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Contadores de Histórias - Histórias Interativas

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<strong>Contadores</strong> <strong>de</strong> <strong>Histórias</strong>: um exercício para muitas vozes<br />

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nas histórias contadas em sinais; no entanto, o registro <strong>de</strong> histórias contadas no passado<br />

permanece na memória <strong>de</strong> algumas pessoas surdas ou foram esquecidas. Desse<br />

modo, quando analisamos as histórias contadas em sinais, percebemos formas visuais<br />

do registro <strong>de</strong>ssas histórias, por exemplo, através da filmagem <strong>de</strong> histórias (fitas VHS,<br />

CD, DVD), <strong>de</strong> textos impressos que apresentam imagens, fotos e/ou traduções para<br />

o português. O registro da literatura surda começou a ser possível principalmente a<br />

partir do reconhecimento da Libras e do acesso à tecnologia, que possibilitaram formas<br />

visuais <strong>de</strong> registro dos sinais.<br />

As histórias contadas por surdos em línguas <strong>de</strong> sinais marcam a cultura surda, são<br />

caracterizadas pela experiência visual, corporificadas em prosa e verso <strong>de</strong> um modo<br />

singular, em que o enredo, a trama, a linguagem utilizada e os sinais evi<strong>de</strong>nciam<br />

o caminho da autorepresentação dos surdos na luta pelo estabelecimento do que<br />

reconhecem como suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, legitimando sua língua, suas formas <strong>de</strong> narrar as<br />

histórias, suas formas <strong>de</strong> existência, suas formas <strong>de</strong> ler, traduzir, conceber e julgar os<br />

produtos culturais que consomem e que produzem.<br />

Para a análise das produções culturais em comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> surdos, <strong>de</strong>slocamo-nos<br />

entre a diferença linguística e cultural, entre fronteiras <strong>de</strong>finidas e limites porosos, entre<br />

pessoas que compartilham a experiência visual e o uso <strong>de</strong> uma língua <strong>de</strong> sinais. Como<br />

pesquisadores, preocupa-nos o fato <strong>de</strong> que o que aparentemente são “histórias que nos<br />

fazem rir” possam, no entanto, servir para nutrir caricaturas e estereótipos. Entramos<br />

em cena à procura <strong>de</strong> histórias e, às vezes, involuntariamente, caminhamos em direção<br />

ao campo das construções do “outro”, nutrindo uma política <strong>de</strong> representação que frequentemente<br />

contribui para uma caricatura das mulheres e dos homens surdos.<br />

Uma vez que coletamos histórias <strong>de</strong> nossos contadores, a próxima etapa a <strong>de</strong>monstrar<br />

dificulda<strong>de</strong> envolve a interpretação, a tradução e a intraduzibilida<strong>de</strong>. Quando<br />

analisamos e traduzimos histórias/narrativas produzidas em língua <strong>de</strong> sinais, nós –<br />

pesquisadores — estamos inclinados a sermos atraídos pelo exótico, pelo bizarro, pelo<br />

violento. À medida que fazemos uma reflexão sobre as narrativas em sinais, nos sentimos<br />

na obrigação <strong>de</strong> explorar meticulosamente a rotina, o cotidiano, a experiência

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