Contadores de Histórias - Histórias Interativas
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<strong>Contadores</strong> <strong>de</strong> <strong>Histórias</strong>: um exercício para muitas vozes<br />
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mente, numa entida<strong>de</strong> externa, se alojam com tensões e complacências, nos sentimentos<br />
e afetos do oprimido, subjugando-o.<br />
De toda forma, para romper essa submissão, não po<strong>de</strong> ser dispensado nem o<br />
<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, nem as condições concretas <strong>de</strong> libertação, que precisam ser criadas<br />
e mobilizadas. Por isso, Paulo Freire valorizou a educação para a liberda<strong>de</strong>, como<br />
um exercício <strong>de</strong> autonomia, sempre inconcluso, em que os oprimidos se apropriam<br />
da vida, do mundo, para refazê-lo.<br />
Esses novos tipos <strong>de</strong> movimentos sociais, mesmo sob silenciamentos e suspeitas<br />
acadêmicas, foram construindo outras formas <strong>de</strong> ações políticas, intensificando solidarieda<strong>de</strong>s<br />
em circuitos crescentes, capilarizando-se e encontrando-se com aqueles até então<br />
banidos da fruição dos bens materiais e imateriais que a socieda<strong>de</strong> vinha produzindo.<br />
O avanço do capitalismo com suas forças necrófilas, foi <strong>de</strong>rrubando fronteiras<br />
(como entre as Alemanhas) para reduzir a criação <strong>de</strong> mundos possíveis, proclamando a<br />
urgência <strong>de</strong> sofisticar, globalizando um mundo único; mundo que as políticas neoconservadoras<br />
e neoliberais preten<strong>de</strong>m infligir a tudo e a todos, como o Império irrecusável.<br />
Mas o preço da participação nesse império é não somente alto, muito alto, mas<br />
impagável, pois atinge <strong>de</strong> muitos modos a vida, o planeta, os corpos, enfim, toda uma<br />
múltipla realida<strong>de</strong>, enredando-os em relações agenciadoras em que nem faltam coerções<br />
cruéis e explícitas, nem tão pouco manipulações sutis e sedutoras.<br />
Assim, apesar das ca<strong>de</strong>ias relacionais que se instalam e se apresentam como re<strong>de</strong>s<br />
inescapáveis, emerge <strong>de</strong>sse cerceamento formas múltiplas <strong>de</strong> afirmações <strong>de</strong> vida que<br />
vão instituindo fagulhas com que se constroem possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outros mundos mais<br />
solidários, em que as multiplicida<strong>de</strong>s se dispersam e confluem diferindo e singularizando<br />
sujeitos coletivos e individuais, pelas inter<strong>de</strong>pendências entre objetos e sujeitos,<br />
rompendo com as formas <strong>de</strong> organização binária da vida (Lazaratto, 2006).<br />
Portanto, escapando <strong>de</strong> concepções e práticas endurecidas pela imutabilida<strong>de</strong> das<br />
utopias, Negri e Hardt (2001) vão ressignificar a concepção e a prática <strong>de</strong> multidão,<br />
tomando-a como resistência, multiplicida<strong>de</strong> e potência, atualizando-a pela apropriação<br />
dos circuitos cibernéticos.