br />
02 Não levar em conta cenários<br />
externos do mercado.<br />
03 Não selecionar as pessoas<br />
adequadas para executar o que<br />
foi planejado.<br />
04 Mudar diversas vezes o plano,<br />
as metas ou os indicadores de<br />
performance.<br />
05 Fazer um <strong>planejamento</strong> muito<br />
amplo – falta de metas mais<br />
objetivas.<br />
06 Basear-se em métodos<br />
ultrapassados.<br />
07 Não acompanhar e não<br />
registrar os resultados.<br />
08 Falhar na comunicação com a<br />
equipe de vendas.<br />
09 Não finalizar as ações.<br />
10 Deixar de cobrar resultados.<br />
Quer saber como fugir dessas armadilhas quando estiver desenvolvendo o <strong>planejamento</strong> estratégico <strong>comercial</strong> (PEC) da<br />
sua empresa? Preencha o formulário disponível em bit.ly/PEC_VM e aguarde o contato da nossa equipe.<br />
66<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016
Preparação x<br />
Execução<br />
Por que é que, num mundo<br />
onde podemos fazer<br />
tantas coisas, temos tão<br />
pouco tempo para fazê-<br />
-las? Talvez seja porque<br />
é muito fácil, para nós,<br />
investir mais tempo desenvolvendo<br />
nossas capacidades<br />
do que realmente<br />
as usando.<br />
Certamente você quer<br />
ser capaz e eficiente,<br />
mas cuidado para não<br />
virar um escravo da capacitação.<br />
De que adianta<br />
investir tanto tempo<br />
e esforço aprendendo<br />
como fazer coisas, se<br />
depois você não tem<br />
tempo nem energia sobrando<br />
para realmente<br />
fazê-las?<br />
A preparação é vital. Entretanto,<br />
em algum momento,<br />
ela precisa ter<br />
um fim, para que você<br />
possa efetivamente começar.<br />
Ser uma pessoa<br />
altamente preparada<br />
não tem o mínimo valor<br />
se nada for feito com<br />
toda essa preparação.<br />
Aprenda na prática, e<br />
não apenas na teoria. Ao<br />
invés de colecionar capacidades<br />
vazias e não<br />
utilizadas, desenvolva<br />
suas capacidades de<br />
acordo com os desafios<br />
que a vida lhe apresenta.<br />
Lembre-se: ser uma pessoa<br />
preparada e com<br />
potencial é uma coisa;<br />
ser uma pessoa útil é<br />
algo completamente diferente.<br />
Ralph Marston<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016 67
68<br />
vendamais.com.br - SETEMBRO-OUTUBRO 2016