Edição dia 18 de Março de 2012. Domingo

incluiu o nome do Francisco de forma aleatória,
pois estava sendo pressionado pela polícia. O meu
cliente nunca confessou nada e nunca vai
confessar, simplesmente porque não tem
envolvimento nenhum com esse crime”, disse.
Colaborou Roberta Machado
Depoimentos
Adriana Villela
A filha mais velha do casal assassinado em 2009
depôs por mais de oito horas no Tribunal do Júri
de Brasília. Ela usou boa parte do tempo para
desqualificar as investigações da Polícia Civil do
Distrito Federal, em especial o trabalho feito pela
delegada Mabel de Faria, que até o ano passado
chefiava a Coordenação de Investigação de Crimes
Contra a Vida (Corvida).
Numa das acusações mais graves contra Mabel,
hoje chefe da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro),
Adriana disse suspeitar que as suas impressões
digitais encontradas no apartamento dos pais
foram transferidas de local propositadamente,
numa tentativa deliberada de produzir provas
falsas. Adriana ainda relatou que os depoimentos
dela prestados na Corvida eram sempre induzidos
e rechaçou qualquer briga mais séria com a mãe
por conta de dinheiro. “Nunca fomos inimigas”,
garantiu.
Por mais de uma vez, ela bateu boca com os
promotores e gritou no tribunal. Num dos
momentos mais tensos, a arquiteta insultou o
promotor Pedro Calmon, assistente da acusação.
Ele disse que era amigo de longa data de José
Guilherme Villela, o que irritou a ré. “O senhor
sustenta mentiras nesse tribunal. O senhor nunca
esteve na minha casa, nem nunca foi amigo do
meu pai. É um absurdo o que o senhor está
tentando provocar aqui”, disparou.
Leonardo Campos Alves
O ex-porteiro do bloco onde o casal Villela e a
empregada da casa foram executados brutalmente,
mais uma vez, mudou a versão para a sua suposta
participação no triplo assassinato. Das 19h até por
volta da 1h, ele disse que só confessou o crime
porque foi espancado por agentes da 8ª DP (SIA),
que o prenderam em Minas Gerais.
O principal suspeito de cometer o crime também
alegou que a delegada Mabel de Faria dava
garantias de reduzir a sua pena, caso ele indicasse
Adriana Villela como mandante. Leonadro alegou
que só apontou o sobrinho Paulo Cardoso e
Francisco Mairlon por insistência dos policiais.
Correio Braziliense/DF - Cidades, 18 de Março de 2012
TJDFT | Tribunal de Justiça do Distrito Federal
“Eles me batiam muito para eu dizer quem eram os
comparsas. Falei o nome dos dois para parar de
viver aquele terror, mas não matei ninguém, nem
sei quem matou”, defendeu-se.
Assim como Adriana, ele reclamou que sempre era
muito pressionado quando prestava depoimento na
Corvida. “Eu não fui instruído, não tive um
acompanhamento de um advogado. Sempre
respondia às perguntas conforme eles
perguntavam. Muitas vezes nem sabia que se
tratava de um depoimento.”
PARA SABER MAIS » Júri popular sob
avaliação
A décima audiência de instrução sobre o crime da
113 Sul, que será retomada no próximo dia 30,
define se os quatro réus vão a júri popular. O
presidente do Tribunal do Júri de Brasília, Fábio
Esteves, depois de estudar os depoimentos de
todos os suspeitos, abrirá um prazo para alegações
finais da defesa e da acusação, o que deve ser
feito em um mês. Depois disso, o magistrado
decide se Adriana Villela, Leonardo Campos Alves,
Paulo Cardoso e Franscisco Mairlon serão julgados
por pessoas comuns da sociedade.
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