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Academia Espírito-santense de Letras - Instituto Sincades

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Revela Anaximandro Amorim (“Diário <strong>de</strong> Um Sobrevivente”), 34 anos, o mais jovem<br />

membro da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Espírito</strong>-<strong>santense</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong> (AEL), que, em sua época <strong>de</strong> estudante, preparando-se<br />

para o Vestibular, foi graças à inclusão <strong>de</strong> escritores locais, no exame da UFES (1996),<br />

é que pô<strong>de</strong> conhecer a obra <strong>de</strong> Pedro Nunes (“Vilarejo”) e Neida Lúcia Moraes (“O Mofo no Pão”).<br />

A magia das palavras. Ainda no formato papel, nem tudo está perdido, iniciativas há que<br />

fogem à realida<strong>de</strong>, por parecerem mais uma ficção engendrada por escritores e suas mentes<br />

voadoras. Assim é o caso do “flanelinha”(guardador <strong>de</strong> vaga para automóveis),da mãe “con<strong>de</strong>nada<br />

a ler” e do eletricista fomentador <strong>de</strong> biblioteca comunitária.<br />

De uma infância com poucos recursos para estudar e ter acesso a livros, Guido <strong>de</strong> Morais<br />

Evangelista, 53 anos, eletricista aposentado, montou no seu bairro uma biblioteca com mais <strong>de</strong><br />

2.000 livros para crianças e para adultos. Hoje, morador no Bairro Piranema (Caricacia-ES), fez<br />

estudos até a 7ª série do Ensino Fundamental. Com iniciativa própria, fundou a ADESP (Agência<br />

<strong>de</strong> Desenvolvimento Social <strong>de</strong> Piranema) a fim <strong>de</strong>, com trabalho sempre voluntário, dar suporte<br />

ao seu trabalho filantrópico, que inclui distribuição <strong>de</strong> alimentos para mais <strong>de</strong> 150 famílias<br />

cadastradas.<br />

Assim, saciador <strong>de</strong> fomes (<strong>de</strong> saber e <strong>de</strong> comida), Guido Morais, espera recursos para<br />

ampliar o espaço, que é alugado e mantido por doações. Atualmente, são quase 300 crianças<br />

cadastradas na biblioteca, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m pegar as obras e levá-las para casa. “Sempre gostei <strong>de</strong><br />

livros, mas sempre os emprestei para quem queria ler ou fazer algum tipo <strong>de</strong> pesquisa”. E conclui<br />

ele: “A leitura é fundamental para a formação da criança.”<br />

Olhos fixos nas páginas <strong>de</strong> livro, enquanto aguarda cliente que queira sair ou entrar em<br />

vaga <strong>de</strong> automóvel, assim é Lindomar Francisco <strong>de</strong> Lima, 37 anos. Sentado em seu in<strong>de</strong>fectível<br />

banquinho plástico <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong>, justo por ser um voraz leitor, <strong>de</strong>stoa ele <strong>de</strong> uma maioria <strong>de</strong><br />

seus colegas <strong>de</strong> ofício. Senta praça, já há uns 20 anos, ali na mui movimentada Rua José Teixeira,<br />

na Praia do Canto (Vitória-ES). Lê tudo que lhe cai às mãos, sobretudo os jornais (novos ou<br />

velhos), quase sempre doação <strong>de</strong> clientes e <strong>de</strong> moradores simpatizantes da causa livresca. Morador<br />

no Bairro Resistência (Vitória-ES), tem por meta organizar uma biblioteca no local on<strong>de</strong><br />

resi<strong>de</strong> (“Já tenho 20 livros na estante ”).<br />

Já íntimo <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis e <strong>de</strong> Sidney Sheldon, o “flanelinha” Lindomar <strong>de</strong> Lima observa<br />

a mudança <strong>de</strong> rotina em relação à época em que ali começou a guardar vaga: “As pessoas<br />

estão mais apressadas; não respeitam ninguém”. Nenhum outro assim leitor na família, com 2<br />

salários mínimos por mês é que garante sobrevivência aos seus (esposa e filhos <strong>de</strong> 5, 10, 14 e 15<br />

anos). Almeja um sonho realizar: que esposa e ele (que quer estudar História) cursem alguma<br />

faculda<strong>de</strong>. Lindomar está certo <strong>de</strong> que “a leitura nos ajuda a melhor enten<strong>de</strong>r o ser humano”.<br />

A pena da pena. Acusada <strong>de</strong> abandono intelectual <strong>de</strong> filho menor (13 anos) que com excesso<br />

<strong>de</strong> faltas na escola primária, Maria Aparecida Conceição Santos, 33 anos, mãe <strong>de</strong> 7 filhos,<br />

recebeu, a título <strong>de</strong> sentença, a seguinte <strong>de</strong>terminação: que passasse a frequentar Escola, alfabetizando-se,<br />

com vistas a, com seu exemplo, ser minimizada a evasão escolar no Município.<br />

Antes analfabeta, impossibilitada <strong>de</strong> ler sequer placas <strong>de</strong> ônibus, agora até colabora no<br />

<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> casa do filho antes faltoso. Hoje moradora no Bairro Jardim Tropical (Serra-ES), Apa-

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