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como as restrições aos créditos, a compra das autopeças nacionais por empresas estrangeiras.<br />
Nesse con<strong>texto</strong>, montadoras e fornecedores estrangeiros iniciaram um processo <strong>de</strong> integração<br />
vertical da produção, dispensando a subcontratação <strong>de</strong> peças junto a alguns dos antigos<br />
fornecedores (ADDIS, 1997).<br />
Por outro lado, a tentativa do governo militar <strong>de</strong> conter o processo inflacionário usando como<br />
principal medida o controle <strong>de</strong> preços possibilitou a formação <strong>de</strong> cartéis li<strong>de</strong>rados por uma<br />
parcela dos antigos fornecedores <strong>de</strong> autopeças - cerca <strong>de</strong> sessenta empresas - que outrora<br />
haviam perdido espaço no mercado, em razão, <strong>de</strong>ntre motivos outros, da falta <strong>de</strong> regulação<br />
estatal. Dessa forma, a cartelização funcionou como uma espécie <strong>de</strong> horizontalização, uma<br />
vez que as autopeças passaram a controlar os preços dos componentes necessários à produção<br />
automotiva. Como afirma Addis,<br />
Ao concordarem sobre preços mínimos e prazos <strong>de</strong> pagamento, e ao distribuírem<br />
entre si as encomendas das montadoras, as autopeças lograram amortecer o impacto<br />
das flutuações do mercado e criar uma diversificação mais lucrativa <strong>de</strong> produtos [...]<br />
Apesar das práticas comerciais restritivas, as empresas que organizaram fortes<br />
cartéis <strong>de</strong> produtores foram, <strong>de</strong> um modo geral, as mais inovadoras, as que mais<br />
investiram e as mais preocupadas com a qualida<strong>de</strong>. Enquanto contribuíam <strong>para</strong><br />
elevar os preços domésticos, os cartéis também possibilitavam que um pequeno<br />
grupo <strong>de</strong> fornecedores investisse e alcançasse a qualida<strong>de</strong> exigida <strong>para</strong> o mercado<br />
exportador. Novamente, tal como na primeira fase da implantação do setor, os<br />
fornecedores passaram a conduzir não só a produção, mas também outras práticas<br />
industriais. (ADDIS, 1997, p. 143-144).<br />
Em 1979, no governo do general Ernesto Geisel, a adoção <strong>de</strong> algumas medidas econômicas,<br />
como o restabelecimento do protecionismo, do controle estatal, a adoção <strong>de</strong> normas mais<br />
criteriosas <strong>de</strong> importação e a edição da Resolução 63, que proibia as montadoras <strong>de</strong><br />
produzirem verticalmente componentes que já eram adquiridos junto aos fornecedores, ajudou<br />
as autopeças a recuperarem os vínculos <strong>de</strong> longo prazo com as montadoras, além <strong>de</strong><br />
fortalecerem ainda mais a cartelização no setor.<br />
Com essas medidas, as autopeças passaram a operar em um cenário mais favorável,<br />
possibilitando a administração da concorrência entre as empresas do setor e o investimento na<br />
busca por padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que a cre<strong>de</strong>nciassem a aten<strong>de</strong>r às exigências do mercado<br />
internacional. De acordo com Addis (1997), as exportações <strong>de</strong> autopeças cresceram<br />
significativamente a partir do início da década <strong>de</strong> 1980, quando foi exportado 1,2 bilhão <strong>de</strong><br />
dólares, chegando a atingir 2,3 bilhões em 1992. No entanto, vale salientar, ainda <strong>de</strong> acordo<br />
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