13.04.2013 Views

Alfabetização e letramento - Universidade Federal de Pernambuco

Alfabetização e letramento - Universidade Federal de Pernambuco

Alfabetização e letramento - Universidade Federal de Pernambuco

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

em casa minha mãe todo dia tomava a lição e para mim<br />

aquilo era uma chatice. E chegava na escola a professora<br />

cobrava individualmente e quando a gente errava era aquela<br />

tortura. Ela não admitia <strong>de</strong> forma alguma que a gente errasse.<br />

(DANIELLE FÉLIX 2 )<br />

A experiência “traumatizante” <strong>de</strong> alfabetização na escola <strong>de</strong>viase<br />

não só aos castigos aos quais muitos <strong>de</strong> nós fomos submetidos,<br />

mas às próprias ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas, com ênfase na repetição e<br />

na memorização <strong>de</strong> letras, sílabas e palavras sem significados. Mas<br />

essa experiência escolar muitas vezes era amenizada pelas práticas <strong>de</strong><br />

leitura vivenciadas no ambiente familiar, mesmo quando os instrumentos<br />

utilizados eram os mesmos – as cartilhas –, como bem nos<br />

relatou a professora Maria <strong>de</strong> Fátima Ribeiro Soares 3 :<br />

Na minha casa o processo foi muito feito na brinca<strong>de</strong>ira, no<br />

jogo e muito recheado <strong>de</strong> fantasia. Então, eu me lembro que<br />

a primeira letra que eu aprendi foi o F do meu nome, que<br />

minha mãe dizia que era meu: “é sua letra”. Eu lembro quanto<br />

tempo eu acreditei que o F era meu, eu era a dona. Então<br />

se eu passasse no ônibus e visse o F que era meu, perguntava<br />

porque estava ali. Depois eu comecei a lembrar disso e o<br />

B era da minha mãe, o A era da minha irmã, o P era do meu<br />

pai e aos poucos eu sabia o alfabeto todo, quer dizer era a<br />

letra das pessoas com quem eu era próxima. E aí, lá em casa<br />

você brincava com isso, brincar <strong>de</strong> escola era uma coisa<br />

assim todo dia [...]<br />

Na escola o que é que se fazia? Muito trabalho <strong>de</strong> cópia e<br />

memorização, a carta <strong>de</strong> ABC. A mesma carta <strong>de</strong> ABC da<br />

minha casa era diferente na escola, porque na escola você<br />

pegava todos os alfabetos para <strong>de</strong>corar or<strong>de</strong>nado, não é? Aí a<br />

professora fazia um negócio assim: ela pegava um pedacinho<br />

<strong>de</strong> papel cortava um furinho no meio e ia colocando para<br />

2 Danielle Felix Trinda<strong>de</strong> da Silva é professora da Escola Municipal Jaboatão dos<br />

Guararapes, no município <strong>de</strong> Jaboatão dos Guararapes.<br />

3 A professora Maria <strong>de</strong> Fátima Ribeiro Soares ensinava, em 2004, na 1a série da<br />

Escola Pontezinha, pertencente à Secretaria <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Jaboatão dos<br />

Guararapes.<br />

13

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!