Lobsang Rampa
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ilustrações. Obedecendo a um súbito impulso, guardara-o no<br />
bolso, antes de continuar com o trabalho.<br />
Agora, naquela sua estranha condição de existir no nada, ele<br />
recordava algumas das coisas que o livro dizia. Ao voltar para<br />
casa, naquela noite, bebera uma lata de cerveja e comera um<br />
grande pedaço de queijo que comprara no supermercado.<br />
Depois, pusera os pés em cima da mesa e lera algumas<br />
passagens do tal livro, Você e a Eternidade. Certas coisas que<br />
o livro dizia lhe tinham parecido tão fantásticas, que ele o<br />
havia desprezado num canto do quarto. Agora, ele se<br />
arrependia amargamente de não tê-lo lido mais, pois achava<br />
que, se o tivesse feito, poderia encontrar uma explicação para<br />
o seu atual dilema.<br />
Seus pensamentos puseram-se a girar, qual grãos de poeira ao<br />
sabor de uma brisa caprichosa. Que é que o livro dizia? Que<br />
teria o autor querido dizer, ao escrever isto e aquilo? Que lhe<br />
teria acontecido? Molygruber lembrou-se, arrependido, de<br />
como sempre se opusera à idéia da existência de vida após a<br />
morte.<br />
Um dos livros de <strong>Rampa</strong> — ou seria uma carta que ele<br />
apanhara do lixo? — veio-lhe de repente à cabeça. "A menos<br />
que você acredite numa coisa, ela não pode existir." E:<br />
"Se um homem de outro planeta viesse à Terra, e fosse<br />
completamente diferente dos humanos, é bem possível que<br />
estes nem sequer o pudessem ver, pois suas mentes não<br />
seriam capazes de aceitar algo tão distanciado dos seus<br />
pontos de referência."<br />
Molygruber pensou muito e depois disse para si mesmo:<br />
— Bem, eu estou morto, mas estou em algum lugar, de modo<br />
que devo existir e isso quer dizer que essa história de vida<br />
depois da morte tem algum fundamento. Gostaria de saber<br />
qual.<br />
Ao pensar nisso, voltou-lhe o nada, ou a sensação de estar<br />
coberto de piche — as sensações eram tão estranhas, que ele<br />
nem conseguia distingui-las bem, mas admitiu a possibilidade<br />
de ter-se enganado, quando teve a certeza de que havia algo<br />
perto dele, algo que ele não podia ver, algo que não podia<br />
tocar. Mas, pensou, seria por ele agora já aceitar a existência<br />
de vida após a morte?