Dissertação versao final abril de 2011 - Biblioteca Digital de Teses e ...
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alfabetização passou a ser vista como um processo que carece <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>. Assim, as<br />
propostas pedagógicas voltadas para a educação <strong>de</strong> adultos privilegiam textos reais e<br />
produções dos próprios alunos jovens e adultos.<br />
Na década <strong>de</strong> 1990, as práticas educativas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ário da educação popular voltam<br />
com força e ganham visibilida<strong>de</strong>. Dentre seus a<strong>de</strong>ptos está Paulo Freire, criador <strong>de</strong> uma<br />
original concepção <strong>de</strong> alfabetização que se baseia em palavras geradoras e contextualizadas,<br />
com o objetivo <strong>de</strong> promover uma educação libertadora, utilizada até os dias <strong>de</strong> hoje como<br />
fundamentação para programas <strong>de</strong> alfabetização <strong>de</strong> adultos. Soares (2002) <strong>de</strong>fine com clareza<br />
quão inovadora foi a teoria <strong>de</strong> Freire nos estudos sobre a alfabetização no cenário<br />
internacional<br />
Na literatura internacional sobre alfabetização, só nos anos 80 surgem<br />
autores propondo concepções <strong>de</strong> alfabetização que, tal como Paulo<br />
Freire já o fizera mais <strong>de</strong> 20 anos antes, não a vêem como uma prática<br />
neutra, orientada para a aprendizagem <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> ler e escrever e<br />
<strong>de</strong> comportamentos <strong>de</strong> adaptação ao meio social, mas, ao contrário, a<br />
veem como uma prática construída socialmente, que tanto po<strong>de</strong><br />
adaptar e submeter a valores, tradições, padrões <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e <strong>de</strong><br />
dominação quanto po<strong>de</strong> questionar esses valores, tradições, padrões <strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>r e dominação, levar à sua consciência crítica e ser um meio <strong>de</strong><br />
libertação (SOARES, 2002, p. 122).<br />
Houve um gran<strong>de</strong> período <strong>de</strong> reformas educacionais nos anos 1990, no governo<br />
Collor, momento em que a educação <strong>de</strong> jovens e adultos passa a ocupar lugar marginal, pois<br />
esteve subordinada às prescrições neoliberais <strong>de</strong> reforma do Estado e restrição do gasto<br />
público. A <strong>de</strong>slegitimação das políticas <strong>de</strong> educação da EJA encontra sua explicação não<br />
apenas na conjuntura nacional, mas no interior <strong>de</strong> processos que se efetivaram no âmbito<br />
internacional e que afetaram os países em <strong>de</strong>senvolvimento. Nesse período, a reforma do<br />
Estado brasileiro apregoava a restrição dos gastos públicos. Como essa reforma era norteada<br />
pelas diretrizes da <strong>de</strong>scentralização, da focalização e da re<strong>de</strong>finição das atribuições dos<br />
setores públicos e privados, surgiu um conflito envolvendo o campo da educação popular,<br />
<strong>de</strong>vido à exclusão da EJA das fontes <strong>de</strong> financiamento. Emergiu então “o movimento dos<br />
fóruns <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> jovens e adultos, conformando espaços públicos <strong>de</strong> expressão e<br />
legitimação <strong>de</strong> reivindicações, diálogo e negociação” (DI PIERRO, 2005, p.1123).<br />
Segundo Di Pierro (2001), no <strong>final</strong> da década <strong>de</strong> 1990, os municípios respondiam<br />
por um terço das matrículas da educação básica, e, em 2001, sua participação na oferta do<br />
ensino fundamental <strong>de</strong> jovens e adultos representava 49, 6%.<br />
No governo Fernando Henrique Cardoso surgiu a Lei 9394/96, que integra a EJA<br />
ao ensino básico comum. A aprovação <strong>de</strong>ssa lei representou, no campo da EJA, a<br />
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