Edição especial - Visão
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GUERRA DO GOLFO II A ofensiva<br />
COMO UM MURRO NOS QUEIXOS<br />
ras etapas» da libertação do Iraque.<br />
Depois do coro de protestos que se<br />
levantou em todo o mundo, do fracasso<br />
das batalhas diplomáticas, da retirada<br />
forçada da segunda resolução no<br />
Conselho de Segurança das Nações<br />
Unidas, a ideia com que se fica é que os<br />
planos de batalha foram alterados de<br />
forma a tentar garantir um início de<br />
guerra o mais limpo possível. A aposta<br />
foi mais na demonstração de força do<br />
que no peso ou no número de bombas<br />
despejadas.<br />
Como o Pentágono foi o primeiro a<br />
reconhecer, a guerra começou com<br />
uma tentativa de a substituir, com um<br />
pouco de sorte, por uma simples operação<br />
de eliminação de Saddam, em quase<br />
tudo semelhante à ordenada, em<br />
1999, por Bill Clinton contra Bin Laden,<br />
no Afeganistão. Era quase como<br />
ganhar a lotaria: vencer a guerra com<br />
um único tiro. Apenas com um míssil<br />
contra Saddam.<br />
Os estrategos do Pentágono chamaram-lhe<br />
«janela de oportunidade». Ao<br />
que parece, o ataque surpresa foi fruto<br />
de uma operação complexa que incluiu<br />
informações secretas, espionagem electrónica,<br />
acção de militares de operações<br />
especiais e uma tecnologia apura-<br />
Bagdad já está<br />
a arder<br />
No segundo dia da guerra, os iraquianos deitaram-se<br />
com Bagdad em chamas. Na quinta-feira,<br />
20, menos de 15 horas depois do primeiro<br />
assalto, uma segunda vaga de ataques<br />
com bombas anti-bunker e mísseis de cruzeiro<br />
Tomahawk guiados por satélite atingiu a<br />
cidade às 21 horas locais (18 horas em Lisboa),<br />
incendiando três edifícios governamentais.<br />
As explosões sucederam-se com intervalos<br />
de segundos, durante dez minutos. Um<br />
mar de chamas e espessas colunas de fumo<br />
eram visíveis na margem esquerda do rio Tigre,<br />
onde está situado o Ministério das Comunicações<br />
e do Planeamento. As chamas<br />
consumiram parte do edifício que alberga os<br />
escritórios do vice-presidente Tarek Aziz, e<br />
um outro, de quatro andares, situado junto<br />
de um palácio presidencial. Uma densa e negra<br />
coluna de fumo foi vista também por cima<br />
da refinaria de Al Dura, na zona sul da capital<br />
iraquiana. Os aviões voaram a baixa al-<br />
REUTERS/FALEH KHEIBER<br />
REUTERS/RUSSELL BOYCE<br />
da, que permitiu aos comandos militares<br />
alterarem, rapidamente, as coordenadas<br />
dos mísseis cruzeiro para um<br />
ataque preciso e directo contra o palácio<br />
onde se pensava que estivesse a<br />
dormir o líder iraquiano, os seus filhos<br />
Qusai e Odai, bem como grande parte<br />
da estrutura dirigente do regime. Saddam<br />
percebeu bem o objectivo desse<br />
ataque. E por isso apareceu, na manhã<br />
de quinta-feira, 20, na televisão iraquia-<br />
titude, mas de nada valeram os tracejados<br />
das antiaéreas que coloriram os céus nocturnos<br />
de Bagdad. De resto, o fogo defensivo<br />
iraquiano tem sido menos vigoroso do que<br />
aquele que se verificou às primeiras horas da<br />
‘ESTOU VIVO’<br />
Pouco depois do primeiro<br />
ataque, Saddam apareceu<br />
na televisão<br />
na, pouco tempo após as explosões.<br />
Apenas para provar que estava vivo.<br />
Apesar dessa aparição de Saddam na<br />
televisão, alguns militares norte-americanos<br />
continuavam a acreditar, ao fim<br />
do dia de quinta-feira, que tinham conseguido,<br />
pelo menos, debilitar a cadeia<br />
de comando iraquiana, minando-lhe o<br />
poder de coordenação.<br />
A reacção das forças de Bagdad limitou-se<br />
ao lançamento de alguns mísseis<br />
EM MISSÃO<br />
Um F-18 parte da base<br />
no Kuwait para o ataque<br />
primeira Guerra do Golfo, em Janeiro de<br />
1991. A última sirene soou à meia-noite, hora<br />
local, assinalando o fim do alerta aéreo. E<br />
toda a noite a televisão mostrou imagens de<br />
Saddam Hussein reunido com os membros<br />
10 VISÃO 21 de Março de 2003