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Controlando o poder de matar - Núcleo de Estudos da Violência

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com base em vivências familiares, profissionais e cotidianas que julguem os réus. Pela<br />

mesma razão, durante as horas <strong>de</strong> Júri, operadores técnicos permanecem presos ao<br />

ritmo dos procedimentos judiciais e réus aguar<strong>da</strong>m, como estátuas-vivas, o que será<br />

dos próximos anos <strong>de</strong> suas vi<strong>da</strong>s.<br />

Esse isolamento artificial que <strong>de</strong>limita um lugar <strong>de</strong> jogo comum a quase todos os<br />

rituais <strong>de</strong> consagração e <strong>de</strong> iniciação, assemelhando <strong>de</strong>limitações espaciais para fins<br />

sagrados e para fins lúdicos (Huizinga, 1980: 13, 23). Tais <strong>de</strong>limitações são muito<br />

níti<strong>da</strong>s nos plenários do Júri. Neles há locais proibidos, isolados, fechados e secretos,<br />

bem como outros por on<strong>de</strong> transitam os que não fazem parte do jogo. O mundo <strong>da</strong>s<br />

sessões é temporário, regrado e, quem quer que o observe, percebe isso.<br />

O espaço dos tribunais, portanto, confirma a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> lúdica do direito e,<br />

especialmente, do mo<strong>de</strong>rno processo jurídico, pois ele é “(...) um círculo mágico, um<br />

recinto <strong>de</strong> jogo no interior do qual as habituais diferenças <strong>de</strong> categoria entre os homens são<br />

temporariamente aboli<strong>da</strong>s” (Huizinga, 1980: 88). O próprio uso <strong>da</strong> toga, por juízes,<br />

promotores e advogados, ao mesmo tempo assemelhando-os entre si e distingindo-os<br />

dos <strong>de</strong>mais, marca sua transformação, pois, ao vestirem-na, registram a passagem <strong>de</strong><br />

seres “comuns” a seres “especiais”.<br />

Em todos os plenários, o espaço on<strong>de</strong> juiz, jurados, promotor, <strong>de</strong>fensor e réu<br />

permanecem, durante o julgamento — o “palco” ou o “círculo sagrado” —, é separado<br />

do local profano, reservado aos “assistentes” (estagiários, familiares <strong>de</strong> réus e vítimas,<br />

outros profissionais, curiosos etc).<br />

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