16.04.2013 Views

revista “Querer é Poder” - Instituto Pupilos do Exército

revista “Querer é Poder” - Instituto Pupilos do Exército

revista “Querer é Poder” - Instituto Pupilos do Exército

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Terminada a campanha de 1762, o Conde de Lippe <strong>do</strong>tou o Ex<strong>é</strong>rcito<br />

português de uma nova organização e de regulamentação para<br />

fomentar a disciplina e instrução <strong>do</strong>s efetivos. Assim, saben<strong>do</strong><br />

que o poder político o apoiava, publicou em 1762 «Instruções<br />

gerais relativas a várias partes essenciais <strong>do</strong> serviço diário», em<br />

1763 «Regulamento para o exercício e disciplina <strong>do</strong>s regimentos<br />

de Infantaria», sen<strong>do</strong> de destacar que cada regimento de<br />

infantaria passava a ter sete companhias, sen<strong>do</strong> a quarta de<br />

granadeiros; em 1764 foi a vez de publicar «Regulamentos para<br />

os regimentos de cavalaria», constituin<strong>do</strong> cada regimento com<br />

oito companhias, forman<strong>do</strong> quatro esquadrões e para «… os<br />

regimentos de Artilharia», que passariam a ter <strong>do</strong>ze companhias,<br />

incluin<strong>do</strong> uma de bombeiros.<br />

O Marechal-Conde determinou que passariam a existir<br />

no Ex<strong>é</strong>rcito vinte e cinco regimentos de Infantaria, um de<br />

voluntários reais, um da Armada, dez de Cavalaria e quatro de<br />

artilharia.<br />

O rei D. Jos<strong>é</strong> I determinou que um <strong>do</strong>s Regimentos de Infantaria,<br />

o que estava aquartela<strong>do</strong> na Calçada da Ajuda, passava a ser<br />

denomina<strong>do</strong> o Regimento de La Lippe. Havia grandes invejas.<br />

Parecia que o «estrangeiro» queria modificar e alterar tu<strong>do</strong>…<br />

Assim, nesse ano, ainda fez publicar legislação penal <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito<br />

em 29 artigos e que constituíam o Capítulo XXVI <strong>do</strong> regimento<br />

de 1763, os famosos artigos de guerra <strong>do</strong> Conde de Lippe. A<br />

disciplina era muito severa e copiava a prussiana.<br />

Posteriormente, continuan<strong>do</strong> as reformas <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito Português,<br />

preocupou-se sobremaneira com o nível educacional <strong>do</strong>s oficiais.<br />

O Real Col<strong>é</strong>gio <strong>do</strong>s Nobres, cria<strong>do</strong> em 1765 (no ano seguinte a<br />

ter saí<strong>do</strong> pela primeira vez de Portugal), passaria a dar aos jovens<br />

aristocratas os Preparatórios para Artilharia e Engenharia. Para<br />

acabar com a ignorância, como ele dizia, fomentou a criação de<br />

bibliotecas nas várias unidades militares. Os militares deveriam<br />

ler. Havia que desenvolver neles o gosto pela leitura, o que<br />

logicamente faria aumentar o nível da cultura geral.<br />

Incumbiu os engenheiros militares de fazerem cartas militares<br />

de várias regiões de Portugal e notou que seria «conveniente»<br />

mandar cartografar to<strong>do</strong> o território para, conhecen<strong>do</strong>-o bem,<br />

se poder mais facilmente providenciar à defesa <strong>do</strong> mesmo,<br />

acautelan<strong>do</strong> assim os interesses <strong>do</strong>s nacionais.<br />

Preocupou-se ainda em completar o sistema defensivo.<br />

Instituir um plano geral de fortificações por to<strong>do</strong> o país.<br />

Em Elvas, para proteger a cidade, man<strong>do</strong>u edificar um<br />

forte e que passou a ser conheci<strong>do</strong> pelo Forte de Lippe.<br />

Estabeleceu, ainda, um plano de uniformes e criou um<br />

armaz<strong>é</strong>m geral de fardamento no Arsenal <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito.<br />

Determinou ainda a realização de manobras militares periódicas. O<br />

treino e o profissionalismo eram essenciais para o sucesso militar.<br />

O Rei D. Jos<strong>é</strong> I, por alvará de 25 de janeiro de 1763,<br />

determinou que o Conde reinante passasse a ter o tratamento<br />

de Alteza Sereníssima, devi<strong>do</strong> à consanguinidade com ele<br />

próprio e com outros soberanos europeus e ainda pelo<br />

seu trabalho excecional em prol <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito Português.<br />

ESCRITOS<br />

Ao cabo de <strong>do</strong>is anos de grande labor resolveu partir. Nesse ano<br />

de 1764, em 5 de setembro, fazen<strong>do</strong> o balanço da sua obra na<br />

«Memória» que deixou ao Marquês de Pombal, escreveu que deixava<br />

um Ex<strong>é</strong>rcito em Portugal, assim como leis, regulamentos e artigos<br />

de guerra. Regressou ao seu país consciente da obra que fizera.<br />

Parece que não recebeu o pagamento que fora fixa<strong>do</strong> em 3000<br />

libras anuais. Consta que recusou ser pago em dinheiro, uma vez<br />

que era Conde reinante, e acharia esse pagamento pelos seus<br />

serviços deveras insultuoso, receben<strong>do</strong> apenas presentes <strong>do</strong> Rei de<br />

Portugal. Muito brioso e orgulhoso, frisou que seria para ele uma<br />

honra ver o seu trabalho reconheci<strong>do</strong> pelo soberano. Receberia,<br />

assim, com muito agra<strong>do</strong> os chama<strong>do</strong>s presentes honrosos.<br />

À despedida, o rei presenteou-o de forma magnânima e<br />

conservou-lhe a patente de Marechal General <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito<br />

português. Foi-lhe ofereci<strong>do</strong>: seis pequenos canhões de oiro<br />

maciço, pesan<strong>do</strong> cada um deles 32 libras de ouro, uma estrela<br />

de diamantes para colocar na sua Ordem da Águia Negra, uma<br />

O Conde de Lippe com o uniforme<br />

azul, ostentan<strong>do</strong> na sobrecasaca<br />

o símbolo da Ordem da Águia<br />

Negra da Prússia. (Museu Militar de<br />

Lisboa)<br />

miniatura <strong>do</strong> monarca português com moldura de brilhantes<br />

para colocar ao peito e um par de fivelas de diamantes.<br />

Figuras 4 e 5: Pistolas oferecidas por D. Jos<strong>é</strong> I ao Conde de Lippe. É de salientar<br />

a beleza destas peças de armaria. (Fotografias de Andr<strong>é</strong> Rodrigues, aluno nº 44<br />

<strong>do</strong> 9º Ano <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>do</strong>s <strong>Pupilos</strong> <strong>do</strong> Ex<strong>é</strong>rcito)<br />

O soberano já lhe tinha ofereci<strong>do</strong> duas belas pistolas, que<br />

presentemente se encontram na sala D. Jos<strong>é</strong> I, no Museu Militar<br />

em Lisboa.<br />

To<strong>do</strong>s reconheceram o seu excelente trabalho, at<strong>é</strong> mesmo<br />

a embaixada francesa em Lisboa, que dizia «que as tropas<br />

portuguesas andavam bem fardadas, bem pagas e muito bem<br />

treinadas desde que estavam sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Conde de Lippe».<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!