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Controlando o poder de matar - Núcleo de Estudos da Violência

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epresentando muito bem a OAB. O MP, portanto, saú<strong>da</strong> a OAB. Aos funcionários <strong>de</strong>ste<br />

Tribunal, sem os quais as sessões não se processariam, aos PMs, bravos ci<strong>da</strong>dãos que<br />

garantem a nossa segurança neste plenário e fora <strong>de</strong>le, a todos os presentes que nos brin<strong>da</strong>m<br />

com sua atenção, os meus cumprimentos. Aos Senhores jurados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, adianto que<br />

explicitarei os fatos <strong>da</strong> maneira mais simples e didática possível, pois coloco-me no lugar <strong>de</strong><br />

Vossas Excelências e imagino como eu me sentiria sendo chamado a atuar, <strong>da</strong> noite para o dia,<br />

numa área profissional que não é a minha e <strong>da</strong> qual na<strong>da</strong> conheço. Sei que é difícil para leigos<br />

analisar um processo judicial e <strong>de</strong>cidir. Respeito muito o que fazem.” 31<br />

Outro bom exemplo, também advindo <strong>da</strong>s sau<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> um promotor:<br />

“Excelência, é com honra, respeito e prazer que me dirijo a um juiz tão competente, com<br />

tamanho conhecimento <strong>da</strong>s ciências humanas e jurídicas, militante <strong>da</strong> justiça (...); homem <strong>de</strong><br />

realização <strong>da</strong> justiça”. Dirigindo-se ao <strong>de</strong>fensor, disse: ”Nobre colega <strong>da</strong> <strong>de</strong>fesa, embora<br />

estejamos em lados opostos, temos um ponto em comum: a busca <strong>da</strong> justiça”. Aos funcionários<br />

e PMs, agra<strong>de</strong>ceu “a serie<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>dicação com que executam suas tarefas”. Aos<br />

assistentes do plenário: “Um dos modos <strong>de</strong> se examinar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma nação é<br />

examinar como essa nação realiza justiça. E, no Júri, isso po<strong>de</strong> ser claramente observado.”<br />

Finalmente, ao cumprimentar os jurados, qualificou-os como “(...) representantes <strong>da</strong><br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. E lembrou: Na origem secular do júri — leitura <strong>da</strong> pauta em praça pública — a<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> julgava acusados <strong>de</strong> violar as leis. (...) É um serviço gratuito porque é uma relevante<br />

missão social.” 32<br />

Essas sau<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> promotores e advogados i<strong>de</strong>ntificam, posicionam,<br />

<strong>de</strong>signam os papéis. No primeiro dos exemplos citados, o promotor afirma<br />

“compartilhar” as sessões com o juiz e, em segui<strong>da</strong>, evoca a instituição que ele<br />

representa — o Ministério Público — para, em segui<strong>da</strong>, sau<strong>da</strong>r a instituição<br />

representa<strong>da</strong> pelo advogado — a OAB —, compartilhando, assim, com esse, um papel<br />

institucional. Aos funcionários do Tribunal e aos PMs é atribuído um papel instrumental,<br />

<strong>de</strong> fazer a estrutura funcionar e, aos assistentes, confere-se a função <strong>de</strong> observadores.<br />

Certa ambigüi<strong>da</strong><strong>de</strong> está na sau<strong>da</strong>ção aos jurados, pois, ao mesmo tempo que o<br />

promotor diz respeitá-los, i<strong>de</strong>ntifica-os como não mais que leigos esforçados. Esse<br />

mesmo promotor, no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ssa sessão, voltaria a dizer: “Eu estu<strong>de</strong>i horas e horas<br />

este processo, ao passo que os Srs. não o estu<strong>da</strong>ram sequer um minuto, o que dificulta ain<strong>da</strong><br />

mais o trabalho que <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>sempenhar. Além do estudo, a prática também me faz concluir que<br />

a versão do réu é duvidosa”.<br />

31 - 05/09/2001, <strong>da</strong>s 12h10’ às 17h22’, Plenário 9 do 1 o Tribunal do Júri (Barra Fun<strong>da</strong>).<br />

32 - 19/07/2001, +13h30’, Plenário 8 do 1 o Tribunal do Júri (Barra Fun<strong>da</strong>).<br />

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