Da Torre de Babel às terras prometidas - Repositório Aberto da ...

De acordo com o ponto de vista destes sociólogos americanos, a
sociedade moderna postula uma religiosidade latente no indivíduo, a qual está
situada no lado da procura. Ora, perante um cenário de mercado onde, do lado da
oferta, as firmas religiosas competem activamente entre si (Stark, 1997: 17-18,
Finke, Ibidem: 50-52), essa religiosidade tende a tomar-se manifesta e, por esse
motivo, as instituições religiosas não se encontram em estado de ameaça, antes se
vão alternando ou substituindo. Stark (1985) refere um sistema de economias
religiosas patentes na sociedade, que vão explorar a extensão e dimensão do
mercado e o comportamento dos seus potenciais consumidores. O autor defende
ainda que, numa sociedade em que a economia religiosa não está regulamentada, o
pluralismo religioso tenderá a prosperar. A economia religiosa regulamentada
caracteriza-se por ser dominada por uma igreja monopolista, que não se vê
confrontada com exigências competitivas, dado que a sociedade em que esta se
insere não é propícia à criação de nichos de mercado ou mesmo à implantação de
firmas religiosas concorrentes. Neste tipo de contextos sociais o pluralismo tenderá a
surgir com maior dificuldade.
Ao incidirem a sua análise nos NMRs, Stark e Bainbridge afirmam
comprovar que o processo de secularização é auto-limitativo. Eles provam
empiricamente que nos espaços sócio-geográficos onde as igrejas tradicionais são
mais fracas os cultos proliferam {Ibidem. 438), o declínio das primeiras irá facultar a
abertura do mercado religioso e a opção por novas alternativas. Similarmente,
Warner (1993) 7 identifica anomalias no modelo da secularização, baseadas na
dificuldade em integrar fenómenos como o fundamentalismo, a persistência dos
evangélicos carismáticos e do protestantismo liberal. No entanto, teóricos da
secularização como Wilson (1988) também estudam os NMRs, nas suas diferentes
variantes, entendendo-os como uma resposta à secularização e como uma das
características desse mesmo processo.
7 Cf. Swenson, Donald S. (1999). Society, Spirituality and the Sacred. Toronto: Broadview Press.
126