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Gorz conclui que essa crise não se limita apenas a uma mudança de caráter cultural, mais que
isso, está relacionada às modificações objetivas na estrutura material da sociedade.
Robert Castel (1998) sintetiza de forma precisa as conseqüências da aplicação das políticas
neoliberais ocorridas nas últimas décadas, para o conjunto da sociedade.
• Enfraquecimento da condição salarial, que o autor caracteriza como acesso ao
consumo, numa situação de pleno emprego, proteção social garantida pelo Estado e
acesso a bens sociais;
• A existência de um contingente de “supranumerários”, que passam a ser “inúteis para
o mundo”.
• Aumento dos contratos por tempo determinado, principalmente na França;
• Aumento do desemprego entre os jovens;
• Aumento da precarização e flexibilização do trabalho, em suas mais variadas formas;
• A desestabilização dos estáveis: uma parte da classe operária integrada e dos
assalariados da pequena classe média está ameaçada de oscilação;
• A instalação na precariedade: desemprego, trabalho aleatório e deficiência da proteção
estatal;
2.1 O neoliberalismo no Brasil
Ao contrário de outras nações da América do Sul, o Brasil foi o último país da região a
implantar o receituário neoliberal. Isso se explica, dentre outros fatores, pelo contexto político
do país entre o final da década de 1970 e o início dos anos 1980, quando os movimentos
sociais ganharam força e projeção no embate com a ditadura militar. Nesse período, o país
presenciou o surgimento do chamado “novo sindicalismo”, na região do ABC Paulista,
organizando diversas greves e manifestações; a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e
de centrais sindicais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) em 1983 e Central Geral
dos Trabalhadores (CGT) em 1986. Logo, esse ambiente de contestação e reivindicação por
condições dignas de existência, que pressionava o Estado a investir mais recursos na área
social e a adotar uma política macroeconômica que fizesse o país sair da crise em que se
encontrava, não era propício à aplicação de políticas de cunho neoliberal. Com o fim do
regime militar, em 1985, José Sarney assumiu a Presidência da República e vários planos
econômicos foram implementados, com o objetivo de conter o avanço da inflação e promover
o crescimento do país. No entanto, os objetivos estabelecidos não foram alcançados e, nesse
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