maria fernanda vieira rosa - Uneb
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3 A POESIA E O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO<br />
INFANTIL<br />
A unidade entre o intelectivo e o sensitivo não se dissocia da linguagem e,<br />
assim da dimensão poética a poesia é ao mesmo tempo, raiz e utopia das<br />
palavras seu nascimento e sua terra prometida. A palavra poética religa o<br />
pensar, o sentido, o viver e o expressar (SEVERINO, 2008. p. 94).<br />
Poderia — ao leitor que já se encontra no nível das inferências — haver algo<br />
de significativo no fato de se ler sistematicamente os três volumes da obra do<br />
Ministério da Educação e do Desporto intitulada Referencial Curricular Nacional para<br />
a Educação Infantil (1998) em busca da palavra poesia e ao final da pesquisa se<br />
comprovar que a ocorrência desse vocábulo não se dá senão em uma dezena de<br />
vez? Isso mesmo: dez vezes. Que se deixe aqui, por oportuno, bem caracterizado<br />
que no volume I e II do citado documento governamental tal palavra nem mesmo<br />
faz-se presente. E na primeira ocorrência aparece como na epigrafe acima, isso é;<br />
referindo-se à canção.<br />
Reconhece-se que o político é fundamental e, nesse âmbito, o amor ao<br />
príncipe maquiavélico 9 e suas ações, com certeza, se faz presente, no entanto, é<br />
forçoso que se reconheça com justa imparcialidade a fala de outro príncipe, Hamlet,<br />
que, em sua tragédia, não nos permite esquecer que “há algo de podre [em nossa]<br />
república” (SHAKESPERE, 2009). Traduzindo o desabafo de alguns educadores que<br />
se permitem escrever sobre a poesia quando dizem que esta é considerada por<br />
muitos com a prima pobre da literatura.<br />
Parece-nos que, com relação à educação infantil, na proposta estabelecida no<br />
referencial curricular nacional prevalece o currículo oculto 10 , todavia, infelizmente<br />
para os infantes, desta feita, oculto aqui não quer significar alguma orientação,<br />
comportamento, atitude ou valor sócio-poético que alcançarão em contato com seus<br />
educadores, antes quer significar mesmo a ausência do acesso ao bem cultural:<br />
poesia.<br />
9 Referência à obra O Príncipe, de Nicolaus Maclavellus (03-05-1469/21-06-1527).<br />
10 Conceitualmente o currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar<br />
que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita para aprendizagens<br />
sociais relevantes [...] o que se aprende no currículo oculto são fundamentalmente atitudes,<br />
comportamentos, valores e orientações (SILVA, 2001 apud CORTELAZZO, 2004).<br />
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