15.04.2013 Views

Contadores de Histórias - Histórias Interativas

Contadores de Histórias - Histórias Interativas

Contadores de Histórias - Histórias Interativas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

alargamento do espaço do conhecido, como um salto livre para o que ainda não sei,<br />

para o que tenho vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber, ou até para o que sei, mas não sabia que sabia.<br />

Digamos que não é exatamente na escola, na igreja, na família ou no ambiente<br />

<strong>de</strong> trabalho que as pessoas do mundo <strong>de</strong> hoje são convidadas a esse tipo essencial <strong>de</strong><br />

busca <strong>de</strong> conhecimento.<br />

Mas é precisamente no SEMPRE da arte da Fantasia, on<strong>de</strong> os contos tradicionais<br />

milenares existem como expressão privilegiada e vigorosa, que esse convite é feito<br />

a qualquer um, criança ou adulto, sem cerimônia ou hierarquia, planejamentos ou<br />

dinâmicas <strong>de</strong> equipes <strong>de</strong> RH.<br />

É a própria estrutura narrativa, <strong>de</strong>senhada como uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações simbólicas,<br />

que pega cada um pela mão e a gente se vê num instante lá <strong>de</strong>ntro da estória brincando<br />

<strong>de</strong> cabaninha, enredando nossa própria história nas ações dos personagens.<br />

Na nossa vida, todos os dias <strong>de</strong> manhã acordamos para o <strong>de</strong>sconhecido, mas nós<br />

não nos lembramos disso.<br />

Nas culturas tradicionais os mitos, artefatos, cantos, danças e outras narrativas<br />

são documentos <strong>de</strong>ssa lembrança, são símbolos.<br />

Os contos tradicionais são uma substância que armazena, perpetua e difun<strong>de</strong><br />

conhecimento na forma <strong>de</strong> arte da Fantasia.<br />

Os contos dispõem uma situação que instiga nossa curiosida<strong>de</strong>, por meio <strong>de</strong> uma<br />

questão proposta logo no início da narrativa. E se a estória é boa, a gente se vê querendo<br />

saber “o que será que vai acontecer...<strong>de</strong>pois” . E pouco a pouco, como uma<br />

espécie <strong>de</strong> contrário da alienação, que nos fixa no limite e na impossibilida<strong>de</strong> (“eu<br />

sou assim, sabe, o que é que vou fazer...”), po<strong>de</strong>mos experimentar a liberda<strong>de</strong> do<br />

SEMPRE possível, num exercício <strong>de</strong> autonomia em que nos arriscamos a ficar horas<br />

<strong>de</strong>ntro do ventre <strong>de</strong> uma baleia, a voar nas costas <strong>de</strong> uma águia, a conversar com um<br />

cavalo que é um príncipe encantado por um bruxo.<br />

Visitar esse espaço do SEMPRE <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós, penso que é uma necessida<strong>de</strong>.<br />

Os contos tradicionais saco<strong>de</strong>m um lugar <strong>de</strong> confortável aparente certeza em que<br />

nos escoramos no dia a dia e <strong>de</strong>safiam em nós algum tipo <strong>de</strong> representação imaginária<br />

Regina Machado<br />

199

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!