Fernando Pessoa 2.pdf - Webnode
Fernando Pessoa 2.pdf - Webnode
Fernando Pessoa 2.pdf - Webnode
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
XII<br />
LOS PASTORES de Virgilio tocaban flautas y otras cosas<br />
Y cantaban de amor literariamente.<br />
(después —yo nunca leí a Virgilio.<br />
¿Para qué habría yo de leerlo?)<br />
Pero los pastores de Virgilio, pastores, son Virgilio,<br />
Y la Naturaleza es bella y antigua.<br />
LEVE, LEVE, muy leve,<br />
Un viento muy leve pasa<br />
Y se va, siempre muy leve.<br />
Y yo no sé lo que pienso<br />
Ni busco saberlo<br />
XIII<br />
XIV<br />
NO ME IMPORTAN las rimas. Raras veces<br />
Hay dos árboles iguales, uno al lado del otro.<br />
Pienso y escribo así como las flores tienen color<br />
Mas con menos perfección en mi modo de expresarme<br />
Porque me falta la simplicidad divina<br />
De ser todo sólo mi exterior.<br />
Miro y me conmuevo,<br />
Me conmuevo como el agua que corre cuando el suelo se inclina,<br />
Y lo que escribo es natural como cuando se eleva el viento...<br />
114<br />
XV<br />
AS QUATRO canções que seguem<br />
Separam-se de tudo o que eu penso,<br />
Mentem a tudo o que eu sinto,<br />
São do contrário do que eu sou...<br />
Escrevi-as estando doente<br />
E por isso elas são naturais<br />
E concordam com aquilo que sinto,<br />
Concordam com aquilo com que não concordam...<br />
Estando doente devo pensar o contrário.<br />
Do que penso quando estou são.<br />
(Senão não estaria doente),<br />
Devo sentir o contrário do que sinto<br />
Quando sou eu na saúde,<br />
Devo mentir à minha natureza<br />
De criatura que sente de certa maneira...<br />
Devo ser todo doente — ideias e tudo.<br />
Quando estou doente, não estou doente para outra cousa.<br />
Por isso essas canções que me renegam<br />
Não são capazes de me renegar<br />
E são a paisagem da minha alma de noite,<br />
A mesma ao contrário...<br />
XVI<br />
QUEM ME DERA que a minha vida fosse um carro de bois<br />
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,