UM MUNDO UMA ENERGIA - Edp
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Conciliação da vida pessoal e profissional<br />
altavoltagem<br />
Opinião<br />
Nuria Chinchilla e Francisco Gay Puyal<br />
Conciliação<br />
da vida profissional,<br />
familiar e pessoal<br />
O PROCESSO DE MUDANÇA QUE ESTAMOS A<br />
viver em relação à conciliação da vida profissional,<br />
familiar e pessoal situou-nos num presente<br />
vivo e em ebulição. De tal maneira vivo e em<br />
ebulição, que consideramos oportuno fazer uma<br />
reflexão e uma análise dos seus fundamentos.<br />
Não é de todo fácil, à margem das mudanças<br />
induzidas pela agilíssima evolução tecnológica,<br />
encontrar exemplos de tão rápida evolução e desenvolvimento,<br />
como o que se tem verificado até<br />
agora, em torno da conciliação. Tanto ao nível<br />
do próprio conceito, como na prática.<br />
É certo que ainda estamos longe do desejável.<br />
É certo que ainda falta muito caminho para percorrer,<br />
mas vale a pena recordar que estamos a falar<br />
de uma mudança cultural que afecta toda a sociedade<br />
e, nela, todas as suas classes sociais, e consequentemente<br />
todas as pessoas. E tal requer o seu<br />
tempo, como todos nós sabemos muito bem.<br />
O nosso âmbito de especialidade é a direcção<br />
de pessoas nas organizações e, portanto, cingirnos-emos<br />
a essa questão: às pessoas enquanto<br />
pessoas e enquanto profissionais, e às empresas.<br />
Há, é claro, muitos outros âmbitos a analisar.<br />
Mas aqui iremos tratar do que conhecemos melhor.<br />
Não é por acaso que somos pioneiros na<br />
investigação, docência e divulgação no âmbito da<br />
conciliação trabalho e família, assim como na implantação<br />
e desenvolvimento de sistemas e modelos<br />
de gestão nas empresas, facilitadores da con-<br />
52 | On<br />
ciliação da vida pessoal, profissional e familiar das<br />
pessoas que as integram.<br />
A EVOLUÇÃO DO PRÓPRIO<br />
TERMO “CONCILIAÇÃO”<br />
O processo que seguiu a conciliação já tem um<br />
passado razoável, e suficientemente ilustrativo<br />
que permite a análise a partir da qual se deverá<br />
basear a reflexão.<br />
Comecemos pelo próprio termo e, com ele,<br />
o próprio conceito: Conciliação.<br />
Inicialmente, o termo referia-se – fundamentalmente<br />
ainda que com excepções – à necessidade<br />
de concretização de medidas facilitadoras<br />
da conciliação. Medidas que compreendiam desde<br />
leis e políticas de Estado, passando por políticas<br />
e medidas nas empresas, até à obtenção de<br />
factores de satisfação extrínsecos: os que chegam<br />
do exterior.<br />
A necessidade era – sem que o passado signifique<br />
o final – originada e impulsionada pela problemática,<br />
fundamentalmente feminina e crescente,<br />
no que respeita à percentagem de pessoas<br />
afectadas pelas jornadas duplas de trabalhos e pelas<br />
dificuldades e obstáculos, tanto na sociedade<br />
como na empresa, para o desenvolvimento de<br />
uma vida que pode ser vivida nos seus diferentes<br />
âmbitos.<br />
Hoje, mantendo essa acepção, na medida em<br />
que continua a haver necessidade, o conceito con-<br />
ciliação vai sofrendo variações, nomeadamente<br />
terminológicas, pois temos vindo a descobrir<br />
novas necessidades, enquanto vamos, de forma<br />
razoável, satisfazendo outras.<br />
Daí, por exemplo, que tenham vindo a surgir<br />
termos como: harmonização, integração, equilíbrio,<br />
gestão integral do portfólio vital, etc.<br />
E foram então aparecendo com mais força as<br />
necessidades intrínsecas e, com elas, a pesquisa<br />
de factores de satisfação intrínsecos. Uma evolução<br />
lógica na conduta humana, que nos foi transportando<br />
para a descoberta da necessidade do<br />
auto-desenvolvimento pessoal e profissional e,<br />
como tal, para a procura do modo de harmonizar<br />
e equilibrar interesses entre os diferentes âmbitos<br />
vitais.<br />
CONCILIA A PESSOA. OS OUTROS,<br />
SE ASSIM O DESEJAREM, AJUDAM<br />
Foi-se tornando evidente algo que, em princípio,<br />
surgia oculto ou dissimulado: quem concilia é a<br />
pessoa. Os restantes agentes activos na conciliação,<br />
que os há, devem ser agentes activos na ajuda<br />
e facilitação. Mas somente a pessoa concilia.<br />
Os outros, se assim o desejarem, ajudam.<br />
Fomos descobrindo que conciliar é um verbo<br />
de acção que necessita de um projecto pessoal<br />
prévio, no qual as prioridades estão claramente<br />
definidas. Não pode conciliar quem não sentir<br />
necessidade de o fazer, e dificilmente sentirá