Dissertação versao final abril de 2011 - Biblioteca Digital de Teses e ...
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o fato <strong>de</strong> que o objetivo <strong>de</strong> alfabetizar não se fazia acompanhado <strong>de</strong><br />
um reconhecimento da especificida<strong>de</strong> dos alfabetizandos e <strong>de</strong> suas<br />
necessida<strong>de</strong>s socioeducacionais; a infantilização das experiências<br />
vividas e dos trabalhos escolares; a fragmentação do ensino regular e<br />
dos currículos; a educação a serviço do mercado e não para a vida; a<br />
falsa autonomia; a avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, e não <strong>de</strong> processos; a<br />
participação <strong>de</strong> baixa intensida<strong>de</strong>, a rotativida<strong>de</strong> e precarieda<strong>de</strong> do<br />
trabalho docente da EJA e outras (EITERER e REIS, 2009, p.184).<br />
Estar inserida nesse contexto <strong>de</strong> alfabetização possibilitou que eu enten<strong>de</strong>sse a<br />
necessida<strong>de</strong> e a importância <strong>de</strong> se respeitar a história <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>sses sujeitos, seus saberes,<br />
suas lutas e necessida<strong>de</strong>s, também nesse momento. Os alunos eram, em sua maioria,<br />
mulheres, negras, empregadas domésticas e estavam sendo alfabetizadas sem que se levasse<br />
em conta suas dificulda<strong>de</strong>s, tampouco o fato <strong>de</strong> já serem sujeitos inseridos no mundo do<br />
trabalho; sem oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> refletir sobre seu próprio processo <strong>de</strong> aprendizagem.<br />
O adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações<br />
interpessoais <strong>de</strong> um modo diferente daquele da criança e do<br />
adolescente. Traz consigo uma história mais longa (e provavelmente<br />
mais complexa) <strong>de</strong> experiências, conhecimentos acumulados e<br />
reflexões sobre o mundo externo, sobre si mesmo e sobre as outras<br />
pessoas. Com relação a inserção em situações <strong>de</strong> aprendizagem, essas<br />
peculiarida<strong>de</strong>s da etapa <strong>de</strong> vida em que se encontra o adulto fazem<br />
com que ele traga consigo diferentes habilida<strong>de</strong>s e dificulda<strong>de</strong>s (em<br />
comparação com a criança) e, provavelmente, maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
reflexão sobre o conhecimento e sobre seus próprios processos <strong>de</strong><br />
aprendizagem (OLIVEIRA, 1999, p. 61).<br />
Esses educandos não frequentavam a biblioteca, nem os pátios, nem a piscina, não<br />
circulavam pela escola, não assistiam a peças <strong>de</strong> teatro, não ouviam histórias e não liam<br />
livros. Apenas iam à aula para apren<strong>de</strong>r a ler e escrever. Algumas alunas frequentavam o<br />
curso há anos, sem saírem da mesma série, sendo retidas porque não conseguiam êxito no<br />
processo <strong>de</strong> codificar e <strong>de</strong>codificar o alfabeto. Notávamos que não havia preocupação com o<br />
letramento dos alunos, ou seja, os professores não procuravam <strong>de</strong>senvolver neles a capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> utilizar os conhecimentos adquiridos anteriormente <strong>de</strong> leitura e escrita para a realização das<br />
práticas sociais necessárias à sua vida cotidiana, como a exigência <strong>de</strong> direitos sociais. O<br />
material pedagógico que as professoras apresentavam aos alunos era infantilizado, recortado<br />
das séries referentes, no ensino com crianças, sem uma contextualização, uma discussão sobre<br />
o assunto, apenas com a preocupação <strong>de</strong> que os alunos apren<strong>de</strong>ssem a ler. Nessa perspectiva,<br />
a alfabetização era vista como um instrumento <strong>de</strong> combate à situação <strong>de</strong> pobreza, apenas, não<br />
existindo a efetiva realização da educação como direito <strong>de</strong> todos, nem a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
expansão <strong>de</strong>ssa educação, articulada à garantia <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. A alfabetização está<br />
condicionada à escolarização, ao trabalho dos professores para a instrução dos indivíduos. Ela<br />
é a aprendizagem do uso <strong>de</strong> códigos, o alfabeto, tornando o aprendiz habilitado ao uso da<br />
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