Año 9 - Noviembre 2012 - La Hoja del Titiritero
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Aventuras bonequeiras no país do sol nascente<br />
por Conceição Rosière<br />
Bem, passei vários dias no Japão e, é claro, fiquei tentando assistir a um espetáculo<br />
de Bunraku. Descobri que Osaka é a capital nipônica do Bunraku. Lá eles têm um<br />
Teatro Nacional de Bunraku. Fui até lá, mas dei azar, pois durante o mês de setembro<br />
eles não têm apresentações, pois o grupo fica viajando. Tentei conversar com<br />
alguém, mas foi impossível, pois a atendente não falava inglês e, mesmo chamando<br />
outras pessoas, não consegui me fazer entender, aliás quase ninguém no Japão fala<br />
inglês !. Mas consegui descobrir que estavam em Tóquio onde já tinha estado, mas,<br />
graças a Deus, iria voltar. Assim no dia 23 de setembro tive a chance de assistir no<br />
Teatro Nacional de Tóquio a um espetáculo. Era um uma das salas menores - 560<br />
lugares. De estrangeira só tinha eu ! Eles te oferecem um fone para que você possa<br />
acompanhar em inglês, mas achei desnecessário, pois no programa havia um resumo<br />
da história em inglês, e eu queria acompanhar tudo, sentindo a emoção de ouvir a<br />
interpretação original. O espetáculo começou às 16:00 h e foi até 20:15 h !<br />
Tive a sorte de estar sentada na 3ª fileira do teatro, tendo bem ao<br />
meu lado a extensão do palco onde ficavam o Tayu, ou seja, o<br />
narrador da história, juntamente com o tocador do Shamisen. O<br />
Tayu não só narra a história, mas faz as vozes de todos os<br />
personagens, com toda a emoção que cada cena exige e foi<br />
impressionante ouvir suas entonações e ver suas expressões<br />
faciais, durante todo o espetáculo. Mas, a cada intervalo, os dois<br />
eram substituídos por outros dois, pois o esforço vocal é enorme.<br />
Assim dois grupos de contadores e tocadores se revezam durante a<br />
apresentação. Começa o espetáculo com uma pessoa encapuzada<br />
aparecendo no palco principal e fazendo a apresentação dos dois,<br />
com muito respeito e cerimônia sob o aplauso do público. Depois<br />
disso o Tayu apresenta o livro, onde está escrita a história, levantando-o, apresentando-o ao público e o apoiando,<br />
cerimoniosamente, na mesinha usada para tal. Aí começa a contar, ou cantar, acompanhado pelo Shamisen. A narrativa<br />
é feita no estilo chamado de gidayu-bushi, ou balada épica, interpretando não só a fala de cada personagem, mas<br />
colocando na sua voz todo o espectro das emoções humanas.<br />
O libreto da história é chamado de Yukahon. Cada um contém um ato, escrito com 5<br />
linhas por página. A tradição é que o narrador mesmo faça a cópia do libreto que irá<br />
usar, mas alguns preferem usar os herdados de seus mestres, bem como existem<br />
profissionais copistas para fazerem a transcrição na forma apropriada O livro completo<br />
com todos os atos é chamado de Maruhon, a maioria escrito com 7 linhas por página.<br />
O Shamisen usado no Bunraku é mais largo e pesado que os normais e tem também<br />
cordas mais finas e uma caixa mais larga, Essas características conferem ao mesmo<br />
uma sonoridade ideal para o teatro.<br />
As cabeças são feitas para um determinado tipo de personagem, como por ex.<br />
Bunshichi (herói épico), Genda (jovem belo), Musume (jovem mulher), Fukeoyama<br />
(mulher idosa), são caracterizadas para cada encenação com diferentes estilos de<br />
cabelo, ou repintura. Assim uma mesma cabeça pode ter várias faces de acordo com<br />
as características do personagem e sua função na história. Os bonecos são<br />
guardados com as partes do corpo separadas, assim como suas cabeças e trajes, e<br />
são remontados a cada apresentação, pelo bonequeiro responsável pela sua<br />
manipulação.