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Questões de Sexualidade - Institute of Development Studies

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Alan Greig<br />

a atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> risco, que po<strong>de</strong>m levar os homens a ter comportamentos sexuais que põem<br />

em risco sua saú<strong>de</strong> sexual. Isto está vinculado à pressão sobre os homens para <strong>de</strong>monstrar<br />

sua masculinida<strong>de</strong> pelo uso do sexo. O discurso hegemônico sobre homens, masculinida<strong>de</strong><br />

e HIV/AIDS i<strong>de</strong>ntificou a necessida<strong>de</strong> masculina <strong>de</strong> provar a potência sexual como a razão<br />

principal <strong>de</strong> sua busca por múltiplas parceiras sexuais e seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> manter-se no controle<br />

nas relações sexuais com as mulheres.<br />

O estímulo ao risco e a pressão para provar a potência sexual também estão vinculados<br />

ao senso <strong>de</strong> invulnerabilida<strong>de</strong> promovido pela masculinida<strong>de</strong> heteronormativa, associada em<br />

muitas socieda<strong>de</strong>s a homens socializados para serem autoconfiantes e não mostrarem suas<br />

emoções, não buscando ajuda em momentos <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> e estresse. Paradoxalmente, isso<br />

po<strong>de</strong> aumentar a vulnerabilida<strong>de</strong> dos homens à doença sexual, estimulando a negação dos<br />

riscos e limitando os homens no exercício <strong>de</strong> seus direitos sexuais, <strong>de</strong> forma a proteger um<br />

dos direitos mais fundamentais – o direito à saú<strong>de</strong>.<br />

As limitações da masculinida<strong>de</strong> heteronormativa são também evi<strong>de</strong>ntes nos sentimentos<br />

<strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong> sexual relatados por jovens e homens adultos. Uma <strong>de</strong>scoberta comum em<br />

diferentes culturas sexuais é a ansieda<strong>de</strong> relatada por homens jovens sobre o exercício da sexualida<strong>de</strong><br />

num contexto em que se espera que sejam bem informados e tenham o controle da<br />

situação, quando muitas vezes não sentem nem uma coisa nem outra. Quando perguntados<br />

sobre suas preocupações relacionadas a sexo, tanto homens jovens quanto adultos muitas<br />

vezes relatam ansieda<strong>de</strong>s sobre questões ligadas ao <strong>de</strong>sempenho sexual, como potência e<br />

tamanho do pênis, mas, ao mesmo tempo, sentem-se incapazes <strong>de</strong> pedir ajuda para lidar com<br />

esses problemas com medo <strong>de</strong> não parecerem suficientemente “viris”.<br />

Estas observações e conclusões sobre as formas pelas quais a masculinida<strong>de</strong> heteronormativa<br />

po<strong>de</strong> limitar os homens no exercício <strong>de</strong> seus direitos sexuais tornaram-se lugar comum<br />

na florescente literatura sobre homens, masculinida<strong>de</strong> e saú<strong>de</strong> sexual. Meu próprio<br />

trabalho com homens sobre gênero, sexualida<strong>de</strong> e HIV/AIDS na Zâmbia e na África do Sul,<br />

assim como meu ativismo nos EUA, ratificam a afirmação central <strong>de</strong>ssa literatura, ou seja, se<br />

queremos envolver os homens no trabalho pela igualda<strong>de</strong> entre os gêneros (e, portanto,<br />

na <strong>de</strong>fesa dos direitos sexuais das mulheres) é crítico enfrentar as maneiras pelas quais as<br />

construções <strong>de</strong> gênero heteronormativas prejudicam os homens (e po<strong>de</strong>m comprometer<br />

seus direitos sexuais).<br />

Entretanto, minha experiência também sugere que os danos da socialização <strong>de</strong> gênero<br />

dos homens, especialmente no que diz respeito ao sexo, são inseparáveis dos privilégios da<br />

posição masculina <strong>de</strong>ntro da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gênero patriarcal. Esse reconhecimento <strong>de</strong>ve vir também<br />

acompanhado <strong>de</strong> uma abertura para outras leituras das conexões entre masculinida<strong>de</strong><br />

e sexualida<strong>de</strong>. No mínimo, é útil perguntar sobre a noção <strong>de</strong> risco em contextos on<strong>de</strong> os homens<br />

enten<strong>de</strong>m sua sexualida<strong>de</strong> como impulso biológico e necessida<strong>de</strong> natural, o que po<strong>de</strong><br />

impedir que tenham o senso <strong>de</strong> estarem “correndo risco”. De forma similar, <strong>de</strong>monstrações<br />

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