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Método sobre os Teoremas Mecânicos - Unicamp

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Citam<strong>os</strong> aqui apenas alguns d<strong>os</strong> feit<strong>os</strong> atribuíd<strong>os</strong> a Arquimedes por Plutarco. 4 Ele foi o historiador<br />

que viveu mais próximo à época de Arquimedes e que relatou fat<strong>os</strong> históric<strong>os</strong> correlat<strong>os</strong><br />

à vida do mesmo. Em particular, mencionou divers<strong>os</strong> feit<strong>os</strong> atribuíd<strong>os</strong> a Arquimedes quando<br />

descreveu o sítio da cidade de Siracusa, que foi tomada pel<strong>os</strong> roman<strong>os</strong> sob o comando do general<br />

Marcus Claudius Marcellus em 212 a.C.<br />

Segundo Plutarco e outr<strong>os</strong> historiadores da época, 5 Arquimedes participou ativamente da<br />

defesa de sua cidade contra o sítio da frota romana, durante a Segunda Guerra Púnica, por meio<br />

de várias das suas invenções. Entre estas invenções são mencionadas as catapultas. Embora já<br />

f<strong>os</strong>sem conhecidas e usadas anteriormente, as de Siracusa tinham alcance regulável de modo a<br />

evitar “pont<strong>os</strong> ceg<strong>os</strong>” e dificultar o avanço do exército inimigo. Será que podem<strong>os</strong> supor aqui a<br />

intervenção do conhecimento de Arquimedes <strong>sobre</strong> as parábolas e algum tipo de observação <strong>sobre</strong><br />

o movimento d<strong>os</strong> projéteis 1800 an<strong>os</strong> antes de Galileu? Simultaneamente, para deter o ataque<br />

da frota romana, eram usad<strong>os</strong> grandes braç<strong>os</strong> mecânic<strong>os</strong> para verter acima d<strong>os</strong> mur<strong>os</strong> e <strong>sobre</strong> <strong>os</strong><br />

navi<strong>os</strong> inimig<strong>os</strong> enormes pedras, ao mesmo tempo que “mã<strong>os</strong> de ferro” eram jogadas para agarrar<br />

as proas d<strong>os</strong> barc<strong>os</strong> levantando-as e deixando-as cair <strong>sobre</strong> a popa d<strong>os</strong> mesm<strong>os</strong>, afundando-<strong>os</strong>. 6<br />

Certamente a descrição fantasi<strong>os</strong>a destes artefat<strong>os</strong> bélic<strong>os</strong> é um reconhecimento do historiador<br />

à genialidade de Arquimedes. 7 Com seus conheciment<strong>os</strong> de mecânica, Arquimedes conseguiu<br />

parar um exército inteiro que o cercava por terra e por mar, durante vári<strong>os</strong> an<strong>os</strong>.<br />

Outr<strong>os</strong> trabalh<strong>os</strong> de Arquimedes ligad<strong>os</strong> de alguma forma à “engenharia” despertaram a<br />

atenção de escritores com interesse em áreas específicas. Vitruvio no seu livro De Architectura<br />

cita trabalh<strong>os</strong> de Arquimedes em várias ocasiões. 8 Por exemplo, o “problema da coroa,” cuja<br />

solução teria sido encontrada por Arquimedes, determinando a concentração de ouro e prata<br />

em uma coroa do rei Heron, 9 com base nas leis da hidr<strong>os</strong>tática por ele descobertas. 10 Vitruvio<br />

também fornece uma descrição detalhada de um mecanismo de levantamento de água, até hoje<br />

conhecido como cóclea (caracol), ou parafuso de Arquimedes, que parece ter sido usado nas minas<br />

e na irrigação d<strong>os</strong> camp<strong>os</strong>.<br />

Outr<strong>os</strong> escritores 11 mencionam a construção, por parte de Arquimedes, de um planetário, no<br />

qual o movimento d<strong>os</strong> corp<strong>os</strong> celestes era obtido por meio de mecanism<strong>os</strong> hidráulic<strong>os</strong>. Outr<strong>os</strong><br />

ainda falam que tenha construído um “órgão hidráulico” no qual o ar dentro d<strong>os</strong> tub<strong>os</strong> era<br />

comprimido <strong>sobre</strong> água. Durante a defesa de Siracusa também ficou fam<strong>os</strong>a a história da queima<br />

d<strong>os</strong> navi<strong>os</strong> roman<strong>os</strong> por espelh<strong>os</strong> capazes de concentrar <strong>os</strong> rai<strong>os</strong> do sol. Esta técnica foi atribuída<br />

a Arquimedes por vári<strong>os</strong> autores, 12 mas foi p<strong>os</strong>ta em dúvida devido à inexistência, naquela época,<br />

de tecnologias adequadas à sua construção.<br />

A conquista de Siracusa pel<strong>os</strong> roman<strong>os</strong> somente foi p<strong>os</strong>sível em 212 a.C., após um cerco que<br />

durou quase três an<strong>os</strong>. O cônsul Marcelo, que durante todo esse tempo de luta havia adquirido<br />

um grande respeito pelo “velho homem,” ordenou que a vida de Arquimedes f<strong>os</strong>se poupada.<br />

Apesar disso, segundo a tradição, 13 Arquimedes acabou sendo morto por um soldado enquanto<br />

4Plutarco (45-125 d.C.), [25, págs. 356-358].<br />

5Políbio (203-118 a.C.) e Livio (59 a.C. - 17 d.C.), ver [14, pág. 27].<br />

6Tito Livio (59 a.C. - 17 d.C.), [26, XXIV, 34]: “... eminente ferrea manus firmae catenae inligata cum iniecta<br />

prorae...; uma mão de ferro saindo (d<strong>os</strong> mur<strong>os</strong>) ligada a uma forte corrente lançada <strong>sobre</strong> a proa...”<br />

7Tito Livio (59 a.C. - 17 d.C.), [26, XXIV, 34], “Arquimedes... inventor e construtor de máquinas de guerra.”<br />

8Vitruvio (70 a.C. - 15 d.C.), [27, Livro IX, Prefácio, §9].<br />

9Também escrito como Hero, Hierão e Herão.<br />

10Para uma discussão deste problema ver também <strong>os</strong> comentári<strong>os</strong> de Heath, [15, Capítulo I e as págs. 259-261].<br />

11Cicero (106-43 a.C.), [28, Livro I, §21].<br />

12Luciano de Sam<strong>os</strong>ata (125-181 d.C.), [29, pág. 41].<br />

13Tito Livio, [26, Livro XXV, §31].<br />

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