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Tomando como base as idéias liberais de “neutralidade do Estado” e “construção do
consenso”, o pensamento neoliberal buscou difundir a idéia de que existem valores universais,
que formam uma espécie de lastro societal imprescindível para a coexistência entre os
indivíduos e que, por isso, devem servir como paradigma. No entanto, Mouffe (1996) mostra
que essa tentativa de difundir “valores universais” está alicerçada em uma ideologia que
despreza a dimensão política das relações sociais para realçar apenas os aspectos éticos e
econômicos. Evidentemente, valorizar a existência de um pretenso consenso, em detrimento
do político é ter como objetivo ocultar a necessidade do debate, assim como a existência do
conflito e dos antagonismos inerentes a qualquer tipo de sociedade. Como afirma Mouffe
(1996), “el liberalismo nos ofrece una imagem de la sociedad bien ordenada como una
sociedad de la cual han desaparecido el antagonismo, la violencia, el poder y la represión”.
Bem, a história mostrou que em razão da crise do Estado de Bem-Estar as idéias neoliberais
acabaram, realmente, se transformando em valores universais, principalmente no campo
econômico, pois, além da Inglaterra, na gestão de Margareth Thatcher e dos Estados Unidos,
no governo Ronald Reagan, outros governantes, até mesmo os de esquerda, eleitos na década
de 1980, como Miterrand, na França; González, na Espanha e Papandreou, na Grécia,
acabaram, embora tenham resistido o possível, adotando políticas de caráter neoliberal. Para
por fim à crise, os neoliberais acreditavam que os Estados deveriam lançar mão das seguintes
medidas:
• Atacar os “privilégios” do movimento sindical;
• Iniciar um programa de disciplina orçamentária;
• Efetuar uma reforma fiscal (cobrança de menos impostos para os rendimentos mais
altos para incentivar o investimento dos agentes econômicos);
• Manutenção de uma taxa “natural de desemprego”;
• Implementar um programa de privatizações.
• Abolir o controle sobre o fluxo financeiro;
• Contrair a emissão monetária, como forma de reduzir o consumo e conter a inflação.
Considerando-se as peculiaridades de cada país na aplicação dessas políticas, podemos
afirmar que, em grande medida, houve a adoção do receituário neoliberal na maioria das
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