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Contadores de Histórias - Histórias Interativas

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<strong>Contadores</strong> <strong>de</strong> <strong>Histórias</strong>: um exercício para muitas vozes<br />

14<br />

Portanto, falemos <strong>de</strong> pessoas e <strong>de</strong> indivíduos incluindo aí necessariamente as mulheres.<br />

Então, digo: somos seres que contam e ouvem histórias. E nisto as mulheres, até mais que<br />

os homens, são as gran<strong>de</strong>s contadoras <strong>de</strong> história: mães, babás, tias, avós, madrinhas...<br />

Po<strong>de</strong>mos avançar um pouco mais e dizer: o ser humano é não apenas um ser que<br />

conta histórias e ouve histórias, mas sobretudo é um ser que faz história. Fazer história<br />

é a suprema audácia dos humanos. Os romancistas, os cineastas e os lí<strong>de</strong>res sociais,<br />

por exemplo, operam isto mais claramente. Não se contentam em ser atores, querem<br />

também ser autores, protagonistas <strong>de</strong> seu tempo.<br />

Portanto, somos seres irremediavelmente históricos.<br />

Digo isto e penso: eis uma observação banal. Qualquer pessoa sabe disto, não é<br />

necessário ser um erudito para chegar a essa conclusão. Aliás, até os analfabetos, que<br />

alimentam seu imaginário <strong>de</strong> contações <strong>de</strong> estórias, sabem disto. Então, por que fazer<br />

essa observação?<br />

Primeiro por uma razão, digamos pleonasticamente, “histórica”. Ou seja, a contação<br />

<strong>de</strong> estórias passou a ser revalorizada <strong>de</strong> maneira notável nas últimas décadas, sobretudo<br />

a partir dos anos 1980. Uma diversificada bibliografia que permeia diversos ramos do<br />

conhecimento nos dá conta <strong>de</strong> uma verda<strong>de</strong>ira re<strong>de</strong>scoberta da arte <strong>de</strong> contar histórias.<br />

Isto está até mesmo nos consultórios psicanalíticos, que utilizam a “narrativida<strong>de</strong>” dos<br />

clientes como estratégia <strong>de</strong> tratamento, aperfeiçoando o que Freud há uns cem anos<br />

já praticara quando adotou “a cura pela palavra”, revalorizando assim a palavra falada<br />

capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>stravar neuroses e traumas.<br />

E isto se tornou tão visível e notável que as universida<strong>de</strong>s se voltaram para este fenômeno<br />

estudando o renascimento da contação <strong>de</strong> estórias em nossa cultura. Cursos <strong>de</strong><br />

contadores <strong>de</strong> história se espalham por todas as partes, ao mesmo tempo em que, paralelamente,<br />

cursos sobre leitura, casas <strong>de</strong> leitura, secretarias <strong>de</strong> leitura e até mesmo Cátedras<br />

<strong>de</strong> Leitura (a exemplo da PUC–Rio) começam a ser criados nas universida<strong>de</strong>s.<br />

Quer dizer, a leitura e a contação <strong>de</strong> estórias não apenas estão na moda, mas estão<br />

irremediavelmente geminadas.<br />

E isto, surpreen<strong>de</strong>ntemente, ocorre <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> televisiva altamente

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