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Da Torre de Babel às terras prometidas - Repositório Aberto da ...

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sociologia <strong>da</strong> religião e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta o mo<strong>de</strong>lo hegemónico <strong>da</strong> secularização. De<br />

facto, a secularização constitui um conceito central na abor<strong>da</strong>gem sociológica <strong>da</strong><br />

religião <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os seus primórdios. Mesmo que o termo não seja verbalizado, ele está<br />

presente em autores como Comte e Spencer ou Durkheim e Weber.<br />

Os fun<strong>da</strong>dores <strong>da</strong> Sociologia, incorporando a herança <strong>da</strong> filosofia<br />

iluminista e <strong>da</strong> crítica racionalista, produzem textos que rompem a tradição<br />

interpretativa teológica <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social e propõem uma leitura alternativa dos<br />

fenómenos sociais assente na produção do conhecimento científico. A leitura mais<br />

comum dos trabalhos dos primeiros sociólogos sugere uma oposição entre<br />

mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> e religião, no sentido em que uma seria incompatível com a outra. É<br />

indiscutível que a sociologia, enquanto instrumento e controlo racional <strong>da</strong> acção<br />

humana, assume uma atitu<strong>de</strong> anti-religiosa ou arreligiosa mas, noutro sentido,<br />

manifesta também uma predisposição para construir um sistema <strong>de</strong> morali<strong>da</strong><strong>de</strong> laica<br />

que não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> apresentar contornos religiosos, a ponto <strong>de</strong> ser o próprio<br />

pensamento sociológico sobre a religião a romper com a aproximação linear do<br />

mesmo.<br />

A sociologia <strong>da</strong> religião adquire um estatuto autónomo, a partir dos anos<br />

sessenta, principalmente através dos trabalhos <strong>de</strong> Wilson, Berger e Luckmann no<br />

quadro <strong>da</strong> problemática <strong>da</strong> secularização. Diga-se, entretanto, que as diversas<br />

perspectivas <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s no âmbito <strong>da</strong>quela problemática foram <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente<br />

marca<strong>da</strong>s pelo neofuncionalismo e pela sociologia cognitiva, acabando por <strong>da</strong>r<br />

origem a uma certa marginalização dos estudos sociológicos sobre religião no seio<br />

<strong>da</strong> disciplina. Por outro lado, as teorias <strong>da</strong> secularização tiveram como reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

referência as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s europeias, centrando-se na per<strong>da</strong> <strong>da</strong> influência social <strong>da</strong><br />

religião e no <strong>de</strong>clínio <strong>da</strong>s representações religiosas, <strong>de</strong>vido à racionalização funcional<br />

e ao <strong>de</strong>sencantamento do mundo, tal como Weber tinha vaticinado.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong> secularização foi alvo <strong>de</strong> fortes críticas, principalmente por<br />

parte <strong>de</strong> sociólogos americanos apoiados na teoria <strong>da</strong> escolha racional. É fazendo<br />

referência aos contra-argumentos ao mo<strong>de</strong>lo teórico dominante na sociologia <strong>da</strong><br />

religião que abriremos o último capítulo <strong>da</strong> primeira parte do texto. Será <strong>da</strong>do<br />

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