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Da Torre de Babel às terras prometidas - Repositório Aberto da ...

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forma que os conflitos <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ter lugar na esfera <strong>de</strong> reprodução material e<br />

<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> se confinar aos problemas <strong>de</strong> redistribuição (Habermas, 1987b: 432),<br />

passando a tocar em questões relaciona<strong>da</strong>s com a "gramática <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong><br />

vi<strong>da</strong>". As recentes formas e vivências <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, ca<strong>da</strong> vez mais<br />

diversifica<strong>da</strong>s, incorporam, no nosso ponto <strong>de</strong> vista, valores e traços <strong>de</strong>sta fase<br />

<strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>, inserindo-se no conjunto mais geral <strong>da</strong>s suas dinâmicas.<br />

Julgamos ter evi<strong>de</strong>nciado aspectos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> religiosa <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

portuguesa que corroboram aquelas teses.<br />

O nosso ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> pautou-se pelo esforço <strong>de</strong> enunciar as<br />

principais coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s <strong>da</strong> conceptualização do pluralismo. Lembramos, a este<br />

propósito, o frutífero contributo <strong>de</strong> James Beckford ao propor diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

religiosa como noção alternativa ao pluralismo religioso, como estratégia <strong>de</strong><br />

ultrapassar as componentes i<strong>de</strong>ológicas do termo, que ele enten<strong>de</strong> como<br />

"mistificador" <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A opção por uma abor<strong>da</strong>gem sociológica do<br />

pluralismo não teve o objectivo, como procurámos vincar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, <strong>de</strong><br />

apreen<strong>de</strong>r exaustivamente to<strong>da</strong>s as dimensões sociais implica<strong>da</strong>s neste<br />

fenómeno. Nem em termos <strong>de</strong> problemática, nem no que respeita ao objecto<br />

empírico.<br />

O nosso propósito foi o <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r o pluralismo na socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

portuguesa no seu registo religioso e numa perspectiva tridimensional, isto é,<br />

adoptando a proposta <strong>de</strong> Riis (1999) e abor<strong>da</strong>r simultaneamente as questões <strong>da</strong><br />

tolerância religiosa, <strong>da</strong> <strong>de</strong>nominalização e <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> religiosa, respectivamente<br />

trata<strong>da</strong>s no plano macro-societal, no plano intermédio (relativo <strong>às</strong> organizações<br />

religiosas) e no nível micro ou individual. Reconheceu-se, por outro lado, a<br />

pertinência em introduzir na análise do pluralismo um enfoque que<br />

perspectivasse as relações sociais como relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e, <strong>de</strong> modo particular,<br />

seguindo <strong>de</strong> perto a teoria dos campos <strong>de</strong> Pierre Bourdieu (1997). O recurso ao<br />

conceito <strong>de</strong> campo tornou possível <strong>de</strong>terminar a presença e coexistência <strong>de</strong><br />

vários agentes e organizações com posições, objectivos e po<strong>de</strong>res diferenciados.<br />

Dentro do campo social, sabemos que o Estado é um agente central<br />

na distribuição do po<strong>de</strong>r material e simbólico, uma vez que abrange os campos<br />

político, burocrático e jurídico-legal. O Estado é, por essa razão, uma fonte<br />

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