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Dissertação versao final abril de 2011 - Biblioteca Digital de Teses e ...

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vivências, o que acabava transformando as aulas em um processo <strong>de</strong> mera transmissão <strong>de</strong><br />

conhecimentos. Os alunos jovens e adultos tiveram sua trajetória escolar interrompida,<br />

sofreram um processo <strong>de</strong> exclusão sociocultural, que condicionará a sua volta ao ambiente<br />

escolar. É necessário que os educadores reconheçam esse aluno “jovem ou adulto como<br />

sujeito <strong>de</strong> conhecimento e aprendizagem” (OLIVEIRA, 1999, p.43). São alunos que retornam<br />

à escola, ou chegam pela primeira vez a esse local, trazendo uma enorme bagagem: sua<br />

história <strong>de</strong> vida, suas experiências, seus conhecimentos que <strong>de</strong>vem sempre ser consi<strong>de</strong>rados e<br />

explorados. Segundo Freire, ensinar exige respeito aos saberes dos educandos:<br />

(...) pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, à escola, o<br />

<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo<br />

os das classes populares, chegam a ela, saberes socialmente<br />

construídos na prática comunitária – mas também, como há mais <strong>de</strong><br />

trinta anos venho sugerindo, discutir com os alunos a razão <strong>de</strong> ser <strong>de</strong><br />

alguns <strong>de</strong>sses saberes em relação com o ensino dos conteúdos.<br />

(FREIRE, 1996, p. 30).<br />

Um aspecto em especial me incomodava: a literatura, por exemplo, não era vista<br />

como um conteúdo <strong>de</strong> ensino significativo, apenas os monitores/professores indicavam livros<br />

para que os alunos lessem em casa, sem a preocupação <strong>de</strong> formar um leitor cuja competência<br />

ultrapassasse a mera <strong>de</strong>codificação. Não havia o ensejo <strong>de</strong> contextualizar essa leitura, não a<br />

valorizavam como processo <strong>de</strong> “letramento”, que, segundo Magda Soares, “é o resultado da<br />

ação <strong>de</strong> ensinar ou <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a ler e a escrever: o estado ou a condição que adquire um<br />

grupo social ou um indivíduo como conseqüência <strong>de</strong> ter-se apropriado da leitura e da escrita”<br />

(SOARES, 2003, p.18). Notamos que segundo a visão da maioria dos professores do referido<br />

projeto PEMJA, a escrita, assim como a leitura, <strong>de</strong>veriam ser um instrumento tecnológico<br />

neutro e objetivo; os alunos <strong>de</strong>veriam usar <strong>de</strong>sse instrumento apenas para o aprendizado <strong>de</strong><br />

questões que eles achavam mais fundamentais (os conteúdos específicos).<br />

Algum tempo <strong>de</strong>pois, fui trabalhar ainda no Programa <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Jovens e<br />

Adultos da UFMG, porém, no Projeto <strong>de</strong> Ensino Fundamental <strong>de</strong> Jovens e Adultos II<br />

Segmento, que correspon<strong>de</strong> ao nível <strong>de</strong> 5ª à 8ª série do Ensino Fundamental. Nesse Projeto,<br />

po<strong>de</strong>-se perceber uma maior compreensão acerca da especificida<strong>de</strong> do educando da EJA. Os<br />

monitores/ professores recebem uma maior atenção por parte <strong>de</strong> seus coor<strong>de</strong>nadores, que são<br />

professores universitários ligados à área <strong>de</strong> EJA. O trabalho dos professores é acompanhado<br />

mais diretamente, o que tem repercussões na formação docente (FONSECA et al., 2000).<br />

Apesar disso, os professores também apresentavam, em suas práticas, algumas dificulda<strong>de</strong>s<br />

com relação ao trabalho com o público jovem e adulto. Notei que não havia a presença <strong>de</strong><br />

projetos <strong>de</strong> leitura específicos, que a literatura não era uma prática que envolvia a formação<br />

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