Alfabetização e letramento - Universidade Federal de Pernambuco
Alfabetização e letramento - Universidade Federal de Pernambuco
Alfabetização e letramento - Universidade Federal de Pernambuco
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
servir como material para formação <strong>de</strong> professores, e não o <strong>de</strong> apenas<br />
socializar reflexões acadêmicas. Por isso, é comum, nos artigos <strong>de</strong><br />
divulgação científica, incluir mais exemplos (o que estamos fazendo<br />
neste parágrafo), parafrasear, tudo isso para tornar o texto mais didático.<br />
Continuando o que foi exposto acima, po<strong>de</strong>-se dizer que os gêneros<br />
se <strong>de</strong>finem, em primeiro lugar, por seu propósito comunicativo,<br />
e não por sua forma lingüística4 . Como apresentam um caráter <strong>de</strong><br />
relativa estabilida<strong>de</strong>, conforme postula Bakhtin (2000), os gêneros<br />
apresentam plasticida<strong>de</strong>, ou seja, são maleáveis, mudam <strong>de</strong> forma<br />
para se adaptar às necessida<strong>de</strong>s humanas, aos diversos eventos <strong>de</strong><br />
<strong>letramento</strong> que vivenciamos a cada dia. A forma dos gêneros é, portanto,<br />
resultado das suas condições <strong>de</strong> produção: quem diz o que,<br />
para quem, em que situação, através <strong>de</strong> que gênero textual, com que<br />
propósito comunicativo.<br />
Assim, na escola, seria um equívoco trabalhar com os gêneros<br />
como se fossem “mol<strong>de</strong>s” prontos, que o aluno só teria <strong>de</strong> “preencher”,<br />
sem levar em conta a situação <strong>de</strong> interação. Mesmo havendo<br />
características comuns a vários exemplares do gênero, ocorrem variações.<br />
Por exemplo, no gênero carta pessoal, a saudação po<strong>de</strong>rá ser<br />
bem variada, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos interlocutores e do grau <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong><br />
- Querido papai; Amiga, Fofinho, Prezada Tia Maria, Meu amor,<br />
Gabriela, Mainha, entre outros – ou até po<strong>de</strong>rá nem existir. Os mo<strong>de</strong>los<br />
fixos, portanto, po<strong>de</strong>m ser uma “armadilha”, pois <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ram<br />
que os gêneros são intrinsecamente ligados à situação <strong>de</strong> interação<br />
social e cultural específica, logo, são maleáveis até certo ponto.<br />
Os textos, qualquer que seja o gênero, apresentam seqüências<br />
textuais típicas, normalmente divididas em cinco categorias: narrativa,<br />
4 Cf. MILLER, 1994 e MARCUSCHI, 2002.<br />
41