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LENDAS DE BEJA o Touro e a Cobra e outras lendas ... - joraga

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6.2.3 - Ana Machado – Antropóloga – um testemunho<br />

389<br />

Lendas de Beja: o <strong>Touro</strong> e a<br />

<strong>Cobra</strong> e Outras Lendas<br />

José Rabaça Gaspar<br />

Obra ainda não publicada<br />

<strong>LENDAS</strong><br />

A obra Lendas de Beja – O <strong>Touro</strong> e<br />

a <strong>Cobra</strong> e <strong>outras</strong> Lendas…, de José<br />

Rabaça Gaspar, professor de<br />

Literatura na Escola Secundária D.<br />

Manuel I, em Beja, traduz-se num<br />

trabalho de investigação minucioso<br />

e preciso sobre muitas das <strong>lendas</strong><br />

e estórias maravilhosas que<br />

marcam a identidade cultural das<br />

gentes de Beja.<br />

Levando a cabo quase dez anos de<br />

recolha de <strong>lendas</strong>, a Lenda da<br />

<strong>Cobra</strong> e do <strong>Touro</strong> é, sem dúvida, a<br />

mais interessante e mais rica em<br />

conteúdo, sendo contada de<br />

múltiplas maneiras e com várias<br />

versões. Nesta(s) estória(s) existe<br />

quase sempre um predomínio do<br />

touro sobre a cobra, podendo<br />

representar, assim, uma vitória da<br />

força e astúcia do touro sobre a<br />

ruindade e ambição da cobra. O<br />

imaginário da cultura portuguesa,<br />

está carregado de evocações à<br />

cobra como animal quase humano<br />

capaz dos actos mais desprezíveis,<br />

pelo que esta lenda não poderia<br />

“fugir à regra”.<br />

Seja como for, a verdade é que esta lenda ainda está viva, e com por- menores que se vão<br />

recombinando consoante as versões, e expressa a ideia de um mito de origem que organiza<br />

e marca a sua concepção do mundo envolvente.<br />

Num tempo em que o conhecimento científico impera, todos os ensina- mentos baseados na<br />

oralidade, os contos, os jogos, os cantares, as crenças e as <strong>lendas</strong>, passados de boca em<br />

boca, de geração em geração, parecem estar ameaçados de esquecimento e à deturpação<br />

dos seus significados.<br />

Esta obra remete-nos para um conhecimento tradicional, assente na natureza e raiz popular<br />

de um povo, colocando-nos perante um conhecimento dos antigos, dos ditos “analfabetos”,<br />

que transportam consigo verdadeiras bibliotecas, sabedorias e segredos.<br />

Ao transpor esta realidade para a escrita está-se a preservar um património vivo, rico, que<br />

merece ser conhecido por todos. Daí que trabalhos como o de José Rabaça Gaspar devam<br />

ser encorajados e dignificados, na medida em que a nossa cultura popular encerra ainda<br />

muitos mistérios e desafios que vale a pena serem descobertos.<br />

Ana Machado<br />

Antropóloga<br />

in “Imenso Sul”, Nº 17, Janeiro de 1999, p. 46

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