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LENDAS DE BEJA o Touro e a Cobra e outras lendas ... - joraga

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Continua a contar-se, entretanto, ainda agora em longos serões de<br />

Inverno junto à lareira ou em amenas noites de lua cheia carregadas<br />

de mistério, em grupos alegres que se juntam pelos campos, que, na<br />

euforia final, ninguém se lembrou de vasculhar as cinzas quentes da<br />

grande fogueira naquele dia de festa memorável, para verificar se o<br />

fogo tinha, de facto, destruído tudo. Todos tinham visto que os restos<br />

da serpente tinham ficado reduzidos a cinzas e até as tinham<br />

espalhado ao vento. O fogo tinha destruído tudo. Tudo o que se via.<br />

Consta agora, que uma pequena parte da cobra, um pequeno corpo<br />

muito reduzido, teria escapado com vida e com toda a malícia do<br />

monstro. Pequeno e insignificante, ninguém se apercebera disso e,<br />

por sua vez, o bicho-monstro, agora cheio de medo e de terror, teria<br />

fugido discretamente como réptil refinado no mal e fora encontrar<br />

refúgio nas profundezas do poço do monte da cobra que fica lá para<br />

noroeste da cidade principal do reino, donde, como toda a gente do<br />

campo sabe e cantam os poetas e artistas, sopram os ventos de<br />

tempestade que destroem as searas e os rebentos das árvores... e<br />

empurram os habitantes desnorteados para o refúgio dos seus<br />

abrigos nos montes...<br />

Conta-se ainda... Conta quem vive ou passa por aqueles lados... que<br />

em certas noites de luar, se ouvem um rastejar e uns silvos<br />

esquisitos e logo a seguir um restolhar de sons surdos e furiosos que<br />

muito bem podem ser sinais de uma luta feroz e encarniçada de um<br />

<strong>Touro</strong> e uma <strong>Cobra</strong> monstruosa... e tudo isto lá para as redondezas<br />

do poço do monte da cobra...<br />

Alguns que vagueiam tarde pela cidade adormecida, dizem que já<br />

ouviram estes sinais pelas imediações da praça ou do castelo da<br />

cidade... A praça, pode ser a praça principal, mas há quem diga que<br />

é, sim, a praça de touros que durante muito tempo ali fica assim<br />

como um espectro inútil onde não acontece a magia de uma cobra<br />

esguia encarnada num toureiro destemido armado de farpas capas e<br />

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