Dissertação versao final abril de 2011 - Biblioteca Digital de Teses e ...
Dissertação versao final abril de 2011 - Biblioteca Digital de Teses e ...
Dissertação versao final abril de 2011 - Biblioteca Digital de Teses e ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A EJA é ancorada em uma visão totalizante do jovem e do adulto, como um ser <strong>de</strong><br />
direitos, que traz uma bagagem cultural e uma ampla vivência. A EJA busca não só<br />
alfabetizar, mas formar um ser pleno, social, cultural, cognitivo, ético. Sobre isso, Freire<br />
afirma:<br />
Se a minha não é uma presença neutra na história, <strong>de</strong>vo assumir tão<br />
criticamente quanto possível sua politicida<strong>de</strong>. Se, na verda<strong>de</strong>, não<br />
estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para<br />
transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou<br />
projeto <strong>de</strong> mundo, <strong>de</strong>vo usar toda possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que tenha para não<br />
apenas falar <strong>de</strong> minha utopia, mas para participar <strong>de</strong> práticas com ela<br />
coerentes (FREIRE, 2000, p. 33).<br />
Miguel Arroyo (2001) afirma que o mérito dos projetos populares <strong>de</strong> EJA tem<br />
sido a<strong>de</strong>quar os processos educativos à condição dos jovens e adultos que o frequentam e não<br />
o inverso, que eles se adaptem às estruturas escolares feitas para a infância e adolescência. A<br />
alfabetização na EJA, por exemplo, possui a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apropriação da leitura vinculada a<br />
uma nova condição humana, <strong>de</strong> pessoas capazes <strong>de</strong> se envolver em práticas políticas, sociais<br />
e culturais, ou seja, capazes <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver como sujeitos. Os vínculos entre alfabetização,<br />
libertação, emancipação, são marcantes na EJA. O autor afirma que os olhares sobre a<br />
condição social, política, e cultural dos alunos <strong>de</strong> EJA têm condicionado as diversas<br />
concepções da educação que lhes é oferecida, "os lugares sociais a eles reservados –<br />
marginais, oprimidos, excluídos, empregáveis, miseráveis... têm condicionado o lugar<br />
reservado a sua educação no conjunto das políticas públicas oficiais" (ARROYO, 2001,<br />
p.10). O autor chama a atenção para o discurso escolar que os trata como os repetentes,<br />
evadidos, <strong>de</strong>fasados, “aceleráveis”, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> fora dimensões da condição humana <strong>de</strong>sses<br />
sujeitos, básicas para o processo educacional. Ou seja, as propostas e as concepções <strong>de</strong> EJA<br />
comprometidas com a formação humana necessitam enten<strong>de</strong>r quem são esses sujeitos e que<br />
processos pedagógicos <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>senvolvidos para dar conta <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s e<br />
<strong>de</strong>sejos.<br />
Construir uma EJA que consi<strong>de</strong>re, em seus processos pedagógicos, quem são<br />
esses sujeitos, implica em pensar uma escola aberta, que valorize a participação, os interesses,<br />
os conhecimentos e expectativas dos alunos; que favoreça a sua participação, que respeite<br />
seus direitos na prática e não somente em programas e conteúdos; que se proponha a motivar,<br />
mobilizar e <strong>de</strong>senvolver conhecimentos a partir da vida <strong>de</strong>sses sujeitos; que <strong>de</strong>monstre<br />
interesse por eles como cidadãos e não somente como objetos <strong>de</strong> aprendizagem.<br />
32