Caderno Teoria e Prática 3 - Inep
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uma significação, fazendo com que ela seja capaz de decidir como e para que escrever,<br />
de constatar a forma como se organiza a escrita e de compreender o significado e a<br />
finalidade de sua escrita.<br />
Vale lembrar, aqui, que os processos de formulação de hipótese são importantes<br />
para a criança, tanto na aquisição da linguagem oral como da escrita, pois é<br />
formulando hipóteses que ela vai compreender a língua com que tem contato.<br />
Na aquisição da linguagem oral, a criança vai experimentando suas hipóteses<br />
até certificar-se de que elas são boas ou desprezar as que julga menos boas. Também<br />
na aquisição da linguagem escrita, se forem colocados à sua disposição textos que<br />
lhe dêem margem para que ela levante e teste hipóteses sobre a língua, ela adquirirá<br />
esse tipo de linguagem de forma natural.<br />
Por outro lado, o ideal é que a alfabetização aconteça com textos elaborados<br />
pelas crianças e com todo tipo de textos que apresentem a escrita na sua forma<br />
holística(*), sem a preocupação com o controle das ocorrências dos fonemas. Dessa<br />
forma, as ocorrências que surgirem dão à criança a possibilidade de formular suas<br />
hipóteses e lhe permitem tirar conclusões sobre a linguagem escrita.<br />
A alfabetização deve desenvolver-se mediante textos elaborados a partir da<br />
realidade da criança, no momento em que o processo de alfabetização acontece.<br />
Dessa forma, todo o ensino de gramática torna-se desnecessário nesse período,<br />
principalmente porque, quando a criança chega à escola, ela já domina, na oralidade,<br />
a gramática natural de sua língua materna.<br />
Assim, o melhor é que a alfabetização seja conduzida pelo professor, sem<br />
a utilização de cartilhas, mas a partir do conhecimento e uso lingüísticos que a<br />
criança traz para a escola, pois, a partir de sua fala, das histórias que a criança conta<br />
e sabe, poderão ser produzidos textos muito mais significativos para ela. Além disso,<br />
histórias fazem parte do mundo da criança e livros de histórias devem ser materiais<br />
considerados essenciais no processo de aquisição da linguagem escrita.<br />
/.../<br />
O que vem acontecendo, na prática, é a imposição, pelo sistema, de materiais<br />
prontos que devem ser seguidos pelos professores e aceitos pelos alunos, sem que o<br />
professor e aluno possam trabalhar a alfabetização pensando ser essa um processo<br />
em que o sujeito seja o aluno, e o professor, um orientador desse aluno, que vive<br />
numa sociedade e precisa da linguagem escrita para firmar-se como sujeito ativo<br />
nas várias esferas em que for atuar.<br />
Se, em vez desse tipo de material abstrato, que é imposto pelo sistema, fosse<br />
apresentado um material concreto, que pertencesse ao mundo da criança, como é<br />
o caso da embalagem de produtos já conhecidos por ela; se lhe fossem contadas ou<br />
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