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Já em relação aos motivos que foram determinantes para a consolidação do setor automotivo
no Brasil, as análises se dividem entre aquelas que de um lado destacam a ação estatal, a
exemplo da determinação do fechamento do mercado às importações de veículos, a exigência
de um índice mínimo de nacionalização dos componentes dos carros montados no Brasil e a
concessão de um pacote de incentivos financeiros e, de outro lado, as análises que consideram
o investimento estrangeiro como sendo um elemento fundamental da estratégia das
montadoras em um cenário caracterizado pela saturação dos mercados internos na Europa e
nos Estados Unidos, fazendo com que as grandes multinacionais do setor iniciassem, de
forma mais agressiva, a busca por novos mercados consumidores, justamente num contexto
onde os fluxos de capitais privados estavam retornando à América Latina (SHAPIRO, 1997).
Vale destacar ainda as análises que levam em consideração as crescentes taxas de crescimento
no Produto Nacional Bruto (PNB), nas décadas de 1950 e 1960, acompanhado de forte
potencial do mercado consumidor de veículos no país, em razão da elevada demanda
reprimida desse período. Logo, de acordo com essas análises, mesmo sem o pacote de
incentivos previstos pelo governo essas montadoras se instalariam no Brasil.
Nesse contexto [de internacionalização], a primeira implicação que os fabricantes
estrangeiros poderiam extrair da anunciada política governamental brasileira era a de
que estar ausente da indústria emergente significaria estar totalmente excluído do
mercado brasileiro, já que se esperava uma proteção efetiva para a nova produção
nacional. Sob este ponto de vista, a política governamental foi decisivamente
persuasiva no sentido de engajar as empresas estrangeiras nas atividades de
produção no país. Por outro lado, pode-se argumentar que, devido à própria
dinâmica de crescimento da indústria internacional, uma empresa estrangeira seria
levada, mais cedo ou mais tarde, a sair à frente de suas concorrentes e começar a
produzir no Brasil, independente de qualquer incentivo governamental prévio,
contando apenas com uma futura restrição nas importações de CBU (carros
completamente montados) e de CKD. A política governamental teria apenas
percebido, ou quando muito antecipado, uma tendência existente. (GUIMARÃES,
1980, p. 169-170 apud SHAPIRO, 1997, p. 71).
Independente das diversas análises feitas, se enfáticas em relação à atuação do Estado
brasileiro ou destacando o contexto econômico internacional e a necessidade de conquista de
novos mercados por parte das montadoras, fica claro que a consolidação do parque industrial
automotivo no Brasil, localizado inicialmente no estado de São Paulo, teve um papel
fundamental para o desenvolvimento da industrialização no país.
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