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Da Torre de Babel às terras prometidas - Repositório Aberto da ...

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É extremamente interessante, do ponto <strong>de</strong> vista sociológico, o<br />

paralelismo <strong>de</strong> comportamentos sociais assumidos pela comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> evangélica em<br />

duas fases <strong>de</strong> transição política e social temporalmente distintas: o advento <strong>da</strong><br />

República, em 1910, e o advento <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocracia em 1974. Como se disse, há uma<br />

semelhança circunstancial, pois em ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>ssas épocas se verifica uma ruptura<br />

institucional e i<strong>de</strong>ológica, um momento em que a utopia se sobrepõe à tradição.<br />

Ambos os contextos são revolucionários e a revolução é na expressão <strong>de</strong> Michel<br />

MaffesolF a manifestação <strong>de</strong> uma pulsão arcaica <strong>de</strong> esperança ou <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo<br />

irrepreensível <strong>de</strong> colectivo" {Ibi<strong>de</strong>m, 1979: 15). O 25 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong>spertou também<br />

<strong>de</strong>ntro do universo religioso <strong>da</strong>s margens (e, até certo ponto, guetizado) essa pulsão<br />

cujas repercussões se traduziram num investimento, simultaneamente, social e<br />

religioso.<br />

A euforia em tomo <strong>da</strong> missão evangelizadora inscreveu-se na exaltação<br />

messiânica, própria <strong>de</strong> qualquer revolução. Se uma revolução tem sempre uma<br />

conotação religiosa - o facto foi já ilustrado na reflexão, atrás efectua<strong>da</strong>, sobre a I<br />

República -, no microcosmos <strong>da</strong>s minorias religiosas portuguesas operou-se uma<br />

dupla inscrição religiosa. O projecto <strong>de</strong> acelerar a história, que se prefigurou em<br />

todo o campo social, foi incorporado pelo campo religioso (minoritário) e os seus<br />

agentes, que para além <strong>de</strong> (ou porque) religiosos são também agentes sociais,<br />

construíram um projecto específico: acelerar a expansão do "Reino dos Céus". Sem<br />

publicadores aumentar <strong>de</strong> 20.335 para 44.650 (Santos, 2002: 475) -, ain<strong>da</strong> hoje se sentem<br />

"carimbados". Consi<strong>de</strong>ram que os programas televisivos não aju<strong>da</strong>m a reabilitar a imagem, uma vez<br />

que secun<strong>da</strong>rizam o pendor informativo. No entanto, no plano profissional, há frequentemente o<br />

reconhecimento, por parte <strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong> empregadora, do seu bom <strong>de</strong>sempenho. Isto comprova, uma<br />

vez mais, um aspecto essencial que procurámos <strong>de</strong>senvolver no anterior capítulo: a liber<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

concedi<strong>da</strong> pela lei e a igual<strong>da</strong><strong>de</strong> jurídica não anulam o estigma.<br />

24 Só a partir do 25 <strong>de</strong> Abril, a União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia (fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1939)<br />

usufruiu <strong>de</strong> condições plenas <strong>de</strong> crescimento, quase duplicando o seu número <strong>de</strong> fiéis (<strong>de</strong> 4149 para<br />

8004), entre aquela <strong>da</strong>ta e 1996 (Santos, Ibi<strong>de</strong>m. 472). Ao contrário dos protestantes pertencentes <strong>às</strong><br />

Igrejas Sino<strong>da</strong>is, que tiveram um trabalho <strong>de</strong> alfabetização importante, mas cujas escolas acabaram<br />

por fechar, na sua maioria, os Adventistas conseguiram, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1974, criar e consoli<strong>da</strong>r um<br />

conjunto <strong>de</strong> colégios, em diferentes ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s do litoral do país e na Ma<strong>de</strong>ira, Vila Nova <strong>de</strong> Gaia,<br />

Coimbra, Santarém, Lisboa, Setúbal e Funchal (Santos, Ibi<strong>de</strong>m).<br />

25 Sobre esta questão ver ain<strong>da</strong> Maffesoli (1979: 70 e segs.).<br />

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