13.04.2013 Views

Alfabetização e letramento - Universidade Federal de Pernambuco

Alfabetização e letramento - Universidade Federal de Pernambuco

Alfabetização e letramento - Universidade Federal de Pernambuco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

sabemos que um sujeito que não domina a escrita alfabética, seja<br />

criança, seja adulto, envolve-se em práticas <strong>de</strong> leitura e escrita através<br />

da mediação <strong>de</strong> uma pessoa alfabetizada, e nessas práticas <strong>de</strong>senvolve<br />

uma série <strong>de</strong> conhecimentos sobre os gêneros que circulam<br />

na socieda<strong>de</strong>. Assim, por exemplo, crianças pequenas que escutam<br />

freqüentemente histórias lidas por adultos, são capazes <strong>de</strong> pegar um<br />

livrinho e fingir que lêem a história, usando, para isso, a linguagem<br />

característica <strong>de</strong>sse gênero. Nos <strong>de</strong>poimentos das professoras acima<br />

citados, observamos como elas vivenciavam a leitura <strong>de</strong> histórias e<br />

contos pela mediação <strong>de</strong> pessoas da família que liam para elas. E,<br />

nessas experiências, elas <strong>de</strong>senvolviam uma série <strong>de</strong> conhecimentos<br />

sobre a língua e os textos lidos.<br />

O <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> D. Maria José, aluna <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> alfabetização<br />

<strong>de</strong> jovens e adultos <strong>de</strong>senvolvido em Recife, no período <strong>de</strong><br />

2003/2004, no âmbito do Programa Brasil Alfabetizado, é representativo<br />

<strong>de</strong>ssa questão:<br />

Meu marido recebeu uma carta e eu, brincando, comecei a<br />

dizer o que tinha na carta. E muitas coisas eu acertei. Aí<br />

minha filha disse: mainha, a senhora já sabe ler! Que bom!<br />

Por outro lado, o domínio do sistema alfabético <strong>de</strong> escrita não<br />

garante que sejamos capazes <strong>de</strong> ler e produzir todos os gêneros <strong>de</strong><br />

texto. Esse fenômeno foi evi<strong>de</strong>nciado, pela primeira vez, na primeira<br />

meta<strong>de</strong> do século 20, durante a 1ª Guerra Mundial. Percebeu-se, naquele<br />

momento, que soldados americanos que possuíam elevado grau<br />

<strong>de</strong> escolarização apresentavam dificulda<strong>de</strong>s em ler e compreen<strong>de</strong>r<br />

textos instrucionais da guerra. Assim, mesmo em países <strong>de</strong>senvolvidos<br />

on<strong>de</strong> o índice <strong>de</strong> analfabetismo é praticamente inexistente, o fenômeno<br />

do <strong>letramento</strong> passou a ser amplamente discutido.<br />

Embora a escola, nas socieda<strong>de</strong>s contemporâneas, represente a<br />

instituição responsável por promover oficialmente o <strong>letramento</strong>, pesquisas<br />

têm apontado para o fato <strong>de</strong> as práticas <strong>de</strong> <strong>letramento</strong> na escola<br />

serem bem diferenciadas daquelas que ocorrem em contextos exteriores<br />

a ela. Nessa perspectiva, os alunos saem da escola com o domínio<br />

das habilida<strong>de</strong>s ina<strong>de</strong>quadamente <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> “codificação” e<br />

“<strong>de</strong>codificação”, mas são incapazes <strong>de</strong> ler e escrever funcionalmente<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!