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Questões de Sexualidade - Institute of Development Studies

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Por que a sexualida<strong>de</strong> é importante e por que o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ve se preocupar com a sexualida<strong>de</strong>?<br />

Porque a sexualida<strong>de</strong> é importante para as pessoas<br />

“A sexualida<strong>de</strong> resi<strong>de</strong> na essência da vida humana, naquilo que torna as<br />

pessoas plenamente humanas – é a chave <strong>de</strong> nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contribuir<br />

positiva e plenamente para as socieda<strong>de</strong>s nas quais vivemos... os temas <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong><br />

e direitos sexuais dizem respeito ao direito <strong>de</strong> toda pessoa à vida e<br />

à boa saú<strong>de</strong>” (Carin Jämtin, ministra sueca <strong>de</strong> Cooperação Internacional para o<br />

Desenvolvimento). 3<br />

Como apontam Jill Lewis e Gill Gordon (p. 213), embora a sexualida<strong>de</strong> seja uma parte importante<br />

da vida das pessoas, essa rica e diversa experiência humana é, com <strong>de</strong>masiada freqüência,<br />

reduzida a “informações factuais, dados, alertas ameaçadores e instruções sobre o que não <strong>de</strong>ve ser<br />

feito”. Elas prosseguem afirmando que “em nada disso se encontram possibilida<strong>de</strong>s para vincular<br />

conexões sexuais a situações e corpos reais” (p. 213). Quando as agências <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

ousam falar <strong>de</strong> sexo, referem-se a ativida<strong>de</strong>s e atos carregados <strong>de</strong> risco e perigo e não a conexões<br />

íntimas entre pessoas. “Amor”, “<strong>de</strong>sejo” e “prazer” não fazem parte do léxico do <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

O artigo <strong>de</strong> Jill Lewis e Gill Gordon expan<strong>de</strong> radicalmente o marco <strong>de</strong> referência a partir do<br />

qual o sexo e a sexualida<strong>de</strong> são vistos, explorando os contornos do prazer e do <strong>de</strong>sejo, os mapas<br />

que as diversas culturas <strong>of</strong>erecem para apren<strong>de</strong>r sobre o <strong>de</strong>sejo e vivenciá-lo e a expansão observada<br />

no espectro <strong>de</strong> expressões sexuais e <strong>de</strong> maneiras <strong>de</strong> falar sobre o sexo.<br />

A visão monocromática do sexo no discurso do <strong>de</strong>senvolvimento representa as mulheres<br />

como vítimas impotentes, os homens como predadores sexuais vorazes e as crianças como<br />

seres inocentes. As pessoas trans simplesmente não são mencionadas. As crianças são um<br />

grupo para o qual se pressupõe que a sexualida<strong>de</strong> não constitui uma questão relevante. No<br />

entanto, o estudo <strong>de</strong> Deevia Bhana (p.131) com crianças <strong>de</strong> sete e oito anos, num município<br />

<strong>de</strong> população negra, em KwaZulu-Natal, África do Sul, mostra que meninos e meninas <strong>de</strong>ssa<br />

ida<strong>de</strong> “não são nem inocentes nem ignorantes sobre HIV/AIDS e sexo”. Embora já pu<strong>de</strong>ssem<br />

conversar confortavelmente sobre AIDS, sexo e camisinhas com a pesquisadora, essas crianças<br />

sabiam que não <strong>de</strong>viam falar sobre essas coisas, pois, caso o fizessem, “levariam uns tapas”.<br />

Como <strong>de</strong>monstra o estudo <strong>de</strong> Sabina Faiz Rashid (p. 141) sobre a saú<strong>de</strong> sexual e reprodutiva<br />

numa favela <strong>de</strong> Daca, a sexualização das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r nas comunida<strong>de</strong>s pobres,<br />

<strong>de</strong> fato, tornam muitas mulheres vulneráveis aos problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sexual e reprodutiva.<br />

Entretanto, sua análise também <strong>de</strong>staca a importância <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r melhor como as<br />

próprias mulheres vivenciam seus relacionamentos sexuais e fazer isso sem prejulgar essas<br />

situações. Ela cita o caso <strong>de</strong> Shehnaz, uma jovem <strong>de</strong> 15 anos, a segunda esposa <strong>de</strong> um homem<br />

mais velho, que se <strong>de</strong>licia com seu po<strong>de</strong>r sexual sobre o marido e com a vantagem (embora<br />

31<br />

Introdução: a sexualida<strong>de</strong> é importante

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