Edição especial - Visão
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GUERRA DO GOLFO II<br />
CONTRA BUSH<br />
E DURÃO<br />
Os protestos frente<br />
à embaixada<br />
americana<br />
PROTESTOS<br />
A outra superpotência<br />
Os manifestantes globais querem derrotar a guerra,<br />
gritando palavras de ordem e organizando protestos<br />
em simultâneo em todo o mundo. O primeiro alvo<br />
foram as embaixadas dos EUA<br />
PAULO PENA E LUÍS RIBEIRO<br />
Estava prometido: assim que caíssem<br />
as primeiras bombas em<br />
Bagdad, os opositores da guerra,<br />
reunidos no Fórum Social Mundial,<br />
sairiam às ruas das principais cidades<br />
do mundo. Assim foi. Ontem, quinta-feira,<br />
20, Lisboa viu cinco telas brancas<br />
gigantes caírem das ameias e torreões<br />
do Castelo de São Jorge, uma caravana<br />
de automóveis a debitar o som<br />
das sirenes antiaéreas e uma concentração<br />
de 2 mil pessoas em frente da<br />
embaixada dos EUA.<br />
Voltaram os cartazes que exibem Durão<br />
Barroso com o chapéu do Tio Sam,<br />
empunhando uma pistola. Voltaram os<br />
gritos de «paz sim, guerra não». À porta<br />
da residência oficial do primeiro-ministro<br />
(ausente em Bruxelas, onde participa<br />
numa reunião do Conselho Europeu),<br />
a caravana automóvel da União<br />
de Sindicatos de Lisboa, da CGTP, pôs<br />
as buzinas a gritar. Antes, no ponto de<br />
partida, às quatro da tarde, no Rossio<br />
(agora baptizado de Praça da Paz), alternavam-se<br />
discursos contra a guerra,<br />
com altifalantes sindicalistas a incentivar<br />
o combate ao Pacote Laboral e às<br />
privatizações. Mas «sinto repúdio pelo<br />
que está a acontecer no Iraque», diz Vítor<br />
Oliveira, 55 anos, enquanto se esconde<br />
atrás de um cartaz negro com a<br />
inscrição «irracionais», emoldurada por<br />
esqueletos de borracha «para as pessoas<br />
perceberem o que é a guerra». Para os<br />
que já perceberam, trata-se de organizar<br />
a resistência. A apresentadora de televisão<br />
Maria João Seixas e a jornalista<br />
Diana Andringa juntaram-se às autarcas<br />
de Palmela, Ana Teresa Vicente<br />
(PCP), de Salvaterra, Ana Cristina Ribeiro<br />
(BE), à professora universitária<br />
Isabel Allegro e às socialistas Ana Catarina<br />
Mendes e Maria Carrilho, para lançarem<br />
um apelo – que lembra as manifestações<br />
pela autodeterminação de Timor:<br />
colocar lençóis brancos nas janelas<br />
e varandas.<br />
No alto da colina do Castelo, os panos<br />
não resistiram muito tempo. Alguns<br />
elementos da Polícia Municipal (PM),<br />
trajando à civil, acabaram com a acção<br />
lPANOS BRANCOS NO CASTELO DE SÃO JORGE<br />
Os opositores à guerra querem vê-los nas janelas e varandas de todo o País<br />
82 VISÃO 21 de Março de 2003<br />
LUÍS BARRA<br />
GONÇALO ROSA DA SILVA