revista “Querer é Poder” - Instituto Pupilos do Exército
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e Desenvolvimento (CNUAD), no Rio de Janeiro em de 1992,<br />
declarou a “preservação da biodiversidade como um elemento<br />
fundamental para o desenvolvimento sustentável”.<br />
Existem várias definições para biodiversidade ou diversidade<br />
biológica, mas a mais completa <strong>é</strong> definida em termos de<br />
genes, esp<strong>é</strong>cies e ecossistemas, sen<strong>do</strong> vulgarmente usada para<br />
descrever o número e a variedade <strong>do</strong>s organismos vivos no<br />
planeta Terra.<br />
O nível gen<strong>é</strong>tico compreende a variabilidade gen<strong>é</strong>tica entre<br />
populações separadas ou entre indivíduos de uma mesma<br />
população. A diversidade ao nível das esp<strong>é</strong>cies inclui todas<br />
as esp<strong>é</strong>cies existentes numa determinada área ou em to<strong>do</strong> o<br />
planeta e a diversidade ao nível <strong>do</strong>s ecossistemas, ou diversidade<br />
ecológica, inclui a diversidade de processos ecológicos intra e<br />
interecossistemas.<br />
A biodiversidade deve incluir tanto o número (riqueza) de<br />
diferentes categorias biológicas, como a abundância relativa<br />
(equitabilidade) dessas categorias. Verifica-se, assim, que<br />
existe uma relação íntima entre esp<strong>é</strong>cies, genes e ecossistemas,<br />
bem como uma interdependência entre estes para possibilitar<br />
a existência de vida.<br />
Deve-se ter presente que o conceito de diversidade biológica<br />
inclui tamb<strong>é</strong>m as esp<strong>é</strong>cies <strong>do</strong>mesticadas ou cultivadas, ou seja<br />
aqueles organismos cuja evolução se encontra associada a<br />
processos de seleção e melhoramento efetua<strong>do</strong>s pelo Homem<br />
(seleção artificial).<br />
O número exato de esp<strong>é</strong>cies atualmente existentes <strong>é</strong> ainda<br />
desconheci<strong>do</strong>, apenas se encontram identificadas cerca de 1,5<br />
milhões de esp<strong>é</strong>cies. No entanto, estima-se que hoje na Terra<br />
possam existir cerca de 3-5 milhões.<br />
Para classificar as esp<strong>é</strong>cies animais e plantas em função<br />
<strong>do</strong> seu maior ou menor risco de extinção, identificar as<br />
ameaças, assim como conhecer as medidas de conservação<br />
necessárias para melhorar o estatuto das esp<strong>é</strong>cies ameaçadas<br />
e quase ameaçadas, existe um importante <strong>do</strong>cumento: o<br />
Livro Vermelho das Esp<strong>é</strong>cies Ameaçadas da UICN – “IUCN<br />
(International Union for Conservation of Nature) Red List of<br />
Threatened Species“.<br />
A nível mundial, segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s mais atuais deste Livro<br />
(2012), das 63,837 esp<strong>é</strong>cies avaliadas, 19,817 estão<br />
ameaçadas de extinção, incluin<strong>do</strong> 41% <strong>do</strong>s anfíbios, 33% <strong>do</strong>s<br />
recifes de corais, 25% <strong>do</strong>s mamíferos, 13% das aves e 30% de<br />
coníferas.<br />
Infelizmente, em Portugal tamb<strong>é</strong>m existem várias esp<strong>é</strong>cies<br />
ameaçadas, encontran<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>cumentadas no “Livro<br />
Vermelho <strong>do</strong>s Vertebra<strong>do</strong>s de Portugal”. Neste encontram-se<br />
classificadas as esp<strong>é</strong>cies de vertebra<strong>do</strong>s que utilizam o território<br />
nacional (peixes dulciaquícolas e migra<strong>do</strong>res, anfíbios e r<strong>é</strong>pteis,<br />
aves e mamíferos), em função da sua probabilidade de extinção,<br />
num da<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de tempo (consultar http://www.icnf.pt/portal/<br />
naturaclas/patrinatur/lvv).<br />
De acor<strong>do</strong> com UICN, as extinções de esp<strong>é</strong>cies, por dia,<br />
continuam a uma taxa 1,000 vezes superior, em relação ao<br />
34<br />
VOZ DA CIÊNCIA<br />
expectável. Como causa principal deste problema, pode-se<br />
mencionar o eleva<strong>do</strong> aumento demográfico verifica<strong>do</strong> a partir<br />
da Revolução Industrial. Este aumento teve como consequência<br />
a utilização crescente e a sobre-exploração <strong>do</strong>s recursos naturais,<br />
principalmente as florestas. A prática de desflorestação para o<br />
desenvolvimento da agricultura, construção de centros urbanos,<br />
indústrias, vias de comunicação e outras infraestruturas, tem<br />
conduzi<strong>do</strong> à destruição, degradação e fragmentação <strong>do</strong>s<br />
habitats naturais, promoven<strong>do</strong> de forma evidente a perda de<br />
biodiversidade.<br />
Para al<strong>é</strong>m destas causas, acrescenta-se ainda a poluição, as<br />
alterações climáticas, os incêndios, a caça e a pesca excessiva,<br />
a introdução de esp<strong>é</strong>cies exóticas e o aumento na dispersão de<br />
pragas e <strong>do</strong>enças, ações de responsabilidade humana.<br />
Nunca devemos esquecer que a biodiversidade tem um<br />
papel essencial na manutenção da estabilidade <strong>do</strong> planeta<br />
Terra.<br />
A comunidade científica defende que a preservação da<br />
diversidade biológica <strong>é</strong> fundamental para o normal<br />
funcionamento de to<strong>do</strong>s os ecossistemas. A perda de<br />
funções “gratuitas”<strong>do</strong>s ecossistemas, como a regulação <strong>do</strong><br />
clima, a purificação <strong>do</strong> ar, a polinização de culturas, o controlo<br />
de pragas, a proteção <strong>do</strong>s solos, a reciclagem <strong>do</strong>s nutrientes<br />
e a autodepuração das águas, são exemplos de processos que<br />
dependem da diversidade de seres vivos.<br />
Um outro argumento muito utiliza<strong>do</strong> na defesa e preservação<br />
da biodiversidade <strong>é</strong> o económico. Pelo facto da diversidade<br />
de formas de vida servirem como fonte de alimento e<br />
de mat<strong>é</strong>ria-prima, serem utilizadas em muitas atividades<br />
económicas e ainda muitos seres serem essenciais à<br />
sobrevivência <strong>do</strong> Homem. É o caso <strong>do</strong>s que servem de<br />
alimentos, os que permitem a produção de vacinas, antibióticos<br />
ou de outros medicamentos, cuja produção e desenvolvimento<br />
estão muito dependentes da existência de diversidade<br />
biológica. Mesmo os recursos biológicos para os quais ainda<br />
não se conhece, hoje, uma aplicação útil deverão, no entanto,<br />
ser preserva<strong>do</strong>s como opção para um uso futuro.<br />
Outros argumentos, frequentemente usa<strong>do</strong>s para justificar a<br />
preservação da diversidade biológica, são de caráter <strong>é</strong>tico e<br />
filosófico. Este tipo de argumentação defende que as esp<strong>é</strong>cies<br />
têm valor intrínseco, apenas pelo facto de existirem,<br />
independentemente <strong>do</strong> uso ou benefícios diretos que delas<br />
possam derivar. A diversidade biológica <strong>é</strong> ainda fonte de<br />
inspiração artística, cultural ou científica e tamb<strong>é</strong>m por<br />
estas razões deverá ser preservada, por razões est<strong>é</strong>ticas.<br />
Devi<strong>do</strong> à importância da biodiversidade para a nossa<br />
sobrevivência, a Assembleia-Geral das Nações Unidas<br />
declarou em Março de 2011 que o perío<strong>do</strong> entre esse ano e<br />
2020 seria intitula<strong>do</strong> de D<strong>é</strong>cada das Nações Unidas para a<br />
Biodiversidade. Este perío<strong>do</strong>, tem como objetivos principais<br />
a promoção e implementação de um plano estrat<strong>é</strong>gico para a<br />
biodiversidade e a criação da visão segun<strong>do</strong> a qual o Homem<br />
deve viver em harmonia com a natureza.<br />
Neste plano estrat<strong>é</strong>gico para a biodiversidade definiram-se