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Edição especial - Visão

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GUERRA DO GOLFO II Há 12 anos<br />

RECORDAÇÃO<br />

Golfo, parte I<br />

A guerra de 1991 teve como resultado visível<br />

a libertação do Kuwait. Mas o conflito de 43 dias<br />

que causou «apenas» 340 baixas entre as forças<br />

aliadas não destronou o ditador de Bagdad,<br />

agora na mira do filho do Bush de há 12 anos<br />

Quando começou efectivamente a<br />

Guerra do Golfo? Quando os primeiros<br />

tanques atravessaram o<br />

deserto do Sul do Iraque e invadiram<br />

o Kuwait para se apoderarem das<br />

suas ricas reservas petrolíferas? Ou muitos<br />

anos antes, quando as autoridades imperialistas<br />

britânicas retalharam o Médio<br />

Oriente?<br />

Apesar de os analistas terem evidenciado<br />

até à exaustão a pesada herança deixada<br />

pelo poder colonial europeu, que traçou<br />

as fronteiras dos actuais Estados do<br />

Golfo sem respeitar etnias, tribos e a multissecular<br />

história da região, oficialmente<br />

a Guerra do Golfo começou quando, em<br />

2 de Agosto de 1990, os blindados de<br />

Saddam Hussein cruzaram a fronteira<br />

com o Emirado do Kuwait.<br />

A riqueza do pequeno Estado governado<br />

por Jaber al-Ahmad al-Jaber contrastava<br />

em 1990 com a difícil situação económica<br />

do Iraque, resultado de uma sangrenta<br />

guerra de sete anos contra o Irão.<br />

Foi durante esse conflito que Saddam estabeleceu<br />

um arsenal e um poderio militares<br />

ímpares na região. Mas os cofres estavam<br />

vazios, e o preço do petróleo, perigosamente<br />

baixo, impedia a recuperação.<br />

Em 17 de Julho, Saddam acusou o Kuwait<br />

e os Emirados Árabes Unidos de<br />

inundarem de petróleo o mercado internacional,<br />

mantendo os preços demasiado<br />

baixos. E, apontando directamente o dedo<br />

ao vizinho Kuwait, acusou-o de «secar»<br />

o campo petrolífero de Rumaila,<br />

uma reserva junto à fronteira disputada<br />

pelos dois países. O ministro dos Negócios<br />

Estrangeiros iraquiano insistiu então<br />

no perdão de 30 mil milhões de dólares<br />

da dívida externa do seu país, compensação<br />

por aqueles alegados crimes. Enquanto<br />

ainda ecoavam os discursos, os tanques<br />

de Bagdad tomavam posições junto da<br />

fronteira com o Emirado.<br />

No dia 25, a embaixadora americana<br />

April Glaspie encontra-se com Saddam e<br />

dá-lhe a conhecer a posição do seu Governo:<br />

os EUA não assistirão passivos ao decorrer<br />

dos acontecimentos. As negociações<br />

entre o Iraque e o Kuwait também<br />

não correm pelo melhor e são interrompidas<br />

a 1 de Agosto. No dia seguinte, tudo se<br />

precipita: os primeiros tanques atravessam<br />

a fronteira, obrigando o emir ao exílio.<br />

Americanos enviam tropas<br />

Após a invasão, as reacções fizeram-se<br />

sentir em capitais de todo o mundo.<br />

George Bush (pai do actual Presidente<br />

dos EUA) protesta de imediato contra a<br />

acção militar, manda congelar os bens<br />

dos dois países na América e põe em alerta<br />

as suas forças militares estacionadas no<br />

Médio Oriente. Na Arábia Saudita, o país<br />

com as maiores reservas de petróleo do<br />

mundo, instala-se o pânico – e se Saddam<br />

decide também ocupar o país, tornando-<br />

-se dono e senhor de metade das reservas<br />

petrolíferas mundiais?<br />

O pedido de ajuda militar aos EUA é<br />

feito pelo reino saudita a 7 de Agosto. Enquanto<br />

soldados americanos das equipas<br />

de intervenção rápida começam a preparar-se<br />

para uma viagem até às areias do<br />

deserto, o Conselho de Segurança da<br />

ONU faz passar uma resolução condenando<br />

a invasão e impondo um embargo<br />

comercial ao país. A União Soviética, a viver<br />

a Primavera de Gorbachev, não se<br />

opõe aos americanos, e começa a formar-<br />

-se uma vasta coligação internacional.<br />

Para os americanos, a operação militar<br />

é a maior de sempre após a Guerra do<br />

Vietname. Cerca de 230 mil soldados recebem<br />

guia de marcha para a Arábia Saudita<br />

e é estabelecida a maior ponte aérea<br />

de sempre entre dois países. Aviões F15,<br />

F16, F111 e F117 são enviados para o<br />

Golfo, juntamente com o mais variado<br />

material de suporte. A máquina de guerra<br />

americana é posta em movimento.<br />

Entretanto, no Kuwait e no Iraque,<br />

Saddam manda prender cidadãos de países<br />

ocidentais – americanos, ingleses, mas<br />

também portugueses e suíços – e ordena<br />

que sejam colocados em instalações militares<br />

estratégicas, funcionando como escudos<br />

humanos contra possíveis ataques<br />

das forças dos EUA. Permanecerão detidos<br />

até Dezembro. Os primeiros relatos<br />

sobre a situação dentro do Emirado também<br />

são desanimadores: pilhagens, tortura,<br />

assassínios e roubos são prática comum<br />

das forças ocupantes.<br />

A aliança<br />

Em Novembro, Bush decide um reforço<br />

da presença militar americana no Golfo,<br />

duplicando o número de efectivos<br />

(atingirá os 500 mil homens). No dia 29,<br />

64 VISÃO 21 de Março de 2003<br />

AP/J.SCOTT APPLEWHITE

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