14.04.2013 Views

Da Torre de Babel às terras prometidas - Repositório Aberto da ...

Da Torre de Babel às terras prometidas - Repositório Aberto da ...

Da Torre de Babel às terras prometidas - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ameaça". Isso é perceptível, não apenas através <strong>da</strong> diminuição do seu número <strong>de</strong><br />

praticantes, ou dos cortes <strong>de</strong> subsídios <strong>de</strong> proveniência estatal, mas principalmente<br />

através <strong>da</strong> banalização do seu papel <strong>de</strong> produtor <strong>de</strong> referências e <strong>de</strong> matrizes<br />

culturais e <strong>da</strong> sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> intervir e influenciar socialmente.<br />

O comportamento individual em matéria religiosa, ou seja, o<br />

envolvimento, as atitu<strong>de</strong>s, as condutas, os valores religiosos são os aspectos<br />

contemplados por Dobbelaere, naquilo que ele <strong>de</strong>signa <strong>de</strong> nível micro <strong>da</strong><br />

secularização. Esta última dimensão constitui aquela que po<strong>de</strong> ser apreendi<strong>da</strong><br />

através <strong>de</strong> estudos empíricos, nomea<strong>da</strong>mente através <strong>de</strong> estudos extensivos e <strong>de</strong><br />

carácter longitudinal.<br />

Dobbelaere vê a secularização como um fenómeno complexo, não<br />

unilinear e partilha com Wilson, Martin, Delumeau e Gabriel Le Bras a tese <strong>de</strong> que a<br />

secularização, enquanto traço <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, não pressupõe que tenha<br />

existido a antecedê-la uma "I<strong>da</strong><strong>de</strong> do Ouro" <strong>da</strong> religião {Ibi<strong>de</strong>m. 33-35), facto que,<br />

também ele, fun<strong>da</strong>menta historicamente, referindo a não exclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> cristã <strong>da</strong><br />

I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média.<br />

Este autor <strong>de</strong>marca-se <strong>da</strong>s <strong>de</strong>finições funcionalistas <strong>de</strong> religião, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong><br />

perspectiva durkheimiana, tais como as <strong>de</strong> Parsons ou Bellah e, na esteia <strong>de</strong> Wilson<br />

e Berger (autores com um indiscutível enquadramento weberiano), propõe uma<br />

<strong>de</strong>finição substantiva <strong>de</strong> religião:<br />

(...) um sistema unificado <strong>de</strong> crenças e <strong>de</strong> práticas relativo a uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> supra-<br />

empírica, transcen<strong>de</strong>nte, que une todos aqueles que a ele a<strong>de</strong>rem com vista a<br />

formar uma única comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> moral (Dobbelaere, Ibi<strong>de</strong>m, 38).<br />

Também não partilha com Parsons e Bellah - <strong>de</strong>fensores <strong>da</strong> religião civil<br />

- a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a religião é necessária na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna para assegurar a<br />

integração social. Nesta matéria ele está com Wilson (1969) e Luhmann (1982) que<br />

não aceitam esse imperativo funcional. Apesar disso, a hipótese <strong>da</strong> religião civil <strong>de</strong><br />

Bellah, que, num primeiro momento, é refuta<strong>da</strong> por Wilson, Berger e Luckmann, e<br />

numa segun<strong>da</strong> fase, recupera<strong>da</strong> e integra<strong>da</strong> no mo<strong>de</strong>lo por Martin e Fenn, acaba<br />

112

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!