14.04.2013 Views

Edição dia 18 de Março de 2012. Domingo

Edição dia 18 de Março de 2012. Domingo

Edição dia 18 de Março de 2012. Domingo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) <strong>de</strong>cidiu, na<br />

noite da última quinta-feira, que os políticos e os<br />

partidos políticos não po<strong>de</strong>m usar o Twitter para<br />

manifestar opiniões eleitorais antes <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> julho<br />

do ano em que serão realizadas as eleições. A<br />

<strong>de</strong>cisão é inédita e inútil, pois, qualquer habitante<br />

do planeta po<strong>de</strong>rá continuar usando o Twitter para<br />

falar dos candidatos e dos pré-candidatos o tempo<br />

todo. Mas os próprios candidatos e os partidos<br />

políticos não po<strong>de</strong>m. Além <strong>de</strong> estapafúr<strong>dia</strong>, a lei<br />

coloca uma dificulda<strong>de</strong> insanável: como fiscalizar<br />

as mensagens <strong>de</strong> 140 caracteres escritas por<br />

milhões por toda a re<strong>de</strong>? O placar apertado –<br />

quatro votos a três – atiça a polêmica e,<br />

certamente, ajudará a fazer da <strong>de</strong>cisão letra morta.<br />

Presi<strong>de</strong>nte do PPS, o <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral Roberto<br />

Freire (SP) anunciou que seu partido recorrerá ao<br />

STF contra <strong>de</strong>cisão do TSE. O prazo <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> julho<br />

se refere a um trecho da Lei Eleitoral que<br />

<strong>de</strong>termina essa data como a que os candidatos<br />

passam a ter oficialmente essa condição. A<br />

proibição vale para os meios <strong>de</strong> comunicação<br />

tradicionais como rádio e tevê. Mas o TSE<br />

enten<strong>de</strong>u que as re<strong>de</strong>s sociais presentes na<br />

internet também <strong>de</strong>vem ser enquadradas. O<br />

<strong>de</strong>putado Roberto Freire, assíduo no Twitter,<br />

postou uma mensagem classificando <strong>de</strong><br />

equivocada a <strong>de</strong>cisão do TSE. Informou que será<br />

ajuizada no Supremo uma Ação Direta <strong>de</strong><br />

Inconstitucionalida<strong>de</strong> (Adin). Adin é recurso<br />

utilizado sempre que se <strong>de</strong>seja obter do STF o<br />

reconhecimento <strong>de</strong> que <strong>de</strong>terminada providência<br />

afronta a Constituição. Roberto Freire diz que é<br />

preciso <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r “a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão na<br />

re<strong>de</strong>”. O <strong>de</strong>putado escreveu a mensagem na re<strong>de</strong><br />

social horas <strong>de</strong>pois do anúncio da <strong>de</strong>cisão do TSE,<br />

na noite <strong>de</strong> quinta- feira.<br />

Naquele momento, estava em julgamento uma<br />

representação movida contra o ex-<strong>de</strong>putado Índio<br />

da Costa. Algo relacionado às eleições<br />

presi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> 2010. Escolhido como candidato a<br />

vice-presi<strong>de</strong>nte na chapa tucana <strong>de</strong> José Serra,<br />

Índio não <strong>de</strong>sgrudava do Twitter. Índio da Costa,<br />

hoje no PSD, escreveu: “Conto com seu apoio e<br />

com o seu voto. Serra Presi<strong>de</strong>nte: o Brasil po<strong>de</strong><br />

mais”. O Ministério Público Eleitoral representou<br />

contra Índio, alegando que o comentário do então<br />

candidato, reproduzido por outras pessoas<br />

centenas <strong>de</strong> vezes na internet, constitui<br />

propaganda eleitoral. Como foi parar na re<strong>de</strong> antes<br />

<strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2010, a “propaganda” foi<br />

consi<strong>de</strong>rada “ilegal”. Em <strong>de</strong>cisão individual,<br />

Henrique Neves, então ministro do TSE, <strong>de</strong>u razão<br />

à Procuradoria e impôs multa <strong>de</strong> R$ 5 mil a Índio.<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - MARGRIT SCHMIDT, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Caranguejos eleitorais<br />

Ao tachar a <strong>de</strong>cisão do TSE <strong>de</strong> “equivocada”,<br />

Roberto Freire foi até suave. É uma <strong>de</strong>cisão burra<br />

mesmo, porque confun<strong>de</strong> o Twitter e as re<strong>de</strong>s<br />

sociais com os meios <strong>de</strong> comunicação<br />

convencionais. E da total impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

bloquear a “propaganda” do candidato por qualquer<br />

tuiteiro. Disse o presi<strong>de</strong>nte do TSE, Ricardo<br />

Lewandowski, ao proclamar o resultado: “Os<br />

cidadãos, que não estiverem envolvidos no pleito<br />

eleitoral, po<strong>de</strong>m se comunicar à vonta<strong>de</strong> [nas re<strong>de</strong>s<br />

sociais]. O que não po<strong>de</strong> é o candidato divulgar a<br />

propaganda eleitoral antes da data permitida pela<br />

lei.”<br />

NADA A VER<br />

O ministro Gilson Dipp, um dos que votaram contra<br />

a <strong>de</strong>cisão-caranguejo apontou uma obvieda<strong>de</strong>: “No<br />

Twitter, não há a divulgação <strong>de</strong> mensagem para o<br />

público em geral, para <strong>de</strong>stinários imprecisos,<br />

in<strong>de</strong>finidos, como ocorre no rádio e na televisão”.<br />

Vai ao Twitter quem quer, disse. “Não há a<br />

participação involuntária ou <strong>de</strong>sconhecida dos<br />

seguidores. Não há passivida<strong>de</strong> das pessoas nem<br />

generalização, pois a mensagem é transmitida para<br />

quem realmente <strong>de</strong>seja participar <strong>de</strong> um diálogo e<br />

se cadastrou para isso.”<br />

Na verda<strong>de</strong> o Twitter é mais uma ferramenta <strong>de</strong><br />

informação do eleitor que vai seguir o candidato A,<br />

B ou C para formar opinião a respeito da<br />

plataforma, dos valores que o fulano expressa ali.<br />

Até se o sicrano é simpático, se diz coisas<br />

interessantes. Se o candidato não agrada ao<br />

eleitor-seguidor ele dá um clique e para <strong>de</strong><br />

segui-lo, simples assim. Cortar essa chance <strong>de</strong><br />

informação é não enten<strong>de</strong>r nada do que vai se<br />

passando pelo mundo hoje. É enten<strong>de</strong>r o mundo<br />

como os caranguejos, andando para trás como os<br />

crustáceos da infraor<strong>de</strong>m Brachyur. O argumento<br />

<strong>de</strong> Ricardo Lewandowski <strong>de</strong>monstra a<br />

incompreensão: “É muito mais do que uma<br />

conversa <strong>de</strong> bar. O mecanismo <strong>de</strong> repassar<br />

mensagens potencializa os efeitos. O eleitor po<strong>de</strong><br />

falar”. Mas o eleitor precisa “escutar” para tomar<br />

sua <strong>de</strong>cisão. Ele fala pelo voto.<br />

A <strong>de</strong>cisão é inútil, pois qualquer<br />

habitante do planeta po<strong>de</strong>rá continuar<br />

usando o Twitter para falar dos<br />

candidatos<br />

25

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!