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Lobsang Rampa

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O outro murmurou que sim e afastou-se, com um ruído de<br />

sandálias batendo contra as lajes do chão. Era estranho,<br />

pensou o Irmão Arnold, que nenhum monge pudesse entrar na<br />

cela de um irmão, nem mesmo pelo mais puro dos motivos, a<br />

não ser o Irmão Enfermeiro, e mesmo assim só para prestar<br />

socorros médicos. Haveria algum fundamento no que o<br />

homem dissera? Seriam alguns monges homossexuais?<br />

Talvez, pensou ele. A verdade era que a ordem tinha regras<br />

estritas para evitar que dois monges ficassem juntos sozinhos,<br />

sem a presença de um terceiro. O Irmão Arnold ficou ali,<br />

deitado, cheio de dores, pensando no assunto, até ouvir a<br />

porta da cela se abrir e uma voz suave perguntar:<br />

— Irmão Arnold, o que tem?<br />

E o velho monge contou o que acontecera naquela tarde,<br />

falou-lhe do soco no peito e da queda. O Irmão Enfermeiro<br />

tinha sido um médico consciencioso, que deixara de clinicar<br />

por lhe repugnar o aspecto comercial da "ciência" médica<br />

atual. Afastou cuidadosamente as roupas do Irmão Arnold e<br />

examinou-lhe o peito, a essa altura, cheio de manchas negras,<br />

amarelas e azuis. Seus olhos experientes não demoraram a<br />

perceber que o Irmão Arnold tinha algumas costelas<br />

quebradas. Voltou a cobrir cuidadosamente o peito do ancião,<br />

pôs-se de pé e disse:<br />

— Preciso ir falar com o superior, Irmão Arnold, vai precisar<br />

tirar radiografias e se internar num hospital.<br />

Dizendo isso, saiu silenciosamente da cela.<br />

Em pouco tempo, ouviu-se mais arrastar de pés e o murmúrio<br />

de vozes no corredor. A porta da cela abriu-se, o Irmão<br />

Enfermeiro e o Prior entraram e olharam para o monge.<br />

— Irmão Arnold — disse o Prior — vai precisar se internar<br />

num hospital, para tirar radiografias e engessar as costelas.<br />

Vou informar o superior, para que ele tome as providências<br />

necessárias. Enquanto isso, o Irmão Enfermeiro vai ficar aqui,<br />

para o caso de ser preciso fazer alguma coisa.<br />

O Prior já ia saindo, quando o Irmão Arnold falou:<br />

— Não, Irmão, não quero ir para q, hospital, ouvi falar de<br />

tantos casos de descuido e negligência, que prefiro ser tratado<br />

aqui mesmo, pelo Irmão Enfermeiro e, se o meu caso escapar<br />

à capacidade dele, encomendarei a alma a Deus.<br />

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